sexta-feira, 28 de julho de 2017

VELHA TAPERA NA ALMA

Oscar Luiz Brisolara
A tarde caía doce, amarga. O céu tingido de cantos de quero-queros, muitos, afrontando os cães que seguiam à frente, à procura de ovos ou filhotes de perdizes. Na encosta suave, por entre chircas e samambaias, o vulto do velho Vicente Pedro Brizolara, esmaecido nas dobras do tempo, trôpego, buscava a sombra da velha figueira que seu pai plantara na juventude.
As raízes da eterna árvore cravadas no chão apelavam para a história. O antigo Pietro. A Gênova distante. Ana Francisca. Dos Silveiras, açorianos. Deles, os três Pedros. O Pedro puro. O José Pedro. Mais tardiamente, em 1840, o Joaquim Pedro. E foram depois tantos Pedros dos Brizolaras, confundindo as sendas da vida e da história.
Ecos de vozes. Meio apagados. Um quadro do casal: Pietro e Ana Francisca. O casamento. Mil oitocentos e pouco, parece. A grande parede. A casa grande. De diante do moinho. Diziam os que viram. Faziam farinha para Giuseppe e Bento, o Garibaldi e o Gonçalves, da Revolução dos Farrapos. 
Pois o velho Vicente Pedro vinha deles. Não sabia direito como. E o campo. Alguns dinheiros. Papelada e livros nos gavetões. Tudo havia sido deles. Ninguém sabia direito...
E houvera também as três meninas. A Maria, a Francisca e a encantadora Madalena Teodora, a última dos Brizolaras da primeira geração brasileira. Francisca, com seu marido Manuel da Rosa, seu irmão José Pedro e a esposa dele Luíza Amélia, foram-se. Taquarembó. Uruguai. Para sempre.
Pois a tarde continuava morrendo amolecida, entre sonhos e incertezas. Escravos semivestidos rolavam blocos irregulares que davam feição de moradia ao projeto no topo da colina grande. A estrada, naqueles dias, um simples trilho no capim, cortado pelas rodas das carretas. E o lajeado grande já repousava quente ao sol que se sumia na boca da noite, como impassivelmente, pelos séculos afora, o faz até hoje.
Por que quero-queros e perdizes jamais pousam num galho de árvore, num fio de cercado, num moirão de canto de alambrado, como o fazem os bem-te-vis e as rolas? Na alma, ao longe, um cheirinho doce de arrolar de pombos e suspiros de sabiás, conduzia o fio de tudo. Não enxergava o teclado, perdido nas brenhas do tempo.
Um mugido do velho Cabiuna, marcado no couro que fora tapete da sala central, por tempos sem conta, ainda ressoava nos meus ouvidos, sentindo as batidas do coração da velha Joaquina Farias Brizolara, descansando suas carnes flácidas, no antigo banco de madeira bruta. 
Observava, um tanto confusa, o Pedrinho, que, sofregamente, esmagava as formigas miúdas, surgindo muitas de por debaixo da porta dos fundos. Seriam já traços de sua insanidade? Ou não a tivera nenhuma? Teriam sido, quem sabe, apenas os desassombros e desajustes de uma cultura que se batia com outra, sem lógica. Explicação alguma que pudesse compreender. As revoluções. Os negócios ruins. Bois. Gente má. Campo. Não sabia o quê... como...
Pois, Pedro crescera. Casara-se com Altina, a Maria, dos Cruz, gente mais pobre que vivia num corredor de estância. Heleodoro, o Dorinho, ainda menino, a Elisa, um ano mais nova, foram levados para o galpão, enquanto seis homens fortes amarraram o Pedro. Hospício. Porto Alegre. Desespero. Enforcou-se. Alguém já ouviu falar de quero-quero enforcado? Perdiz, então? 
Ninguém mais falou. Nem o corpo. Não se falava. Mas Pedro Farias Brizolara, meio fantasma, meio espectro, meio assombração, viveu na alma de todos, por longos tempos. Arrepios. Sestros. Credo! Até que, aos poucos, a história apagou. Sem túmulo. Sem nada. Pedro Farias Brizolara ficou uma assinatura num livro de cartório de terras. Só. Ninguém mais fala. Ninguém sabe.
Depois, então, do Doro veio o Valcir. Os cartórios atrapalharam um pouco. Brizolara virou Brisolara. E eu saí desse ramo, que forjou minha face e minh’alma, misturado aos Pegoraros de Trento e aos Wolcans da Austro-Hungria.
Pois esses Brizolaras, também, como quero-queros e perdizes, jamais se desprendiam da terra. A segurança. O chão duro e firme. Mensurável. O abrigo. Porém, vieram as políticas. As revoluções. Os bancos. As partilhas e testamentos. As terras, divididas, divididas, divididas... sumiram de sob os seus pés perdidos. Vive-se hoje, como quero-queros, em estádios de futebol. Deslocados, sem entender a bola que voa e o povo que grita.
Visões de odores estranhos. Cheiros de céus antigos. Paredes batendo no fundo da alma. Gostos de sombras incompletas. Almas arranhando a pele. Uma sensação de presente perdido, atado por fios enredados em confusas histórias do que sou, mergulhado nas almas e nos corpos dos que foram... pois vivem e moram na alma e no corpo dos que ficaram, plantados para todo sempre, fisicamente no mais íntimo das células. Sou sepulturas vivas... de mortos que vivem mergulhados na essência do meu ser, em que revivem todos como carne e memória...

quinta-feira, 27 de julho de 2017

KRISHNA - OS VEDAS


Krishna: Sua Posição, Nascimento e Morada (1)

Posted by Thoth3126 on 26/07/2017


Krishna: Sua Posição, Seu Nascimento e Sua Morada


É a literatura védica o corpo de textos que mais claramente revela a natureza e a identidade da Verdade Absoluta, ou a Personalidade Suprema da divindade. Começam revelando essa identidade com referências vagas a mostrarem que o Absoluto é a pessoa a partir de quem TUDO o mais se origina. Uma de tais referências são os versos um e dois dos Vedanta-Sutras. O primeiro verso declara que “agora se deve indagar acerca do Brahman”. Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch

Sobre Krishna, sua posição, nascimento e sua morada – Parte I
Fonte: http://voltaaosupremo.com – Por Sri Nandanandana 

Isso significa que, agora que você obteve um corpo humano, você deve usar sua inteligência para descobrir o que é realmente espiritual e o que é a Verdade Absoluta. Então, o segundo verso começa a explicar o que é essa Verdade Absoluta: “Aquele a partir de quem tudo se origina é o Absoluto”. Assim, como se refere a “Aquele”, a fonte de tudo o que existe, o ponto último da criação é uma pessoa.


Então, quem é esse Ser de quem tudo mais é criado? Muito mais informações são fornecidas em numerosas fontes védicas. Por exemplo, o antiquíssimo Rig-veda (1.22.20-21) descreve que o Senhor Vishnu é tal Ser Supremo, a Verdade Absoluta cujos pés de lótus todos os deuses estão sempre ávidos por ver. Sua morada mais sublime só é visível àqueles possuidores de visão espiritual, disponibilizada pela devoção sempre vigilante.
A Shvetashvatara Upanishad (5.6) elabora mais sobre o Senhor Krishna ser a maior entre todas as divindades. “Ele é o aspecto mais esotérico, escondido nas Upanishads, as obras que são a essência dos Vedas. Brahma O conhece como a fonte dele mesmo bem como dos Vedas. Deuses como Shiva e os videntes do passado, como o rishi Vamadeva, consumaram um relacionamento com Ele, devotando-se eternamente a Seu serviço e, então, naturalmente se tornando imortais”. A mesma obra, adiante, continua: “Tenhamo-LO como nosso abrigo último, Ele que é transcendental e o único Senhor adorável do universo, que é a Deidade mais elevada, acima de todas as demais, o Regente Supremo de todos os regentes – que seja conhecido como a Divindade Soberana”. (6.7)
A Gopala-tapani Upanishad, que é sobre Gopala, ou Krishna, é bastante clara sobre esse ponto, e naturalmente tem numerosos versos a explicarem a natureza da Verdade Absoluta e do Senhor Krishna. Alguns desses versos incluem os seguintes: “Brahma, com toda a sua percepção, disse enfaticamente: ‘Sri Krishna é a Divindade Suprema. (1.3) Todos aqueles que meditam em Sri Krishna, servem-nO com devoção imaculada e prestam-Lhe serviço tornam-se imortais e obtêm o summum bonum, ou perfeição da vida. (1.10) Sri Krishna é essa Divindade Suprema, como a Suprema Realidade Eterna, entre todos os seres sencientes, bem como a fonte primeira da consciência para todos os seres conscientes.
Ele é a realidade única e incomparável, mas, como a Superalma, que reside na caverna do coração de todos os seres, Ele os recompensa com suas respectivas ações na vida. Homens de conhecimento intuitivo, que O servem com devoção amorosa, certamente alcançam a perfeição mais elevada da vida, enquanto aqueles que não o fazem jamais logram a máxima beatitude. (1.22) Esse Sri Krishna, que é o mais querido de vós todos, é a causa de todas as causas. Ele é a causa eficiente da criação do universo bem como a força superintendente a propelir as almasjivas. Portanto, embora Ele seja o desfrutador bem como o Senhor de todos os sacrifícios, Ele é sempre atmarama, autossatisfeito”. (2.17)

Shiva ensina os Prachetas a orarem a Krishna: Usando de sua grande misericórdia, o Senhor Shiva disse aos Prachetas: “Agora vou cantar um mantra que não só é transcendental, puro e auspicioso, mas é a melhor oração para quem aspira a atingir o objetivo final da vida. Quando eu cantar este mantra, por favor, ouçam-no com cuidado e atenção”. Assim, o Senhor Shiva entoou uma oração na glorificação da Suprema Personalidade de Deus, Krishna. Shiva se dirigiu ao Senhor: “Meu querido Senhor, expandindo suas transcendentais vibrações, Você revela o real significado de tudo. Você é o céu que tudo penetra dentro e fora, e Você é o objetivo final de atividades piedosas executadas dentro deste mundo material e para além dele. Por isso, ofereço minhas respeitosas reverências novamente e de novo para você. “ – Srimad Bhagavatam Canto 4, capítulo 24
Resumidamente, como se explica e se conclui em variados textos védicos, o Senhor Krishna é a Suprema Personalidade de Deus. Em outras palavras, como dito em sânscrito, krsnas tu bhagavan svayam (Bhagavata Purana 1.3.28), Krishna é a fonte de todas as outras encarnações e formas de Deus. Ele é a Verdade derradeira e o fim de toda investigação filosófica, a meta ou o resultado final do vedanta. Ele é a personalidade todo-atrativa e a fonte de todo prazer pelo qual estamos sempre ansiando.
Ele é a fonte a partir da qual tudo mais se manifesta. Ele é o ilimitado manancial de todo poder, riqueza, fama, beleza, sabedoria e renúncia. Ninguém Lhe é superior. Uma vez que Krishna é a fonte de todos os seres vivos, Ele também é considerado o Pai Supremo e a fonte de todos os mundos. Ele é mostrado com uma tez azul ou enegrecida. Isso representa a consciência absoluta e pura, que também é o amor incondicional. Krishna é a corporificação do amor. Ele também é sac-chid-ananda vigraha, isto é, “a forma de eterno conhecimento e eterna bem-aventurança”.
No Bhagavad-gita (10.12-13), Arjuna também explica que o Senhor Krishna é o Brahman Supremo, o derradeiro, a morada suprema e o purificador, a Verdade Absoluta e a pessoa eterna e divina. Ele é o Deus primordial, transcendental e original, o não-nascido e a beleza onipresente. Todos os grandes sábios, tais como Narada, Asita, Devala e Vyasa, proclamam isso.
Quando Uddhava visita Vrindavana, ele fala com Nanda Maharaja em termos similares: “Não se pode dizer que exista algo independente do Senhor Achyuta [Krishna] – nada ouvido ou visto; no passado, no presente ou no futuro; nada móvel ou inerte; grande ou pequeno. Ele, com efeito, é tudo, pois Ele é a Alma Suprema”. (Srimad-Bhagavatam 10.46.43)
Brahma oferece orações a Krishna, também conhecido como Gopala.
Os versos supracitados são alguns dos muitos versos na literatura védica que explicam a posição do Ser Supremo, mas o que o Senhor Krishna diz?

O que Sri Krishna Diz sobre Si Mesmo

Se é esperado de nós que compreendamos Deus, quem melhor do que Ele próprio para explicar Suas qualidades e características? No Bhagavad-gita, portanto, Krishna providencia a verdade autorrevelatória sobre Sua posição em Suas explicações a Arjuna. Há numerosos versos no Bhagavad-gita atinente a isso. Os seguintes versos servem apenas de amostra:
“E quando houveres aprendido assim a verdade, saberás que todos os seres vivos nada são além de Minhas partes – e que estão em Mim e são Meus. (4.35) Os sábios, conhecedores de que sou o propósito último de todos os sacrifícios e austeridade, encontram paz, livrando-se das dores das misérias materiais. (5.29)
“Tem por certo que sou tanto a origem quanto a dissolução de tudo o que é material e de tudo o que é espiritual neste mundo. (7.6) Eu é que sou o ritual, o sacrifício, a oferenda aos ancestrais, a erva medicinal, o canto transcendental… Sou o pai deste universo, a mãe, o sustentáculo e o avô. Sou o objeto do conhecimento, o purificador e o sílaba Om. Sou também os Vedas Rig, o Sama e Yajur. Sou a meta, o sustentador, o mestre, a testemunha, a morada, o refúgio e o amigo mais querido. Sou a criação e a aniquilação, a base de tudo, o local de repouso e a semente eterna”. (9.16-18)

Narada Muni e Vyasadeva, duas autoridades citadas por Arjuna no Bhagavad-gita como defensores de que Krishna é o Brahman Supremo.
“Sou a fonte de todos os mundos espirituais e materiais. Tudo emana de Mim. Os sábios que conhecem isso perfeitamente ocupam-se em Meu serviço devocional e Me adoram de todo coração”. (Bhagavad-gita 10.8)
“Eu sou a morte que tudo devora, e sou o gerador de tudo o que está por vir. Entre as mulheres, sou a fama, a fortuna, a fala, a memória, a inteligência, a fidelidade e a paciência. (Bhagavad-gita 10.34) Porque sou transcendental, acima tanto do falível quanto do infalível, e porque sou o maior, sou celebrado tanto no mundo quanto nos Vedas como a Pessoa Suprema”. (Bhagavad-gita 15.18)
No Srimad-Bhagavatam (11.28.19), o Senhor Krishna explica especificamente que, antes, durante e depois da criação, é sempre Ele que existe:
“Somente o ouro está presente antes de sua manufatura em produtos de ouro, somente o ouro permanece depois da destruição dos produtos, e somente o ouro é a realidade essencial enquanto está sendo utilizado sob várias designações. Similarmente, somente Eu existo antes da criação deste universo, após sua destruição e durante sua manutenção”.

Krishna conversa com Arjuna no campo de batalha de Kurukshetra. O diálogo ficou posteriormente conhecido como O Bhagavad-Gita, a Canção do Senhor.

Em virtude de ser muito difícil compreendê-LO, Krishna comenta sobre isso:

“Os tolos zombam de Mim quando faço Meu advento na forma humana. Eles desconhecem Minha natureza transcendental e Meu domínio supremo sobre tudo o que existe”. (Bhagavad-gita 9.11). Pessoas sem inteligência, que não Me conhecem, pensam que assumi esta forma e personalidade. Devido a esse conhecimento escasso, ignoram Minha natureza superior, que é imutável e suprema. Jamais Me manifesto àqueles que são tolos e sem inteligência. Para eles, estou encoberto por Minha potência criativa eterna [yoga-maya], em virtude do que o mundo iludido não conhece a Mim, que sou não-nascido e infalível. Ó Arjuna, como a Suprema Personalidade de Deus, sei tudo o que aconteceu no passado, tudo o que está acontecendo no presente e tudo o que ainda está por vir. Também conheço todas as entidades vivas, mas a Mim ninguém conhece”. (Bhagavad-gita 7.24-26)
O Senhor Krishna explica também como Ele é percebido por diferentes pessoas de diferentes maneiras. Ele diz a Uddhava:
“Quando há agitação e interação dos modos da natureza material, as entidades vivas Me descrevem de várias maneiras, tais como o tempo poderoso, o eu, o conhecimento védico, o universo, a natureza pessoal, as cerimônias religiosas e assim por diante”. (Srimad-Bhagavatam 11.10.34)
Contudo, quando uma pessoa atinge a visão do Supremo pelo processo de autorrealização, que a coloca acima da influência dos modos materiais, a experiência é apenas uma. Então, não há mais confusão sobre o que é e o que não é o nível mais elevado de experiência espiritual.

Krishna conversa com Uddhava.

Em conclusão, Krishna explica: “Toma conhecimento de que todas as criações opulentas, belas e gloriosas emanam de uma mera centelha de Meu esplendor. Mas que necessidade há de todo este conhecimento detalhado, Arjuna? Com um mero fragmento de Mim mesmo, penetro e sustento todo este universo”. (Bhagavad-gita 10.41-42).

Krishna como uma Representação de Algo Superior

Algumas pessoas sentem que Krishna é meramente a representação de algo superior, frequentemente o Brahman, equivocadamente considerado superior. Contudo, textos como aTaittiriya Upanishad (2.1.2) explica: “Aquele que experimenta o Brahman alcança o summum bonum, a meta mais elevada da vida. Então, quem é o Brahman? Quem deve ser conhecido? Quais são os meios para conhece-LO? E qual é o prospecto? Estes são os quatro pontos vitais em referência ao que se declara isto: O Brahman existe eternamente, é a fonte de toda sabedoria e é infinito e onipresente. Aquele que experimenta o Brahman como tal, adora-O na cavidade secreta do coração, que é convertida em um local transcendental, a réplica de Vaikuntha, um local de diversões divinas. Por conseguinte, ele realiza seus objetivos com a sabedoria plena do Brahman, isto é, ele logra osummum bonum da vida dedicando imaculada devoção ao Brahman, a Realidade Suprema”.
A partir deste ponto, o verso acima continua explicando como os vários aspectos da criação universal se manifestam a partir do Brahman, sob a direção da Vontade Suprema. Todavia, vemos nesse verso que o Brahman é indicado como uma pessoa a quem podemos prestar serviço devocional, o que é o meio para alcançarmos a meta suprema da vida. Ele está na cavidade do coração como uma expansão localizada do Supremo conhecida como a Superalma, Paramatma. Através dessa devoção, a pessoa dará ao seu coração e à sua consciência a qualidade espiritual de Vaikuntha, a residência do Ser Supremo, onde as atividades espirituais acontecem continuamente. Assim, o significado último de Brahman é a Pessoa Suprema a partir do que o Brahman emana.
A Brahma-samhita (5.40) explica como o Brahman nada é senão o brilho físico de Sri Krishna: “Adoro Govinda, o Senhor primordial, que é possuidor de grande poder. A incandescente refulgência de Sua forma transcendental é o Brahman impessoal, que é absoluto, completo e ilimitado, e que exibe a variedade de incontáveis planetas com suas diferentes opulências em milhões e milhões de universos”.

Brahma, uma vez iluminado pelo Gayatri do flautear de Krishna, oferece-Lhe as orações conhecidas como Brahma-samhita.
A Ishopanishad (15) também confirma isso: “Ó meu Senhor, sustentador de tudo o que vive, Tua verdadeira face está encoberta por Tua refulgência deslumbrante. Por favor, remove essa cobertura e mostra-Te a Teu devoto puro”.
Essa evidência védica deixa claro que Krishna não é mera representação de algo acima dEle, senão que Ele é a base e a fundação do Brahman e de tudo o que existe. A ideia de que a Personalidade Suprema, ou Bhagavan, é meramente a personificação ou o símbolo de uma realidade espiritual abstrata e superior não é nada senão uma maneira de imputar atributos materiais a algo que é inerentemente espiritual. É uma maneira de pegarmos o Supremo e O interpretarmos por meio de nosso próprio entendimento limitado e conceitos errôneos.

Por que o Senhor Krishna Faz Seu Advento neste Mundo

As razões pelas quais o Senhor faz Seu advento neste mundo são múltiplas, mas são basicamente duas. Uma delas é que, uma vez que Ele enunciou originalmente o antigo caminho religioso dosVedas para o benefício de todo o universo, quando quer que os demônios ou ateístas maliciosos obstruam esse caminho, Ele faz Seu advento em uma de Suas formas, que são no modo da bondade pura. Assim, Ele restabelece o caminho védico da retidão.
Ele é a mesma Pessoa Suprema, e, em Seuavatara como Krishna, apareceu na casa de Vasudeva com Sua porção plenária, Balarama. A segunda razão para Krishna o fazer é aliviar a Terra do fardo de pessoas demoníacas. Como Krishna, Ele vem para matar as centenas de exércitos liderados por reis que não eram outros senão expansões dos inimigos dos deuses, e para difundir a fama da dinastia Yadu. (Srimad-Bhagavatam10.48.23-24)
O próprio Sri Krishna explica isso no Bhagavad-gita: “Muito embora Eu seja não nascido e Meu corpo transcendental jamais se deteriore, e muito embora Eu seja o Senhor de todos os seres sencientes, apareço em todo milênio em Minha forma transcendental original. Sempre e onde quer que haja um declínio nas práticas religiosas, ó filho de Bharata, e um aumento predominante de irreligião – nesse momento, Eu pessoalmente faço Meu advento. A fim de libertar os piedosos e aniquilar os perversos, bem como restabelecer os princípios da religião, faço Meu advento milênio após milênio. Aquele que conhece a natureza transcendental de Meu aparecimento e de Minhas atividades, não renasce neste mundo material após deixar o corpo, senão que alcança Minha morada eterna, ó Arjuna”. (Bhagavad-gita 4.6-9)

Krishna envolto por dez de Suas infinitas encarnações.

Arjuna, após compreender a posição do Senhor Krishna, reconheceu Sua posição superior e disse: “Assim, faz Teu advento como uma encarnação a fim de remover o fardo do mundo e beneficiar Teus amigos, especialmente aqueles que são Teus devotos exclusivos e estão absortos em meditar em Ti”. (Srimad-Bhagavatam 1.7.25)
Também se descreve que, quando o Senhor assume um corpo similar ao de um ser humano, é para mostrar Sua misericórdia a Seus devotos. Ele, então, Se ocupa em passatempos que atrairão aqueles que ouçam sobre tais atividades transcendentais, possivelmente os levando a se dedicarem a Ele. (Srimad-Bhagavatam 10.33.36) Esses passatempos do Senhor são tão poderosos que podem remover os pecados dos três sistemas planetários e libertar aqueles que estão presos no contínuo ciclo de nascimentos e mortes. (Srimad-Bhagavatam 10.86.34) Aqueles que desejam servir o Senhor devem ouvir essas atividades. Ouvir as narrações desses passatempos destrói as reações do trabalho fruitivo [karma]. (Srimad-Bhagavatam 10.90.49)
É através dos passatempos do Senhor Krishna que Ele chama todas as almas condicionadas a se unirem a Ele por meio do amor. Assim, mediante Suas atividades maravilhosas e extraordinárias, Ele atrai todos os seres a retornarem à sua posição espiritual natural através do redespertar de seu amor dormente e serviço a Ele. Esse é o propósito da vida humana, que fornece o melhor aparato para compreendermos nossa identidade espiritual e nos conectarmos com o Senhor. Como Shukadeva Gosvami explicou a Maharaja Parikshit, “Ele, a Personalidade de Deus, como o mantenedor de tudo no universo, aparece em diferentes encarnações após estabelecer a criação e, desta forma, resgata todos os tipos de almas condicionadas, entre humanos, não-humanos e deuses”. (Srimad-Bhagavatam 2.10.42)
O Senhor Krishna fala mais sobre as razões de Seu advento neste mundo ao rei Muchukunda: “Meu querido amigo, fiz Meu advento milhares de vezes, vivi milhares de vidas e aceitei milhares de nomes. Na verdade, Meus nascimentos, atividades e nomes são ilimitados, e, destarte, nem mesmo Eu sou capaz de contá-los. Após muitas vidas, alguém talvez conte as partículas de poeira na Terra, mas ninguém poderá, em momento algum, terminar de contar Minhas qualidades, atividades, nomes e nascimentos.

Krishna e sua consorte, Radharani

Ó rei, os mais grandiosos dos sábios enumeram Meus nascimentos e atividades, que se dão ao longo das três fases do tempo, mas jamais atingem o fim destas. Malgrado, ó amigo, falar-te-ei sobre Meu nascimento, Meu nome e Minhas atividades atuais. Ouve, por favor. Algum tempo atrás, o Senhor Brahma solicitou-Me que protegesse os princípios religiosos e destruísse os demônios que estavam sobrecarregando a Terra. Assim, fiz Meu advento na dinastia Yadu, na casa de Anakadundubhi. Com efeito, porque sou o filho de Vasudeva, as pessoas Me chamam de Vasudeva”. (Srimad-Bhagavatam 10.51.36-40)

Continua… 

Mais informações sobre KRISHNA e a ÍNDIA:

Permitida a reprodução, desde que mantido no formato original e mencione as fontes.

A ANTIGA ATLÂNTIDA - RELAÇÃO COM A MITOLOGIA


Atlântida e os deuses da antiguidade (1)
Posted by Thoth3126 on 27/07/2017


Os deuses da Antiguidade e a Atlântida.
A descrição da civilização de Atlântida fornecida por Platão, no livro “Timeo e Crítias”, pode ser assim resumida:
No princípio dos tempos, os “deuses” dividiram a Terra entre si de acordo com suas respectivas dignidades [poderes e inclinações].
Cada um se tornou “divindade” principal em seu território onde foram erguidos templos, símbolo da grandeza daqueles “deuses”; templos dirigidos por cleros de sacerdotes onde eram realizados rituais, entre os quais, os sacrifícios …Tradução, edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch
Atlantis and the Gods of Antiquity por Manly P. Hall – “In The Secret Teachings of All Ages”, 1928
ATLÂNTIDA é o tema de um artigo curto, mas importante que apareceu no Annual Report of the Board of Regents of The Smithsonian Institution [Relatório Anual do Conselho dos Regentes do Instituto Smithsonian] para o exercício findo agora no distante 30 de junho de 1915. 


O autor, M. Pierre Termier, membro da Academia de Ciências e diretor do Serviço de Mapas Geológicos da França, em 1912, fez uma palestra sobre a hipótese da existência do continente de Atlântida perante uma plateia no Institut Océanographique, que apresentamos a seguir as notas traduzidas desta palestra notável que foram publicados no relatório Smithsonian.
“Depois de um longo período de indiferença desdenhosa”, escreve M. Termier “, observamos como nos últimos anos, a ciência está retornando ao estudo da Atlântida. Quantos naturalistas, geólogos, zoólogos, botânicos ou estão perguntando uns aos outros hoje se Platão teria ou não transmitido para nós, com uma ligeira amplificação, uma página virada da história real da humanidade. Nenhuma afirmação é ainda permitida, mas parece cada vez mais evidente que uma vasta região, continental ou composta de grandes ilhas, entrou em colapso a oeste das Colunas de Hércules (o local de comunicação entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico), também chamado o Estreito de Gibraltar, e que o seu colapso (de Atlântida) ocorreu num passado não muito distante. (n.t. Teria acontecido em 10.986 a.C.)
Em qualquer caso, a questão da existência do continente de Atlântida esta colocado novamente diante dos homens da ciência; e desde que eu não acredito que essa questão nunca poderá ser resolvida sem a ajuda da oceanografia, eu pensei que seria natural para nós discuti-lo aqui, neste templo da ciência marítima e para chamar nossa atenção para um problema tão grande, muito desprezado, mas que agora está sendo revivido, a atenção dos oceanógrafos, bem como a atenção daqueles que, embora imersos no tumulto das grandes cidades, emprestam um ouvido ao murmúrio distante do fundo do mar. “

Mapa do último período de Atlântida de Platão: uma ilha no meio do Atlântico que desapareceu nas águas 13 mil anos atrás (10.986 a.C.). Todavia, segundo a Doutrina Secreta, essa ilha era apenas um território remanescente de um continente muito maior, formado por dez ilhas e que existiu em uma era geológica remota, muito mais antiga, anterior ao surgimento do homo sapiens sapiens atual.
Em sua palestra M. Termier apresenta dados geológicos, geográficos e Zoológicos na comprovação da teoria da existência de Atlântida. Figurativamente ele drena todo o leito do Oceano Atlântico, que considera as desigualdades de sua bacia e cita locais em uma linha do Arquipélago dos Açores até a Islândia, muito mais ao norte, onde a dragagem trouxe lava à superfície de uma profundidade de 3.000 metros. 
A natureza vulcânica das ilhas agora existentes no Oceano Atlântico, corrobora a afirmação de Platão de que o continente da Atlântida foi destruído por grandes cataclismos vulcânicos. M. Termier avança também nas conclusões de um jovem zoólogo francês, M. Louis Germain, que admitiu a existência de um continente Atlântico conectado com a Península Ibérica (Europa-Portugal e Espanha) e com a Mauritânia (África) e prolongada para o sul, de modo a incluir algumas regiões de clima desértico. M. Termier conclui sua palestra com uma imagem gráfica da submersão daquele continente.
A descrição da civilização de Atlântida fornecida por Platão, no livro “Timeo e Crítias”, pode ser assim resumida: No princípio dos tempos, os “deuses” dividiram a Terra (n.t. existe uma breve referência à esta divisão do planeta na Bíblia, em Gênesis, 10:25: “E a Éber nasceram dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra, e o nome do seu irmão foi Joctã”.) entre si de acordo com suas respectivas dignidades [poderes e inclinações].

O Livro Timeu e Crítias onde Platão descreve Atlântida

Cada um se tornou divindade principal em seu território onde foram erguidos templos, símbolo da grandeza daqueles “deuses”; templos dirigidos por cleros de sacerdotes onde eram realizados rituais, entre os quais, os sacrifícios. A Poseidon, coube o mar e a Ilha continental chamada Atlântida. No centro da ilha existia uma montanha, morada de três seres humanos, primitivos filhos da Terra: Evenor, sua mulher Leucipa e sua única filha, Clito.
A donzela possuía grande beleza. Quando seus pais morreram, foi cortejada por Poseidon e desse namoro nasceram cinco pares de filhos [todos varões]. Poseidon, então, dividiu a ilha-continente em 10 distritos, um para cada filho e designou o mais velho, Atlas, imperador dos nove reinos, líder entre os irmãos.
A ilha-continente foi, então, por desejo de Poseidon, chamada Atlântida e o oceano, Atlântico, em honra ao primogênito Atlas. O Império Atlante era geopoliticamente configurado em círculos concêntricos, alternando faixas de terra e faixas de água, marcando as diferentes zonas/reinos. Na região central, duas faixas de terra eram irrigadas por três anéis, de água: dois eram fontes de água morna; um de água fria.
Platão falou, ainda, das pedras brancas, negras e vermelhas usadas na construção dos edifícios públicos e docas da capital de Atlântida, Poseidonis. Cada faixa de terra era delimitada por uma muralha tripla: a exterior, feita de bronze; a do meio, de estanho e a muralha interior, voltada para a cidadela, era recoberta chamado de oricalco [um mineral atlante misterioso hoje desconhecido]. Além de todos os palácios, templos e edificações preciosas, no centro do centro, havia um santuário dedicado a Cleito [Clito] e Poseidon. Ali tinha sido o local de nascimento dos 10 príncipes de Atlântida onde, todos os anos, seus descendentes entregavam oferendas.
Uma construção grandiosa da cidadela, o Templo de Poseidon era externamente revestido de prata e suas torres, de ouro. No interior, mármore, mais ouro e prata e oricalco, do piso às pilastras. O templo abrigava uma estátua colossal de Poseidon conduzindo os seis cavalos alados de sua carruagem, acompanhado de centenas de Nereidas cavalgando golfinhos. Nos jardins, estátuas de ouro representando os primeiros dez reis de Atlântida e suas rainhas.

Concepção artística de Atlântida e sua localização entre o norte da atual América do Sul e do Brasil, oeste da África e à leste dos EUA, uma imensa ilha/continente que teria afundado em violentos cataclismos em torno de 10.986 a.C. evento que dá base para o Dilúvio bíblico de Noé.
Nos bosques e jardins, havia fontes de águas quentes e frias, e outros tantos templos dedicados a várias divindades, ginásios esportivos para homens e animais, banhos públicos e pistas para corridas de cavalos. Fortificações erguiam-se em pontos estratégicos dos círculos e um grande porto recebia navios de outras nações do mundo. Em Atlântida havia cidades/distritos tão populosas que os sons de vozes humanas estavam sempre no ar.
A costa do continente era constituída principalmente de terreno escarpado, muito íngreme mas a cidadela central era plana, rodeada de colinas de grande beleza. Os campos de cultivo rendiam duas colheitas por ano: no inverno, eram alimentados por chuvas regulares e, no verão, irrigados pelo sistema de canais, que também era usado como via de transporte. Essas planícies eram divididas em secções; em tempos de guerra cada secção fornecia um contingente de guerreiros e carruagens.
Em Atlântida os reis eram soberanos que tinham total controle sobre seu próprio território mas suas relações mútuas eram regidas por um código, elaborado pelos primeiros dez reis de Atlântida e gravado em uma coluna de oricalco no templo de Poseidon. Em intervalos regulares de tempo de cinco a seis anos, os reis peregrinavam até o templo. Nessa ocasião, cada um dos reis renovava o seu juramento de fidelidade diante do código sagrado.

Uma Pirâmide de Cristal. Ruínas submersas de uma civilização esquecida recentemente descoberta. Localizam-se nas águas das Bahamas, no MAR DO CARIBE.
Sobre esta descoberta saiba mais aqui:
Vestiam túnicas azul-celeste e sentavam-se para deliberar e julgar. Ao amanhecer, registravam suas decisões por escrito sobre tábuas de ouro, envolviam as tábuas nos mantos e guardavam tudo em um memorial. A lei máxima dos reis atlantes proibia a guerra entre os reinos-irmãos e estabelecia um compromisso de assistência mútua entre os reinos em caso de ataques externos.
A decisão final sobre assuntos de guerra era uma atribuição exclusiva dos descendentes de Atlas, [o primogênito de Poseidon] mas nenhum rei tinha poder de vida e morte sobre os súditos sem o consentimento da maioria do Conselho dos Dez.

Na foto acima, vestígios de calçamento de estrada submerso, a famosa Estrada de Atlântida, em Bimini, no Triângulo das Bermudas.
Platão finaliza seu relato contando que o grande império Atlante, um dia, atacou as cidades-estados gregas, fato que aconteceu em uma Atlântida já decadente, cujos reis haviam se desviado, irremediavelmente, dos caminhos da sabedoria e da virtude. Tomados por insana ambição, aqueles últimos reis desejaram conquistar todo o mundo.
Então, Zeus, percebendo a maldade e degeneração dos atlantes, reuniu os deuses na “santa morada”… E assim termina, em Crítias, abruptamente, a história de Platão sobre a Atlântida. No Timæus, a descrição do fim da Atlântida, mais generosa, é atribuída a Sólon, que teria obtido as informações de um sacerdote egípcio. Nesse texto, o fim da Atlântida e de seus reis ambiciosos e expansionistas precipita-se sob os desígnios de forças naturais; é o cataclisma final:

“Mas então após estas coisas, ocorreram violentos terremotos e inundações e, em um único dia e uma única noite de tempestades, terremotos e erupções vulcânicas todos os guerreiros atlantes e todo o povo desapareceram da face da Terra assim como a grande ilha continente, que submergiu, engolida pelo mar.
Essa é a razão pela qual o oceano, naquela região é impenetrável, intransitável, porque as águas, rasas, [aterradas] são densas e impregnadas de lama e lodo; e isso foi causado pelo afundamento da grandiosa Atlântida (em 10.986 a.C.).”
Na introdução de sua tradução do Timæus , Thomas Taylor cita uma História da Etiópia escrito por Marcellus, que contém a seguinte referência para Atlantis: “Eles relatam que em seu tempo havia sete ilhas no mar do Atlântico, sagrados para Prosérpina, e além destas sete, três outras de uma imensa magnitude, uma das quais era sagrada para Plutão, outra ilha era sagrada para Amom, e a última, que ficava no meio delas, com tamanho de mil estádios, que era dedicada a Netuno “. 
Crantor, comentando Platão, afirmou que os sacerdotes egípcios declararam que a história sobre Atlântida estava escrita sobre pilares que ainda estavam preservados por volta do ano de 300 a.C. (Veja Beginnings or Glimpses of Vanished Civilizations) Ignatius Donnelly, que deu ao tema sobre a Atlântida um profundo estudo, acreditava que os cavalos foram domesticados pela primeira vez pelos atlantes, razão pela qual eles sempre foram considerados particularmente sagrados para Poseidon. 

Acima: O deus do mar Poseidon ou Netuno [para os Romanos], como divindade, regente dos mares; historicamente, seria o fundador da Atlântida, cuja última capital se chamava POSEIDONIS.
A partir de uma análise cuidadosa da descrição de Platão sobre a Atlântida, é evidente que a história não deve ser considerada como inteiramente histórica, mas sim tanto alegórica como histórica. Orígenes, Porfírio, Proclo, Jâmbico e Siriano perceberam que a história oculta um mistério filosófico profundo, mas discordavam quanto à interpretação real. A Atlântida de Platão simboliza a natureza tríplice e sétupla, tanto do universo assim como do corpo (sete chakras) humano. Os dez reis da Atlântida são os tetractys ou números, que são nascidos como cinco pares de opostos. (Consulte Theon de Esmirna para a doutrina pitagórica dos pares opostos). Os algarismos de 1 a 10 regem toda a criação universal, e os números, por sua vez, estão sob o controle da Mônada, ou o 1 (o UNO, de onde tudo se origina) o mais velho entre eles.
Com o cetro tridente de Poseidon esses reis dominaram sobre os habitantes das sete ilhas menores e também das três grandes ilhas que reunidas formavam a Atlântida. Filosoficamente, as dez ilhas simbolizam os poderes trinos da Divindade Superior e os sete regentes que se curvam diante de seu trono eterno. Se Atlântida for considerada como a esfera arquetípica, em seguida, a sua submersão significa a descida, a consciência organizada racional para o reino ilusório, impermanente de ignorância irracional, mortal. Tanto o afundamento da Atlântida assim como a da história bíblica da “queda do homem” significam a involução espiritual – um pré-requisito para o posterior período de evolução consciente.
Ou o iniciado Platão usou a alegoria de Atlântida para dois objetivos muito diferentes ou então os registros conservados pelos sacerdotes egípcios foram adulterados para perpetuar a Doutrina Secreta. Isso não significa implicar que Atlântida é pura e totalmente mitológico, mas vence o mais sério obstáculo para a aceitação da teoria da existência do continente de Atlântida, ou seja, as narrativas fantásticas de sua origem, tamanho, aparência e data da sua destruição – considera em torno de 9.600 a.C. No meio da ilha central de Atlantida havia uma montanha imponente que lançava uma sombra com cinco mil estádios em extensão e cujo ápice tocava a esfera do Éter. 
Concepção artística de como seria a capital do reino, Poseidonis.
Esta é a montanha que era o eixo do mundo, sagrada para muitas raças e simbólica da cabeça humana, que se ergue acima quatro elementos primordiais do corpo. Esta montanha sagrada, em cujo cume havia o templo dos deuses, que deu origem às histórias do Monte Olimpo, monte Meru, e de Asgard. 
A Cidade dos Portais Dourados – a capital da Atlântida – tem agora preservada sua memória entre inúmeras religiões como a Cidade dos Deuses ou a Cidade Santa. Aqui esta a origem do arquétipo da Nova Jerusalém, com suas ruas pavimentadas com ouro e as suas doze portas brilhantes com pedras preciosas.
“A história da Atlântida”, escreve Inácio Donnelly, “é a chave da mitologia grega (e de todos os povos antigos). Não pode haver nenhuma dúvida de que esses deuses da Grécia eram seres humanos. A tendência para anexar atributos divinos para os grandes e históricos governantes terrestres esta profundamente implantada na consciência na natureza humana. 

Parte 1 de 3. A história continua….

{N.T.: Nos registros de um antiquíssimo Templo budista em LHASA, no TIBET, há para ser visto uma antiga inscrição caldéia inscrita cerca de 2.000 anos a.C. (ou mais antiga ainda…) onde se pode ler:

“Quando a estrela Baal caiu sobre o lugar onde agora é só mar e céu, as sete cidades com suas portas de ouro e seus templos transparentes tremeram e balançaram como as folhas de uma árvore na tempestade. E eis que um dilúvio de fogo e fumaça surgiu a partir dos palácios, a agonia e os gritos da multidão preencheram o ar. Eles procuraram refúgio em seus templos e cidadelas e o sábio Mu, o hierático sacerdote de Ra-Mu, se levantou e lhes disse:
“Será que eu não previ tudo isso”?
E as mulheres e os homens em suas roupas brilhantes e pedras preciosas se lamentavam:
“Mu, salve-nos.”
E Mu respondeu:
“Vocês morrerão junto com os seus escravos e suas riquezas materiais e de suas cinzas surgirão novas nações. E se eles (a civilização ATUAL) também se esquecerem que são superiores, não por causa do que eles usam ou possuem, mas do (bem e a Luz) que eles colocarem para fora de si mesmos, a mesma sorte vai cair sobre eles!”
As chamas e o fumo sufocaram as palavras de Mu. A terra das sete cidades e seus habitantes foram despedaçados e engolidos para as profundezas do oceano revolto em poucos dias”.}
“Deus é a Verdade e a Luz é Sua sombra“. Platão

Mais informações sobre Atlântida em:

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OS TEMPLÁRIOS - REVELAÇÃO

A Revelação Templária – 2A – No Mundo Secreto
Posted by Thoth3126 on 27/05/2017

CAPÍTULO II A – NO MUNDO SECRETO: A nossa investigação do «Leonardo Da Vinci (secreto) desconhecido» iria tornar-se uma longa busca, incrivelmente complicada – dir-se-ia mais uma iniciação do que uma simples deslocação de A para B.
Ao longo do caminho, encontramo-nos em muitos becos sem saída e enredamo-nos no submundo dos que estão ligados às SOCIEDADES SECRETAS e que têm prazer não só em se entregar a jogos sinistros mas também em ser agentes de desinformação e de confusão. Muitas vezes, ficamos estupefatos, perguntando a nós mesmos como uma simples investigação da vida e da obra de Leonardo da Vinci nos podia ter introduzido num mundo que não acreditávamos que existisse fora dos filmes impenetráveis do grande surrealista francês Jean Cocteau, como o seu Orfeu, com a descrição de um submundo em que se penetra através de espelhos mágicos …
Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch

Capítulo 02 A – NO MUNDO SECRETO – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ” de Lynn Picknett e Clive Prince. 

CAPÍTULO II A – NO MUNDO SECRETO

… De fato, foi este verdadeiro expoente do bizarro – Jean Cocteau – que nos iria fornecer mais indicações, não só acerca das crenças de Leonardo mas também da existência de uma continuada tradição secreta que tinha as mesmas preocupações. Iríamos descobrir que Cocteau (1889-1963), ele próprio, parece ter estado implicado nesta sociedade – a prova da sua implicação será adiante discutida. Mas, em primeiro lugar, analisemos o gênero mais imediato de prova testemunhal – a dos nossos olhos e descobertas.
Espantosamente próxima das luzes brilhantes e do ruído de Leicester Square, em Londres, encontra-se a Igreja de Notre Dame de Paris. Situada em Leicester Square, virtualmente contígua a uma elegante sorveteria, é muito difícil encontrá-la, porque a sua fachada não se anuncia com a arquitetura flamejante que nos habituamos a associar às grandes igrejas católicas. Podemos passar sem reparar nela e, certamente, sem fazer ideia de que a sua decoração é significativamente diferente da decoração da maioria das outras igrejas católicas.

Fachada da Igreja de Notre Dame de France, situada em Leicester Square, em Londres
Originalmente construída em 1865, num local com associações aos Cavaleiros Templários, Notre Dame de France foi quase totalmente destruída durante os ataques aéreos nazistas a Londres durante a II Guerra Mundial e reconstruída no final da década de 50. Transposto o seu modesto exterior, o visitante encontra-se num vasto átrio, arejado e de grande altura, que, a princípio, pode parecer típico do moderno traçado católico.
Quase desprovida da aparatosa estatuária que adorna excessivamente muitos edifícios mais antigos, ela contém, todavia, pequenas placas decorativas que representam a Via Sacra, um altar-mor, abaixo de uma grande tapeçaria de uma jovem virgem loira, rodeada por animais que a veneram – a qual, embora um tanto sugestiva de uma das mais graciosas cenas de Disney, ainda está dentro dos limites do que constitui uma representação aceitável da jovem Maria – e algumas imagens de santos, presidindo às capelas laterais.
Mas, à esquerda do visitante, quando está voltado para o altar-mor, há uma pequena capela que não tem nenhuma estátua de culto mas, no entanto, tem o seu grupo de fiéis muito particulares. Os visitantes vêm admirar e fotografar o seu invulgar mural, obra de Jean Cocteau, que o terminou em 1960, e a igreja orgulha-se de vender postais ilustrados da sua obra de arte, muito particular e justamente famosa. Mas, tal como no caso das chamadas pinturas «cristãs» de Leonardo, este afresco, quando meticulosamente examinado, revela simbolismo muito pouco ortodoxo. E a comparação com a obra de Leonardo não é acidental.
Mesmo dada a distância de cerca de quinhentos anos, poderia dizer-se, no entanto, que Leonardo e Cocteau estavam, de algum modo, a colaborar, ao longo dos séculos?
Antes de voltarmos a nossa atenção para o curioso mural de Cocteau, examinemos a igreja, de modo geral. Embora não seja única, é invulgar que uma igreja católica seja redonda, e esta forma é aqui acentuada em vários pormenores. Por exemplo, há uma surpreendente clarabóia, em forma de cúpula, decorada com um desenho de anéis concêntricos que não é demasiado fantasista interpretar como um gênero de teia de aranha. E as paredes, tanto no interior como no exterior, ostentam o repetido motivo de cruzes de braços iguais, alternadas – e ainda mais círculos.


Jean Cocteau durante o seu trabalho de realizaçãodo mural no interior da Igreja de Notre Dame de France, em 1959
Esta igreja do pós-guerra, embora seja nova, ergueu-se orgulhosamente, incorporando uma placa de pedra que fora retirada da Catedral de Chartres, essa jóia da coroa da arquitetura gótica – e, como iríamos descobrir, o ponto de convergência (a Catedral de Chartres) destes grupos, cujas crenças religiosas não são, de modo nenhum, tão ortodoxas como os livros de História nos levavam a pensar.
Pode objectar-se que não há nada de particularmente profundo ou sinistro na inclusão desta pedra – afinal, durante a guerra, esta igreja foi um ponto de encontro das forças de Libertação Francesas e uma peça de Chartres era, seguramente, um símbolo vivo do que a pátria francesa sempre representou. Contudo, a nossa investigação ia mostrar que era, de fato, muito mais importante do que isso.
Dia após dia, muitas pessoas – tanto londrinos como visitantes – passam por Notre Dame de France para rezar e participar nos serviços religiosos. A igreja parece ser uma das mais frequentadas de Londres e também representa um refúgio conveniente para os sem-abrigo, que são tratados com grande bondade (como os próprios Templários costumavam tratar os desafortunados). Mas é o mural de Cocteau que atua como um ímã para a maioria dos que visitam a igreja, como parte do seu passeio a Londres, embora também se possam deter para aproveitar um oásis de calma, no meio do grande movimento da capital.
De início, o mural pode decepcionar, porque – como grande parte da obra de Cocteau – parece, ao primeiro olhar, ser pouco mais do que um esboço pintado, uma cena apenas esboçada nalgumas cores, sobre o simples estuque. Representa a Crucificação: a vítima está rodeada de aterradores soldados romanos, de mulheres e discípulos pesarosos. Certamente que contém, podia pensar-se, todos os ingredientes de uma cena da Crucificação tradicional, mas, como A Última Ceia de Leonardo, ela merece um exame mais minucioso, mais crítico – e mesmo mais sensato.
A figura central, a vítima da mais horrível das mortes por tortura, pode bem ser Jesus. Mas também é verdade que não temos a certeza da sua identidade, porque apenas o vemos dos joelhos para baixo. A parte superior do corpo não é mostrada. E, aos pés da cruz, está uma enorme rosa vermelho-azulada.


Em primeiro plano, há uma figura que não é romana nem discípulo, que está afastada da cruz e parece estar fortemente perturbada pela cena que se desenrola atrás de si. Na verdade, é um acontecimento profundamente perturbador – assistir à morte de qualquer pessoa, nestas circunstâncias, é, seguramente, pungente, mas estar presente quando Deus encarnado está derramando o seu sangue seria indescritivelmente traumático. Todavia, a expressão desta personagem não é a do humanitarismo horrorizado, nem a do venerador consternado. Se formos sinceros, a testa franzida e o olhar de soslaio são os de uma testemunha decepcionada, mesmo desagradada. Não é a reação de alguém que esteja remotamente disposto a dobrar o joelho, em sinal de respeito, mas de alguém que expressa a sua opinião de igual para igual.
Então, quem é esta presença desaprovadora no acontecimento mais sagrado da Cristandade? É nada menos do que o próprio Jean (João) Cocteau. Se nos lembrarmos de que o próprio Leonardo se auto-retratou, desviando o olhar da Sagrada Família, na Adoração dos Magos, e de Jesus, em A Última Ceia, há, no mínimo, poderíamos dizer, uma semelhança secreta entre estas duas pinturas. E, quando se afirma que os dois artistas pertenciam à alta hierarquia da mesma sociedade secreta e herética, continuar a investigação torna-se irresistível.
Iluminando a cena, um SOL NEGRO lança os seus raios sinistros no céu circundante. Frente ao sol, encontra-se uma pessoa – provavelmente um homem – cujos olhos levantados e protuberantes, perfilados contra o horizonte, são notavelmente semelhantes a seios atrevidos. Quatro soldados romanos assumem uma atitude épica, em volta da cruz, mantendo as lanças em ângulos estranhos e, aparentemente, significativos – um deles agarra um escudo que ostenta o desenho de um falcão (n.t. símbolo de Hórus, filho de ÍSIS…) estilizado. E, aos pés de dois soldados, vê-se um pano, sobre o qual estão espalhados dados. A soma total dos números que os dados apresentam é cinquenta e oito – 58.
Um homem jovem e insípido aperta as mãos em torno da base da cruz, e o seu olhar, um tanto inexpressivo, fixa-se vagamente numa das duas mulheres desta cena. Estas, por sua vez, parecem estar ligadas pela forma de um grande «M», exatamente abaixo do homem com olhos semelhantes a seios. A mulher mais velha, cheia de dor, olha para baixo e parece estar a chorar sangue; a mais nova está literalmente mais distante, apesar de estar de pé, junto da cruz, todo o seu corpo está afastado dela. A forma do «M» aberto repete-se na frente do altar, imediatamente abaixo do mural.

Jean Cocteau pintou a si mesmo no mural (Direita) ao lado do Falcão e dos dados que aparecem à esquerda.
A última figura desta cena, no extremo direito da pintura, é um homem de idade indefinida, cujo único olho visível tem a forma distinta de um peixe.
Alguns comentadores chamam a atenção para o fato de os ângulos das lanças dos soldados formarem um pentagrama – em si, uma característica pouco ortodoxa de uma cena tradicional cristã. Esta caraterística, apesar de intrigante, não faz parte da nossa presente investigação. Como vimos, parecem existir elos superficiais entre as mensagens subliminares das obras religiosas de Leonardo e de Cocteau, e foi esta utilização comum de determinados símbolos que chamou a nossa atenção.
Os nomes de Leonardo da Vinci e de Jean Cocteau figuram na lista dos grão-mestres daquela que alega ser uma das mais antigas e mais influentes sociedades secretas da Europa – o Prieuré de Sion, o Priorado de Sião. Altamente polêmica, a sua própria existência tem sido posta em questão e, portanto, quaisquer das suas alegadas atividades são, geralmente, ridicularizadas e as suas implicações ignoradas. De princípio, compreendemos este tipo de reação, mas as nossas investigações posteriores revelaram que a questão não era assim tão simples.
A sociedade secreta Priorado de Sião chamou a atenção do mundo de língua inglesa apenas em 1982, através do best-seller “The Holy Blood and the Holy Grail”, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, embora, em França, a sua pátria, se tivesse tornado público, de forma gradual, a partir de 1960. É uma ordem secreta quase maçônica ou de cavalaria, com determinadas ambições políticas e, parece, considerável poder oculto. Dito isto, é muito difícil classificar o Priorado, talvez porque exista algo de essencialmente quimérico em informação de todos os movimentos que foram dados pelo representante do Priorado, informação que conhecemos no princípio de 1991 – o encontro foi o resultado de uma série de cartas bizarras, que nos foram enviadas após uma discussão radiofônica acerca do Sudário de Turim.


O que conduziu a este encontro, ligeiramente surrealista, está pormenorizado no nosso livro anterior, mas, de momento, será suficiente dizer que um certo «Giovanni» (Joãoem italiano)- que sempre conhecemos sob este pseudônimo – um italiano que alegava ser um dos membros da alta hierarquia do Priorado de Sião, nos observara, cuidadosamente, durante as primeiras fases da nossa investigação sobre Leonardo e o Sudário de Turim. Por qualquer razão, ele decidira, por fim, informar-nos de certos interesses daquela organização, e talvez mesmo implicar-nos nos seus planos. Grande parte daquela informação iria conduzir eventualmente – depois de a termos verificado, de forma algo tortuosa – na confecção do nosso livro sobre o Sudário de Turim, mas essa informação de modo algum foi importante para aquela obra e, por conseguinte, foi omitida.
Apesar das implicações da informação de Giovanni, muitas vezes espantosas, ou mesmo chocantes, fomos obrigados a tomar a sério pelo menos a maior parte dela, apenas porque a nossa investigação independente a confirmava. Por exemplo, a imagem do Sudário de Turim comporta-se como uma fotografia, porque é exatamente isso que ela é, como já demonstramos. E se, como ele afirmava, a informação de Giovanni tivesse origem nos arquivos do Priorado, então, havia razão para abordar a ideia da sua existência – talvez com algum ceticismo saudável, mas de modo algum com a completa negação de muitos dos seus detratores.
Quando começamos a envolver-nos no mundo secreto de Leonardo, depressa compreendemos que, se esta sociedade pouco definida fizera realmente parte integrante da sua vida, então, ela podia contribuir muito para explicar a força motivadora de Leonardo. Se, de fato, ele fizera parte de qualquer tipo de rede, poderosa e clandestina, os seus influentes patronos – como Lorenzo de Medici e Francisco I, de França – também podiam estar implicados. Parecia haver uma organização misteriosa por detrás das obsessões (n.t. e daquilo que ele sabia) de Leonardo: mas era essa organização, de fato, como alguns afirmam, o Priorado de Sião?
Se as reivindicações do Priorado são verdadeiras, então ele era já uma venerável organização quando Leonardo foi recrutado para as suas fileiras. Mas, qualquer que fosse a sua antiguidade, o Priorado devia ter exercido uma atração poderosa, talvez única, sobre o jovem artista e sobre vários dos seus colegas renascentistas, igualmente incrédulos. Talvez, como os maçônicos modernos, ela oferecesse progresso material e social, facilitando a carreira do jovem artista nas mais influentes cortes europeias, mas isso não explicaria a profundidade evidente das estranhas crenças de Leonardo. Fosse qual fosse a organização a que pertenceu, ela apelava ao seu espírito tanto como aos seus interesses materiais.
O poder subjacente ao Priorado de Sião é, no mínimo, parcialmente devido à sugestão de que os seus membros são, e sempre foram, guardiões de um grande segredo – um segredo que, se fosse tornado público, abalaria os verdadeiros alicerces tanto da igreja como do Estado. O Priorado de Sião, por vezes conhecido por Ordem de Sião ou Ordem da Nossa Senhora de Sião, assim como por outros títulos subsidiários, alega ter sido fundado em 1099, durante a Primeira Cruzada – e, mesmo então, foi apenas uma questão de formalizar um grupo cuja custódia deste conhecimento explosivo já datava de há muito tempo atrás.


O Priorado alega estar nos bastidores da criação dos Cavaleiros Templários – essa curiosa organização de monges-soldados medievais de sinistra reputação. O Priorado e os Templários tornaram-se, consoante se alega, virtualmente a mesma organização, presidida pelo mesmo grão-mestre, até sofrerem um cisma, em 1188, e seguirem caminhos distintos. O Priorado continuou sob a custódia de uma série de grão-mestres, incluindo alguns dos nomes mais ilustres da história, como Sir Isaac Newton, Sandro Felipepi (conhecido como Botticelli), Robert Fludd, o filósofo ocultista inglês – e, claro, Leonardo da Vinci, que, alegadamente, presidiu ao Priorado durante os últimos nove anos da sua vida.
Entre os seus líderes mais recentes, contam-se Vítor Hugo, Claude Debussy – e o artista, escritor, dramaturgo e realizador cinematográfico Jean Cocteau. E, embora não fossem grão-mestres, alegadamente, o Priorado tem atraído outros luminares, ao longo dos séculos, como Joana d’Arc, Nostradamus (Michel de Notre Dame) e mesmo o papa João XXIII.
Além destas celebridades, a história do Priorado de Sião, alegadamente, envolveu as mais importantes famílias reais e aristocráticas da Europa, geração após geração. Estas famílias incluíam os D’Anjou, os Habsburgo, os Sinclair e os Montgomery. O objetivo declarado pelo Priorado é proteger os descendentes da antiga dinastia merovíngia, reis do que hoje é a França – que reinaram desde o século V até ao assassinato de Dagoberto II, no final do século VII, e com ele a dinastia merovíngia. No entanto, os críticos afirmam que o Priorado de Sião existe apenas a partir de 1950 e é formado por um pequeno grupo de mitomaníacos sem poder efetivo – monárquicos com ilimitadas ilusões de grandeza.
Assim, por um lado, temos as reivindicações do Priorado à sua genealogia e raison d’étre e, por outro lado, os argumentos dos seus detratores. Fomos confrontados com este abismo, aparentemente intransponível, e – para ser honesto – tivemos dúvidas em continuar com esta linha particular de investigação. Contudo, compreendemos que, embora uma avaliação do Priorado se dividisse logicamente em duas partes – as questões da sua existência, em tempos recentes, e das suas pretensões históricas -, o problema era complexo, e nada ligado a esta organização era transparente.
Uma ligação dúbia ou uma contradição aparente, relativas às atividades do Priorado, levava, inevitavelmente, os céticos a considerarem toda a situação como um disparate completo, do princípio ao fim. Mas devemos lembrar que estamos lidando com criadores de mitos que, muitas vezes, estão mais preocupados em transmitir IDEIAS PODEROSAS, e mesmo chocantes, através de imagens de arquétipo do que em comunicar a verdade literal.
Não tínhamos dúvidas da existência moderna do Priorado. Os nossos contatos com Giovanni convenceram-nos de que ele, pelo menos, não era um impostor casual e que a sua informação era digna de confiança. Não apenas nos revelou fatos preciosos acerca do Sudário de Turim como nos forneceu pormenores acerca de vários indivíduos que, atualmente, estão implicados no Priorado e noutras organizações esotéricas, talvez aliadas, tanto no Reino Unido como na Europa continental. Por exemplo, ele mencionou, como membro, um consultor editorial com o qual um de nós trabalhara nos anos 70. À primeira vista, a afirmação de Giovanni referente a este homem parecia uma fantasia maliciosa da sua parte, mas, alguns meses depois, aconteceu uma coisa muito estranha.


Pelo que foi certamente uma coincidência espantosa, esse mesmo editor assistiu a uma festa organizada por uma das nossas amigas, em Novembro de 1991, num restaurante de que ela gostava particularmente – que não era, de modo nenhum, a sua casa num dos condados junto a Londres, mas que ficava muito próximo da casa de um de nós. Assim, foi verdadeiramente surpreendente encontrar entre os convidados, tão perto da nossa casa, alguém que fora mencionado por Giovanni. Depois mantivemo-nos em contato com ele e fomos convidados para a sua casa, no Surrey. Sendo boa companhia, não foi difícil passar algum tempo com ele e com a sua mulher, mas, gradualmente, um fato tornou-se evidente. Ele era membro do Priorado de Sião.
O nosso contato com ele, durante este período, culminou com um convite para uma festa, após o Natal, na sua casa de campo. A festa foi uma fascinante reunião de amigos, e os outros convidados eram cosmopolitas encantadores, que estavam todos notavelmente – e, talvez, por percepção tardia, excessivamente – interessados no nosso trabalho sobre Leonardo e o Sudário. Foi muito lisonjeador, mas um pouco inquietante, sobretudo porque eram todos membros do cenário bancário internacional.

Já sabíamos que o nosso anfitrião era membro de um gênero de organização maçônica, mas, apesar do seu espírito vivo e, por vezes, exuberante, era também um praticante do ocultismo. Sabíamos que isso era verdade, em parte, porque ele próprio nos informara, no que foi claramente uma atitude deliberada. Obviamente, ele queria que conhecêssemos alguma coisa acerca das tendências ocultistas dele próprio e do seu círculo – mas o quê exatamente? Fosse qual fosse a natureza da agenda oculta do nosso anfitrião, ficamos sabendo que o Priorado existia entre homens e mulheres, cultos e influentes, que falavam inglês. Giovanni também mencionou um certo diretor de uma empresa de publicidade de Londres, também nosso conhecido, como membro do Priorado.
Embora não conseguíssemos confirmar a sua qualidade de membro daquela organização, descobrimos que o seu interesse no ocultismo ultrapassava os artigos e os livros ocasionais que escrevia sobre o assunto usando pseudônimos. Também desempenhara um papel importante na publicidade de The Holy Blood and The Holy Grail quando foi publicado, em 1982. (E, certamente, não é coincidência que ele tenha uma segunda casa muito próximo de uma certa aldeia francesa que tem, como veremos, um papel importante a desempenhar no drama que rodeia o Priorado de Sião.)
O fato importante que emergiu dos nossos contatos com estes homens é que o moderno Priorado de Sião não é, como alegam os críticos, uma simples invenção de um pequeno grupo de franceses com fantasias monárquicas. Devido aos nossos recentes contatos e experiência, não duvidamos de que o Priorado existe ainda agora, hoje.
A sua alegada genealogia histórica, no entanto, é uma outra questão. Temos de admitir que os críticos do Priorado têm razão quanto à sua primeira referência documentada, que data apenas de 25 de Junho de 1956. Segundo a lei francesa, todas as associações têm de se registrar, por paradoxal que isso possa parecer, no caso das chamadas sociedades «secretas». No momento do registo, o Priorado declarou que o seu objetivo era oferecer «estudos e auxílio mútuo aos membros» – uma declaração que, embora pickwickiana no seu malicioso altruísmo, é também um caso de cuidadosa neutralidade.
O Priorado declarou apenas uma atividade, a publicação de um jornal chamado Circuit que se destinava, nas palavras do Priorado, «à defesa e informação dos direitos e liberdades da habitação-de-renda-reduzida» (foyers HLM – literalmente o equivalente à habitação social inglesa). Esta declaração referia quatro funcionários da associação, o mais interessante – e o mais conhecido – dos quais era um certo Pierre Plantard, que era também o editor do Circuit.
Desde aquela obscura declaração, o Priorado de Sião tornou-se conhecido de uma audiência mais vasta. Não apenas os seus estatutos surgiram na imprensa, completados pela assinatura do seu alegado anterior grão-mestre, Jean Cocteau (embora, evidentemente, ela possa ser uma falsificação), mas também o Priorado surgiu em vários livros. A sua estréia ocorreu em 1962, em Les Templiers sont parrmis nous (Os Templários Estão entre Nós), de Gérard de Sède, que incluía uma entrevista com Pierre Plantard.


O Priorado, no entanto, teve de esperar vinte anos para ter impacto no mundo de língua inglesa. Em 1982, o fenomenal best-seller The Holy Blood and The Holy Grail, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln chegou às livrarias, e a controvérsia subsequente tornou o Priorado de Sião um tema de debate em voga entre um público muito mais vasto. O que esse livro reivindicava para a organização, e o que extrapolava dos seus alegados objetivos, será, no entanto, tratado mais tarde.
Pierre Plantard emerge dos elementos tornados públicos como uma figura plausível, que aperfeiçoou a arte dos políticos: olhar de frente para o entrevistador, enquanto, habilmente, consideram a verdadeira pergunta de modo muito diferente. Nascido em 1920, tornou-se conhecido do público, pela primeira vez, na França ocupada de 1942, como editor de um jornal, chamado Vaimcre pour ume jeune chevalerie (A Conquista de Uma Jovem Cavalaria) – que era nitidamente tolerante com os opressores nazistas e que foi, de fato, publicado com a sua autorização.
Oficialmente, este jornal era o órgão da Ordem Alpha-Galates, uma sociedade quase maçônica e cavaleiresca, sedeada em Paris, da qual Plantard se tornou grão-mestre, aos 22 anos. De princípio, os seus editoriais surgiram sob o nome de «Pierre de France», depois «Pierre de France-Plantard e, finalmente, simplesmente «Pierre Plantard». A obsessão com que considerava ser a versão correcta do seu nome verificou-se novamente quando adotou o título mais grandioso de «Pierre Plantard de Saint-Clair», o nome sob o qual surgiu em The Holy Blood and The Holy Grail – e que usou quando foi grão-mestre do Priorado de Sião, entre 1981 e 1984. (Vaincre passou agora para o título do boletim interno do Priorado, que foi editado por Pierre Plantard de Saint-Clair e por seu filho Thomas.
Este antigo desenhador de uma firma de acessórios para fogões, que, alegadamente, tinha dificuldade, por vezes, em pagar às próprias contas, exerceu, todavia, uma considerável influência na história europeia. Foi Pierre Plantard de Saint-Clair – sob o pseudônimo de «Capitão Way» – que esteve por detrás da organização dos Comitês de Salvação Pública que promoveram o regresso ao poder na França pós guerra do general Charles de Gaulle, em 1958.
Consideremos, agora, a natureza essencialmente paradoxal do Priorado de Sião. Primeiro, donde vem, de fato, a informação pública acerca desta organização e até que ponto ela é digna de confiança? Como foi citado em The Holy Blood and The Holy Grail, a fonte primordial é uma coleção de apenas sete enigmáticos documentos, conservados na Biblioteca Nacional de Paris, conhecidos como Dossiers secrets (arquivos secretos). À primeira vista, parecem uma miscelânea de textos e de genealogias históricas e de obras alegóricas, mais modernas, atribuídas a autores anônimos ou a autores com pseudônimos banais ou ostentam nomes de pessoas que nada têm a ver com eles.
A maioria destes registros diz respeito à suposta obsessão merovíngia da sociedade e centra-se no famoso mistério do pequeno vilarejo francês de Rennes-le-Château, a remota aldeia do Languedoc, que foi o ponto de partida da investigação de Baigent, Leigh e Lincoln. Contudo, emergem outros temas que, para nós, são muito mais importantes e que trataremos resumidamente. O primeiro artigo dos arquivos secretos foi depositado em 1964, embora esteja datado de 1956. O último artigo foi depositado em 1967.
Sensatamente, podíamos considerar grande parte do conteúdo dos arquivos como sendo qualquer tipo de brincadeira. Contudo, abstivemo-nos desta reação imediata porque sabíamos, pela nossa experiência do Priorado de Sião e do seu modus operandi, que ele se vangloria de desinformação deliberada e pormenorizada. Por detrás desta cortina de fumaça de total disparate, prevaricação e ofuscação, existe um propósito muito sério e muito deliberado.
Contudo, o que nunca poderia ter fascinado e motivado nomes ilustres, como Leonardo ou Isaac Newton, durante tanto tempo era esta suposta obsessão de reconduzir a descendência merovíngia, há muito desaparecida, a uma posição de poder na França moderna. Face às provas apresentadas nos arquivos secretos, a causa da sobrevivência da dinastia, para além de Dagoberto II, para não mencionar a continuação de uma clara linha de descendência até ao fim do século XX, é, na melhor das hipóteses, frágil, e, na pior das hipóteses, claramente fictícia.

A Dinastia Merovíngia dos primeiros reis da França teria origem na descendência de Jesus e Maria Madalena….
Afinal, qualquer pessoa que tenha estado a investigar a sua própria árvore genealógica para além das duas ou três gerações anteriores, em breve descobre que todo o processo é complexo e problemático. Assim, mantém-se a pergunta: esta causa podia ter inspirado homens e mulheres de grande inteligência, geração após geração? É difícil imaginar que pessoas como Isaac Newton e Leonardo tivessem sido muito influenciadas, por exemplo, por uma sociedade britânica cujos objetivos fossem reconduzir ao poder os descendentes do rei Haroldo II (morto pelas tropas de Guilherme, o Conquistador, em 1066).
Para o moderno Priorado de Sião, existem grandes dificuldades na realização do seu objetivo de restaurar a descendência merovíngia. Não existe apenas o problema de transformar a França republicana na monarquia que ela rejeitou, há mais de dois séculos, mas, mesmo assim (supondo que a sucessão merovíngia pudesse ser provada), aquela mesma dinastia não tem qualquer direito ao trono porque a nação francesa não existia durante a era merovíngia. Como o escritor francês Jean Robin expôs a questão, de forma sucinta: «Dagoberto era… um rei em França, mas, de modo algum, rei da França.”
Os arquivos secretos podem parecer um completo disparate, mas a simples dimensão do esforço e dos recursos investidos neles e na manutenção das suas pretensões faz-nos hesitar. Mesmo o escritor francês Gérard de Sède, que dedica muitas páginas, minuciosamente argumentadas, à destruição das alegadas provas de defesa da causa merovíngia, apresentadas nos arquivos, admitiu que a investigação e os recursos eruditos e acadêmicos que estes implicaram eram desproporcionadamente impressionantes. Apesar de criticar severamente «este mito delirante», ele conclui, todavia, que existe um verdadeiro mistério por detrás de tudo isto. Uma característica curiosa dos arquivos é a implicação constante e subjacente de que os autores tinham acesso aos arquivos oficiais do Governo e da Polícia.
Citando apenas dois exemplos, entre muitos: em 1967, um folheto, chamado Le serpent rouge (A Serpente Vermelha), foi anexado aos arquivos e atribuído a três autores – Pierre Feugère, Louis Saint-Maxent e Gaston de Koker – datado de 17 de Janeiro de 1967, embora o talão de depósito na Biblioteca Nacional esteja datado de 15 de Fevereiro. Este extraordinário texto de treze páginas, geralmente muito apreciado como exemplo de talento poético, também engloba simbolismo astrológico, alegórico, esotérico e alquímico. Mas o que isto tem de sinistro é que os três autores foram todos encontrados enforcados, com intervalo de vinte e quatro horas, a 6/7 de Março desse mesmo ano. A implicação sugere que as suas mortes foram consequência da sua colaboração na composição de Le serpent rouge.
Contudo, a investigação subsequente revelou que a obra fora anexada aos arquivos a 20 de Março – depois de todos terem sido encontrados mortos e que o talão de depósito fora deliberadamente falsificado para indicar a data de Fevereiro. Mas, indiscutivelmente, a coisa mais espantosa em todo este estranho caso é que os três alegados autores não tinham, de fato, qualquer ligação com este panfleto ou com o Priorado de Sião… Presumivelmente, alguém aproveitara o fato destas três mortes, bizarramente sincronizadas, e usara-as para estranhos objetivos pessoais.
Mas porquê? E, como indica De Sède, decorreram apenas treze dias entre as três mortes e o depósito do panfleto na Biblioteca Nacional – o que foi um trabalho tão rápido que levantou fortes suspeitas de que o(s) verdadeiro(s) autor(es) tinha(m) conhecimento interno das investigações confidenciais da Polícia. E Franck Marie, escritor e detetive particular, provou, de forma concludente, que a mesma máquina de escrever fora usada para compor Le serpent rouge e alguns dos documentos posteriores dos arquivos secretos.
Depois verificou-se o caso da falsificação dos documentos do Lloyds Bank. Pergaminhos, alegamente do século XVII, encontrados por um sacerdote francês, no fim do século passado, e que, supostamente, provavam a continuidade da linha de descendência merovíngia, foram comprados por um cavalheiro inglês, em 1955, e depositados numa caixa-forte de uma agência do Lloyds Bank em Londres. Embora ninguém tivesse visto estes documentos, conhecia-se a existência de cartas que confirmavam o fato de estes terem sido depositados e que estavam assinados por três importantes homens de negócio ingleses, todos eles com ligações anteriores aos Serviços Secretos Ingleses.

Os merovíngios foram uma dinastia franca saliana que governou os francos numa região correspondente, grosso modo, à antiga Gália da metade do século V à metade do século VIII. Eles eram citados às vezes por seus contemporâneos como os “reis de cabelos longos” (em latim reges criniti), por não cortarem simbolicamente os cabelos (tradicionalmente, os líderes tribais dos francos exibiam seus longos cabelos como distinção dos cabelos curtos dos romanos e do clero). O termo “merovíngio” deriva do latim medieval Merovingi ou Merohingi (“filhos de Meroveu”). O domínio merovíngio foi encerrado por um golpe de Estado em 751 quando Pepino o Breve formalmente depôs Childeric III, dando início à dinastia carolíngia.
Mas durante as investigações para The Messianic Legacy. (a sequencia de The Holy Blood and The Holy Grail), Baigent, Leigh e Lincoln conseguiram provar que as cartas eram uma falsificação – embora incorporassem partes de documentos genuínos, com assinaturas verdadeiras, e cópias dos certificados de nascimento dos três homens de negócios. No entanto, a questão mais importante e de maior alcance é que quem quer que os forjasse parece ter obtido as partes genuínas dos documentos nos arquivos do Governo francês, de um modo que implica fortemente os Serviços Secretos Franceses.
Mais uma vez, somos confrontados com uma sensação de grande estranheza. Um enorme montante de tempo, esforço e talvez mesmo riscos e perigo pessoal deve ter estado envolvido na montagem deste cenário. Mas, ao mesmo tempo, em última análise, ele parece ser completa e absolutamente desprovido de significado. Nesse aspecto, todo o caso se limita a seguir a velha tradição dos Serviços (e sociedades) Secretos, em que poucas coisas são o que parecem ser e os fatos aparentemente de mais fácil compreensão podem bem ser exercícios de completa desinformação.
Continua em 2B …
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