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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

O CÓDIGO CÓSMICO - 5 - SOBRE MORTE E RESSURREIÇÃO

 

O Código Cósmico – 5 – Sobre Morte e Ressurreição

Posted by  on 02/02/2021

Livro O CÓDIGO CÓSMICO – A fantástica História dos Extraterrestres que Revelaram os Segredos Cósmicos à Humanidade (Zecharia Sitchin):

A lição da destruição da Suméria e de Ur foi que o acaso e a Sorte alterável não podem suplantar o inalterável Destino.

Mas, e quanto ao inverso: pode a Sorte, sem importar por quem seja decretada, ser suplantada pelo Destino? A questão certamente foi considerada na Antiguidade, pois de outra forma, qual seria o motivo para as preces e súplicas que então se haviam iniciado, e dos incentivos por parte dos profetas para o reto agir e o arrependimento?

O bíblico Livro de Jó levanta a questão sobre se a Sorte – ainda que ocorra até o ponto de eliminar todas as esperanças – devia prevalecer, ainda que o reto agir e a piedade de Jó o houvessem destinado a uma vida longa? 

Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch

Livro O CÓDIGO CÓSMICO – A fantástica História dos Extraterrestres que Revelaram os Segredos Cósmicos à Humanidade (Zecharia Sitchin)

Capítulos anteriores:


O Código Cósmico – Capítulo 5 –  SOBRE MORTE E RESSURREIÇÃO

É um tema cujas origens podem ser encontradas no poema sumério que os estudiosos chamaram de O Homem e Seu Deus, cujo assunto é o sofrimento dos justos, uma vítima da sorte cruel e de infortúnios não merecidos. “A Sorte me carregou nas mãos e levou o fôlego de minha vida”, lamenta-se o sofredor anônimo; porém ele vê os Portões da Piedade se abrirem para ele, “agora que tu, meu deus, me mostraste os pecados que cometi”.

A confissão e o arrependimento fizeram o deus dele “virar o Demônio da Sorte”, e o pecador arrependido vive uma vida longa e feliz. Assim como a história de Gilgamesh demonstra que a Sorte não pode alterar seu Destino final (morrer como mortal), outras histórias apresentam a moral de que nem a Sorte pode trazer a morte, se assim não for destinado. Um bom exemplo é o próprio Marduk, que de todos os deuses da Antiguidade estabeleceu um recorde em sofrimento e reveses, de desaparecimentos e reaparecimentos, exílios e retornos, morte aparente e ressurreição inesperada; tantos que, quando todos os eventos em relação a Marduk se tornaram conhecidos depois da descoberta dos textos, os estudiosos debateram, na virada do século [1800-1900] se aquela história seria um protótipo da de Cristo. (A ideia baseou-se na afinidade entre Marduk e seu pai Enki por um lado e com seu filho Nabu por outro, criando a impressão de um protótipo da Divina Trindade).

O impacto do sofrimento de Marduk e sua moral para a humanidade ficaram evidenciados por uma Peça de Mistério na qual sua morte aparente e retorno dos mortos eram representados por atores. A Peça de Mistério era representada na Babilônia como parte das cerimônias de Ano-Novo, e vários textos antigos sugerem que ela também servia a propósitos mais escusos – apontar um dedo acusador nos inimigos e julgar quem eram os responsáveis pela sua sentença de morte e sepultamento. Como vários relatos comprovam, a identidade dos responsáveis mudava de tempos em tempos, para se adaptar ao cenário político-religioso. Originalmente, uma das acusadas era Inana/Ishtar, e é irônico que ela mesma tenha genuinamente morrido e ressuscitado, apesar de sua experiência jamais ter sido encenada (como a de Marduk) ou lembrada no calendário (assim como a morte de seu amado Dumuzi, que deu o nome ao mês de Tamuz).

Tratava-se de uma dupla ironia, pois devido à morte dele, Inana/Ishtar acabou morrendo. Nem mesmo um Shakespeare poderia ter concebido a trágica ironia dos eventos que vieram depois do sepultamento e da ressurreição de Marduk, como resultado dos protestos de Inana. Ao final, como as coisas ocorreram, enquanto ele na realidade não morreu nem ressurgiu verdadeiramente, sua acusadora Inana encontrou a morte real, e depois a verdadeira ressurreição. E enquanto a morte de Dumuzi foi a causa oculta de ambas as ocorrências, a causa da morte e ressurreição de Inana foi sua própria decisão. Porém Inana encontrou a morte por puro acaso, e não devido ao seu Destino; em virtude dessa diferença, Inana pôde ressurgir.

A narrativa desses assuntos de Vida, Morte e Ressurreição ocorre não como na Epopeia de Gilgamesh, entre mortais ou semideuses, mas entre os próprios deuses. Em sua história de Sorte versus Destino, existem pistas para a resolução de enigmas que exigem soluções. A história cheia de suspense sobre a morte e ressurreição de Inana/Ishtar revela, desde o início, que ela encontrou a morte – morte verdadeira, não apenas sepultamento – como resultado das suas próprias decisões. Ela criou a sua própria Sorte; porém desde que a morte (pelo menos naquele instante) não era seu Destino – ao final ela foi revivida e ressurgiu. A princípio, a história foi registrada em textos sumérios, com versões posteriores em acadiano. Os estudiosos se referem à várias versões da Descida de Inana ao Mundo Inferior, embora alguns prefiram o termo Mundo do Inferno, implicando um domínio infernal dos mortos.

Porém, na verdade, Inana estabeleceu o próprio curso para o Mundo Inferior, que em termos geográficos se localizava ao sul da África. Era o domínio de sua irmã Ereshkigal e de Nergal, seu esposo; este, como irmão de Dumuzi, tinha a incumbência de fazer os arranjos para o funeral. Embora Inana estivesse avisada para não ir até lá, ela resolveu fazer a viagem de qualquer jeito. Comparecer aos ritos do funeral de seu amado Dumuzi foi o motivo que Inana deu para empreender a jornada, porém fica evidente que ninguém acredita nela… De acordo com nossas deduções, segundo um costume (que mais tarde orientou as leis bíblicas), Inana pretendia exigir que Nergal, como irmão mais velho de Dumuzi, dormisse com ela para que um filho nascesse como se fosse de Dumuzi (que morrera sem filhos). E que essa intenção enfureceu Ereshkigal.

Outros textos descrevem os sete objetos que Inana separou para seu uso durante as viagens no Barco do Céu – um capacete, “brincos” e um ”bastão de medir” entre eles -, todos presos firmemente por correias. Algumas esculturas também a representam equipada dessa forma. À medida que ela alcançava os portões dos domínios de sua irmã – sete deles -, cada guarda retirava suas proteções, uma por uma. Quando ela finalmente penetrou na sala do trono para ver a irmã, Ereshkigal teve um ataque de raiva. Houve uma discussão. Segundo um texto sumério, Ereshkigal ordenou que Inana se sujeitasse aos “Olhos da Morte” – algum tipo de raio letal -, que transformou o corpo de Inana em cadáver; esse cadáver foi pendurado numa estaca. Segundo a versão acadiana, Ereshkigal ordenou que sua camareira Namtar “aplicasse em Ishtar os sessenta sofrimentos” – a praga dos olhos, do coração, da cabeça, dos pés, “de todas as partes dela, contra seu corpo inteiro” – terminando por matar Ishtar. Antecipando algum problema, Inana/Ishtar havia instruído o próprio camareiro, Ninshubur, para reclamar caso ela não retornasse em três dias.

Quando de fato ela não deu notícias depois desse tempo, Ninshubur foi até a presença de Enlil a fim de suplicar para que Inana fosse salva da morte, porém Enlil não pôde ajudar. Ninshubur apelou para Nanar, o pai de Inana, mas ele também não pôde fazer nada. Então Ninshubur apelou para Enki, que foi capaz de ajudar: fabricou dois seres artificiais que não podiam ser danificados pelos Olhos da Morte e os enviou em missão de salvamento. Para um androide, ele deu o Alimento da Vida; para outro, a Água da Vida, e dessa forma equipados eles desceram até os domínios de Ereshkigal a fim de reclamar o corpo sem vida de Inana. Então: Por sobre o cadáver, pendurado numa estaca, Eles dirigiram o Pulsador e o Emissor. Por sobre a pele que fora ferida, aspergiram Sessenta vezes o Alimento da Vida, E sessenta vezes a Água da Vida; E Inana ergueu-se.

O uso de algum tipo de radiação – um Pulsador e um Emissor – para reviver um morto foi representado num cilindro no qual vemos um paciente cujo rosto se encontra coberto por uma máscara, sendo tratado com radiação. O paciente que está sendo revivido (se é homem ou deus não fica claro), deitado numa laje, foi cercado por Homens-peixe – representantes de Enki. É uma pista que devemos combinar com os detalhes da história, pois nem Enlil nem Nanar puderam ajudar. Os androides que Enki fabricou para retirar Inana dos mortos, entretanto, não eram os Homens-peixe/médicos/sacerdotes que aparecem na descrição acima. Sem pedir água nem comida, sem sexo e sem sangue, eles devem ter parecido mais com a representação de androides mensageiros divinos. Como androides, eles não podiam ser afetados pelos raios mortais de Ereshkigal. Tendo ressuscitado Inana/Ishtar, eles a acompanharam em seu regresso ao Mundo Superior. Aguardando-a estava seu fiel camareiro Ninshubur. Ela teve muitas palavras de gratidão para ele. Depois foi até Eridu, onde habitava Enki, “aquele que a trouxe de volta à vida”.

Se A Descida de Inana ao Mundo Inferior tivesse sido transformada numa peça teatral, assim como a história de Marduk, certamente teria mantido os espectadores eletrizados em seus assentos. Enquanto a “morte” de Marduk foi na verdade apenas um sepultamento em virtude de uma sentença de morte, e sua “ressurreição” na verdade foi um salvamento antes do ponto em que ele morreria, a morte de Inana/Ishtar foi verdadeira, assim como sua ressurreição. Porém se os espectadores estivessem familiarizados com as nuances da terminologia suméria, teriam percebido desde a metade da história que tudo daria certo… Pois aquele a quem Ereshkigal ordenou que matasse Inana foi seu camareiro Namtar – não NAM, o Destino imutável, mas NAM.TAR, a Sorte, que podia ser alterada. Foi Namtar quem matou Ishtar, “liberando contra ela os sessenta sofrimentos”, e também quem, depois da ressurreição, levou-a através dos sete portões, devolvendo a ela em cada um a peça especial que ali fora retirada, assim como os adornos e atributos de poder.

A imagem do reino de Namtar como o Mundo Inferior, um lugar dos mortos, mas ao mesmo tempo um local do qual se podia escapar e retornar ao convívio dos vivos, formou a base para um texto assírio que relatou a experiência de quase-morte de um príncipe chamado Kuma. Como num episódio do seriado de televisão Além da Imaginação, o príncipe repentinamente se vê chegando ao Mundo Inferior. Logo enxerga um homem à frente de Namtar: “Em sua mão esquerda ele segura os cabelos na cabeça, e com a direita empunha uma espada”. Namtaru, a concubina de Namtar, estava por perto. Animais monstruosos os cercavam: um dragão-serpente com pés e mãos humanos, um animal com cabeça de leão e quatro mãos humanas. Havia Mukil (O que Bate), parecendo um pássaro com mãos e pés humanos, e Nedu (O que Derruba), possuindo a cabeça de leão, mãos de homem e pés de pássaro. Outros monstros tinham membros de humanos, carneiros, pássaros e leões misturados. Continuando, o príncipe aproximou-se de uma cena de julgamento. O homem sendo julgado possuía o corpo negro como azeviche e usava um manto vermelho. Numa das mãos levava um arco; em outra, uma espada, e com o pé esquerdo pisava numa cobra. Porém seu juiz não era Namtar, este sendo apenas o “vizir do Mundo Inferior”; o juiz era Nergal, senhor do Mundo Inferior. O príncipe o vê “sentado num trono magnífico, usando uma coroa divina”. Dos braços partem raios, e o “Mundo Inferior se enche de terror”.

Tremendo, o príncipe se curva. Quando se levanta, Nergal grita para ele: “Por que ofendeu minha amada esposa, Rainha do Mundo Inferior?!”. O príncipe ficou embasbacado e sem fala. Seria seu fim? Mas não, não seria o fim. Revela-se o mal-entendido: tratava-se de um caso de identidades trocadas. A própria rainha ordenou sua libertação e que ele voltasse para o reino de Shamash, o Mundo Superior da luz solar. Porém Nergal interveio; a vida do príncipe poderia ser poupada, mas ele não poderia voltar incólume. Era preciso sofrer com a experiência quase mortal, afligir-se com dores e insônia… Precisava sofrer com pesadelos.  A volta de Dumuzi do Mundo Inferior foi muito diferente. Revivida e liberta para voltar ao Mundo Superior, Inana não esqueceu seu amado morto. Sob suas ordens, os dois mensageiros apanharam o corpo sem vida de Dumuzi. Levaram o corpo para Bad-Tibira, no Edin; lá, foi embalsamado a pedido de Inana: 

“Quanto a Dumuzi, o amante de minha juventude: Lave-o em água pura, Unte-o com óleo doce, Vista-o com uma túnica vermelha E deite-o numa mesa de lápis-lazúli.”

Inana ordenou que o corpo preservado fosse colocado sobre uma mesa de lápis-lazúli e mantido num santuário especial. Deveria ser preservado, afirmou ela, assim num dia, o dia do Juízo Final, Dumuzi poderia retornar dos mortos e “vir até mim”. Seria no dia quando:

“Os mortos se levantassem E sentissem o aroma do doce incenso”.

É bom reparar que essa é a primeira versão de uma crença no Juízo Final, quando os mortos se levantarão. Era tal essa crença que originou a lamentação anual pelo Tamuz (o nome semita para Dumuzi), que continuou por milênios até a época do profeta Ezequiel. A morte e a mumificação de Dumuzi, embora brevemente relatadas aqui, fornecem pistas importantes. Quando ele e Inana/Ishtar se apaixonaram – ele um enkita, ela uma enlilita – no meio dos conflitos entre os dois clãs divinos, a união recebeu a bênção dos parentes de Inana, Nanar/Sin e sua esposa Ningal/Nikal. Em um dos textos na série das canções de amor de Dumuzi e Inana, aparece Ningal “falando com autoridade” e dizendo a Dumuzi:

“Dumuzi, o desejado e amor de Inana: Darei a você vida em dias distantes; Eu a preservarei para você, Vigiarei sua Casa da Vida”.

Mas, na verdade, Ningal não possuía essa autoridade, pois todos os assuntos sobre Destino e Sorte estavam nas mãos de Anu e Enlil. Como todos ficamos sabendo mais tarde, uma morte trágica e definitiva caiu sobre Dumuzi. A falha de uma promessa divina em assunto de vida e morte não é o único aspecto perturbador no trágico destino de Dumuzi. Levanta a questão da imortalidade dos deuses; temos explicado em nossos textos que se tratava apenas de uma longevidade relativa, um período de vida resultante do fato de que um ano em Nibiru equivale a 3.600 anos terrestres. Mas para aqueles que na Antiguidade consideravam os anunnaki deuses, a história da morte de Dumuzi veio como um choque. Seria porque realmente esperava que ele retornasse à vida no dia do Juízo Final que Inana ordenou seu embalsamamento e acomodação numa mesa de pedra, em vez de enterrá-lo, ou para preservar a ilusão da imortalidade para o povo? Sim, o deus podia ter morrido, parecia dizer Inana, mas se tratava de uma coisa transitória, passageira, já que na época devida ele ressurgiria, se ergueria e sentiria o perfume de doces incensos.

As histórias cananeias a respeito de Baal (Marduk, Bel, Lúcifer), “o Senhor”, pareciam divulgar a posição de que era preciso distinguir entre os bons e os maus. Procurando afirmar sua supremacia e estabelecer o pico de Zafon (o Local Secreto do Norte), Baal lutou até a morte contra seus irmãos-adversários. Contudo numa feroz batalha com o “divino Mot” (“Morte”), Baal perece. Anat, a irmã-amante de Baal, e a irmã Shepesh levam a notícia para o pai de Baal, El: “O Poderoso Baal está morto; o Príncipe, Senhor da Terra, pereceu!”, disseram elas ao pai chocado. Nos campos da terra de Dabr “encontramos Baal caído no chão”. Ao ouvir as novas, El sai de seu trono e senta-se num tamborete, como era um costume de luto naquela época e até agora (entre os judeus). “Passou a cinza da lamentação na cabeça, colocou uma túnica de aniagem”. Com uma faca de pedra cortou a si mesmo; “ergue a voz e lamenta-se: Baal está morto”! Anat, enlutada, retorna ao campo onde Baal havia caído e, como El, coloca uma túnica de aniagem, corta-se e depois chora “tudo o que havia para chorar”. Em seguida, chama sua irmã Shepesh para ajudá-la a carregar o corpo sem vida até a fortaleza de Zafon, para enterrar o deus morto:

“Atendendo, Shepesh, a donzela dos deuses, apanha o Poderoso Baal, Coloca-o nos ombros de Anat. Para a fortaleza de Zafon ela o carrega, lamenta-o e o enterra; Deposita-o numa cova, Para ficar com os fantasmas da terra”.

Para completar os requisitos do luto, Anat retorna à habitação de El. Amargamente diz aos que ali estão reunidos: agora podem alegrar-se, pois Baal está morto, e seu trono está vago! A deusa Elath e os de seu clã, ignorando a ironia de Anat, alegremente começam a discutir a sucessão. Quando um dos filhos de El é recomendado, El nega, afirmando que era fraco. Mais um candidato recebe a permissão de ir para Zafon experimentar o trono de Baal: porém os pés não alcançam o solo ao sentar-se, e ele também é eliminado. Ao que parecia, ninguém poderia substituir Baal. Aquilo dá uma esperança a Anat: a ressurreição. Mais uma vez solicitando a ajuda de Shepesh, ela penetra na morada de Mot. Usando subterfúgios, “se aproxima dele como uma ovelha de seu carneiro… Agarra o divino Mot e com uma espada ela o trucida”. Depois queima o corpo sem vida de Mot, pulveriza o que restou e espalha as cinzas pelos campos. E o assassinato de Mot, que matou Baal, realiza um milagre: Baal retorna à vida!

“Verdadeiramente o Poderoso Baal morre; Verdadeiramente o Senhor da Terra perece. Porém veja e contemple: Vivo está o Poderoso Baal! Existe o príncipe, o Senhor da Terra!”

Ao receber a notícia, El se pergunta se é tudo um sonho, “uma visão”. Porém é verdade! Retirando a túnica de aniagem e deixando os costumes do luto, El se alegra:

“Agora vou sentar e descansar, E meu coração ficará tranqüilo; Pois vivo está o Poderoso Baal, Existe o príncipe, o Senhor da Terra.”

A despeito da evidente incerteza de El, se a ressurreição é um sonho ou uma visão ilusória, o contador de histórias cananeu assegura ao povo que no final até mesmo El aceita o milagre. A certeza ecoa na história de Keret, que é apenas um semideus; ainda assim, seus filhos, vendo-o apanhado pela morte, não acreditam que “um filho de El deva morrer”. Talvez à luz da não-aceitação da morte de um deus é que a noção de ressurreição tenha vindo à tona. Se a própria Inana acreditava ou não que seu bem-amado devesse ressurgir dos mortos, a preservação elaborada do corpo de Dumuzi e as palavras que o acompanharam também ajudaram a preservar, entre as massas humanas, a imortalidade dos deuses. O procedimento que ela pessoalmente delineou para a preservação, a fim de que no dia do Juízo Final Dumuzi pudesse erguer-se e juntar-se a ela, sem dúvida é o procedimento conhecido como mumificação.

Isso pode ser um choque para os egiptólogos, que sustentam ter a mumificação surgido no Egito na Terceira Dinastia, por volta de 2800 a.C. Lá, o procedimento consistia em lavar o corpo do faraó, esfregá-lo com óleos e enrolá-lo num tecido – preservando o corpo de forma que o faraó pudesse empreender sua jornada para o Após-Vida. Porém aqui temos um texto sumério que descreve a mumificação séculos antes! Os detalhes dos procedimentos eram idênticos, passo a passo, aos que foram praticados mais tarde no Egito, até mesmo a cor do pano envolvente. Inana ordenou que o corpo preservado fosse colocado sobre uma laje de lápis-lazúli e guardado num santuário especial. Batizou o santuário de E.MASH – “Casa/Templo da Serpente”. Talvez se tratasse de um gesto simbólico para colocar o filho morto de Enki nas mãos do pai, pois Enki não era apenas Nachash – a Serpente, assim como o Conhecedor de Segredos – da Bíblia. Também no Egito, seu símbolo era a serpente, e o hieróglifo com seu nome, PTAH, que representava a hélice dupla do DNA, pois essa era a chave para todos os processos de vida e morte.

Através de veneração na Suméria e na Acádia como o amado de Inana, e pranteado na Mesopotâmia e além como o Tamuz de Ishtar, Dumuzi era um deus africano. Sendo assim, talvez fosse inevitável que sua morte e o seu embalsamamento fossem comparados pelos estudiosos à história trágica do grande deus egípcio Osíris. A história de Osíris é semelhante à história bíblica de Caim e Abel, na qual a rivalidade terminou em fratricídio. Começa com dois casais divinos, dois meios-irmãos (Osíris e Seth) casados com duas irmãs (Ísis e Néftis). Para evitar recriminações, o reino do Nilo foi dividido entre os dois irmãos: o Baixo Egito (a parte norte) foi designado para Osíris e o Alto Egito (a parte sul), para Seth. Porém as complexas regras divinas de sucessão davam preferência ao Legítimo Herdeiro em detrimento ao Primogênito, e inflamaram a rivalidade até um ponto em que Seth, usando um pretexto, encurralou Osíris no interior de um baú, que foi trancado e atirado ao mar Mediterrâneo; Osíris afogou-se.

ÍSIS, a esposa de Osíris, descobriu o baú, que veio à terra firme no local que hoje conhecemos por Líbano. Ela apanhou o corpo do marido e levou Osíris de volta ao Egito, procurando a ajuda do deus Thoth para realizar a ressurreição do marido. Porém Seth descobriu o que estava acontecendo, tomou posse do corpo e o partiu em catorze pedaços, que espalhou pelo Egito. Sem se dar por vencida, Ísis procurou os pedaços e encontrou a todos, exceto (segundo a lenda) o falo de Osíris. Reuniu outra vez os pedaços, costurando-os num tecido púrpura, e assim dando origem à técnica da mumificação no Egito. Todas as representações de Osíris, dos tempos faraônicos, o mostram firmemente enrolado nesse manto. Como Inana fizera antes dela na Suméria e na Acádia, Ísis mumificou seu marido falecido, fazendo nascer no Egito a ideia da ressurreição de um deus. Enquanto no caso de Inana havia uma negação pessoal da perda, assim como uma afirmação da imortalidade dos deuses, no Egito o ato se tornou um pilar para a crença faraônica de que o rei humano também poderia passar pela transfiguração, e, emulando Osíris, obter a imortalidade no pós-vida, com os deuses.

Nas palavras do escritor E. A. Wallis Budge, no prefácio de sua obra-prima Osiris & The Egyptian Resurrection (“Osíris e a Ressurreição Egípcia”), “A figura central da antiga religião egípcia era Osíris, e a parte fundamental de seu culto, a crença em sua divindade, morte, ressurreição e absoluto controle sobre os destinos e corpos dos homens”. Os principais santuários de Osíris em Abidos e Denderah representavam os passos na ressurreição do deus. Wallis Budge e outros estudiosos acreditavam que essas representações eram retiradas de uma peça de Paixão ou Mistérios, que era encenada todos os anos nesses lugares – um ritual religioso que, na Mesopotâmia, atribuía-se a Marduk. Os Textos das Pirâmides e outras citações funerárias do Livro dos Mortos relatam como o faraó morto, embalsamado e mumificado, era preparado para deixar sua tumba (considerada apenas um local temporário de descanso), através de uma porta falsa pela face leste, e começar a jornada para a Vida depois da Morte. Presumivelmente, era uma jornada simulando a viagem da ressurreição de Osíris para seu trono celestial na Habitação Eterna; era uma viagem que fazia o faraó voar em direção ao céu como um falcão divino, iniciando por passar através de uma série de aposentos e corredores subterrâneos repletos de visões e seres miraculosos.

Em A Escada para o Céu, analisamos a geografia e topografia dos textos antigos e concluímos que seria uma simulação de uma viagem para o silo subterrâneo da península do Sinai – não muito diferente da atual tumba de Hui, um governador faraônico da península do Sinai. A ressurreição de Osíris foi combinada com outro feito miraculoso, o do nascimento de seu filho Hórus, bem depois que o próprio Osíris morreu e foi desmembrado. Em ambos os eventos, que os egípcios consideram mágicos com razão, um deus chamado Thoth (sempre representado na arte egípcia como tendo cabeça de íbis) representou o papel decisivo. Foi ele quem ajudou Ísis a juntar o desmembrado Osíris, depois a instruiu sobre como retirar a “essência” de Osíris do corpo desmembrado e morto, e em seguida emprenhá-la artificialmente. Assim fazendo, ela ficou grávida e deu à luz um filho, Hórus. Mesmo aqueles que acreditam que a história seja apenas uma lembrança de acontecimentos verdadeiros, e não apenas um “mito”, presumem que o que Ísis fez foi extrair do corpo morto de Osíris o sêmen, sua “essência”. Porém isso seria impossível, já que a única parte que Ísis não conseguiu encontrar e reconstituir foi o órgão masculino de Osíris.

O feito mágico de Thoth foi além da inseminação artificial, agora bastante comum. O que ele precisava fazer seria obter para ela a “essência” genética de Osíris. Os textos e as representações vindas até nós do Egito Antigo confirmam que Thoth, na verdade, possuía a “sabedoria secreta” necessária para tais eventos. As capacidades biomédicas de Thoth – mágicas aos olhos humanos eram exigidas mais uma vez pelos cuidados com Hórus. Para proteger o rapaz do impiedoso Seth, Ísis manteve secreto o nascimento de Hórus, escondendo-o numa área pantanosa. Sem estar consciente da existência de um filho de Osíris, Seth – assim como Enki tentara obter um filho de sua meia-irmã Ninmah – tentou forçar Ísis, sua meia irmã, a ter relações com ele a fim de que pudesse ter um filho com ela, que seria herdeiro inconteste. Atraindo Ísis para sua casa, ele a manteve cativa por algum tempo; porém Ísis conseguiu escapar e voltar ao pântano onde Hórus estava escondido. Para seu desgosto, o encontrou morto pela picada de um escorpião. Não perdeu tempo em pedir novamente a ajuda de Thoth:

“Então Ísis gritou para os céus E dirigiu seu apelo ao Barco de Um Milhão de Anos… E Thoth desceu; Ele era provido de poderes mágicos, E possuía o grande poder que transformava A palavra em realidade… E disse a Ísis: Eu vim nesse dia com o Barco do Disco Celestial do lugar onde estava ontem. Quando a noite vier, Essa Luz (raio de) vai afastar (o veneno) Para a cura de Hórus… Eu vim dos céus para salvar a criança Por sua mãe”.

Assim revivido e ressuscitado dos mortos (talvez imunizado para sempre) pelos poderes mágicos de Thoth, Hórus cresceu para se tomar Netch-Atef, o “Vingador” de seu pai. Os poderes biomédicos (engenharia genética) de Thoth em questão de vida ou morte também foram gravados numa série de textos egípcios antigos, conhecidos como Histórias dos Mágicos. Em um deles (Papiro do Cairo 30646), há uma longa história de dois descendentes reais que se apossam do Livro dos Segredos de Thoth. Como castigo, Thoth os enterrou numa câmara subterrânea, em estado de animação suspensa – mumificados como mortos, mas capazes de ouvir, ver e falar.

Em outra história, escrita nos Papiros Westcar, um filho do faraó Khufu (Quéops) contou a seu pai sobre um velho “versado nos mistérios de Thoth”, que, entre outras coisas, possuía a habilidade de restaurar a vida aos mortos. Desejando ver essa maravilha, o faraó ordenou que a cabeça de um prisioneiro fosse cortada, desafiando o sábio a recolocar a cabeça e devolver o homem à vida. O sábio recusou-se a realizar a “magia de Thoth” num ser humano; então a cabeça de um ganso foi cortada. O sábio “pronunciou certas palavras de poder” contidas no Livro de Thoth. Em seguida admiraram-se todos, pois a cabeça voltou a unir-se ao corpo do ganso, que se levantou, cambaleou um pouco… E voltou a grasnar… Vivo como antes.

Que Thoth realmente possuía a habilidade de ressuscitar uma pessoa morta que tivesse sido decapitada, e devolver a vida à vítima era sabido no Egito Antigo por causa de um incidente que acontecera quando Hórus pegara em armas contra seu tio Seth. Depois das batalhas que enfrentaram em terra e no ar, Hórus finalmente capturou seu oponente Seth e seus lugar-tenentes. Levado perante Rá para julgamento, este colocou o destino dos julgados nas mãos de Hórus e Ísis. Hórus começou a decapitar seus prisioneiros, cortando-lhes a cabeça; quando chegou a vez de Seth, Ísis não pôde ver aquilo feito a seu irmão e intercedeu para que Hórus não executasse Seth. Enraivecido, Hórus voltou-se para sua própria mãe e decapitou-a! Ela sobreviveu apenas porque Thoth apressou-se para chegar ao local e recolocou-lhe a cabeça no lugar e a ressuscitou.

Para apreciar a habilidade de Thoth em conseguir essas maravilhas, vamos lembrar que já identificamos esse filho de Ptah como Ningishzida (filho de Enki no folclore sumério), cujo nome significa “Senhor da Árvore/ Artefato da Vida”. Ele era o guardião dos Segredos Divinos das ciências exatas, entre os quais estavam os segredos da genética e da biomedicina que haviam servido a Enki, seu pai, na época da Criação do Homem. Textos sumérios, na verdade, atestam que em determinada época Marduk queixou-se a seu pai Enki que não aprendera todos os segredos dele. “Meu filho, o que você não sabe? O que mais eu poderia dar a você?”, perguntou Enki. A sabedoria oculta, respondeu Marduk, o segredo da ressurreição dos mortos; aquela sabedoria que fora passada ao irmão de Marduk, Ningishzida/Thoth, mas não a Marduk/Rá.

Essa sabedoria secreta, cujos poderes foram para Thoth/Ningishzida, encontrou expressão na arte mesopotâmica e na adoração ao ser representada ao lado do símbolo das duas serpentes entrelaçadas – símbolo que já identificamos como representação da hélice dupla de DNA e que sobreviveu até os tempos atuais como emblema de medicina e cura. Havia, sem dúvida, uma conexão entre tudo isso e a fabricação, por Moisés, de uma serpente de bronze para combater uma pestilência que ceifou incontáveis israelitas durante o Êxodo. Criado na corte do faraó e treinado por magos egípcios, Moisés, a mando do Senhor, “fabricou uma serpente de bronze e a colocou sobre um Poste Milagroso”.

E quando aqueles atingidos pela peste olhavam para a serpente de bronze, permaneciam vivos (Números 21:8-10). Talvez seja mais do que uma coincidência que uma das maiores autoridades mundiais em mineração de cobre e metalurgia antiga, o prof. Benno Rothenberg (Midianite Timna e outras publicações), descobriu na península do Sinai um santuário remontando ao período midianita – época em que Moisés, tendo escapado da vastidão do Sinai para salvar a vida, lidou com os midianitas e chegou a casar com a filha do sumo sacerdote midianita. Na área onde as minerações mais antigas de cobre aconteceram, o prof. Rothenberg encontrou, nos restos de um santuário, uma pequena serpente de cobre; era o único objeto votivo lá. (O santuário foi reconstruído para exibição no pavilhão Nechustan do Eretz Israel Museum, em Tel-Aviv, onde a serpente de cobre pode ser vista.)

O relato bíblico e os objetos recuperados na península do Sinai possuem uma relação direta da representação de Enki como Nachash. O termo não tem apenas os dois significados que já mencionamos (“Serpente” e “Aquele que Conhece Segredos”), mas também um terceiro – “Ele do Cobre”, pois a palavra hebraica para cobre, nechoshet, deriva da mesma raiz. Um dos epítetos de Enki em sumério, BUZUR, também possui duplo significado: “Aquele que conhece/resolve segredos” e “Ele das minas de cobre”. Essas várias ligações podem oferecer uma explicação da escolha, de outra forma intrigante, por Inana de um lugar de descanso para Dumuzi: Bad-Tibira. Em nenhum ponto dos textos relevantes existe qualquer indicação ou conexão entre Dumuzi (e também Inana) e a Cidade dos Deuses.

A única conexão possível é o fato de que Bad-Tibira estabeleceu-se como o centro metalúrgico dos anunnaki. Será que Inana, então, colocou Dumuzi embalsamado perto não apenas de onde havia ouro, mas de onde o cobre era refinado? Outra pequena informação possivelmente relevante se relaciona com a construção do Tabernáculo e da Tenda da Aliança de Moisés no deserto durante o Êxodo, de acordo com todos os detalhes e as instruções explícitas dadas a Moisés por Yahweh: onde e como o ouro e a prata seriam usados, que tipos de madeira e em que tamanho, que tipo de tecido ou peles, como seriam costurados, como seriam decorados. Um grande cuidado nos detalhes é também tomado nas instruções em relação aos ritos que seriam realizados pelos sacerdotes (apenas Aarão e seus filhos nessa época): os objetos sagrados que usariam, a combinação explícita de ingredientes que formariam o incenso único cuja fumaça os protegeria da radiação mortal da Arca da Aliança. E ainda mais uma exigência: a feitura de uma pia na qual deveriam lavar as mãos e os pés “para que não morressem quando entrassem em contato com a Arca da Aliança”. E a pia, conforme está especificado em Êxodo 30:17, devia ser feita de cobre.

Todos esses fatos dispersos, mas aparentemente conexos em detalhes, sugerem que o cobre de alguma maneira desempenhou um papel importante na biogenética humana – um papel que a ciência moderna está apenas começando a descobrir (um exemplo recente é um estudo, publicado no periódico Science de 8 de março de 1996, sobre a perturbação do metabolismo do cobre no cérebro, associado com o mal de Alzheimer. Tal papel não é parte da primeira tarefa genética de Enki e Ninmah para produzir O Adão, mas parece ter entrado no genoma humano com certeza quando Enki, como Nachash, resolveu envolver-se na segunda manipulação genética de Adão-Adapa, na ocasião em que a Humanidade foi dotada da capacidade de procriar. Em outras palavras, o cobre era aparentemente um componente do nosso Destino, e uma análise dos textos sumérios por parte de peritos e estudiosos pode nos conduzir a progressos médicos capazes de afetar nossas vidas no dia-a-dia. Em relação aos deuses, pelo menos Inana acreditava que o cobre podia ajudar na ressurreição de seu amado Dumuzi.


Matrix (o SISTEMA de CONTROLE):  “A Matrix é um sistema de controle, NEO. Esse sistema é o nosso inimigo. Mas quando você está dentro dele, olha em volta, e o que você vê? Empresários, professores, advogados, políticos, carpinteiros, sacerdotes, homens e mulheres… As mesmas mentes das pessoas que estamos tentando despertar. 

Mas até que nós consigamos despertá-los, essas pessoas ainda serão parte desse sistema de controle e isso as transformam em nossos inimigos. Você precisa entender, a maioria dessas pessoas não está preparada para ser desconectada da Matrix de Controle. E muitos deles estão tão habituados, tão profunda e desesperadamente dependentes do sistema, que eles vão lutar contra você  para proteger o próprio sistema de controle que aprisiona suas mentes …” 


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