sábado, 21 de dezembro de 2013

À MORTE - FLORBELA ESPANCA

Florbela Espanca
Estátua de Florbela Espanca no Parque dos Poetas, em Oeiras.
Morte, minha Senhora Dona Morte, 
Tão bom que deve ser o teu abraço! 
Lânguido e doce como um doce laço 
E como uma raiz, sereno e forte.

Não há mal que não sare ou não conforte 
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.

Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!

Vim da Moirama, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera... quebra-me o encanto!

(À Jaqueline, que nestes dias não me tem saído da cabeça.)

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