A ‘distopia’ do livro 1984, de George Orwell, se transformou na nossa ‘realidade’
Há 70 anos, o visionário (e profético) escritor britânico George Orwell capturou a essência da tecnologia em sua capacidade de moldar nossos destinos (como escravos do sistema) em seu trabalho seminal, o seu livro “1984“. A tragédia de nossos tempos é que falhamos em compreender e atender a sua advertência sobre uma futura (para ele, mas o presente para nós) sociedade distópica, totalitária, em guerra perpétua, com uma vigilância onipresente do governo, revisionismo e negacionismo histórico e propaganda massiva.
Tradução, edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch
O livro ‘1984’ de George Orwell, escrito há setenta anos não mais parece ficção. É a realidade dos nossos tempos
Fonte: https://www.rt.com/
Por Robert Bridge
“Em tempos de mentiras universais, apenas dizer a verdade se torna um ato revolucionário”. George Orwell
Não importa quantas vezes eu tenha lido ‘1984’, a sensação de total impotência e desespero que se tece ao longo da obra-prima de Orwell nunca deixa de me surpreender. Embora geralmente referido como um “romance futurista distópico”, na verdade é uma história de horror em uma escala muito maior do que qualquer coisa que tenha surgido das mentes de escritores prolíficos como Stephen King ou Dean Koontz. O motivo é simples. O mundo de pesadelos que o protagonista do livro Winston Smith habita, um lugar chamado Oceania, é facilmente imaginável. O homem, ao contrário de algum palhaço imaginário ou demônio, é o monstro do mal.
Nas primeiras páginas do livro, Orwell demonstra uma capacidade incomum de prever tendências futuras em tecnologia (e o seu uso para exercer controle sobre as massas). Descrevendo o frugal apartamento londrino do protagonista Winston Smith, ele menciona um instrumento chamado “teletela”, que parece muito semelhante ao atual e onipresente “smartphone” portátil que é ”entusiasticamente” usado por bilhões de zumbis, ops, pessoas em todo o mundo hoje.
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Orwell descreve o dispositivo onipresente como uma “placa de metal oblonga como um espelho entorpecido” afixada na parede que “poderia ser escurecida, mas não havia como desligá-la completamente”. Parece familiar? É através desse gadget que os governantes da Oceania são capazes de monitorar as ações de seus cidadãos a cada minuto de cada dia. Ao mesmo tempo, os habitantes de Oceania em ‘1984’, nunca foram autorizados a esquecer que estavam vivendo em um estado de vigilância totalitária, sob o controle da muito temida Polícia do Pensamento.
Cartazes maciços com o slogan “O Grande (Big Brother) Irmão Está Observando Você” eram tão predominantes quanto nossos outdoors modernos de propaganda. Hoje, no entanto, essas advertências educadas sobre vigilância pareceriam redundantes, já que relatos de espionagem generalizada não autorizada ainda recebem ocasional e preguiçosamente a atenção na mídia de vez em quando.
Na verdade, bem a tempo para se festejar o aniversário de ‘1984’,, foi relatado que a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) mais uma vez coletou ilegalmente registros de ligações telefônicas e mensagens de texto trocadas por cidadãos americanos. Esta última invasão de privacidade foi descartada casualmente como um “erro” (mais um) depois que uma firma de telecomunicações não identificada entregou registros de chamadas que a NSA supostamente “não tinha solicitado” e “não foram aprovadas” pelo Tribunal de Vigilância de Inteligência Estrangeira.
Em 2013, Edward Snowden, ex-funcionário da NSA, CIA e outras agência de vigilância, ops, inteligência dos EUA, denunciou as intrusivas operações de vigilância da NSA, mas de alguma forma a agência do governo pode continuar – com a ajuda do setor corporativo privado (Big Tech) – a espionar as informações privadas de cidadãos comuns.
Outro método de controle aludido em ‘1984’, se enquadrava num sistema de discurso conhecido como “Novilíngua”, que tentava reduzir a linguagem a “duplicar o pensamento”, com o motivo ulterior de controlar ideias e os pensamentos. Por exemplo, o termo ‘joycamp’, um termo truncado tão eufemístico como o ‘PATRIOT Act‘, é usado para descrever um campo de trabalho forçado, enquanto um ‘doubleplusgood duckspeaker’ é usado para elogiar um orador que ‘tagarela’ corretamente com respeito à situação política.
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Outro termo da moda, conhecido como “facecrime”, fornece outro paralelo impressionante à nossa situação moderna. Definido como “usar uma expressão imprópria (máscara) em seu rosto (para parecer incrédulo quando uma vitória foi anunciada, por exemplo) era em si uma ofensa punível”. Seria difícil para o leitor moderno ouvir o termo “facecrime” e não conectá-lo com o ‘Facebook’, a plataforma de mídia social que censura regularmente os criadores de conteúdo por expressarem pensamentos que considerem ‘odiosos’ ou ‘inadequados’.
O que os usuários de mídia social precisam é uma lição orwelliana em “crimestop”, que Orwell definiu como “a faculdade de parar brevemente, como se por instinto, no limiar de qualquer pensamento perigoso”. Esses chamados “pensamentos perigosos” inaceitáveis foram determinados. não pela vontade do povo, é claro, mas pelos seus governantes.
E sim, fica pior, na história do livro e na vida real dos dias de hoje também. Apenas nesta semana, a “empresa privada” de Mark Zuckerberg concordou em dar às autoridades francesas os “dados de identificação” dos usuários do Facebook suspeitos de espalhar “discurso de ódio” na plataforma, no que seria uma ação sem precedentes por parte da Big Tech do Vale do Silício.
“Discurso de ódio” é precisamente um daqueles termos subjetiva e deliciosamente vagos, sem nenhum significado real que se esperaria encontrar no guia de estilo do Newspeak. A não ser que ameacem a vida de uma pessoa ou pessoas, os indivíduos deveriam ser livres para criticar uns aos outros sem medo de represálias, muito menos do Estado, que deveria estar no negócio de proteger a liberdade de expressão a todo custo.
Outro fenômeno moderno que estaria em casa na Oceania de Orwell é a obsessão com o “politicamente correto”, que é definido como “a negação de formas de expressão ou ação que são percebidas como excluindo, marginalizando ou insultando grupos de pessoas minoritárias ou socialmente desfavorecidas.
Mas, como muitas pessoas hoje se identificam com algum grupo marginalizado e/ou minoritário, isso fez com que a discussão inteligente de ideias controversas – sobretudo em campi universitários dos EUA, e em todos os lugares – ficasse extremamente difícil, se não totalmente perigosa e desde modo estamos perdendo a capacidade de interação, argumentação e a reflexão sobre ideias. Orwell deve estar olhando para toda essa loucura com muita surpresa, já que ele forneceu ao mundo, setenta anos atrás o melhor aviso possível para evitá-lo.
Para qualquer um que tenha expectativas de um final feliz na história do livro ‘1984’,, esteja preparado para uma séria decepção (alerta de spoiler, para os poucos que de alguma forma ainda não leram este livro). Embora Winston Smith consiga finalmente experimentar o amor, o breve romance – como uma flor delicada que foi capaz de criar raízes em meio a um campo de asfalto – ele é esmagado pelas autoridades com uma brutalidade chocante. Não satisfeito em simplesmente destruir o relacionamento, porém, Smith é forçado a trair sua ‘Julia’ depois de passar pela pior tortura imaginável no ‘Ministério do Amor’.
O livro termina com as palavras: “Ele conquistou a vitória sobre si mesmo. Ele ama o Big Brother. ” Nós também declararemos, como Winston Smith, nosso amor pelo grande “Big Brother” acima de tudo, ou sairemos vitoriosos contra as forças de uma tirania tecnológica e de governo totalitário que parece estar apenas erguendo-se em nosso horizonte? Ou será que a obra de Orwell, o livro ‘1984’, é realmente ficção muito boa e não um manual de instruções para os tiranos que muitos temem que ela seja?
Muita coisa depende de nossas respostas a essas perguntas e o tempo já está se esgotando.
Robert Bridge é um escritor e jornalista americano. Ex-editor-chefe do The Moscow News, ele é autor do livro ‘Midnight in the American Empire’, lançado em 2013.
A Matrix, o SISTEMA de CONTROLE MENTAL: “A Matrix é um sistema de controle, NEO. Esse sistema é o nosso inimigo. Mas quando você está dentro dele, olha em volta, e o que você vê? Empresários, professores, advogados, políticos, carpinteiros, sacerdotes, homens e mulheres… As mesmas mentes das pessoas que estamos tentando salvar. “Mas até que nós consigamos salvá-los, essas pessoas ainda serão parte desse sistema de controle e isso os transformam em nossos inimigos. Você precisa entender, a maioria dessas pessoas não está preparada para ser desconectada da Matrix de Controle Mental. E muitos deles estão tão habituados, tão desesperadamente dependentes do sistema, que eles vão lutar contra você para proteger o próprio sistema de controle que aprisiona suas mentes …”
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