Desagrada-me profundamente uma campanha difamatória contra
nosso Brasil, liderada por brasileiros, que pintam nosso país como o pior dos
lugares do mundo para se viver, não afirmando diretamente isso, mas divulgando uma série de
dados profundamente negativos que, na maioria das vezes, são verdadeiros, mas não a
exclusiva face do país.
Há uma nítida intenção de denegrir o rosto da pátria diante
de nós mesmos e diante do mundo. Acontece que, pode-se fazer uma imagem falsa, dizendo apenas verdades. Minha esposa e eu já viajamos, praticamente, pelo
mundo todo e constatamos que não há paraíso em parte alguma.
Na França e na Espanha e na Itália constatamos uma
imensidão de idosos trabalhando em funções cansativas como a de garçom.
Interrogados sobre o razão de estarem eles ali, incontestavelmente respondiam
que as aposentadorias eram insuficientes para se manterem. No Estados Unidos,
ocorreu o mesmo fato. Ao encontrarmos uma legião de velhos em serviços duros nos supermercados e em outras atividades cansativas, recebíamos sempre
a mesma resposta. Nos USA, o mais agravante é que significativa parte da
população, em torno de 37%, não está coberta por nenhum sistema de seguridade
social.
Quanto à corrupção, sem desejar de modo algum que se tenha
qualquer indulgência contra nossos corruptos, constatamos que ela medra em toda
a parte. A Itália, que é apresentada como modelo de solução dos problemas de
corrupção, pela operação “mani pulite”
(mãos limpas), do judiciário daquele país, continua sendo um antro da
corrupção. Para confirmar minha afirmação, basta lembrar o exemplo de Silvio Berlusconi,
que após comprovadas operações escusas de enriquecimento ilícito, encontra-se
cumprindo pena domiciliar, sem que tenha devolvido nada de sua imensa fortuna
mal havida.
A própria operação mãos limpas fez um acordo com a MÁFIA,
que continua poderosa, quando esse grupo de contraversão revidou as condenações
de seus membros com a execução de alguns juízes.
Outros países comprovadamente corruptos são a Rússia e a
China, também grande parte de países árabes, onde existem máfias tão poderosas
ou mais do que a Cosa Nostra
siciliana. Isso não justifica de modo algum os corruptos brasileiros, que devem
ser punidos exemplarmente.
Saliente-se também que países conceituados pelos seus elevados
índices de desenvolvimento social e justiça na distribuição de bens e serviços,
no mais das vezes, acobertam e mesmo incentivam a corrupção e o descumprimento
das leis em países menos desenvolvidos no que tange à justiça, especialmente à
impunidade. Não se destruiriam tantos milhares de hectares de mata na Amazônia,
se o fruto dessa atividade predadora não fosse adquirido, por preços altamente
compensadores, pela indústria moveleira de países de comportamentos
considerados politicamente corretos, e de moral considerada como altamente ilibada, da Europa,
do Japão e da América do Norte.
Ouvindo o Globo Repórter de ontem, que fazia uma abordagem da vida na Suécia, era levado a crer que os suecos vivem no paraíso e nós no inferno. Apagaram-se todos os problemas
deles e hiperbolizam-se todos os dias os nossos.
Observemos as ocorrências de meados de 2013, na Suécia, em que 8 escolas,
6 prédios e 150 carros foram incendiados. A onda de protestos violentos
registrados nesse período, na Suécia é a consequência de um tripé de fracassos
do atual governo: política econômica que vê benefícios sociais como despesas,
ausência de uma política de integração social e o índice de desemprego.
Suécia distúrbios em Estocolmo |
Observando a realidade sueca num momento mais próximo de
nossos dias, olhemos para o que afirma a Folha de São Paulo de 22 de junho de 2014.
Em artigo intitulado, "Desigualdade cresce na Suécia que alimenta tensões sociais",
os jornalistas Alistair Scrutton e Johan Ahlander afirmam: “Histórias de escolas
em mau estado e de queda da qualidade de ensino alarmaram muito os suecos.
Escolas particulares quebraram e houve escândalos envolvendo as empresas de
investimento que administram um em cada cinco serviços hospitalares.”
Se alguém afirmasse que essa notícia se refere a qualquer
cidade ou estado brasileiro, não criaria nenhuma espécie de alarme. É evidente que o mau estado das escolas e a baixa qualidade do ensino da Suécia não se compara
às escolas brasileiras de periferia. Mas precisamos salientar que temos, também
aqui no Brasil, escolas de alto padrão que propiciam a estudantes brasileiros a
se classificarem em todas as boas universidades do mundo. Constatamos isso, em
conferências que fizemos em diversas universidades europeias.
Em artigo do jornalista Gary North, lê-se: “Grupos de jovens
seguem quebrando vitrines de lojas, saqueando e ateando fogo em carros. Um
centro cultural foi incendiado na terceira noite de tumulto em Estocolmo. As
demonstrações de violência começaram no domingo em um subúrbio Suécia. A
polícia parece estar completamente impotente para lidar com a ação predominantemente
de imigrantes e, logo, se espalharam para o centro da cidade.”
Caso se afirmasse que esse fato tivesse acontecido em São
Paulo ou Rio de Janeiro, ou mesmo em qualquer outra capital brasileira não
causaria estranhamento a ninguém, mas veja, trata-se da pacífica Estocolmo, com
seus 800 mil habitantes, loiros e bem comportados.
Olhando mais especificamente para a situação da Suécia, um
país com uma área que beira os 450 mil quilômetros quadrados, com menos de dez
milhões de habitantes, sendo que a Espanha, que tem uma área quase idêntica (+-
500 mil km2) e 50 milhões de habitantes, percebe-se baixa
densidade populacional do país escandinavo. Isso ocorre também com o Canadá, com quase 10 milhões
de km2 e uma população que não chega a 35 milhões de habitantes.
Portanto, uma área maior do que a do Brasil, e uma população menor do que o
estado de São Paulo.
Pois, Suécia e Canadá têm em comum a baixa densidade
populacional, e temperaturas muito baixas, atingindo, ambos, no inverno, temperaturas
que podem atingir -50º graus centígrados negativos. Isso tem consequências
sociológicas importantes, como a obrigatoriedade de o cidadão ter uma
residência razoavelmente adequada a enfrentar essas condições climáticas. Isso
dificulta imensamente o desenvolvimento de classes mendicantes e moradores de
rua. O inverno elimina todos os que estiverem nessas condições. O baixo índice
populacional facilita a divisão dos bens que a natureza oferece, no caso desses
dois países, especialmente os frutos do petróleo.
É claro que não sou ingênuo ao ponto de acreditar que o
nível de corrupção na Suécia seja igual ao do Brasil, do mesmo modo, tenho conhecimento de que o
nível educacional lá é de melhor nível do que o nosso, bem como a divisão social dos bens é
mais justa. Porém, como ocorre em todos os países ricos, os suecos também receberam
um grande número de estrangeiros para executarem as funções mais pesadas e
grosseiras que seus cidadãos rejeitam. Mas, um espírito purista discrimina esses
cidadãos e seus descendentes, como ocorre na Alemanha, com os imigrantes turcos, de tal forma que desejam expulsar seus descendentes do país.
Porém, há estudos que comprovam haver uma crescente insatisfação com a própria realidade social. É o caso de dados de pesquisa, que confirmam ser a Suécia um dos países no mundo
em que mais se usam antidepressivos. Também uma pesquisa, divulgada pelo Daily
Mail, mostra que, nas últimas três décadas, o consumo desses produtos, na
Suécia e Noruega, cresceu 1000%.
Um dado alarmante, que revela o índice de insatisfação com a
sua situação no mundo, é o índice de suicídios. Enquanto no Brasil, em cada
100.000 habitantes, 4,1 se suicidam, na Suécia, esse número cresce para 13,4 e, se ficarmos apenas entre as mulheres, esse índice sobe para 18, 9.
Essas observações sevem apenas para alertar as pessoas sobre
a vida no Brasil e sua relação com a de cidadãos de outros países, considerados de melhor índice
de satisfação no mundo, frente a um processo de difamação de nossa cultura e
realidade nacional, constante na imprensa, de modo mais acentuado nos últimos
tempos.
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