A Revelação Templária – 6A – A Herança dos Templários
Capítulo VI – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS
Muitos historiadores consideram os violentos acontecimentos do princípio do século XIV como o derradeiro cair do pano para a Ordem dos Cavaleiros Templários – e, portanto, não procuram quaisquer sinais de continuação da sua existência. Mas a tradição ocultista sempre falou de descendentes espirituais desses Cavaleiros Templários, que continuam a viver entre nós, atualmente, e existem sociedades modernas que reclamam serem esses descendentes. Além disso, uma mudança em nossa recente investigação provou, de forma convincente, que a ordem sobreviveu e exerceu (e ainda exerce) uma enorme influência na cultura ocidental…
Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com
Capítulo 06A – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.
http://www.picknettprince.com/
CAPÍTULO VI – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS
… As
implicações disso são profundas e de longo alcance. Porque se eles eram,
como nós e outros investigadores acreditam, colecionadores de
conhecimento esotérico, ocultista e alquímico, então qualquer
sobrevivência templária aponta para algum tipo de continuação dos grandes segredos, através de uma tradição ocultista que pode ainda hoje existir.
Esses
segredos – que talvez incluam conhecimento científico de velhos
alquimistas e práticas mágicas das tradições esotéricas orientais –
podem continuar vivos, mesmo na nossa comunidade atual. Se for assim,
então, como exemplos primordiais de um antigo sistema herético de crença
e de prática, os Templários atuais podiam lançar alguma luz sobre a
nossa investigação. Mas primeiro temos de nos convencer de que os
Templários, de fato, não se extinguiram.
O
bom-senso dita que a ideia de que a Ordem dos Cavaleiros Templários, tão
altamente organizados, não resistirem e morrerem submissamente no
século XIV é inverosímil. Para começar, nem todos os Cavaleiros
Templários da Europa foram presos em simultâneo naquela sexta-feira, dia
13 de outubro. Esse tipo de cataclismo para a ordem só aconteceu na
França – e, mesmo lá, alguns Cavaleiros saíram de cena discretamente.
Noutros
países houve, se foi o caso, uma escala variável de perseguição e
supressão. Na Inglaterra, por exemplo, Eduardo II recusou-se a acreditar
que os Templários fossem culpados das acusações que lhes foram feitas e
travou um acalorado debate com o papa sobre a questão. Recusou
terminantemente aplicar tortura aos Cavaleiros Templários ingleses.
Na
Alemanha, registrou-se uma cena verdadeiramente hilariante. Hugo de
Gumbach, mestre Templário da Alemanha, fez uma entrada dramática no
concilio convocado pelo arcebispo de Metz. Vestido com grande uniforme e
acompanhado por vinte cavaleiros, cuidadosamente selecionados e
experientes no combate, proclamou que o papa era perverso e devia ser
deposto, que a ordem estava inocente – e, a propósito, que os seus
homens estavam desejosos de serem submetidos a julgamento por combate
contra a assembléia ali reunida… Após um silêncio estupefato, o caso foi
rapidamente abandonado e os cavaleiros viveram para provar a sua
inocência noutra ocasião.
Em Aragão e
Castela (Espanha), os bispos presidiram a julgamentos dos Templários –
mas declararam-nos inocentes. Contudo, por mais clementes e liberais
que os juízes desejassem ser em relação aos cavaleiros, nenhum deles se
podia permitir ignorar as ordens do papa para dissolver a ordem em 1312.
Mas, mesmo em França, relativamente poucos Cavaleiros foram executados –
muitos foram libertados após se terem retratado – e, noutros países,
reagruparam-se simplesmente sob outro nome ou ingressaram noutras ordens
existentes, como a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos.
Assim,
historicamente, há poucas provas de que os Cavaleiros Templários fossem
efetivamente exterminados. É evidente que eles se teriam ocultado para
se reagruparem em uma nova ordem ou sociedade secreta. De fato, o
processo da sua dissolução virtualmente o garantia.
Recordemos
que os soldados de categoria inferior eram muito diferentes do círculo
interno, os cavaleiros guerreiros de elite que não só geriam a
organização mas eram também um repositório de conhecimento secreto. E
muito provável que os cavaleiros de ambos os níveis partissem e
fundassem os seus próprios movimentos secretos, dando início efetivo a
duas organizações distintas, cada uma delas reivindicando possuir a
verdadeira ascendência templária.
Após o
desmantelamento dos Templários, a maior parte das suas terras foi
entregue aos seus rivais, os Cavaleiros Hospitalários. Na Escócia, Portugal e na Inglaterra,
no entanto, grande parte desta transferência de propriedade não se
verificou, e há provas de que os antigos bens dos Templários, em
Londres, ainda eram propriedade de famílias descendentes dos Templários
numa data tão tardia como 1650. Mas não é na continuidade da propriedade
da terra e dos edifícios que estamos interessados, mas na perpetuação do conhecimento esotérico, alquímico e ocultista dos Templários.
Embora não
existam provas conclusivas de que os Templários eram os cérebros que
inspiraram a rede secreta alquímica, sabemos que o «círculo interno»
estava interessado na alquimia – como vimos na proximidade entre centros
alquímicos, como Alet-les-Bains, e postos avançados templários. E, como
vimos, os alquimistas – como os Templários – prestavam uma veneração
especial a João Batista.
Recentemente,
vários comentadores apresentaram provas convincentes de que a maçonaria
teve a sua origem na Ordem dos Cavaleiros Templários: tanto que em The Temple and the Lodge, de Michael Baigent e de Richard Leigh, bem como Bom in Blood
do historiador-investigador americano John J. Robinson, chegaram a essa
conclusão, apesar de abordarem o tema sob perspectivas completamente
distintas.
O primeiro
investiga a continuidade Templária na Escócia, enquanto o último incide
mais no estudo retrospectivo, partindo do moderno ritual maçônico para
as suas origens – e, mais uma vez, chega aos Templários. Assim, estes
dois importantes livros complementam-se, oferecendo um quadro mais ou
menos completo da ligação entre as duas grandes organizações secretas.
O único
ponto importante de desacordo entre Baigent/Leigh e Robinson é o fato de
os primeiros considerarem que a maçonaria se formou a partir de
Templários isolados na Escócia que, em 1603, partiram para Inglaterra,
com a ascensão do rei escocês, Jaime VI, ao trono inglês e subsequente
influxo de aristocracia escocesa.
Robinson,
por outro lado, pensa que os Templários, na Inglaterra, se transformaram
em maçônicos. Ele está convencido de que os Templários estiveram por
detrás da Revolta dos Camponeses de 1381, que atacou especificamente os
bens da Igreja e os dos Cavaleiros Hospitalários – os dois grandes
inimigos dos Templários – e fez tudo para evitar danificar antigos
edifícios templários.
Para
muitos leigos, a Maçonaria é apenas um bizarro clube de velhos amigos,
uma rede de associados que proporciona lucrativos contatos de negócios e
influências aos seus membros. O seu lado ritual é considerado ridículo –
com os irmãos a arregaçar uma perna das calças e a prestar juramentos
arcaicos e sem sentido. As coisas podem ter mudado, mas a Maçonaria dos
primeiros tempos era uma escola de mistério, era diferente, com
iniciações solenes que se inspiravam nas antigas tradições secretas e
que eram especificamente destinadas a conferir iluminação
transcendental, além de ligar mais intimamente os iniciados aos seus
irmãos.
Na sua
origem, era uma organização secreta, explicitamente interessada na
transmissão do conhecimento sagrado. Muita coisa, a que chamaríamos
ciência, proveio, de fato, daquela irmandade – como podemos verificar
pela formação da Royal Society de Inglaterra (The Royal Society of London for the Improvement of Natural Knowledge),
em 1662, que estava, e está, relacionada com a recolha e promulgação de
conhecimento científico. Foi a instituição oficial do primeiro «Colégio
Invisível» dos maçônicos que fora formado em 1645. (E, tal como na
época de Leonardo DaVinci, o conhecimento científico e ocultista – longe
de serem antagônicos – eram considerados idênticos).
Embora,
sem dúvida, muitos maçônicos modernos aceitem a sua iniciação
solenemente e com um sentido de espiritualidade, o quadro global é o de
uma organização que esqueceu completamente o seu significado original.
De fato, a corrente dominante da Maçonaria atual é a da Grande Loja,
cuja formação é relativamente recente – no dia de João Baptista (24 de
Junho), em 1717.
Antes desta data, a Maçonaria fora uma verdadeira sociedade secreta, mas o aparecimento da “Grande Loja”
marcou uma era em que ela já se transformara num famoso clube de
jantares e que se tornara semi-pública porque já não havia segredos a
guardar, pois eles foram completamente esquecidos. Então, de quando data
a Maçonaria real?
A mais
antiga referência conhecida é de 1641, mas, se existe uma ligação aos
Templários, é óbvio que ela é muito mais antiga. John J. Robinson cita
exemplos de lojas maçônicas existentes nos anos 80 do século XIV e um
tratado de alquimia datando dos meados do século XV, que,
explicitamente, usa o termo «maçônico».
Os
próprios maçônicos afirmam ter emergido das corporações de pedreiros da
Inglaterra medieval – que tinham criado gestos e códigos secretos de
reconhecimento por possuírem o conhecimento, potencialmente perigoso, da
geometria sagrada, descoberto pelos Templários no Oriente. Mas, como a
extensa e meticulosa investigação de John J. Robinson demonstrou contra
todas as expectativas, estas corporações tornaram-se conspícuas pela sua
ausência na Inglaterra medieval.
Outro mito maçônico é a sua pretensão
de que os pedreiros (maçons) herdaram o seu conhecimento secreto
diretamente dos construtores do fabuloso Templo de Salomão. Nesse caso,
por que ignoraram outro grupo com ligações mais óbvias ao templo?
Parecem estar a evitar a ligação mais óbvia de todas: o grupo cujo nome
completo era Ordem dos Cavaleiros Mendicantes de Cristo e do Templo de Salomão – por outras palavras, os Cavaleiros Templários.
Contudo,
antes da formação da Grande Loja, os maçônicos, de fato, promulgaram
algum tipo de informação sobre a geometria sagrada, alquimia e
hermetismo que os Templários tinham discutido em seu círculo mais
fechado.
Por
exemplo, os primeiros maçônicos estavam muito interessados na alquimia:
um tratado alquímico de meados do século XV alude aos maçônicos como
«trabalhadores da alquimia» e um dos primeiros iniciados maçônicos foi
registado como sendo Elias Ashmole (iniciado em 1646), fundador do
Ashmolean Museum de Oxford, que era alquimista, hermético e rosacruz.
(Ashmole foi a primeira pessoa a escrever em defesa dos Templários,
desde a sua aparente extinção no século XIV.)
Uma
jóia-da-coroa da geometria sagrada é o curioso e fascinante edifício
chamado «Rosslyn Chapel», situado a algumas milhas de Edimburgo, na
Escócia. Vista do exterior, parece muito delapidada, quase em risco de
ruína completa, mas o interior é espantosamente sólido – como, na
verdade, teria de ser, porque a Capela Rosslyn é a sede oficial dos
atuais maçônicos e de várias organizações Templárias.
Construída entre 1450 e 1480 (n.T. portanto muito antes de qualquer ideia de maçonaria existir como algum tipo de sociedade)
por Sir William St. Clair, senhor de Rosslyn, destinava-se a ser apenas
a capela das senhoras, fazendo parte de um edifício muito mais amplo
que se supunha ser baseado no desenho do Templo de Salomão, mas acabou
por se erguer isolada ao longo dos séculos.
Os Saint
Clair (mais tarde, o seu nome transformou-se em Sinclair) viriam a ser
os patronos hereditários dos maçônicos da Escócia, a partir do século XV
certamente, não é coincidência que, antes dessa data, eles exercessem
as mesmas funções em relação aos Cavaleiros Templários.
Desde o
início de sua construção que a Ordem dos Templários estava relacionada
com Rosslyn Chapel e com os Sinclairs: o grão-mestre fundador, Hugues de
Payens, era casado com Catherine Saint Clair. Descendentes de vikings,
os St. Clairs/Sinclairs são uma das mais intrigantes e notáveis
famílias da história e foram importantes na Escócia e em França desde o
século XI. (Curiosamente, o seu nome de família derivou do mártir
escocês Saint-Clair, que foi decapitado.) Hugues e Catherine visitaram
as terras dos St. Clair, próximas de Rosslyn, e fundaram ali o primeiro
posto avançado da Ordem dos Cavaleiros Templário da Escócia, o qual se
tomou o seu quartel-general.
Como
vimos, Pierre Plantard adotou o nome «de Saint-Clair», ligando-se, deste
modo deliberado, ao ramo francês desta antiga família. Vários
comentadores têm-se interrogado se ele está habilitado a usar esta
designação, mas há, pelo menos, uma boa razão para ele o fazer.
Certamente
que os cavaleiros Templários fizeram da Escócia o seu principal
refúgio, após a sua extinção oficial na França – talvez porque era a
pátria de Robert Bruce, que fora excomungado, de modo que o papa, nesse
momento, não tinha autoridade na Escócia. E Baigent e Leigh estão
convencidos de que a Armada templária desaparecida (ou parte dela) de
fato se dirigiu e aportou junto à costa escocesa.
Um dos acontecimentos históricos e dos mais críticos das ilhas Britânicas foi, sem dúvida, a batalha de Bannockburn,
travada a 24 de Junho (dia de João Batista) de 1314, quando as forças
de Robert Bruce venceram decisivamente os ingleses. Contudo, a evidência
sugere que eles tiveram um formidável auxílio – sob a forma de um contigente de Cavaleiros Templários que conseguiram a vitória na última hora.
Certamente,
é nisso que acreditam os atuais Cavaleiros Templários escoceses (que se
reclamam descendentes dos Cavaleiros fugitivos), quando comemoram o
aniversário da Batalha de Bannockburn, em Rosslyn, como sendo a ocasião
em que «foi levantado o Véu dos Cavaleiros Templários». Um dos
cavaleiros que lutou ao lado de Robert Bruce, em Bannockburn, foi (um
outro) Sir William St. Clair, que morreu em 1330 e foi sepultado em
Rosslyn – num túmulo tipicamente templário.
A Capela
Rosslyn contém aparentes anomalias na sua decoração. Cada centímetro
quadrado do interior da capela está coberto de símbolos gravados em
pedra e o edifício, no seu todo, é desenhado em harmonia com os altos
ideais da geometria sagrada. Grande parte dele é inegavelmente Templário
e muito posteriormente, maçônico.
Ostenta o
«Pilar do Aprendiz», um paralelo explícito com o mito de Hiram Abiff, e o
aprendiz, nele representado, é conhecido como «o Filho da Viúva», um
termo maçônico de grande significado (que também é importante nesta
investigação). O lintel, imediato a este pilar, ostenta a inscrição:
“O vinho é forte, o rei é mais forte, as mulheres são as mais fortes, mas a VERDADE vence tudo”.
Mas,
enquanto muito do simbolismo de Rosslyn é claramente maçônico, pelo
menos outro tanto é definitivamente templário: a planta da capela
baseia-se na cruz templária, e há gravuras que incluem a famosa imagem
do selo dos Templários: dois homens montando um só cavalo. Um antigo
bosque vizinho foi plantado em forma de cruz templária.
Tudo isto é
muito curioso porque, de acordo com os textos históricos, a Maçonaria
data apenas do final do século XVI, e os Templários já não eram uma
força a considerar após 1312. Assim, as imagens da capela, que são
posteriores a 1460, seriam demasiado antecipadas para a Maçonaria e
demasiado tardias para os Templários.
Há, no
entanto, muito simbolismo na Capela Rosslyn que, classicamente, não é
maçônico nem templário. Há uma super abundância de imagens pagãs – e
mesmo algumas islâmicas. E, no exterior da capela, há uma representação
gravada de Hermes – uma clara alusão ao hermetismo – enquanto o
interior está ornado com mais de uma centena de representações do Homem
Verde, o deus da Vegetação dos celtas pagãos.
Tim
Wallace Murphy, na sua história oficial da Rosslyn Chapel, associa o
Homem Verde a Tamuz, o deus babilônico que morre e ressuscita. Todos
estes deuses têm atributos similares e, muitas vezes, são representados
com o rosto verde – embora o deus que com maior frequência era assim
representado seja Osíris, o consorte de ÍSIS.
Quando
visitamos Niven Sinclair, membro desta ilustre e milenar família, fomos
virtualmente bombardeados com provas de que os Sinclairs tinham sido não
apenas Templários mas também pagãos. Niven, um apaixonado investigador
da história de Rosslyn e dos Sinclairs deu-nos algumas informações muito
reveladoras do que acontecera ao conhecimento templário perdido.
Segundo Niven, ele foi codificado na estrutura da Capela de Rosslyn,
para ser transmitido às futuras gerações. Segundo as suas palavras, «o
conde William St. Clair construiu a capela numa época em que os livros
podiam ser queimados ou proibidos. Ele queria deixar uma mensagem para a
posteridade gravada em pedra».
Como Niven
se entusiasmou com este tema, convenceu-nos do autêntico engenho do seu
antepassado Sir William, ao criar este livro de pedra. Como ele disse:
«Se forem a Catedral de S. Paulo, podem compreendê-la numa só visita. Se
foram à Capela Rosslyn, não podem. Já lá estive centenas de vezes, e cada vez que lá entro encontro alguma coisa nova. É esta a beleza do lugar.”
Rosslyn está longe de ser uma típica capela cristã. De fato, Niven foi a ponto de afirmar:
«Dizia-se
que o conde William construiu a Capela Rosslyn para “a maior glória de
Deus”. Se é assim, é extraordinário que se encontrem nela tão poucos
símbolos cristãos.»
Na Idade
Média, os Sinclairs promoveram ativamente celebrações pagãs e ofereceram
refúgio a ciganos (os quais eram considerados incluídos «entre os
últimos defensores ativos do culto da deusa – o feminino divino – na Europa»). E é significativo que muitas autoridades acreditem que havia uma Madona Negra na cripta da Capela Rosslyn.
Já
tínhamos percebido, com alguma surpresa, que os Templários não eram, de
modo algum, os devotados cavaleiros católicos da imaginação popular. A
imagem que tinham criado de si mesmos, como cobertura, fora extremamente
bem sucedida, mas era óbvio que eles tinham pretendido deixar
indicações das suas verdadeiras preocupações ( e de seu conhecimento)
para «aqueles que tinham olhos para ver». A decoração da Capela Rosslyn
era um exemplo desta mensagem críptica mas reveladora.
O amor e a
preservação do conhecimento professados pelos Templários foram
decisivos para que, em Rosslyn, também encontrássemos o «Manuscrito
Rosslyn-Hay», o mais antigo exemplar conhecido de prosa escocesa. E uma
tradução dos escritos de Renê d’Anjou sobre cavalaria e governo, e na
sua encadernação lê-se esta inscrição: «JHESUS [sic] – MARIA – JOHANNES»
(JESUS, Maria, João). Como afirma Andrew Sinclair em The Sword and the
Grail (1992):
A
associação do nome de S. João ao de Jesus e de Maria é invulgar, mas
ele era venerado pelos gnósticos e pelos Templários. Outra
característica notável desta encadernação é o uso do Agnus Dei, o
Cordeiro de Deus… Na Capela Rosslyn também está gravado o selo templário
do Cordeiro de Deus.
O conde
William e René d’Anjou eram amigos, sendo ambos membros da Ordem do
Tosão de Ouro, um grupo cujo objetivo declarado era restaurar os velhos
ideais de cavalaria e de fraternidade dos Cavaleiros Templários.
É claro
que os Templários sobreviveram na Escócia e continuaram a agir
publicamente, não apenas em Rosslyn mas também em vários outros lugares.
Contudo, em 1319, a sua vida tranquila foi mais uma vez ameaçada quando
a excomunhão de Robert Bruce foi levantada e a sombra da autoridade do
papa voltou a persegui-los.
Em dado
momento, houve mesmo uma clara possibilidade de uma cruzada ser lançada
contra a Escócia, e, embora ela não se concretizasse, os Templários
escoceses consideraram prudente ocultarem-se, como tantos dos seus
irmãos europeus; e foi isto, dizem, que deu origem ao início da
Maçonaria.
Curiosamente,
certos ramos da Maçonaria sempre reivindicaram serem descendentes dos
Templários e terem a sua origem na Escócia, mas poucos historiadores – mesmo no seio da própria maçonaria – os levaram a sério. Este maçônicos «templaristas» podem ter herdado, pelo menos parcialmente, os genuínos segredos templários
(n.T. Isto, nenhuma ordem maçônica conseguiu…). O seu conhecimento, que
incluía a sabedoria hermética e alquímica, além da ciência da geometria
sagrada, ainda é considerado valioso – talvez mais valioso porque visa
questões muito diferentes das do mundo moderno em geral.
Foi um
escocês, Andrew Michael Ramsey, que proferiu o que se tornou conhecido
por «Oração de Ramsey», em 1737, perante os maçônicos de Paris.
Cavaleiro da Ordem de S. Lázaro – e tutor do Bonnie Príncipe Charlie – o
«Cavaleiro» Ramsey fez questão de recordar à irmandade que eram
descendentes dos cavaleiros cruzados, o que era uma referência mal
disfarçada aos Templários. Foi do seu interesse usar esta terminologia
enviesada porque os Templários ainda eram considerados malditos na
sociedade francesa. A oração também afirmava, polemicamente, que os
maçônicos tinham origem nas escolas de mistério das deusas Diana,
Minerva e ÍSIS.
A oração
tem sido muito escarnecida, ao longo dos anos, não só devido à última
afirmação quanto às origens no culto da deusa mas também porque o
cavaleiro Ramsey afirmou que a ordem não descendia dos pedreiros
(maçons) medievais. As autoridades neste assunto atacaram esta
afirmação, alegando que, como ela era obviamente falsa, punha em questão
toda a oração. Mas, como vimos, investigações recentes provaram que
não existiram corporações de pedreiros na Inglaterra medieval, portanto,
talvez devêssemos dar ao bom cavaleiro o benefício da dúvida
relativamente a esta – e às suas restantes afirmações.
A oração
de 1737 foi a primeira indicação pública de que a Maçonaria descendia
dos Templários – poderá haver qualquer ligação com o fato de, um ano
mais tarde, o papa condenar toda a irmandade de maçônicos?
Espantosamente, mesmo nesta data tardia, a Inquisição prendeu e torturou
maçônicos, em consequência direta desta bula papal.
Depois das
fortes insinuações de Ramsey acerca da ligação templária, surgiu uma
declaração mais explícita e mais autorizada. Num dos episódios mais
polêmicos da história da maçonaria, Karl Gotthelf, barão de Von Hund und
Alten-Grotkau, declarou que fora iniciado na ordem maçônica do Templo,
em Paris, em 1743, e que lhe fora revelada a «verdadeira» história da
maçonaria e fora autorizado a fundar lojas maçônicas, segundo aquela
linha de autoridade, a qual ele denominou «Estrita Observância» –
embora, curiosamente, ela fosse conhecida na Alemanha por Irmandade de
João Batista.
A verdadeira história,
que lhe fora revelada, incluía a seguinte informação: quando os
Templários foram extintos, alguns Cavaleiros tinham fugido para a
Escócia e ali se tinham estabelecido. Von Hund possuía uma lista dos
supostos nomes dos grão-mestres que sucederam a Jacques de Molay no
movimento templário secreto, após a extinção.
As lojas
de Von Hund tiveram um sucesso imprevisto e quase imediato, mas,
infelizmente, ele não tinha amigos entre os historiadores, os quais o
declararam um completo charlatão e rejeitaram a sua versão da
«verdadeira história» como sendo «um completo absurdo». Menosprezaram
igualmente a sua lista de alegados grão-mestres. A principal razão desta
total rejeição foi o fato de as suas afirmações serem baseadas nas
palavras de contatos anônimos – que Von Hund denominava «superiores
desconhecidos (ocultos)» -, e, parecia, portanto, que ele tinha
inventado tudo.
De fato,
informações confidenciais anônimas são ocorrências frequentes no
interior dos grupos ocultistas, como podemos confirmar, e, recentemente,
alguns nomes muito credíveis foram imputados aos superiores
desconhecidos; por isso, parece que, afinal, ele poderia estar dizendo a
verdade sobre os seus contatos ocultos.
Curiosamente,
os historiadores nunca conseguiram apresentar uma lista definitiva dos
grão-mestres dos Templários históricos – devido à natureza incompleta
dos arquivos disponíveis. No entanto, a lista de Von Hund é idêntica à
que surge nos Arquivos Secretos do Priorado de Sião. As investigações de
Baigent, Leigh e Lincoln convenceram-nos de que a lista do Priorado é a
mais exata que se conhece; embora, devido à escassez de registros,
nunca se possa ter a certeza, ela resiste ao escrutínio acadêmico e pode
ser considerada correta.
Mas,
apesar de a lista do Priorado poder – para ser cínico – ter sido
inventada nos anos 50, é improvável que a de Von Hund tivesse sido
igualmente inventada, em 1750, quando não existiam registros disponíveis
nem investigações históricas sobre os Templários. No mínimo, o elo de
ligação revela uma tradição conjugada entre a Estrita Observância
Templária e o Priorado de Sião.
Apesar de
muito se ter escrito sobre as afirmações e a organização de Von Hund, há
uma curiosa falta de especulação sobre o que podia ter sido a sua
motivação oculta. De fato, a sua estrita observância era basicamente uma
rede alquímica, e ele próprio era, antes de mais nada, um alquimista.
Estava Von Hund a continuar a tradição templária?
Seja qual
for a verdade que inspirou a organização e as preocupações de Von Hund, a
Maçonaria Templarista em breve estava bem implantada e ia tornar-se uma
importante forma de Maçonaria em ambas as margens do Atlântico. (Fora
avançada a idéia de que os Templários efetivamente se «ocultaram» nos
mais altos graus da Maçonaria.) A Maçonaria Templarista também
influenciou novos acontecimentos que iriam tornar-se importantes para a
nossa linha de investigação – a Maçonaria de Rito Escocês, especialmente
a forma conhecida por Rito Escocês Rectificado, que é particularmente
poderosa em França.
Os
maçônicos franceses têm uma lenda curiosa acerca de «mestre Jacques»,
uma figura mítica que era patrono das corporações medievais de pedreiros
franceses. De acordo com a história, ele foi um dos mestres pedreiros
que trabalhou no Templo de Salomão. Depois da morte de Hiram Abiff,
deixou a Palestina e, com treze companheiros, embarcou para Marselha.
Os
partidários do seu grande inimigo, o mestre pedreiro padre Soubise,
decidiram matá-lo, por isso ele escondeu-se numa caverna em Sainte-Baume
– a mesma que viria a ser ocupada por Maria Madalena. De nada lhe
valeu: foi traído e morto. Os maçônicos ainda continuam a fazer uma
peregrinação ao local, todos os anos, a 22 de Julho.
Outro
forte candidato ao papel de herdeiro do conhecimento esotérico dos
Templários é o movimento conhecido por Rosacruz. Outrora muito
ridicularizado pelos historiadores do princípio do século XVII, está a
ganhar terreno o reconhecimento de que ele tem verdadeiras raízes nas
tradições da Renascença. O movimento Rosacruz, como um ideal, ou atitude
– embora não nominalmente – é reconhecido como a força inspiradora da
Renascença, um ideal simbolizado em Leonardo.
Como escreve Dame Frances Yates:
Talvez
não estivesse na visão de um mago que uma personalidade como Leonardo
fosse capaz de coordenar os seus estudos matemáticos e mecânicos com o
seu trabalho artístico.
Continua …
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