Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Oscar Luiz Brisolara |
Luigi Brizzolara |
comuna italiana da região da Ligúria, cuja capital é Gênova. Filho de Antônio Brizzolara e Giuseppina Dalla Cella, em 11 de junho de 1868 e faleceu em Gênova em 11 de abril de 1937.
Aos vinte anos, transferiu-se
para Gênova a fim de estudar a arte da escultura, matriculando-se na Academia Linguística
de Belas Artes. Tornou-se discípulo favorito do escultor G. Scanzi, em cujo
atelier produziu uma estátua representando Ismael Moribundo, que foi premiada
com medalha de prata na mostra colombiana de Gênova, em 1892. Não se conhece a
localização atual dessa obra.
Logo a seguir, foi vencedor do
concurso para a elaboração da tumba de Gio Batta Castagnola, para a qual
produziu um alto-relevo ao qual intitulou de “Visão de Cristo”, que se encontra
no Cemitério Monumental de Staglieno, local que se destinava à alta burguesia
se Gênova.
Realizou obras de reconhecida
qualidade e beleza como o túmulo de Risso-Zerega, ainda no cemitério de
Staglieno, o altar da capela votiva erigida em comemoração ao término da I
Grande Guerra Mundial, no cemitério Sampierdarena, também em Gênova. Também
projetou o monumento a Emmanuel Gonzales, no cemitério de Chiavari. Em 1916,
projetou os retratos com o busto de Paolo Giacometti, em “Viletta di Negro”, e
o busto de Elia Lavarello, na Via Lavarello, todas em Gênova.
Porém, em 1898, havia sido
contratado para uma obra de grande importância, qual seja a elaboração do
monumento em homenagem ao rei Vitor Emmanuel II, o restaurador da corte
italiana, pelo movimento de unificação da Itália, liderado pelo conde Cavour e
por Giuseppe Garibaldi. Esse monumento foi edificado na praça de Nossa Senhora
do Horto, em Chiavari.
Trabalhando muito, Brizzolara
executou muitas estátuas, entre as quais um conjunto para a Igreja de São João
Batista, composto das imagens dos profetas Isaías e Malaquias (para a capela do
crucifixo), e as de São João e de São Marcos, colocadas sobre a fachada no
momento da restauração da igreja.
Em 19 de novembro de 1904, Luigi
uniu-se em matrimônio com Maria Ranzini, na cidade de Gênova. Em seguida, no
ano de 1907, inicia sua carreira internacional. Participa, juntamente com o
arquiteto Gaetano Morelli, de um concurso promovido pelo governo da Argentina, com o
objetivo de erigir em Buenos Aires um monumento comemorativa ao Centenário da
independência do país, que se comemoraria em 25 de maio de 1910. O projeto de
Brizzolara saiu vencedor e recebeu, juntamente com seu colega, como prêmio, a
importância de dez mil pesos de ouro.
Era um projeto majestoso, um
complexo monumental, prevendo, no interior, um salão todo adornado de mosaicos
e mármores preciosos, que abrigaria o museu da independência, cujo acesso seria
feito por uma escadaria ornada por um conjunto estatuário. Porém, essa obra
jamais foi executada.
Continuando sua carreira
internacional, em 1919, Luigi participou do concurso para o monumento que iria
comemorar o primeiro centenário da independência do Brasil. Porém, foi
classificado em segundo lugar, tendo sido escolhido para o primeiro prêmio o
projeto de Ettore Ximenes, e para o terceiro, Nicola Rollo, todos renomados
artistas.
Veja a descrição do projeto de
Brizzolara publicada no Correio Paulistano: “Continuando nossa descripção das
'maquetes' expostas, damos hoje um rápido summario da do professor Luigi
Brizzolari. O projeto do professor Brizzolara ocupa toda a área da grande praça
jardim, que será feita como remate à Avenida da Independência.
Comporse-á de três corpos
distinctos: o do centro, o maior com a estátua eqüestre de D.Pedro I, rodeada
de figuras alegóricas, grupos, etc... symbolizando factos e épocas de nossa
história ou factores da nossa civilização. Na parte de baixo, isto é quase no embasamento
deste corpo, alteiam-se as imponentes figuras do Direito e do Dever. O Direito
empunha o glaudio da justiça, ensinamento do passado e do futuro; o dever cinge
ao peito a bandeira da pátria, symbolo sacrossanto da mesma pátria.
A architectura deste corpo,
como de todo o monumento, é simples, austera e grandiosa. Os seus grupos e
figuras, talhados em bronze, destacar-se-ão vivamente por sobre a parte
architectonica.
Os dois blocos lateraes
perpetuam os mais importantes acontecimentos da história pátria.
O bloco da esquerda está
coroado por uma glorificação dos Mártyres da Independência, os precursores da
Conjuração Mineira. Este grupo, segundo o entender da Commissão, poderá ser
substituído por outra alegoria, como a abertura dos portos às nações amigas.
No bloco da direita será
collocado um grupo representando o episódio do "Fico".
Na parte posterior do grupo
central será collocada uma grande figura representando a liberdade, que tudo
espera no futuro da nação nova.
No caso de adoptar a commissão
os dois braços projetados de proteção às duas ruas, offerecerão estes ainda
campo para novas interpretações históricas. No braço da direita
representar-se-ão: a abolição da escravatura, gesto magnânimo do povo
brasileiro, demonstração de sua maturidade social e dos seus sentimentos
humanitários, a magnanimidade d D. Pedro II, o príncipe philósopho, que
acoroçoou e protegeu as artes e as ciências. No braço da esquerda serão
memorados; a retirada de Laguna, em que refulgiu o valor brasileiro, através de
provas de resistência, e o martyrio de Tiradentes, o primeiro martyr da ideia
da emancipação política.
Bustos de brasileiros ilustres
dominarão as escadas dos braços lateraes, à cujos ângulos cantarão pequenas
fontes.
São estas, em suma, as ideias
que dominaram a concepção da obra do esculptor Brizzolara.
O interior dos grandes corpos
poderão ser aproveitados para um grande salão e salas menores que poderão
utilizar-se para conferências, exposições, universidade popular, comemoração,
biblioteca, pantheon, etc. Este salão poderá ser oportunamente decorado com
baixos relevos e um grande friso pictórico. Receberá a luz do alto, através de
grandes clarbóias colocadas no último degrau do monumento, ao pé do grupo
esculptural culminante e será arejado por janelões abertos lateralmente nas
paredes do primeiro degrau, por sob o baixo relevo do altar da pátria.”
Os atos comemorativos tiveram
início dois anos antes, com a realização do concurso anteriormente mencionado,
tendo sido encerradas no mês de abril do ano de 1923. Nas festividades,
inauguraram-se o conjunto de esculturas que ladeia o Teatro Municipal de São
Paulo, em homenagem ao Maestro Carlos Gomes, estes sim foram projetos de Luigi
Brizzolara.
Nesse período, Brizzolara
passou a residir em São Paulo, onde havia uma grande colônia italiana, com
poderosos empreendimentos, como é o caso das empresas Matarazzo, cujo nome mais
proeminente era Francisco Matarazzo Sobrinho, mais conhecido pela a alcunha
carinhosa de Ciccillo Matarazzo, grande industrial e mecenas responsável pelo
incentivo a muitas manifestações artísticas, especialmente pela construção do
Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Esse ambiente foi muito
favorável ao criativo artista, que recebeu inúmeras encomendas de importantes
obras. Realizou, em São Paulo, o mausoléu de família Matarazzo, no cemitério da
consolação; o brasão Ermelino Matarazzo, no Hospital Matarazzo e muitos outras
obras de arte.
Entre essas obras, estão
muitos monumentos fúnebres, sendo os mais importantes, depois dos da família
Matarazzo, os da família Machado. Na Colina do Ipiranga, estão duas de suas
obras mais importantes no Brasil: são as estátuas de três metros e meio de
altura de Antônio Raposo Tavares e de Fernão Dias Paes Leme, uma de cada lado
da colina.
O Jornal “O Estado de São
Paulo” publicou em três de setembro de 1922, este texto a respeito da obra de
Luigi Brizzolara:
"Os cyclos bandeirantes:
dois trabalhos de Brizzolara
Com o fito de dar maior lustre
à comemoração do centenário de nossa Independência, o governo do Estado mandou
executar, além do Monumento da Independência, que será um dos maiores do mundo,
inúmeras e valiosas obras de arte, que serão colocadas nos parques e jardins da
capital e no Museu Paulista.
Dessas últimas salientam-se
dois lindíssimos trabalhos encomendados pelo Governo Estadual, por intermédio
do sr. Dr. Alfredo d'Escragnolle Taunay, diretor do Museu Paulista, ao
cavalheiro Luiz Brizzolara, um dos mais notáveis artistas contemporâneos da
Itália, autor do Monumento Comemorativo ao 1º Centenário da Independência da
Argentina, do Projeto que obteve o segundo prêmio no concurso de monumentos
para o nosso centenário e autor de numerosas estátuas e monumentos na Itália.
Esses trabalhos são dois
enormes blocos de alvíssimo mármore de Carrara e synbolizam os grandes cyclos
bandeirantes. Cada estátua tem 3 metros e meio de altura, com o pedestal também
de mármore, pesando mais de 8.000 kilos. Ambas eram destinadas ao perystillo do
Museu Paulista.
Uma das estátuas que symboliza
a caça ao índio e o desbravamento da selva, representa Antonio Raposo Tavares,
o bandeirante de Quintaúna, perscrutando o horizonte, com uma das mãos erguida
acima dos olhos.
A outra bela obra é Fernão
Dias Paes Leme, symbolizando o cyclo dos metaes e pedras preciosas.
Nesse trabalho, vê-se o velho
bandeirante, apoiado à clavina, procurando na pedra colhida a transparência
verde da esmeralda ou o brilho refulgente do ouro.
As estátuas chegaram
recentemente da Itália e já estão colocadas nos respectivos lugares." (O
Estado de São Paulo, edição de 03 de setembro de 1922).
Também o escritor Monteiro
Lobato comentou a obra de Brizzolara:
"Brizzolara revelou mais
uma vez o notável escultor que é. Apesar da exigüidade de recursos e das
contingências da localização, fez do Monumento a Carlos Gomes oferecido à
cidade pela colônia italiana, o mais belo que hoje existe entre nós em matéria
de escultura. Carlos Gomes está soberbamente estilizado, numa atitude que bem
diz a respeito do gênio. Outra não convinha ao nosso músico máximo, o primeiro
que sinfonizou a grandeza rude de nossas florestas bravias.
Essa figura magnífica, fixada
em bronze, repousa em harmônico pedestal de granito, todo ele um primor de
linhas e massas.
Não destoam as figuras
acessórias. Lado a lado, dois symbolos de mármore, a Música e a Poesia,
suavizam a força da majestade. Embaixo, no jardim, esplêndidas figuras em
bronze dizem da obra musical do campineiro, representando cada um dos seus
dramas líricos, pela imagem do herói respectivo. Vêem-se ali "O
ESCRAVO", "PERI", "FOSCA", "MARIA TUDOR",
"SALVADOR ROSA" e "CONDOR", cumprindo destacar a figura de
Maria Tudor, cuja expressão é maravilhosa. Ao centro, o carro do gênio
conduzido por cavalos soberbos de movimentos, e às extremas, os grupos alusivos
ao Brasil e à Itália, duas concepções belíssimas, cada qual constituindo por si
só um perfeito monumento.
Brizzolara deu mostras de que
é escultor. Agradeçamo-lhe comovidos. Terra nova e inculta, o Brasil é o país
ideal dos mistificadores...". (Revista do Brasil, nº 83, novembro de 1922
(artigo assinado por Monteiro Lobato).
Em 1928, Brizzolara retorna à
Itália definitivamente. Foi nesse momento que executou em Chiavari, sua cidade
natal, o monumento comemorativo ao Fim da I Guerra Mundial. Realizou, na
Itália, ainda muitas outras obras. Por fim, concluiu sua carreira como
professor na Academia de Linguística de Belas Artes, tendo recebido muitas
honrarias pelo mérito e qualidade de suas obras. Permaneceu no magistério até
sua morte, em 11 de abril de 1937.
ALGUMAS OBRAS IMPORTANTES DE LUIGI BRIZZOLARA:
Monumento a Vitor Emanuel II - Chiavari
Mausoléu da Família Matarazzo - São Paulo
Cemitério da Consolação
Raposo Tavares - Museu Paulista
Luigi Brizzolara - Anhanguera, Parque Trianon
Monumento a Carlos Gomes, O Guarani
Monumento a Carlos Gomes - Salvador Rosa
Gênova, Staglieno, túmulo por Brizzolara
Túmulo de Castagnola, Staglieno por Brizzolara
Luigi Brizzolara - Mausoléu da Família Matarazzo - entrada
Luigi Brizzolara - Mausoléu da Família Matarazzo - São Paulo - Brasil
Monumento a Carlos Gomes, Itália
Monumento a Carlos Gomes - São Paulo - Brasil
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