Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Viena - Teatro do Arsenal |
Primeiramente,
tratemos da origem desses termos largamente empregados em nosso linguajar
diário. As designações de direita e esquerda começaram na corte francesa do
século XVIII.
Na monarquia
que precedeu a revolução francesa, havia uma divisão social entre os que
pagavam impostos e os privilegiados que não faziam contribuição alguma para o
estado. A nobreza e o clero, não contribuíam para os cofres públicos e
sentavam-se à direita do rei; por outro lado, os chamados de membros do
terceiro estado, ou seja, todos os demais, sentavam-se à esquerda do rei na
corte.
Acontece
que esta esquerda francesa dos pagadores de impostos não acolhia em seu seio
somente os pobres. De maneira alguma: banqueiros, ricos comerciantes não
pertencentes à nobreza estavam do mesmo lado dos pobres descamisados conhecidos
como “sens culottes” ou jacobinos, pois se reuniam na rua dos jacobinos.
Com
o advento da revolução francesa, os partidários da monarquia foram chamados de
direita e os partidários da revolução foram designados de esquerda. Daí em
diante, os conservadores do sistema passaram a ser classificados como de
direita e os revolucionários como de esquerda.
A partir
da segunda metade do século XIX, taxaram-se de esquerda os movimentos socialistas
e, especialmente, os comunistas. Porém, com o fim ou a transformação da maioria
dos estados comunistas, o termo esquerda mudou de sentido.
Sociologicamente,
passaram a definirem-se como de esquerda as ideologias que pretendem
representar os interesses da população e de direita as que favorecem a
liberdade de mercado, defendem os direitos individuais e os poderes sociais
intermediários contra a intervenção do Estado e colocam o patriotismo e os
valores religiosos e culturais tradicionais acima de quaisquer projetos de
reforma da sociedade.
Muitos consideram os governos conservadores, avessos à mudança social como de direita e os movimentos sociais de mudança como movimentos de esquerda.
Não esqueçamos que o nazismo surgiu de um movimento do operariado alemão, o National Sozialistische Deutsche Arbeiterpartei (N.S.D.A.P.), embora se denomine Partido Nacional Socialista do Operariado Alemão, funda-se na doutrinas conservadoras do sociólogo inglês Houston Chamberlain, de extrema direita.
Com o andar dos tempos, os opositores ao regime vigente seriam classificados como de esquerda e os defensores do governo em vigência ocupariam a ala de direita. Assim, seria de direita o atual governo chinês de Li Keqiang, embora as bases de seu governo sejam comunistas, o mesmo acontecendo com o governo russo de Vladimir Putin, enquanto que o governo norte-americano de Barack Obama seria um governo de esquerda, embora a política norte-americana seja considerada de direita e a da China, de esquerda.
Ocorre que esses conceitos de esquerda e direita baseados em interesses populares, no mais das vezes, são mascarados. A busca do apoio da plebe e das elites, a defesa dos interesses do povo ou das minorias privilegiadas é, frequentemente, dissimulada.
Já na antiga sociedade romana pré-cristã do I século a. C., quando as ordens republicanas haviam conquistado quase todas as reivindicações da plebe, desde a reforma agrária até o direito de um plebeu de eleger-se como supremo mandatário da república, pois nesse momento mesmo de glória, elege-se pelo Partido Popular (da plebe) Júlio César, com apoio massivo da plebe, justamente aquele que irá estabelecer o Império, e o princípio da derrocada do sistema republicano.
Como se poderiam classificar nossos governantes atuais, os de fato e os pretendentes? Defendem interesses populares? De qual camada da população?
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