Lia
ontem, em um site francês, uma análise da situação dos migrantes árabes na
Europa, mormente na França, Alemanha e Inglaterra.
Como
minoria racial, eles, desde a infância, a partir da escola, sofrem bullying por
parte das crianças nativas. Como o padrão não é ser árabe, eles são
estigmatizados, até mesmo pelas vestes que muitos usam, de maneira especial as
meninas. Houve, na França, uma tentativa de minimizar os efeitos dessa rejeição
com a proibição de vestes especiais na escola.
Comparando
com a situação brasileira, ocorre o mesmo em relação aos negros. Alguém diria
que chamar um jovem de origem africana de “negrão” é o mesmo que chamar um de
origem europeia de brancão. Isso não corresponde à verdade, pois no epíteto “negrão”
há toda a carga pejorativa do estigma proveniente do período da escravidão. Em “negrão”
não há apenas uma especificação da cor da pele, mas traz uma qualificação negativa,
o que não acontece com o qualificativo brancão.
O mesmo
ocorre com os árabes na Europa: são geralmente estigmatizados nas comunidades
em que vivem. Por isso, as charges dos meios de comunicação que, em relação às
raças regionais apenas marcam alguns tipos especiais, para os cidadãos de
origem árabe, envolvem um qualificação de inferioridade em relação aos
concidadãos seus, como ocorre, especialmente com os turcos, na Alemanha. A simples qualificação de turco, que a própria pele já traz marcada, é uma forma de discriminação em relação aos demais alemães. Os poloneses vivem situação laborial semelhante à dos turcos na Alemanha, porém, é mais difícil identificá-los pela cor da pele ou pelos traços fisionômicos.
A discriminação é notória, até
bem pouco tempo, o trem que conduzia ao bairro turco de Berlim Ocidental não
dispunha de ar condicionado. A discriminação racial começa por aí. Isso pode
ajudar a medir os efeitos da imagem de um árabe, veiculada por um órgão de imprensa
qualquer, mesmo por aqueles que pretendem defender os direitos das minorias. A
própria imagem já carrega uma discriminação, que habita o imaginário da
comunidade, e se reflete na leitura dos receptores, independentemente do teor do texto que acompanhe o ícone. Já está previamente estabelecida uma leitura, marcada no próprio ideário da comunidade, mas velada, no mais das vezes, quase nunca expressa explicitamente.
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