Afrodite de Cnido, de Praxíteles, cópia do século IV a.C. |
AFRODITE - Na
mitologia grega, há uma plêiade de divindades que abarcam todas as funções
humanas. Quando os romanos entraram em contado com a cultura grega, a partir da
tomada de Tarento, colônia grega ao sul da Itália, no século III a. C.,
receberam forte influência desses helenos.
A Grécia era
conhecida como Hélade (Ἑλλάς),
e congregava uma série de cidades-estados que se distribuíam desde o atual
território grego, passando pelas ilhas do Mediterrâneo que circundam o país,
e atingindo, no auge de suas conquistas, vastas regiões do Oriente próximo e
norte da África.
Pois os
helenos (Έλένοι), como eram
conhecidos os gregos, construíram um rico conjunto de mitos, como nos apresenta
brevemente o poeta Hesíodo em sua Teogonia ou Genealogia dos Deuses, datada do
século VIII a. C.
Desse
conjunto de divindades, fazia parte Afrodite (Ἀφροδίτη), divindade do amor, da beleza e da sexualidade. Segundo
Hesíodo, seu nome provém do termo grego aphros (ἀφρός),
espuma. Trata-se do mito segundo o qual Cronos, ao derrotar seu pai Uranos,
ter-lhe-ia cortado o saco escrotal e jogado ao mar. Da espuma aí surgida,
ergueu-se Afrodite.
Devido à
beleza da nova deusa, temia-se no Olimpo, que adviesse um desentendimento entre
os deuses que desejariam cortejá-la. Desposou ela então Hefesto ( Ήφαιστος),
deus ferreiro, forjador das armas e da tecnologia de então, porém, portador de
um defeito físico que o tornava manco.
Era filho de Zeus e Hera. Essa escolha pacificava o Olimpo.
Já nas ruínas de Pompéia, encontra-se uma parede com um afresco representando Vênus, a versão romana de Afrodite, como divindade do amor e da sexualidade.
Já nas ruínas de Pompéia, encontra-se uma parede com um afresco representando Vênus, a versão romana de Afrodite, como divindade do amor e da sexualidade.
Afresco da Deusa Vênus - afresco nas ruínas de Pompeia |
Afrodite, no
entanto, pela solidão em que Hefesto a deixava, pelas constantes atividades em
sua forja, foi uma esposa infiel, tendo procurado a paixão de deuses,
semideuses e homens, de cujos relacionamentos nasceram filhos famosos. É o caso
de Hermafrodita, que gerou com Hermes, o mensageiro dos deuses.
VÊNUS CALIPÍGIA DO MUSEU DE NÁPOLIS - SEGUNDO SE AFIRMA, ENCONTRAVA-SE NA DOMUS ÁUREA DE NERO. |
VÊNUS – No
panteão romano, aparece a deusa Vênus, que corresponde à Afrodite grega e gera
muitas confusões nas leituras literárias. Na versão romana mais divulgada,
seria filha de Júpiter, o supremo deus da mitologia romana, equivalente a Zeus,
e sua mãe seria a deusa Dione. Seria casada com Vulcano, equivalente a Hefesto
da mitologia grega.
Os romanos
consideravam-se descendentes da deusa Vênus, pois Eneias, herói troiano que deu
origem a Rômulo, o fundador mítico da raça romana, era filho de Vênus com o
mortal Anquises.
Segundo uma
tradição muito antiga, Afrodite na cultura grega e Vênus na cultura latina
seriam os modelos de beleza feminina, cujos moldes serviram depois à arte
renascentista.
Vênus de Milos - Louvre - Paris - Aphrodite of Milos |
Afrodite e Vênus recebiam também o nome de Afrodite Calipígia ou Vênus Calipígia, ou seja, das belas nádegas.
Representavam uma estátua feminina completamente vestida que levantava o manto
para mostrar a parte traseira, suas nádegas desnudas. Atribui-se essas estátuas a um costume das
jovens de Siracusa que, segundo uma tradição, teriam o hábito de comparar suas
nádegas para ver qual a \seria a mais perfeita.
Um exemplo famoso é "O Nascimento de Vênus", uma pintura de Sandro Botticelli, encomendada por Lorenzo di Pierfrancesco de Medici para a sua Villa Medicea di Castello, também conhecida como Villa Reale, ou Villa l'Olmo, ou ainda Villa Il Vivaio, situada ba região montanhosa de Castello, nas proximidades de Florença.
A pintura representa a deusa romana Vênus emergindo da espuma do mar, já mulher adulta e perfeita, conforme descrito na mitologia clássica. Provavelmente, a obra tenha sido criada em 1485, sob encomenda, para Lorenzo de Meidici, com o fim de ornar sua residência. Alguns estudiosos creem que a Vênus pintada para Pierfrancesco tenha sido outra, que não a obra exposta em Florença e estaria perdida até o momento.
Há os que afirmam ter sido esta obra uma homenagem ao amor de Juliano de Medici (que morreu em 1478), que viveu em Portovenere, uma cidadela à beira-mar. Qualquer que tenha sido a inspiração do artista, parece haver influências de obras literárias importantes como "As Metamorfoses/" e os "Fasti" do poeta romano Ovídio, que abordam o mito.
Sandro Botticelli - La nascita di Venere - Galleria degli Uffizi - Florença |
Outra pintura de renome, representando a deusa romana do amor, é a obra renascentista de Tiziano, pintada em 1538, em óleo sobre tela. Exibe a desa Vênus nua, deitada sobre um leito suntuoso. Também se encontra na Galleria degli Uffizi, em Florença.
O Nascimento de Vênus de Di Cavalcanti |
Velazquez - Vênus no Espelho
O terceiro pintor a reproduzir a deusa romana ao espelho é Peter Paul Rubens, que, em 1614–15, mostra a divindade com o seu cabelo tradicionalmente louro. Como a Vênus de Velázquez, a imagem refletida da deusa não encaixa essa porção da sua face visível sobre a tela. Em contraste com a bela e arredondada forma ideal de Rubens, Velázquez pintou uma figura feminina mais delgada.
Também é famosa a obra do pintor François Boucher, representando Vênus consolando Eros. Embora tendo vivido no século XVIII, dominado pelo Barroco, dedicou-se ao estilo Rococó, que é o Barroco levado ao exagero, próprio da arte francesa do período das luzes. Reproduz o triângulo amoroso que ocorre em uma floresta profunda. Uma estátua de Vênus, estando em grande solidão, desenvolve um cérebro humano. É inverno, neva e no final, quando o gelo derrete no rio, à medida que a primavera chega, David e Eros, passeiam pelos campos contíguos à floresta. Vênus apaixona-se perdidamente por David. Durante um sonho Vênus torna-se humana e percebe David também a ama. Eros enche-se de ciúmes e é consolado por Vênus.
Vênus Consolando Eros, Venus Consoling Love, François Boucher, 1751.
Além dos pintores, também os escultores dedicaram-se à representação de Afrodite e Vênus, como se pode constatar nas primeiras imagens deste trabalho. Houve a multiplicação de muitas estátuas dessas deusas por toda parte. Veja-se a imagem abaixo:
Afrodite Calipígia - Museu de Nápoles |
Abaixo, uma estátua de Vênus Calipígia do Louvre, já da arte Barroca de 1863 - escultura de François Barrois.
Vênus (Afrodite) e Amor (Eros), por Theodor Heinrich Bäumer, 1886. DRESDEN.
Afrodite de Cynidian, cópia romana em mármore(tronco e coxas), com cabeça restaurada, braços, pernas e cortinas de apoio, modestamente, protegendo seus órgãos genitais com a mão direita. A original, era uma das mais famosas obras do antigo Praxíteles, escultor grego de Atenas (século 4 a. C). Tanto a original como as suas cópias são muitas vezes referidas como a Pudica Vênus (Venus modesta), por conta de sua mão direita cobrir a virilha e a genitália.
Museu Louvre/Paris |
O importante escultor italiano Antonio Canova representou Vênus de diversas maneiras. Uma dessas imagens é a que reproduz Pauline Bonaparte Borghese, irmã mais jovem de Napoeleão, como Venus Vitrix, hoje fazendo parte do famoso museu de Roma, conhecido como Galleria Borghese.
Pauline Bonaparte as VenusVictrix |
Antonio Canova (1757-1822) era arquiteto e antiquário, mas é mais lembrado como escultor. Foi um dos mais importantes reprodutores da arte clássica grega e romana. Vênus foi uma das divindades a quem consagrou diversas de suas obras. Veja-se sua escultura abaixo, representando Vênus e Marte:
Antonio Canova - Vênus e Marte
Outra de suas obras primas, representando a deusa do amor, da beleza e sexualidade é a Vênus Itálica.
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Antonio Canova - Vênus Itálica.
Muitíssimos artistas dedicaram seus trabalhos às duas deusas, que se confundem em uma única divindade, expressando a beleza, a feminilidade, os encantos feminis. Tantos são, que aqui trazemos apenas uma pálida imagem dessa produção. A nudez, a beleza do traço, a candura estão dissiminados por muitíssimos museus e casas de cultura distruídos por tudo o mundo.
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