São poemas ao modo de Anacreonte, produzidos em diversas literaturas. Na literatura portuguesa, Bocage (Manuel Maria Barboza du Bocage) é um dos grandes poetas anacreônticos.
Anacreonte (Άνακρέων) Anakréōn foi poeta grego nascido em Teos, perto da cidade atual Esmirna, na Turquia, em 563 a. C., onde também faleceu em 478. Foi o período mágico da literatura grega, especialmente da poesia lírica e da tragédia clássica.
Viveu algum tempo em Abdera, Samos e também em Atenas. Foi poeta popular. Compôs canções simples, agradáveis e espirituosas.
Segundo o site Greantiga citado abaixo, “A principal fonte do texto grego é o Codex Palatinus 23 (o mesmo da Antologia Palatina), do século X, conservado atualmente na Biblioteca de Heidelberg, Alemanha.”
“A mais antiga edição é a de Estienne, de 1554, mas as 55 odes "anacreônticas" foram incluídas como obras do próprio Anacreonte. Ele não mencionou os manuscritos utilizados. Depois disso, os fragmentos genuínos e as "odes anacreônticas" foram editado muitas vezes. As edições mais notáveis são a de Brunck (1786), Fischer (1793), Mehlhorn (1825) e Bergk (1834, 41882), Edmonds (1931), Diehl (1949/1952), Gentili (1958). As mais modernas e mais usadas no momento são a de West (1972) e a de Campbell (1989).”
“Várias traduções para o português de Anacreonte e das "odes anacreônticas" foram já realizadas. António Ferreira traduziu apenas uma ode, em (1598); depois dele Francisco Manuel S. Malhão (1804), António Teixeira de Magalhães (1819), António Feliciano de Castilho (1866), Luiz Calado Nunes (1917), José Anastácio da Cunha (1930) e Almeida Cousin (1948). Mais recentemente, diversas odes foram traduzidas por Maria Helena da Rocha Pereira (1959) e por Daisi Malhadas e Maria Helena Moura Neves (1976).”(http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0675)
Anacreôntica de Bocage:
A Rosa
Tu, flor de Vênus,
Corada rosa
Leda fragrante,
Pura, mimosa,
Tu, que envergonhas
As outras flores,
Tens menos graça
Que os meus amores.
Tanto ao diurno
Sol coruscante
Cede a noturna
Lua inconstante,
Quanto a Marília
Té na pureza
Tu, que és o mimo
Da Natureza.
O buliçoso,
Cândido Amor
Pôs-lhe nas faces
Mais viva cor;
Tu tens agudos
Cruéis espinhos,
Ela suaves
Brandos carinhos;
Tu não percebes
Ternos desejos,
Em vão Favônio
Te dá mil beijos.
Marília bela
Sente, respira,
Meus doces versos
Ouve, e suspira.
A mãe das flores,
A Primavera,
Fica vaidosa
Quando te gera;
Porém Marília
No mago riso
Traz as delícias
Do Paraíso.
Amor que diga
Qual é mais bela,
Qual é mais pura,
Se tu, ou ela;
Que diga Vênus...
Ela aí vem...
Ai! Enganei-me,
Que é o meu bem.
Bocage, in 'A Rosa (Cançoneta Anacreôntica)'
Tu, flor de Vênus,
Corada rosa
Leda fragrante,
Pura, mimosa,
Tu, que envergonhas
As outras flores,
Tens menos graça
Que os meus amores.
Tanto ao diurno
Sol coruscante
Cede a noturna
Lua inconstante,
Quanto a Marília
Té na pureza
Tu, que és o mimo
Da Natureza.
O buliçoso,
Cândido Amor
Pôs-lhe nas faces
Mais viva cor;
Tu tens agudos
Cruéis espinhos,
Ela suaves
Brandos carinhos;
Tu não percebes
Ternos desejos,
Em vão Favônio
Te dá mil beijos.
Marília bela
Sente, respira,
Meus doces versos
Ouve, e suspira.
A mãe das flores,
A Primavera,
Fica vaidosa
Quando te gera;
Porém Marília
No mago riso
Traz as delícias
Do Paraíso.
Amor que diga
Qual é mais bela,
Qual é mais pura,
Se tu, ou ela;
Que diga Vênus...
Ela aí vem...
Ai! Enganei-me,
Que é o meu bem.
Bocage, in 'A Rosa (Cançoneta Anacreôntica)'
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