Pois,
numa tarde tórrida de fevereiro de 2008, caminhávamos, minha esposa e eu, diante
da grandiosa Mesquita de Alabastro Muhamed Ali Pasha, no Cairo, em companhia de
uma jovem egípcia, que nos explicava a situação do seu país nesse momento. Cheios
de curiosidade, do alto onde nos encontrávamos, observávamos El Cairo, que se
estendia na planície abaixo, com seus mais de dezoito milhões de habitantes.
O
fantástico templo, segundo nos informava nossa interlocutora, havia sido
edificado pelo sultão Muhamed Ali Pasha em homenagem a seu falecido filho,
entre os anos de 1830 e 1848. Fora este sultão o criador do moderno Egito.
Nas
planícies ao redor do monte em que se situa a mesquita, e pelas encostas, observávamos
um trânsito totalmente imobilizado por falta de regras e de quem o organizasse.
Sem semáforos, todas as mãos possíveis, todos os estacionamentos permitidos,
arrastava-se uma enorme massa de automóveis de todo tipo em todas as direções
numa pachorrenta lentidão.
Retorna-se
em qualquer ponto, dizia-nos a morena, tipicamente egípcia, muito maquiada,
como a Cleópatra dos filmes, os cabelos envoltos em branco turbante. Para-se. Liga-se
a seta e vagarosamente se vai inserindo em meio aos que retornam na mesma
pista. Arredam-se uns. Outros param. Impossível irritar-se.
Um
para. Desce. Compra alguma coisa e volta. Troca um pneu. Tudo em meio à frota
que avança como dá. Como pode. E as buzinas atordoam os passantes num zumbido
ininterminável e absolutamente ineficaz.
A
jovem falou-nos, então, a respeito da economia, do petróleo, e de modo especial
dos de salários em seu país. Não havia correção dos proventos do funcionalismo público
desde o governo de Gamal Abdel Nasser, que fora assassinado em 1970. Portanto,
há mais de cinquenta anos arrastava-se essa situação.
Contou-nos
que os funcionários públicos, com soldos irrisórios, não abandonavam suas
funções. Aguardavam que em algum tempo houvesse uma correção. Mas permaneciam nos
cargos umas poucas horas e depois iam tratar do sustento em algum outro lugar.
Quando
chegamos junto ao balaústre de pedras que protege os transeuntes de quedas do
alto do mirante, avistamos um grande portão de ferro fundido. A nossa
interlocutora apontou-nos o imenso cemitério, escondido parcialmente por um
alto muro.
Surpreendendo-nos,
ela nos informou de que centenas de pessoas residiam no cemitério. Entre os
túmulos? Perguntamos-lhe. Ela nos respondeu que não. Que residiam dentro deles.
E convidou-nos para nos dirigirmos ao local.
Foi
somente então que percebemos pessoas saindo de dentro das sepulturas. Túmulos
residências. Com todos os mistérios que envolvem tal situação. Lá estavam eles
numa posição muito natural. Na maior normalidade da vida, saindo e entrando em
suas marmóreas residências, ornamentadas de vasos e bronzes.
Afirmou-nos
que, primeiramente haviam sido autorizados os guardas. Depois outros e mais
outros. Moravam nos suntuosos túmulos da cidade imensa. Quem sabe? Um dia?
Aqui?
CEMITÉRIO DO CAIRO
MESQUITA MUHAMED ALI PASHA
MESQUITA MUHAMED ALI PASHA
MESQUITA MUHAMED ALI PASHA
VISTA DO CAIRO E SEUS MINARETES
CAIRO - MAIS MINARETES
CAMELO JUNTO À GRANDE PIRÂMIDE
CHEGANDO ÀS PIRÂMIDES I
CHEGANDO ÀS PIRÂMIDES II
CAIRO I
CAIRO II
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