Na realidade, o que são mensagens subliminares? Mensagens
subliminares são aquelas que o cérebro não decodifica conscientemente. Para melhor explicar o que é uma
mensagem subliminar, deve-se começar a analisar a etimologia da palavra
"subliminar".
Esta palavra
vem do termo latino sub-limen, que pode ser traduzido como
"abaixo do limiar". A mensagem subliminar é, de fato, uma mensagem
que funciona abaixo da percepção consciente. É um estímulo ou uma percepção
muito débil, muito confusa ou que é veiculada em movimentos muito rápidos, o
que impede que seja percebida pela consciência.
A propaganda subliminar é, portanto, uma forma de
publicidade que, de modo desonesto, leva mensagens que atingem o cérebro, mas
que conscientemente não se veem e não se ouvem. É um processo de
informação que funciona, apenas abaixo de nossa percepção consciente.
A teoria do processo subliminar funda-se na concepção de que
o cérebro humano é dividido em dois hemisférios: o esquerdo, consciente e
objetivo; e o direito, face responsável pelo inconsciente e, portanto,
subjetivo.
O hemisfério esquerdo lida com as funções conscientes, como
se disse, tais como receber o comando de elevar a mão, ou voltar-se para
identificar a direção de onde provém algum ruído. É responsável pela
codificação das percepções recebidas pelos sentidos. Porém, somente dez por
cento das informações que recebemos se processam nesse nível.
O hemisfério direito é responsável pelo processamento das
funções inconscientes, mesmo as mecânicas como a respiração, a digestão, a circulação
sanguínea, porém, muito mais do que isso, é também responsável pelas emoções e
impressões, mesmo as não perfeitamente identificáveis conscientemente,
classificadas como subliminares. É claro que isso ocorre com as pessoas
destras. Com as canhotas, ocorre a inversão dos hemisférios: o direito é
responsável pelas funções conscientes e o esquerdo pelas inconscientes e
subjetivas.
O hemisfério
consciente e objetivo dota-nos da capacidade de fazer julgamentos conscientes.
Por seu lado, o hemisfério responsável pelo inconsciente, após a observação e
análise de um evento, ainda ligado aos instintos primitivos e infantis, é
atraído e impressionado com os aspectos surpreendentes, seja pelo lado negativo
ou pelos fatores positivos, privando o sujeito da capacidade de decidir ou
elaborar uma opinião consciente sobre o incidente.
As mensagens
subliminares visam, precisamente, a atingir o lado direito da mente, tentando insinuar-se
aí de forma inconsciente, a fim de influir nos atos dos destinatários. Podem,
por exemplo, manipular a mente dos consumidores, induzindo-os a adquirir
determinados produtos. Mas podem ter alcance pior, como incutir determinadas
ideologias ou mesmo criar ambiente psicológico positivo em toda uma
coletividade, erotizando-a, por exemplo, em relação a algum tipo humano, ou a
uma personagem em particular. E, pior ainda, podem induzir uma comunidade
inteira para se posicionar a favor ou contra determinados modelos sociológicos ou
políticos.
Um exemplo
prático de mensagens subliminares ocorre no filme “O Exorcista” (1973). Foram
inseridas nele, de forma subliminar (isto é, a mais de 24 poses por segundo), imagens
de sangue, demônios e máscaras mortuárias para aumentar a sensação geral de
horror criado pelo filme.
Ocorre que a
reprodução de uma fita, a partir de 24 imagens por segundo, provoca, na tela, a
sensação de movimento. Porém, muito acima dessa velocidade, segundo creem os
defensores da possibilidade de mensagens subliminares, a mente consciente não
percebe imagem alguma, mas o inconsciente cerebral, sim.
Mariana
Weber, no texto disponível em http://super.abril.com.br/ciencia/olhos-nao-veem-446675.shtml,
afirma:
“Segundo o neurofisiologista Luiz Eugenio Moraes Mello, da
Universidade Federal de São Paulo, também é subliminar grande parte das imagens
captadas pela visão periférica, ou seja, fora da fóvea, região da retina usada
para focalizar objetos. ‘O processamento desses estímulos ocupa
preferencialmente o lado direito do cérebro, mais ligado às emoções, e o
armazenamento ocorre de forma paralela ao dos estímulos supraliminares’, diz
ele. ‘A diferença é que não se tem consciência disso.’ Como focamos a atenção
em um conjunto de estímulos, haverá outros que serão percebidos de forma
subliminar.”
E prossegue:
“‘Em uma cultura com dados abundantes oferecidos em uma
velocidade crescente, as mensagens passam para o inconsciente de forma
inadvertida’, afirma Flávio Calazans, autor do livro Propaganda Subliminar Multimídia e maior propagador no meio
acadêmico brasileiro do suposto perigo das técnicas subliminares.
“Pior: como há pouco limite para aquilo que é ou não
percebido conscientemente, a propaganda subliminar pode ser entendida como
qualquer peça publicitária que leve você a fazer associações sem se dar conta.
Colocar uma modelo sexy ao lado de um carro é um jeito de fazer isso. ‘De fato,
se a mensagem por associação for explícita demais, o sujeito pode rejeitá-la
criticamente’, afirma Diane Zizak. Para atingir um homem de 45 anos, cujo pai
possivelmente é idoso ou morreu, um filme que mostra uma figura paterna dando
ensinamentos tem grande chance de gerar empatia. ‘O espectador transfere esse
sentimento à marca sem ter isso processado claramente’, afirma Paulo Tarsitano,
professor de publicidade da Universidade Metodista. Ou seja: é muito difícil
que mensagens ocultas estejam sendo veiculadas do modo como fizemos nestas
páginas. Mas talvez toda propaganda, sem exceção, seja subliminar.”
O manuseio do inconsciente, através da tecnologia, invade nossa vida diária, desde a publicidade de toda hora, passando pelos outdors das nossas estradas, até os reality shows tão comuns em todas as TVs do mundo. Será possível manter alguma espécie de controle sobre esse monstro sorrateiro e sutil.
estas mensagens só existem em imagens ou em textos e estórias, como em livros de romances também?
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