Muitos países desenvolvidos, cujos modelos políticos são
altamente prestigiados na comunidade mundial, são, de fato, incentivadores da
corrupção em países periféricos, atuando como protetores de indivíduos que
expoliam seus concidadãos, em troca de privilégios nas relações comerciais e
financeiras com esses parceiros. Isso será tema de artigo que publicarei em
breve. No que tange à Suíça, ocorre algo tão prejudicial às economias dos
países onde acontecem movimentos econômicos subterrâneos, quanto a proteção dos
exploradores e seus negócios escusos.
A confirmação dessa atividade do poder público e privado
suíço na proteção dos fraudadores das economias em toda parte vem da própria
Suíça, do professor Jean Ziegler, sociólogo da Universidade de Genebra, que
sustentou uma batalha contra esse sistema perverso.
Em 1976, publica um livro intitulado “A Suíça acima de
Qualquer Suspeita”, que provocou profundas reações de instituições de toda
sorte de interesses, desde os que se punham a seu lado, até os que defendiam os
interesses escusos de tantos escroques internacionais, cujos lucros alimentavam
e continuam alimentando suas instituições financeiras.
Desde os primeiros instantes de sua publicação, o professor
Ziegler sofreu o efeito de campanhas difamatórias patrocinadas por banqueiros
que visavam a intimidá-lo em sua campanha de denúncias.
Afirmava a falsidade nacional, demonstrando a hipocrisia de
seus compatriotas, que se apresentam ao mundo com uma máscara falsa de
liberalismo, frente aos problemas sociais e políticos, quando, de fato,
prestando asilo ao capital dos espoliadores do sistema financeiro mundial, são
agentes disfarçados desse sistema corrupto e criminoso.
Como reação aos ataques sofridos, Ziegler lança novo livro
“A Suíça Lava Mais Branco”, transformado imediatamente em best-seller. Neste
livro ele afirma existir uma corrupção institucional na Suíça. Ao contrário da
maioria dos países que possuem uma entidade estatal para regular os bancos, na
Suíça, ela é feita por uma empresa sustentada pelos próprios bancos. Assim,
mesmo tendo conhecimento que parte significativa do dinheiro depositado nesses
bancos provém do crime, como o caso específico do tráfico de drogas e do
terrorismo, nenhuma providência é tomada, porque o lucro está muito acima de
qualquer outro interesse.
Afirmavam políticos e banqueiros que a quebra do segredo
bancário do dinheiro sujo geraria uma catástrofe econômica. É evidente que
essas atividades escusas e mesmo criminosas promovem lucros relevantes a muitas
instituições financeiras.
Ziegler acusa em seu texto: “O manejo do dinheiro na Suíça
se reveste de um caráter sacramental. Guardar, recolher, contar, especular e
ocultar o dinheiro, são todos atos que se revestem de uma majestade ontológica,
que nenhuma palavra deve macular e se realizam em silêncio e recolhimento.”
Denunciava a Suíça como a detentora de 27% dos mercados offshore de todo o
mundo.
Por fim, o professor genebrino lança uma terceira obra, “Os
Senhores do Crime”, em que demonstra com dados, que o dinheiro sem origem
lícita, proveniente de caixa 2, de corrupção pública e privada, movimenta, pelo
menos, seis trilhões de dólares. Esse livro é uma verdadeira antologia da
delinquência financeira do mundo.
Num momento em que se divulgam tão amplamente os crimes de
corrupção em nosso país, seria fundamental lembrar que, não fosse a proteção do
sistema financeiro mundial, seria muito mais dificultoso aos criminosos efetivarem
suas ações espoliadoras e fraudulentas.
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