Em Viena |
Já o estudioso francês Claude
Lévi-Strauss, quando estudava a origem da família, abordara a proibição do incesto.
Ora, a origem deste termo revela muito de seu significado. O prefixo in, nessa combinação, tem o sentido de
negação, não; -cesto consiste na mutação fonética do termo latino castus, que significa puro, portanto, o
incesto, seria uma relação impura. Ora, é considerado incestuoso o vínculo
marital ou sexual entre parentes consanguíneos até determinado grau de
proximidade, geralmente até primos de primeiro grau.
Essa proibição invocava, quase sempre,
princípios religiosos, porém seus fundamentos essenciais vinculavam-se a muitas
mutações genéticas degenerativas que costumam ocorrer com certa frequência nos
descendentes resultantes dessas ligações entre muitas espécies animais,
mormente nos mamíferos, entre os quais se insere o ser humano.
Pois é justamente a proibição do
incesto que vai determinar o intercâmbio e a circulação das mulheres entre os
grupos sociais, processo que vai gerar o surgimento da família. Depois de
milênios, temos o grupo familiar de hoje. Freud busca, em seus estudos e
pesquisas, as ocorrências que atingem o grupo social e os efeitos resultantes
na psique de seus membros.
Fundado nessas observações,
Freud teoriza a família edipiana. Num processo indutivo aristotélico, Freud
reinventa Édipo, não mais segundo o modelo helenista, mas um novo Édipo, com um
grande complexo psicológico.
Conforme David Zimerman, “O
termo Complexo de Édipo criado por Freud e inspirado na tragédia grega Édipo
Rei designa o conjunto de desejos amorosos e hostis que a
criança experimenta com relação aos seus pais...” (ZIMERMAN 2008, p. 73/75). E continua
Rycroft “Os homens são atraídos pela mãe, enquanto as mulheres são atraídas
pelo pai.”
Assim, na esteira de Freud,
Jones explica a misteriosa procrastinação de Hamlet como consequência do Complexo
de Édipo. Dessa forma, Hamlet torna-se a imagem inversa de Édipo. A metáfora de
Édipo traz a presença do outro na formação do sujeito.
Há, no entanto, que conteste a
interpretação do psicanalista vienense. O próprio Freud, identificado com as
antigas dinastias reais gregas, por seus vínculos com a elite europeia das
decadentes cortes do final do século XIX, cria um sujeito culpado pelos desejos
que a natureza lhe impõe. Assim, generaliza para todas as sociedades e todos os
tempos, problemas que são específicos de um extrato social sofisticado
vienense, de madames desocupadas e amorosamente frustradas, em suas relações
com homens cujos valores privilegiavam o sucesso econômico e militar, em
detrimento dos valores afetivos e familiares.
BIBLIOGRAFIA
1. Rycroft, Charles. A Critical Dictionary Psychoanalysis. Penguin Books,1995.
2. Zimerman, David E..Vocabulário Contemporâneio de Psicanálise. Artmed, 2008. I
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