Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Eu tenho em casa
um piano azul
Mas não conheço
nenhuma nota.
Encontra-se à
sombra da porta do porão,
Desde a
decadência do mundo.
Mãos de quatro
estrelas, tocam harmonia
- a Lua virgem
cantou em seu barco –
Agora ratos
dançam nas claves.
Quebrado está o
teclado...
Lamento pela
triste morte.
Ah, amado anjo,
abra para mim
-
pois tenho comido pão amargo –
Em mim já existe
o portão do Paraíso,
Enquanto ainda
continuo viva,
Mesmo que contra
o decreto legal.
MEIN BLAUES
KLAVIER
Ich habe zu
Hause ein blaues Klavier
Und kenne doch
keine Note.
Es steht im
Dunkel der Kellertür,
Seitdem die Welt
verrohte.
Es spielten
Sternenhände vier –
Die Mondfrau
sang im Boote.
– Nun tanzen die
Ratten im Geklirr.
Zerbrochen ist
die Klaviatur.
Ich beweine die
blaue Tote.
Ach liebe Engel
öffnet mir
– Ich aß vom
bitteren Brote –
Mir lebend schon
die Himmelstür,
Auch wider dem
Verbote.
MY BLUE PIANO
At home I have a
blue piano
But have no note
to play.
It stands in the
shadow of the cellar door,
There since the
world's decay.
Four star-hands
play harmony
-The Moon-maiden
sang in her boat-
Now the rats
dance janglingly.
Broken is the
key board...
I weep for the
blue dead.
Ah, dear angel,
open to me
-What bitter
bread I ate-
Even against the
law's decree,
In life,
heaven's gate.
Else
Lasker-Schüler (1869-1945) foi uma poeta e dramaturga judia-alemã, de Berlim,
que se destacou pela vida boêmia. Pertenceu ao pequeno grupo feminino ligado ao
expressionismo. Fugiu do nazismo e refugiou-se em Jerusalém ainda antes da
criação do moderno estado de Israel.
Sua obra teatral
era inspirada, principalmente seu pai, um banqueiro judeu, e sua poesia inspirou-se
na própria mãe. Seu estilo boêmio tornou difícil sua vida no Oriente Médio.
Lasker-Schüler
deixou sem publicar vários volumes de poesia e três peças de teatro, bem como
diversas narrativas curtas, ensaios e muitas cartas. No decorrer da vida, publicou
seus poemas em várias revistas, entre as quais a revista Der Sturm, editada
por seu segundo marido, e Karl Kraus’ ‘Fackel. Ela
também publicou diversas antologias de poesia, algumas das quais foram
ilustradas por ela mesma. Exemplos de suas publicações são:
Styx (volume
publicado pela primeira vez da poesia, 1902)
Tag Der Siebente (segundo
volume de poesia, 1905)
Meine Wunder (primeira
edição, 1911)
Gesammelte
Gedichte (1917)
Mein Blaues
Klavier (1943)
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