Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Roma - Fontana di Trevi |
Nos primórdios da civilização romana, o ano tinha apenas dez
meses, o que provocava sérios desiquilíbrios entre o ano solar e o ano adotado
pelos primitivos romanos. Esse ano, atribuído ao lendário Rômulo, foi utilizado
apenas no primeiro reinado. Tinha início nas calendas de março (primeiro de
março) e era composto pelos seguintes meses: Martius, Aprilis, Maius, Junius, Quinctilis, Sextilis, September, October,
November, December.
Calendário de
Romulus
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Martius (31
dias)
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Aprilis (30
dias)
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Maius (31
dias)
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Iunius (30
dias)
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Quintilis (31
dias)
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Sextilis (30
dias)
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September (30
dias)
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October (31
dias)
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November (30
dias)
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December (30
dias)
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Os nomes Martius
provém do deus Marte, divindade da guerra, a que esse mês era consagrado. Aprilis, o segundo mês, segundo alguns
estudiosos provém do verbo latino aperire, cujo sentido é abrir.
Seria uma referência à abertura das flores ou de algumas colheitas. Porém, há
outra versão que crê estar esse nome relacionado com Apru, divindade etrusca
que corresponderia à Afrodite grega.
Maius estaria relacionado à deusa Maia, que é a deusa da
fecundidade e da energia vital e da primavera, ver em latim. Maiestas, que originou o termo
majestade, personifica o despertar da natureza na primavera e o renascimento
das folhas e o desabrochar das flores; veio tornar-se a mentora de seu filho Mercúrio.
Maio é o belo mês das flores no hemisfério norte.
Identificada como Fauna, uma divindade regional da
península itálica. Maia era uma deusa de origem grega. Fauna é conhecida como a
Bona Dea, a boa
deusa. Maia pode ser equivalente à uma velha deusa da Primavera dos primeiros povos
itálicos. Maia Maiestas é também a
fértil estação das chuvas, e possivelmente fosse a mais bela das Plêiades.
Seu nome significa, em sentido literal, pequena mãe, hipocorístico
tradicionalmente dado a uma mulher idosa, uma avó, também às amas de leite, bem
como às parteiras.
O nome Junius tem
sua origem na deusa Juno, esposa do poderoso Júpiter, chefe dos deuses romanos,
correspondente ao Zeus grego. Juno equivale a Hera, na mitologia da Grécia
clássica. Esse mês, portanto, era dedicado à deusa Juno.
Movido pelos problemas que o calendário acima gerava na
prática do dia-a-dia dos cidadãos, o segundo monarca da hierarquia patrícia,
Numa Pompílio, promove uma alteração no calendário, acrescendo os meses de Ianuarius e Februarius no final do ano, após o mês de Decembris. Ianuarius era
dedicado ao deus Iano (Jano, em latim eclesiástico). Era o deus de todos os
começos e da própria porta. Era representado com dupla face: uma que cuidava do
interior da casa e outra colada a essa, com a face para o outro lado, que da
parte externa.
O mês de fevereiro, Februarium
em latim, origina-se de, februum, as abluções dos mortos,
que incluíam o ato de lavar e purificar o defunto. Nesse mês, ocorriam os
festejos rememorando os antepassados falecidos.
Numa Pompilius et la nymphe Egérie - Poussin - musée Condé |
CALENDÁRIO DE
NUMA POMPÍLIO
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Martius (31
dias)
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Aprilis (29
dias)
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Maius (31
dias)
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Iunius (29
dias)
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Quintilis (31
dias)
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Sextilis (29
dias)
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September (29
dias)
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October (31
dias)
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November (29
dias)
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December (29
dias)
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Ianuarius (29
dias)
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Februarius (28
dias)
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Esse calendário continha uma separação entre os dias fasti (propícios)
e nefasti (não propícios). Os dies fasti
eram aqueles em que se podiam tomar decisões públicas. Nos dies nefasti não era permitida decisão pública alguma.
O calendário de Numa tinha, então, doze meses e 355 dias,
ainda não era muito exato, porém, aproximava-se mais do ano solar. O monarca
afirmava ter sido inspirado pela ninfa Egéria que lhe indicara as principais
modificações. O longo reinado de Numa estendeu-se de 715 a 673 a. C., ou seja, quase 42 anos.
Assim, o ano, nesse calendário, iniciava no dia primeiro de
março e terminava no dia 28 de fevereiro. Os meses do ano no Calendário de Numa
Pompílio eram: Martius, Aprilis, Maius, Junius,
Quinctilis, Sextilis, September, October,
November, December, Januarius e Februarius.
Como eles precisavam ter de memória os dias do mês, uma vez
que eram raríssimos os calendários escritos, os meses dividiam-se em três
partes:
1)
As Calendas - (Kalendae) - primeiro dia do mês, de onde a
palavra calendário derivou. Os juros das dívidas eram atualizados nas calendas.
2)
As Nonas - (Nonae) dependendo do mês, podia ser
o 5º ou o 7º dia; tradicionalmente o dia que correspondia à fase lunar de
quarto crescente.
3)
Os Idos - (Idus) dependendo do mês, podia ser o 13º ou o 15º dia;
tradicionalmente o dia de lua cheia.
Observações:
1) Nos seguintes meses as nonas ocorriam ao 5º dia
e os idos ao 13º dia: Janeiro, fevereiro, abril, junho, agosto, setembro,
novembro e dezembro.
2) No entanto, nos demais meses as nonas ocorriam ao 7º dia e os
idos ao 15º dia: Março, maio, julho e outubr.
Observação: Consulte
também um artigo meu intitulado CALENDÁRIO ROMANO OU JULIANO.
Gostaria de saber quando a semana de feiras litúrgicas foram introduzidas no calendário juliano,e que foi que incluiu esses nomes e que continuou no calendário gregoriano na qual temos até hoje esse nome de feira pra cada dia da semana.
ResponderExcluirMeu caro amigo, tentei dar uma resposta a sua questão em artigo que acabei de publicar em meu blog, intitulado:
ResponderExcluirORIGEM DO RADICAL "FEIRA" NA DENOMINAÇÃO DOS DIAS DA SEMANA EM PORTUGUÊS.
Caso mantenha dúvidas, solicito encarecidamente apresentá-las para que eu possa dar minha resposta a elas.
Obrigado pela colaboração. Abraços.
Oscar Brisolara