Em Frankfurt - setembro de 2013 |
Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Günter faz parte de um grupo de poetas e dramaturgos policamente engajados, que especialmente no período do pós-guerra criticam atitudes políticas incorretas. Veja-se o que já dizia B. Brecht sob essa perspectiva:
"Que tempos são esses, em quefalar de árvores é quase um crime
Pois implica silenciar sobre tantas barbaridades?"
No mesmo tom, Grass compôs o poema abaixo, como crítica à política da Europa em relação à Grécia, uma nação irmã.
"A Vergonha da Europa”
(poema de apoio à Grécia)
À beira do caos porque fora da razão dos mercados,
Tu estás longe da terra que te serviu de berço.
O que buscou a Tua alma e encontrou
rejeitá-lo Tu agora, vale menos do que sucata.
Nua como o devedor no pelourinho sofre aquela terra
a quem dizer que devias era para Ti tão natural como falar.
À pobreza condenada a terra da sofisticação
e do requinte que adornam os museus: espólio que está à Tua cura.
Os que com a força das armas arrasaram o país de ilhas
abençoado levavam com a farda Hölderlin na mochila.
País a custo tolerado cujos coronéis
toleraste outrora na Tua Aliança.
Terra sem direitos a quem o poder do dogma aperta o cinto mais e mais.
Trajada de negro, Antígona desafia-te e no país inteiro
o povo cujo hóspede foste veste-se de luto.
Contudo os sósias de Creso foram em procissão entesourar
fora de portas tudo o que tem a luz do ouro.
Bebe duma vez, bebe! grita a claque dos comissários,
mas Sócrates devolve-Te, irado, a taça cheia até à borda.
Os deuses amaldiçoarão em coro quem és e o que tens
se a Tua vontade exige a venda do Olimpo.
Sem a terra cujo espírito Te concebeu, Europa,
murcharás estupidamente.
Günter Grass
(traduzida do alemão por Carlos Leite)
disponível em:oarforadaasa.blogspot.com.br/2015/04/a-vergonha-da-europa-gunter-grass.html
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