Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Paris - Jardins de Luxemburgo |
Os revolucionários de 1789 desejavam marcar sua vitória com
mudanças em todos os sistemas em instituições. Assim, em 1792, promoveram uma
Convenção Internacional, que propôs também uma reformulação do calendário. Esse
passou a denominar-se Calendário Revolucionário ou Calendário Republicano. Essa
reforma simbolizava a quebra da ordem antiga e a proposta de uma nova ordem,
inclusive um novo modo de olhar para o próprio ano solar.
Buscavam marcar na própria divisão e nomenclatura uma visão
do ano que abandonasse os símbolos religiosos e históricos do Calendário Gregoriano,
proposto pelo Papa Gregório XIII, em 1582, cujo modelo fora o calendário
juliano, proposto por Júlio César e seus astrônomos.
O Calendário Juliano foi imposto ao povo romano pelo cônsul
Júlio César, durante sua ditadura, em 46 a. C. Valeu-se o ditador dos
conhecimentos do astrônomo grego Sosígines para fazer os estudos do ano solar.
Esse calendário trazia grandes marcas da religião e da política romana, já nos
nomes dos meses. Março era dedicado ao deus Marte e julho era dedicado ao
próprio Júlio César.
Visando a apagar todas essas marcas e propondo uma nova visão,
os revolucionários, na convenção de 1792, apresentaram um novo calendário. Mantinham
ainda a divisão do ano em doze meses. O parâmetro básico que seguiram era o mês
de 30 dias e a semana de dez dias. No final do ano, acresciam-se mais cinco
dias, seis nos anos bissextos, para acomodar o novo ano ao ano solar. Buscavam
ao máximo aplicar ao calendário o sistema decimal.
Os meses do ano foram denominados de acordo com a proposta
do poeta Fabre d’Eglantine, o qual se valeu para isso de André Thouin,
jardineiro do Jardin des Plantes, de
Paris.
Assim, o primeiro mês seria o vindemiário (referente ao mês
da vindima, colheita das uvas – início do outono); o brumário (mês da brumas); o
frimário (mês das geadas, frimas, em
francês); o nivoso (das neves – início do inverno); o pluvioso (das chuvas); o ventoso
(dos ventos); o germinal (da germinação, da brotação – início da primavera); o floreal
(da floração); o pradial (Période des récoltes
des prairies - Período de culturas de pastagens); o messidor (mês das
colheitas, moissons, em francês-
início do verão); o termidor (mês do calor - termo); e o frutidor
(mês da frutificação).
A semana denominar-se-ia de decâmetro ou década. Cada dia de
um decâmetro receberia o seu nome conforme segue: primidi, duodi, tridi,
quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi e decadi.
Para o dia, fez-se uma divisão em dez horas, cada hora dividia-se
em 100 minutos e cada minuto em 100 segundos. Esse foi o maior problema para os
revolucionários quanto ao calendário. Para marcar esse novo horário, seria
necessário um novo modelo de relógio. Ocorre que a maioria dos fabricantes de
relógios, nessa época, eram suíços. Esses, pelo imenso trabalho que essa
mudança exigiria, negaram-se a fazê-lo. Por essa razão, nunca, de fato, foi
aplicado o horário do dia do calendário da revolução francesa.
Para
que as decisões revolucionárias não se perdessem no esquecimento, em 1793, foi
criado o Clube dos Jacobinos, que seriam os radicais guardiães dos ideais
revolucionários. O nome jacobino se deve à rua da sede da instituição, que se
havia instalado no Convento dos Jacobinos, Rue Saint Jacques (Iacobus,
ou em latim).
Um decreto Havia estabelecido o dia 22 de setembro de 1792
como o primeiro da era francesa. Para os anos seguintes, o dia primeiro do ano
seria o do equinócio de inverno em Paris. Todos os documentos da república
deveriam seguir esta datação. Porém, esse calendário vigorou apenas até 1805,
quando Napoleão editou um decreto que estabelecia o retorno ao calendário
gregoriano.
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