A Revelação Templária – 6C – A Herança dos Templários
CAPÍTULO VI – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS
Uma
influência importante na convenção do Lyons – e no subsequente
esoterismo francês – foi o filósofo ocultista Louis Claude de
Saint-Martin (1743-1804). Embora pareça que ele se dedicou ao celibato,
a sua filosofia centra-se numa veneração do Feminino, sob a forma de Sophia,
que ele considerava «a forma feminina do Grande Arquiteto». O
«martinismo» foi a mais influente filosofia ocultista, não só sobre
estas formas de Maçonaria ocultista mas também nas sociedades rosacruzes
da França do século XIX, que serão discutidas pormenorizadamente no
próximo capítulo.
Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com
Capítulo 06C – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.
CAPÍTULO VI – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS
Alguns
anos após a reunião de Lyons, em 1782, realizou-se outra grande
conferência maçônica – desta vez com representantes de todos os grupos
maçônicos da Europa – em Hessen, sob a presidência do duque de
Brunswick; o seu objetivo era sanar as profundas divisões no seio da
Maçonaria, resolvendo definitivamente a questão da relação entre a
Maçonaria e os Cavaleiros Templários.
O resultado foi uma humilhação para o barão Von Hund, que defendeu a
causa templária e foi, efetivamente, o fim da Estrita Observância
Templária. No entanto, os Templários ganharam a guerra: a convenção
concordou em reconhecer o Rito Escocês Retificado – que era exatamente a
Estrita Observância Templária sob outro nome.
Também
importantes na Maçonaria ocultista são os sistemas conhecidos por «ritos
egípcios», que irão assumir importância no desenrolar da nossa
investigação. Mas todos eles derivam da dileta Estrita Observância
Templária do barão Von Hund e estão, por conseguinte, muito intimamente
relacionados com o Rito Escocês Retificado. Ao contrário da imagem
habitual da Maçonaria, eles dão um realce especial ao Feminino (algumas
formas incluem ativas lojas femininas). Todos os maçônicos veneram o
misterioso «filho da viúva». Nos ritos egípcios, a «viúva» é ÍSIS.
O Priorado
de Sião, com a sua reconhecida insistência em venerar ÍSIS, afirma que
começou como um círculo interno da Ordem Templária e, naturalmente,
desenvolveu-se, ao longo dos anos, e adquiriu outras associações
esotéricas, algumas das quais são, em si mesmas, muito significativas.
Uma forte influência parece ter sido Jacques-Étienne Marconis de Nègre
(1795-1865), que fundou um dos ritos egípcios da Maçonaria ocultista,
em 1838, conhecido por «Rito de Mênfis». Este rito também se afirmava
descendente da tradição «templarista» de Von Hund.
Marconis
de Nègre esboçou um complicado «mito da fundação» para a sua
organização, fazendo a habitual afirmação pomposa de que o rito
remontava à antiguidade, a um grupo chamado a Sociedade dos Irmãos
Rosacruzes do Oriente. Esta, por sua vez, fora fundada por um sacerdote
da antiga religião egípcia, que fora convertido ao cristianismo por S.
Marcos e cujos discípulos incluíam membros dos essênios.
O mito de
Ormus sugere quatro influências: rosacruz, egípcia, esoterismo judaico,
como a cabala (certa ou erradamente, os essênios eram considerados como
tendo sido cabalistas), e cristã, talvez de um gênero herético.
O que realmente nos interessava neste mito era – como saberão os leitores de The Holy Blood and the Holy Grail
– o fato de o Priorado de Sião ter adotado o nome «Ormus» como
«subtítulo». E, viríamos a saber, a história de Ormus surgiu, pela
primeira vez, em ligação com a Ordem da Cruz Ouro e Rosa, quando, em
1770, ela se tornou uma Loja da Estrita Observância Templária. Mas,
como veremos, a história que inspirou este mito tinha implicações muito
vastas no que diz respeito a esta investigação.
Talvez não
seja surpreendente que existam sociedades que se declarem sucessoras
oficiais dos Templários. A maioria delas (n.t. ou a sua totalidade)
pode ser facilmente ignorada, embora a Antiga Ordem Militar do Templo de
Jerusalém apresente argumentos suficientemente convincentes para ser
levada a sério. Atualmente, tem a sede em Portugal, onde afirma
dedicar-se a obras de caridade e à investigação histórica, embora
exista um grupo minoritário, que opera a partir de uma localidade da
Suíça, com o sugestivo nome de Sion. Mas as suas origens – na sua forma
ressurgida – estavam em França.
A Antiga
Ordem Militar do Templo de Jerusalém foi fundada, em 1804, por um médico
com o imponente nome de Bernard Fabré-Palaprat, que alegava ter
recebido a sua autoridade da Carta de Transmissão de Armênio,
geralmente conhecida por Carta de Armênio. Se fosse verdade,
contribuiria muito para determinar se Fabré-Palaprat era, na verdade,
da verdadeira linha templária, porque esta carta reivindicava ter sido
escrita em 1324, por Marco Armênio, que fora nomeado grão-mestre pelo
próprio Jacques de Molay. Supostamente, o pergaminho apresenta as
assinaturas de todos os subsequentes grão-mestres da Ordem dos
Cavaleiros Templários, o que é significativo, porque, após a execução de
Jacques de Molay, supunha-se que não existia mais nenhum grão-mestre.
Como era
de prever, os historiadores rejeitaram a carta como sendo uma
falsificação. Mesmo autores de espírito aberto, como Baigent e Leigh,
concordaram que ela era uma mistificação. Mas os críticos nunca a
viram, de fato, e basearam as suas objecções numa tradução do latim
original, datada do século XIX. (O documento está escrito em latim, que
foi transcrito num código baseado na geometria da cruz templária). Uma
das razões por que a carta foi declarada uma falsificação é que o latim
é demasiado bom para a sua época – o latim medieval é notoriamente
irregular -, mas, neste caso, o tradutor corrigira a gramática. Os
críticos também rejeitaram a lista das declarações de grão-mestres
porque a formulação das palavras de cada uma delas é a mesma – uma coisa
improvável, durante o espaço de tempo entre 1324 e 1804. Mas isso
também se pode dever ao fato de o copista as ter uniformizado: no
original, elas eram diferentes. Assim, as duas razões principais para
rejeitar a Carta de Marco Armênio não são, de fato, válidas.
Outra
razão por que a carta tem sido criticada é pelo fato de conter censuras
contra «os desertores Templários escoceses», os quais, declara Armênio,
deviam ser «excomungados» (juntamente com os Cavaleiros
Hospitalários). Assumindo que estes cismáticos eram maçônicos da
Estrita Observância Templária de Von Hund, os historiadores
consideraram isso uma prova de que a carta era uma fraude – porque eles
pensavam que o barão inventara a «Transmissão Escocesa» por volta 1750.
Mas, se ele estiver dizendo a verdade sobre as origens dos maçônicos,
emerge um quadro radicalmente diferente.
De fato, a
Antiga Ordem Militar do Templo afirma que a carta já existia, pelo
menos cem anos antes de Fabré-Palaprat a ter tornado pública, quando
Filipe, duque de Orleãs – mais tarde regente da França – a usou como
texto para convocar uma assembléia de membros do Templo em Versalhes.
Se é verdade, então este acontecimento é, em si mesmo, a prova da
continuidade da presença templária na Europa. (Foi o mesmo duque de
Orleãs que admitiu o Cavaleiro Ramsey na Ordem de S. Lázaro.)
Além da Carta de Armênio, Fabré-Palaprat possuia outro documento importante – que também foi rejeitado imediatamente pela maioria dos comentadores. Era o Levitikon – uma versão do Evangelho do Apóstolo João, com flagrantes implicações gnósticas
-, que Palaprat afirma ter encontrado num quiosque de livros em
segunda mão. Mais uma vez, isto parece ser demasiado simples, mas, se o
documento for autêntico, ele lança uma luz sobre as verdadeiras razões
para conservar secreta grande parte do conhecimento gnóstico. Porque o
Levitikon, uma versão do Evangelho de S. João, que alguns críticos
datam do século XI, conta uma história muito diferente da que se
encontra no livro habitual do Novo Testamento, com o mesmo nome.
Fabré-Palaprat
usou o Levitikon como base para fundar a sua Igreja Joanina
Neotemplarista de Paris, em 1828, na qual os seus adeptos foram
devidamente iniciados, e após a sua morte, dez anos mais tarde,
sucedeu-lhe Sir William Sidney Smith, membro da alta hierarquia
maçônica e herói das Guerras Napoleônicas.
O
Levitikon, que fora traduzido de latim para grego, era formado por duas
partes. A primeira contém doutrinas religiosas que se destinam aos
iniciados, incluindo rituais relativos aos nove graus da Ordem
Templária. Descreve a «Igreja de João» dos Templários e explica o fato de se intitularem «joaninos» ou «cristãos originais».
A segunda
parte é igual ao Evangelho oficial de João, exceto em algumas omissões
significativas. Faltam os capítulos 20 e 21, os dois últimos do
Evangelho. Também elimina todas as sugestões de milagre das histórias
da transformação da água em vinho, do pão e dos peixes e da
ressurreição de Lázaro. São excluídas certas referências a S. Pedro,
incluindo a história de Jesus declarar «sobre esta pedra edificarei a
minha Igreja».
Se isto causa perplexidade, o Levitikon também contém material surpreendente, mesmo chocante: Jesus é apresentado como tendo sido iniciado nos mistérios de Osíris, o grande deus egípcio da sua época.
Osíris era
consorte da sua irmã, a bela deusa ÍSIS, que dominava o amor, a cura e a
magia – entre muitos outros atributos. (Embora, atualmente, nos possa
parecer desagradável esta relação incestuosa, ela fazia parte da
tradição faraônica e teria parecido perfeitamente normal a qualquer
crente do antigo Egito.) Set, o irmão de ambos, desejava ÍSIS e
planejou matar Osíris. Este foi surpreendido pelos sequazes de Set, que
desmembraram o seu corpo e espalharam os seus restos mortais.
Terrivelmente desolada, ÍSIS vagueou pelo mundo, procurando-os, sendo
ajudada na sua busca pela deusa Néftis, mulher de Set, que desaprovou
este crime.
As duas
deusas encontraram todos os restos do corpo de Osíris, exceto o falo.
Reconstituindo-os, ÍSIS usou um falo artificial com o que “magicamente”
concebeu o seu filho, Hórus. Em algumas versões desta história,
ÍSIS teve uma aventura amorosa com Set, embora os motivos de
ÍSIS pareçam obscuros – parece haver um elemento de vingança implicado
nesta relação. Hórus, agora um jovem, ficou enfurecido por esta união,
que ele considerava uma traição à memória do seu pai, Osíris, e travou
um duelo com Set, que resultou na morte do último e deixou Hórus apenas
com um olho. Curou-se e o Olho de Hórus transformou-se no talismã
mágico favorito do Egito.
O Levitikon, além de fazer a extraordinária afirmação de que Jesus
era um iniciado do culto de Osíris, também declara que ele transmitiu
este conhecimento esotérico a João, «o Discípulo Amado». O Levitikon também afirma que Paulo e os outros apóstolos podem ter fundado uma Igreja cristã, mas que o fizeram sem nenhum conhecimento dos verdadeiros ensinamentos de Jesus.
Eles não faziam parte do círculo interno e Paulo (Saulo) sequer
conheceu Jesus. Segundo Fabré-Palaprat, foram esses ensinamentos
secretos, tal como foram revelados a João, o discípulo amado, que foram
preservados pelos Templários, e que, eventualmente, os influenciaram.
O Levitikon regista uma tradição que, alegadamente, foi transmitida ao longo das gerações, acerca de uma seita, ou Igreja, de cristãos joanitas do Oriente Médio. Estes afirmavam-se herdeiros dos «ensinamentos secretos» e da verdadeira história de Jesus, a quem eles se referiam como «Yeshu, o Ungido». De fato, se esta seita existiu, a sua versão da história de Jesus é tão heterodoxa que não sabemos por que razão se intitulavam «cristãos». Para eles, não só Jesus era um iniciado de Osíris como era apenas um homem, não o (ÚNICO) “filho” de Deus. Além disso, era filho ilegítimo de Maria – não se punha a questão de miraculoso nascimento virginal. Atribuíam essas afirmações a uma engenhosa – embora indigna – história de fachada, inventada pelos evangelistas para obscurecer a ilegitimidade de Jesus e o fato de sua mãe não fazer nenhuma ideia da identidade do seu pai!
A seita
joanina reconhecia que o título de «Cristo» não era único e exclusivo de
Jesus: o grego original Christos apenas significava «o Ungido» –
um termo que se podia se aplicar a muitos outros, incluindo reis e
oficiais romanos. Assim, os líderes joaninos sempre se intitulavam
«Cristo», (Curiosamente, o Evangelho de Filipe de Nag Hammadi aplica o
termo «Cristo» a todos os iniciados gnósticos.
O grupo
era considerado uma seita gnóstica, que preservou vários segredos
esotéricos, incluindo os da cabala. Também conceberam um plano para se
transformarem numa organização secreta, que seria (nas palavras do
escritor do século XIX Elias Levi) o único repositório dos grandes
segredos religiosos e sociais, elegeria reis e pontífices sem se expor à
corrupção do poder – isto é, uma organização secreta que não estaria
sujeita aos caprichos e às incertezas das mudanças políticas e sociais
no decurso dos anos. O seu instrumento seria a Ordem dos Cavaleiros
Templários, e Hugues de Payens e os restantes Cavaleiros fundadores
foram, de fato, iniciados joanitas.
Contudo,
os próprios Templários se tornaram corruptos, devido ao seu amor pela
riqueza e pelo poder, e foram eventualmente extintos. O rei francês e o
papa não podiam permitir que a verdadeira natureza da ameaça templária
se tornasse conhecida publicamente; portanto, inventaram as acusações
de idolatria, heresia e imoralidade. Mas, antes da sua execução, Jacques
de Molay, segundo as palavras de Levi, «organizou e instituiu a
Maçonaria Ocultista».
Admitindo
que é verdadeira, só esta reivindicação altera dramaticamente a versão
oficial da história. Apresenta o elo de ligação direta e autorizada
entre um tipo de Maçonaria e os antigos Templários – e, assim, podia
acontecer que estes mesmos maçônicos pudessem ter alguma coisa a
ensinar-nos sobre o conhecimento templário.
Como vimos, Eliphas Levi dedica uma seção da sua History of Magic
à tradição joanina, tal como ela é descrita no Levitikon. Já a
tínhamos lido na tradução inglesa de A. E. Waite, mas deparamos com
outra tradução desta mesma seção, numa obra de Albert Pike, o erudito
intelectual maçônico e grão-mestre do Antigo e Reconhecido Rito Escocês
da América, Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonary (1871). Esta versão apresenta várias diferenças – mas qual delas era a autêntica?
Consultamos
a edição francesa original da obra de Levi e verificamos que Pike
fizera certos aditamentos ou correções pessoais, provavelmente baseado
na sua própria compreensão desta tradição. Por exemplo, ele traduz a
frase histórica, acima citada, como «Maçonaria Ocultista, Hermética ou
Escocesa». Também corrige as palavras de Levi relativamente a uma
ligação entre os Templários joaninos e os rosacruzes. Levi escreve (na
fiel tradução de A. E. Waite):
Os sucessores dos rosacruzes, modificando gradualmente os métodos austeros e hierárquicos dos seus precursores da iniciação, tinham-se transformado numa seita mística e adotado zelosamente as doutrinas mágicas dos Templários, do que resultou eles considerarem-se os únicos depositários [sic] dos segredos sugeridos pelo Evangelho segundo S. João.
De forma notável, Pike emenda as palavras em itálico para:
… Tinham-se associado com muitos Templários, confundindo-se o dogma dos dois…
As
alterações de Pike são significativas porque, enquanto Levi era um
observador e comentador do mundo ocultista e maçônico e, até certo
ponto, um leigo, Pike conhecia bem a questão. Achou adequado corrigir a
versão de Levi, de modo que, em vez de falar dos rosacruzes adotarem
as «doutrinas templárias», ele fá-los, de fato, fundirem-se com os
grupos templários existentes.
Mas a
correção mais significativa de Pike é algo inteiramente novo. Depois da
frase sobre o incitamento de Jacques de Molay à «Maçonaria Ocultista,
Hermética ou Escocesa», Pike acrescenta que esta ordem:
Adotou S. João Evangelista como um dos seus patronos, associando-se a ele, para não despertar as suspeitas de Roma aparentava venerar S. João Batista…
Isto é
curioso, para dizer o mínimo. Considerando que tanto João Evangelista
como João Batista são santos católicos reconhecidos, por que deveria a
veneração de um deles ser necessária como «cobertura» da veneração
prestada ao outro? Contudo, não é provável que Pike, o mais erudito dos
intelectuais maçônicos, tenha inserido esta informação na reprodução
da passagens do livro de outro autor sem uma boa razão. Evidentemente
que precisávamos investigar ainda mais este tema joanino, no seio da
tradição maçônica.
Como
vimos, no último capítulo, A. E. Waite referira-se a uma «tradição
joanina» que influenciara as lendas do Graal e que, a princípio,
parecia mistificadora. Mas agora começava a fazer sentido: era evidente
que a «tradição joanina» era algo relacionado com João Evangelista ou
com João Batista.
É claro
que a história subjacente não é nova para esta investigação. A «tradição
joanina», com a sua clara ligação a S. João, também é central para o
Priorado de Sião – e, para eles, como tínhamos discernido, é João
Batista que é preeminente.
Como vimos
no Capítulo II, o Priorado afirma que Godefroi de Bouillon conheceu
representantes de uma misteriosa «Igreja de João» – por outras
palavras, os Irmãos de Ormus – e, em consequência desse encontro,
decidiu formar um «governo secreto». Os Cavaleiros Templários e o
Priorado de Sião foram criados como parte desse plano original. Nunca é
demais salientar que, pelo menos, segundo esta história, tanto o
Priorado como os Templários foram criados para dar forma aos ideais
desta misteriosa Igreja de João. À parte alguns detalhes menores, esta
história é idêntica à do Levitikon e, além disso, demonstra que o
moderno Priorado e os Templários fazem parte da mesma tradição.
O conceito
dos Templários como uma organização secreta, com autoridade para eleger
e depor reis, é igual ao dos Cavaleiros Templários do Graal de Parsifal
de Wolfran Eschenbach – certamente que há provas de que os Templários
reivindicaram esse direito. O problema é que a maioria destas exóticas
reivindicações de uma longa linhagem histórica data apenas das
organizações neotemplárias do século XIX. Mas elas podiam ser válidas,
se pudessem ser corroboradas por provas independentes que ligassem os
seus movimentos a organizações que já existiam definitivamente há
séculos, como a ligação rosacruz – Maçonaria.
Outra
dificuldade reside no fato de serem feitas duas reivindicações
diferentes: uma delas defende que certas formas de Maçonaria descendem
diretamente dos Templários. De acordo com a outra, os próprios
Templários são uma continuação de uma tradição herética, mais antiga,
que remonta à época de Jesus. Infelizmente, provar a primeira não
significa automaticamente que a segunda seja verdadeira.
Mas a
importância atribuída à versão idiossincrática do Evangelho de João é
excitante, embora pareça haver alguma confusão entre João Evangelista e
João Batista. A afirmação de Albert Pike, segundo a qual
os maçônicos adotaram Batista como cobertura para a sua veneração
secreta de João Evangelista, é, como vimos, absurda. Por
que deveriam os maçônicos querer esconder a sua veneração de qualquer
dos santos, quando ambos são perfeitamente aceitáveis para a Igreja?
Tudo o que Pike conseguiu foi chamar a atenção para os dois santos de
nome João e envolvê-los numa aura de mistério e intriga. Talvez fosse essa a sua REAL intenção.
Noutra obra, A. E. Waite cita textos maçônicos, relativos à Maçonaria
joanina, que reclamam uma ligação com um cristianismo joanino centrado
em Batista e que o considera o «único verdadeiro profeta».
Como já
vimos, João Batista era santo patrono dos Cavaleiros Templários e dos
maçônicos. Na verdade, a Grande Loja de Inglaterra foi fundada a 24 de
Junho – Dia de João Batista. E no pavimento de todos os templos
maçônicos vêem-se duas linhas paralelas: uma representa o bordão de
João «Evangelista» (outra designação de João, o Amado), enquanto a
outra linha representa o bordão de Batista. É evidente que os dois
«João» são de especial importância para a irmandade, embora seja o mais
velho que tenha precedência. Além disso, o juramento maçônico é
prestado aos «divinos santos João». Mas, atualmente, os maçónicos, como
eles próprios admitem, não sabem por que razão os dois santos de nome João são tão venerados.
Talvez
estas duas figuras bíblicas, ao longo dos anos, se tenham confundido e
que o termo «joanino», que se julga referir aos discípulos do
Amado(Cristo), também possa, de fato, se referir ao Batista. Mas se é o
João mais velho ou o mais novo – ou ambos – que é venerado pelos
maçônicos, há um nome que é conspícuo pela sua virtual ausência nas
lojas maçônicas: o nome de Jesus, de uma maneira geral, não surge.
Supõe-se que esta ausência é devido ao fato de os maçónicos não serem
essencialmente uma organização cristã; é suficiente ser um teísta para
aderir às suas fileiras. Mas, nesse caso, por que devem tanta
fidelidade aos santos cristãos de nome João?
A ideia de que o Evangelho de João encerra segredos arcanos(n.T.Para quem tem “olhos para ver”…),
ou de que existe uma outra versão dele, recorre nesta investigação.
Diz-se que os cátaros possuíam uma alternativa herética, e Sir Isaac
Newton ficou obcecado por ela. (Como escreve Graham Hancock: «[…]
apesar das suas firmes convicções religiosas, por vezes, parecia ter
considerado Jesus Cristo mais como um homem especialmente dotado [… ]
do que, propriamente, o (n.t. Único) Filho de Deus.»
Assim,
tanto os maçônicos do Rito Escocês como os Templários da «Transmissão de
Armênio» podem ter preservado os segredos templários originais e ambos
seguem o rastro dos Templários até à «seita joanina». Embora não exista
nada explicitamente joanino nos ritos egípcios da Maçonaria, todos
estes sistemas tiveram origem na Estrita Observância Templária do Barão
von Hund. E o Priorado de Sião associa-se a estes três sistemas.
Como
vimos, Pierre Plantard de Saint-Clair descreveu o objetivo da Ordem do
Templo como sendo «os guerreiros da Igreja de João e os porta-bandeiras
da primeira dinastia, as armas que obedecem ao espírito de Sião».
O resultado deste grande plano deveria ser «um renascimento espiritual» que «voltaria a Igreja católica de Roma de cabeça para baixo». É evidente que isto não aconteceu – AINDA, embora as nossas investigações mostrem que a revelação que podia provocar esta modificação aguarda, nos bastidores, o momento de fazer uma entrada dramática no cenário mundial, talvez sob a forma do Priorado ou das escolas de mistério associadas, como as joaninas (n.T. ou com a revelação da VERDADEIRA história da vida do homem conhecido como Jesus…).
Mas, seja
como for, tínhamos conseguido uma coisa muito extraordinária: tínhamos
partido da aparente obsessão de Leonardo com João Batista, seguíramos a
ligeira sugestão de que o Priorado de Sião, de algum modo, também
estava implicado com aquele santo.
Naquela
fase, a implicação não tinha grande significado, mas, à medida que
seguimos as pistas dos Templários até os maçônicos, e depois
prosseguimos até aos grupos ocultistas, uma ligação muito mais
convincente começou a tomar forma ante os nossos olhos. A
heresia joanina existia, sob os diversos aspectos do mundo secreto
ocultista – e é a esta tradição que o Priorado declara pertencer.
Embora
muitas perguntas importantes continuem sem resposta, um quadro coerente
começava a emergir, um quadro que, de algum modo, ligava João Batista a
uma tradição que, de forma complexa, se mantinha oculta. Mas isto era
apenas uma parte do que emergia como uma heresia composta por dois
elementos, sendo o outro elemento (n.T. e o PRINCIPAL) a veneração secreta de uma deusa, a veneração do princípio feminino de Deus.
É evidente
que este último elemento é difícil de conciliar com as formas
exteriores de organizações, como os maçônicos, que parecem ter uma
orientação excepcionalmente masculina. Evidentemente que vale a pena
possuir os segredos que estão por detrás destes dois elementos – o
Feminino e os temas joaninos – porque eles têm sido defendidos,
guardados e protegidos contra todas as eventualidades e parecem ter atraído a particular hostilidade da Igreja de Roma.
Isto não é surpreendente, porque o segundo elemento destes antigos
segredos esotéricos – a veneração do princípio feminino – revestiu a
forma de magia pagã transcendental, com todas as suas implicações do
poder inerente do Feminino. (Final do capítulo VI)
Links partes anteriores:- http://thoth3126.com.br/o-codigo-secreto-de-leonardo-da-vinci/
- http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02a-no-mundo-secreto/
- http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02b-no-mundo-secreto/
- http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03a-no-rastro-de-madalena/
- http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03b-no-rastro-de-madalena/
- http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03c-no-rastro-de-madalena/
- http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-4a-a-patria-da-heresia/
- http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-4b-a-patria-da-heresia/
- http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-5a-os-guardioes-do-graal/
Permitida a reprodução desde que mencione as fontes e respeite a formatação original.
Nenhum comentário:
Postar um comentário