Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Acabo de ler
o último livro de Umberto Eco, “Número Zero”. Aborda a atuação da imprensa, da má imprensa. Na
trama policial que a narrativa desenvolve, um dos jornalistas afirma que Il Duce,
Benito Mussolini, não foi assassinado em Milão, conforme aprendemos pela
história oficial.
Quem teria
sido assassinado e exposto na Piazzale Loreto, próxima da Estação Ferroviária
Central de Milão, em 29 de abril de 1945 seria um sósia do político italiano. Há
mais de uma versão sobre o destino do verdadeiro Mussolini. Segundo algumas
versões, teria vivido no interior do Vaticano até sua morte natural no fim dos
anos 60, mais precisamente, em 1969. Outra narrativa afirma ter ele migrado
para a Argentina, sob a proteção de Perón e aí terminado seus dias.
A Operation Gladio,
uma organização da Europa Ocidental, patrocinada pela CIA, seria responsável
pela operação que preservou a vida do ditador italiano no final da guerra. A
principal razão seria evitar que os “partigiani” tomassem o poder na Itália.
Esse grupo poderoso de resistência ao fascismo era ligado ao comunismo. Como os
russos já dominavam todo o leste europeu e avançavam pela Alemanha, facilmente
entrariam em uma Itália dominada pelos “partigiani”.
As razões parecem
muito plausíveis, como afirma o próprio Eco em se livro: “Os aliados não querem
que Mussolini seja apanhado pelos partisans porque ele pode revelar segredos que os
comprometeriam, suponhamos a correspondência com Churchill e sabe-se lá que
outro lance. (...) A maioria dos partisans é comunista, está armada até os
dentes, portanto para os russos eles constituem uma quinta coluna pronta a lhes
entregar a Itália também. Por isso os aliados, ou pelo menos os americanos
precisam preparar uma possível resistência a uma revolução pró-soviética.” (ECO
2015, p. 115).
Assim como
todas as teorias da conspiração, esta também possui uma aparência de
plausibilidade. Haveria outras tantas razões igualmente aceitáveis para que
isso de fato tenha acontecido. Um caso semelhante é o do comandante do nazismo
na França Klaus Barbie, que se tornou, após a guerra, colaborador da CIA em
suas investigações, sem jamais ter sido julgado por seus inúmeros crimes de guerra.
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