Quem me apresentou a arte bizantina foi São Francisco de
Assis. Francisco tinha, na pequena capela de São Damião, um crucifixo bizantino.
Quando, em 1956, ingressei no seminário franciscano e fui introduzido nos
rudimentos da cultura específica da Ordem Franciscana, encantei-me com esse Cristo tão diferente dos
demais.
CRUCIFIXO BIZANTINO DA CAPELA DE FREI DAMIÃO, EM ASSIS |
Observando
esta imagem do Cristo Crucificado, percebe-se, já à primeira observação, a
enorme diferença entre ele e os crucifixos anteriores. Os crucifixos comuns
reproduzem apenas um homem crucificado, mutilado e sofredor. Na cruz bizantina,
não se reproduz um Cristo das dores. Embora crucificado, ele tem uma imagem
serena, conforme o princípio cristão de que sua cruz é o princípio de sua
própria glória. Mas não se trata de uma glória de quem se exalta pela vitória. É
a vitória humilde do simples, que venceu porque assim tinha de ser.
A figura central do ícone é o Cristo, não só por seu
tamanho, mas também por ser o Cristo a figura luminosa que domina a cena e
transmite luz para as demais figuras. "Eu sou a luz do mundo; aquele
que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida" (Jo 8,
12). Os olhos de Jesus estão abertos: Ele olha para o mundo que salvou. Ele
vive e é eterno. A veste de Jesus é um simples pano sobre o quadril - um
símbolo tanto do Sumo Sacerdote como de Vítima. O tórax e o pescoço são muito
fortes. Atrás dos braços esticados do Cristo está seu túmulo vazio,
representado pelo retângulo preto. Essa
análise simples mostra o essencial da arte bizantina (http://franciscodeassis.no.sapo.pt/bizantino.htm).
ASCENSÃO |
A mesma fonte anterior apresenta uma análise da ascensão
do Senhor. A ascensão é retratada no círculo vermelho: Cristo está saindo dele
segurando uma cruz dourada que, agora é Seu símbolo de realeza. As vestimentas
são douradas, símbolo de majestade e vitória. A estola vermelha é um sinal de
sua autoridade e dignidade supremas exercidas no amor. Anjos lhe dão
boas-vindas no Reino dos Céus. IHS são as três primeiras letras do nome de
Jesus em grego. NAZARÉ é o Nazareno.
A arte bizantina desenvolveu-se em Constantinopla, que é a
própria cidade grega de Bizâncio, rebatizada pelo imperador Constantino, quando
no século IV d., torna o cristianismo a religião oficial do Império Romano. A capital do Império Romano será, nesse período, Constantinopla. A
arte bizantina terá seu apogeu no século VI d. C., como expressão máxima da arte
religiosa desse momento.
Maestà - Cimabue |
A arte bizantina ressurge no gótico florentino dos séculos
XIII e XIV, com artistas como Giotto e Cimabue. Vejam-se, agora, imagens de
Nossa Senhora de acordo com os moldes artísticos bizantinos.
Giotto - Madona |
Beleza esta tua digressão sobre arte bizantina, destacando-se as observações sobre o
ResponderExcluircrucifixo. E te declaras um leigo... Fico a imaginar o que sobraria para os "experts"?
Atenciosamente,
Jorge Roberto Guimarães | jorguima@globo.com
Obrigado amigo Jorge pela generosidade de tuas palavras.
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