Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Na mitologia
grega, há uma célebre narrativa ligada aos equinócios, que já se constatava
serem os divisores das principais estações do ano: o verão e o inverno. Trata-se
do mito de Adônis.
ADÔNIS |
Segundo
Ovídio, o jovem era fruto de uma relação incestuosa. Cíniras, rei de Panchaia,
cidade da Arábia, engravidara a própria filha Mirra. O rei era também sacerdote de Afrodite. Ele e sua esposa Metharme conceberam uma
encantadora menina a quem deram o nome de Mirra. A mãe afirmava ser a criança
mais linda que a própria deusa. Afrodite, ficou tão irada com a ofensa, que lhe
rogou uma praga, segundo a qual a menina apaixonar-se-ia pelo próprio pai, o
que de fato ocorreu.
Hipólita, criada de Mirra, por doze noites seguidas, introduziu
a jovem no leito paterno pela madrugada, retirando-a logo a seguir até que ela,
por fim, engravida. Sabrdor do embuste, o pai decidiu sacrificar a filha. Ela,
porem, fugiu pela floresta e recorreu, desesperada, à ajuda de Afrodite que,
compadecida, transformou-a em árvore, um pé de mirra, que produziria uma resina altamente amarga em consequência
das lágrimas da jovem. Aos dez meses de sua concepção, o tronco da árvore abriu-se e nasceu o mais encantador dos jovens gregos,
Adônis.
PRIMAVERA - SANDRO BOTTICELLI |
Afrodite colocou o menino em um baú e solicitou a sua amiga
Perséfone, deusa do Hades e esposa de Plutão, divindade dos mortos, para que o
guardasse em um canto qualquer de seu palácio. Curiosa, a deusa abriu o baú
para ver o que ele continha. Percebendo a excepcional beleza do jovem,
apaixonou-se por ele.
A deusa da fecundidade e do amor, quando tomou conhecimento
do ocorrido, desceu ao Tártaro para reclamar sua propriedade. Perséfone
negou-se a devolvê-lo, uma vez que por ele estava apaixonada. Para resolver o
impasse, os deuses estabeleceram que, por meio ano o jovem permaneceria no
Hades com Perséfone e a outra metade retornaria à terra para junto de Afrodite.
VÊNUS E ADÔNIS - TIZIANO |
Essa seria a origem da alternância entre invernos e verões.
Quando Adônis vem à terra, os campos reverdecem e se enchem de plantas e
flores. O sol aquece a todos com o brilho de seus raios e a alegria de sua luz.
Porém, quando Adônis desaparece para ficar ao lado de Perséfone, nas
profundezas da terra, o próprio sol perde sua força e toda a natureza sofre com
o frio, a geada e os ventos cortantes. Tudo, no inverno, fica aparentemente morto, com a vida
adormecida no solo (Hades), período indispensável ao repouso, assimilação e
preparo para novo ano.
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