O jovem de apenas 16 anos, rapidamente transpôs a elegante
multidão. Chegando ao enorme portão de entrada, foi barrado pela guarda que
organizava o festival. Sem entender o que ocorria, contornou a plataforma
inferior e foi galgando os jardins, na busca de um posto de onde tivesse uma
visão de conjunto e pudesse entender o que se passava.
Deslumbrado pela novidade, nunca havia visto tanto povo
reunido, como era ágil, esgueirou-se entre plantas, monumentos e muros e viu-se
no alto da Acrópole ateniense. Empoleirou-se nos braços estendidos de uma gigantesca
estátua de Dionísio. Dali, despercebido, podia contemplar a grandiosidade do
imenso teatro de Atenas.
Àquela hora do fim de tarde, o sombra da montanha cobria
confortavelmente as arquibancadas todas. Pode presenciar as filas de casais e
jovens ricamente trajados, como jamais presenciara em toda sua breve
existência, irem elegantemente ocupando seus lugares.
De repente, ecoa nas dobras da montanha um poderoso som
que lhe provoca certo pavor. Um pano enorme, como jamais tinha visto igual, sobe
lentamente deixando ver um ponto mais elevado e uma estranha personagem, de
longas vestes, com uma estranha máscara cobrindo-lhe as faces.Essa máscara ampliava o alcance do falante.
TEATRO DE ATENAS |
Todos levantam e batem juntamente as mãos. Em seguida, uma
fala de voz poderosa envolve o silêncio de todos. Nada entendia das
primeiras palavras... Aos poucos, foi catando uma palavra aqui outra acolá...
quando tudo acabou... apenas uma minúscula história martelava sua mente... um
homem havia assassinado o próprio pai... os deuses exigiam um castigo...
Quando retornou para o subúrbio onde vivia, Acrísio, jovem
grego da época de Péricles, não esquecia
a tal história... também ele tinha um pai cruel... não fora necessário
executá-lo... os deuses já haviam feito justiça há um ano... Assim, podia
caminhar sem culpa... Podia? Amaldiçoara-o por tantas surras... Jamais havia levantado a mão contra ele... por falta de coragem... porém, muitas vezes desejara fazê-lo...
Pedira inúmeras vezes a Ares que o punisse... Teria o deus posto em sua conta
esse crime? E, como criminoso... um forte remorso roendo-lhe as entranhas... contorcia-se no leito desconfortável...
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