Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
O nome próprio Fátima é muito empregado especialmente em
Portugal. Até mesmo o nome geográfico, o conhecido topônimo Fátima, da
cidadezinha de Ourém, pertencente ao Distrito de Santarém, próximo a Lisboa,
tem a mesma origem, como se verá.
Trata-se de um nome de origem árabe. É sabido que tanto
Portugal quanto a Espanha foram dominados pelos árabes, conhecidos como mouros,
que, do Marrocos, transpondo Gibraltar, em 711 d. C., instalaram-se na península
ibérica, onde permaneceram por mais de 700 anos.
Maomé ter-se-ia casado com Cadija, uma viúva de 40 anos
quando ele teria apenas 25. Segundo uma corrente islâmica, os xiitas, teria
Maomé gerado com ela uma única filha: Fátima. Teriam tido dois meninos mais velhos,
os quais morreriam ainda crianças. As outras três filhas mais velhas atribuídas
ao profeta, seriam de Cadija e do primeiro marido.
Fátima fugiu com o pai para Medina e casou-se com Ali. Era
muito amiga do pai, e muito virtuosa também. Quando Maomé faleceu, em 632 d. C, não designou nenhum sucessor. Tinha somente
a filha Fátima e seu genro Ali.
Seus seguidores porém, em 08 de junho, de 632, elegeram Abu-Bekr como
sucessor do profeta, desprestigiando o genro Ali. O grupo considerado sunita, originado
da palavra suna (sunna), ou seja, o designativo do conjunto de preceitos
estabelecidos no século VIII baseados nos ensinamentos de Maomé e dos
quatro califas ortodoxos. Outros afirmam que suna significa caminho
moderado.
O grupo contrário que defendia o genro como sucessor do
profeta, criou o partido Shiat Ali, ou
seja, parido de Ali. Sempre foi esse grupo considerado mais radical na
interpretação do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos. Desde esse tempo,
shiitas, em português xiitas, e sunitas vivem em constante conflito, embora se afirme que 80 dos
quase um bilhão e meio de muçulmanos do mundo pertença ao grupo sunita.
No
século VIII, com a ocupação dos mouros e com o consequente período de lutas,
o
castelo de Montemor-o-Velho foi um ponto estratégico fulcral.
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Porém, os muçulmanos que conquistaram a península ibérica
conviviam bem entre si e mesmo não tinham conflito com muitos judeus que se
transferiram também para a região. Somente no século XI aconteceram as divisões
internas entre os árabes ibéricos, as taifas.
O grupo fatimita (xiita) era muito forte na região que
hoje recebe o nome de Fátima. Os portugueses tiveram forte influência árabe.
Tanto é verdade que o onomástico Fátima tornou-se extremamente popular no país.
Quase todas as famílias portuguesas têm uma representante com esse nome.
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