Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Segundo a gramática da Língua Portuguesa, quando se constrói
um período composto em que a oração subordinada expressa dúvida, incerteza, o
verbo da subordina deve estar no modo subjuntivo.
Porém, basta abrir os jornais ou assistir a um noticiário de
televisão ou rádio e, rapidamente, encontraremos exemplos em que isso não
acontece. Abaixo, coloco uma pequena demonstração disso
Apenas para quem não está habituado a escrever textos
formais, estou colocando entre parênteses a forma do subjuntivo que deveria ter
sido empregada. Observemos:
1.
"Os cientistas também suspeitam que o
artista aplicou (tenha aplicado) o esmalte diretamente
com as mãos, já que não há marcas de pincel na pintura."
2.
“Suspeita-se que o autor criou (tenha
criado) tal personagem observando tartarugas marinhas que derramam ‘lágrimas’
ao desovar nas praias. A que correspondem as ‘lágrimas’ das tartarugas marinhas
e por que essas tartarugas ‘choram’?”
3.
"Acredito que não foi (tenha
sido) só o Janene. ... que elas eram responsáveis pelo pagamento das
contas domésticas, mas que a movimentação era de ... Ele não inventou
a corrupção , mas já que inventaram , porque não aproveitar?
4.
“Ele julgava que minha mãe só estava (estivesse)
interessada em posses e no dinheiro dele.”
Poderíamos creditar que esses seriam textos feitos sob a
pressão do tempo, para noticiários de apresentação imediata. Porém, já observei
a mesma ocorrência em textos de redatores renomados, como Renato Machado, jornalista da Rede Globo na
Europa, reconhecidamente um ótimo redator. Quer me parecer que o uso do
subjuntivo está, lentamente, sendo abandonado. Na prática, não é o emprego do subjuntivo que gera uma situação de incerteza, mas a incerteza que exige seu uso. Será que
o subjuntivo está morrendo?
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