domingo, 13 de setembro de 2015

LUCIUS IUNIUS BRUTUS – EXEMPLO DE INTOLERÂNCIA

Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Lucius Iunius Brutus (Lúcio Júnio Bruto), foi cônsul na Roma antiga, considerado o fundador da República Romana, no século sexto antes de Cristo. Não confundir com Brutus, filho adotivo e assassino de Julho César.Chocou a própria população romana ao condenar seus dois filhos à morte, por terem conspirado militarmente, ao lado do tio, contra a república romana.
Seu pai era Marco Júnio (Marcus Iunius), segundo o mito, descendente de um dos colonos que vieram com Eneias, da cidade de Troia, destruída pelos gregos. Eneias ter-se-ia casado com Lavínia, filha do rei Latino, e dado origem a Rômulo, o mítico fundador da primitiva monarquia romana.
A mãe de Junius era Tarquínia, filha de Tarquínio Prisco, fundador da segunda dinastia antiga de Roma, também conhecida como dinastia etrusca. Essa dinastia colocara no poder uma classe de cidadãos ricos, uma oligarquia urbana, cuja fortuna provinha dos lucros do comércio. Esses cidadãos opunham-se à antiga oligarquia rural, conhecida como patrícios ou patres patriae (pais da pátria), cujo poder provinha dos latifúndios.
Segundo diversos historiadores, Lúcio Júnio, que era patrício, teria sido um dos articuladores da derrubada dos etruscos do poder, cujo regente nesse tempo era Tarquínio Soberbo.
Lucrécia, esposa de Lúcio Tarquínio Colatino, teria sido violentada pelo primo de seu esposo, o monarca Tarquínio Soberbo. Essa ocorrência, somada ao suicídio de Lucrécia, teria dado motivo ao processo de deposição de Tarquínio, promovido Lúcio Júnio.
Lucas Cranach el Viejo. 1538
Suicídio de Lucrécia, 
Bamberg, Alemania
O cognome de Brutus se origina dessa atitude de Lúcio. Como organizador da ação contra Tarquínio, ele incorre no crime de lesa majestade, que deveria ser punido com a morte.
Os seus advogados conseguiram salvá-lo sob a alegação de ser ele “brutus”, que em latim significa louco. Essa condição deixava-o inimputável, uma vez que loucos não cometem crimes.
Deposto Tarquínio, temendo os latifundiários patrícios o retorno da oligarquia urbana do comércio ao poder, criam um novo sistema de governo conhecido com república (res = coisa, publica = pública).
Tratava-se de um sistema que não mais tinha um monarca, mas no lugar dele estariam no poder dois cônsules, com poderes iguais, tendo o mandato de apenas um ano, eleitos pelas tribos romanas, não podendo ser reeleitos para o mandato imediatamente seguinte ao seu.
Cada uma das tribos tinha direito a um voto, extraído de votação interna. Assim, como havia quatro tribos urbanas e trinta tribos rurais, os cônsules tinham que se submeter a esses trinta e quatro votos.
Na primeira eleição, foram eleitos, pelos patrícios, Lúcio Júnio, agora Brutus, e pela oligarquia urbana, conhecidos como “équites”, ou seja, cavaleiros, pois tinham condições de armar cavalos para a guerra, Lúcio Tarquínio Colatino, viúvo de Lucrécia. Essa escolha foi resultado de uma grande negociação política entre ambas as forças.
Porém, Brutus tinha uma carta na manga. Concluída a eleição, conseguiu aprovar no senado romano uma lei que expulsava de Roma todos os membros da família dos Tarquínios. Assim, Colatino foi banido, e para seu posto foi eleito um jovem orador conhecido como Públio Valério Publícola, da classe dos patrícios.
Fundada a república, na condição de cônsul, Lúcio Júnio teve de enfrentar uma revolução de seus próprios filhos que, como futuros herdeiros do trono dos Tarquínios pelo lado materno, reclamavam o poder para o tio Tarquínio Soberbo.
Juntaram-se a Tarquínio Soberbo numa batalha contra Roma com vistas a restabelecer a antiga monarquia. Presos, os dois filhos, Tito e Tibério, foram executados por ordem expressa de Brutus, diante do desespero da mãe e da filha.
Jacques-Louis David. Os lictores devolvendo
 a Brutus os corpos de seus filhos (1798).
Louvre - Paris




 








Na mesma guerra, Brutus acabou ferido e morto em combate. Assim, Públio Valério Publícola tornou-se o único cônsul, fato que levou a suspeitas de tentativa de retorno à monarquia. No entanto, Publícola realizou as eleições conforme a lei. Exerceu o consulado por três mandatos não sucessivos.

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