Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Lucius
Iunius Brutus (Lúcio Júnio Bruto),
foi cônsul na Roma antiga, considerado o fundador da República Romana, no século
sexto antes de Cristo. Não confundir com Brutus, filho adotivo e assassino de
Julho César.Chocou a própria população romana ao condenar seus dois filhos à morte, por terem conspirado militarmente, ao lado do tio, contra a república romana.
Seu pai era Marco Júnio (Marcus Iunius), segundo o
mito, descendente de um dos colonos que vieram com Eneias, da cidade de Troia,
destruída pelos gregos. Eneias ter-se-ia casado com Lavínia, filha do rei Latino,
e dado origem a Rômulo, o mítico fundador da primitiva monarquia romana.
A mãe de Junius era Tarquínia, filha de Tarquínio Prisco,
fundador da segunda dinastia antiga de Roma, também conhecida como dinastia
etrusca. Essa dinastia colocara no poder uma classe de cidadãos ricos, uma
oligarquia urbana, cuja fortuna provinha dos lucros do comércio. Esses cidadãos
opunham-se à antiga oligarquia rural, conhecida como patrícios ou patres patriae (pais da pátria), cujo
poder provinha dos latifúndios.
Segundo diversos historiadores, Lúcio Júnio, que era
patrício, teria sido um dos articuladores da derrubada dos etruscos do poder,
cujo regente nesse tempo era Tarquínio Soberbo.
Lucrécia, esposa de Lúcio Tarquínio Colatino, teria sido violentada pelo primo
de seu esposo, o monarca Tarquínio Soberbo. Essa ocorrência, somada ao suicídio
de Lucrécia, teria dado motivo ao processo de deposição de Tarquínio, promovido
Lúcio Júnio.
Lucas Cranach el Viejo. 1538
Suicídio de Lucrécia,
Bamberg, Alemania
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O cognome de Brutus se origina dessa atitude de Lúcio. Como organizador
da ação contra Tarquínio, ele incorre no crime de lesa majestade, que deveria
ser punido com a morte.
Os seus advogados conseguiram salvá-lo sob a alegação de ser
ele “brutus”, que em latim significa louco. Essa condição deixava-o inimputável,
uma vez que loucos não cometem crimes.
Deposto Tarquínio, temendo os latifundiários patrícios o
retorno da oligarquia urbana do comércio ao poder, criam um novo sistema de
governo conhecido com república (res = coisa, publica = pública).
Tratava-se de um sistema que não mais tinha um monarca, mas
no lugar dele estariam no poder dois cônsules, com poderes iguais, tendo o
mandato de apenas um ano, eleitos pelas tribos romanas, não podendo ser
reeleitos para o mandato imediatamente seguinte ao seu.
Cada uma das tribos tinha direito a um voto, extraído de
votação interna. Assim, como havia quatro tribos urbanas e trinta tribos
rurais, os cônsules tinham que se submeter a esses trinta e quatro votos.
Na primeira eleição, foram eleitos, pelos patrícios, Lúcio
Júnio, agora Brutus, e pela oligarquia urbana, conhecidos como “équites”, ou
seja, cavaleiros, pois tinham condições de armar cavalos para a guerra, Lúcio
Tarquínio Colatino, viúvo de Lucrécia. Essa escolha foi resultado de uma grande
negociação política entre ambas as forças.
Porém, Brutus tinha uma carta na manga. Concluída a eleição,
conseguiu aprovar no senado romano uma lei que expulsava de Roma todos os
membros da família dos Tarquínios. Assim, Colatino foi banido, e para seu posto
foi eleito um jovem orador conhecido como Públio Valério Publícola, da classe
dos patrícios.
Fundada a república, na condição de cônsul, Lúcio Júnio teve
de enfrentar uma revolução de seus próprios filhos que, como futuros herdeiros
do trono dos Tarquínios pelo lado materno, reclamavam o poder para o tio
Tarquínio Soberbo.
Juntaram-se a Tarquínio Soberbo numa batalha contra Roma com
vistas a restabelecer a antiga monarquia. Presos, os dois filhos, Tito e
Tibério, foram executados por ordem expressa de Brutus, diante do desespero da
mãe e da filha.
Jacques-Louis David. Os lictores devolvendo
a Brutus os
corpos de seus filhos (1798).
Louvre - Paris
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Na mesma guerra, Brutus acabou ferido e morto em combate.
Assim, Públio Valério Publícola tornou-se o único cônsul, fato que levou a
suspeitas de tentativa de retorno à monarquia. No entanto, Publícola realizou
as eleições conforme a lei. Exerceu o consulado por três mandatos não
sucessivos.
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