Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Don Juan - Alexandre-Évariste Fragonard |
Segundo a lenda, Don Juan, depois de uma existência frívola
de conquistas amorosas, em que abandonava suas vítimas logo após atingir seu
propósito amoroso carnal, acabara de seduzir uma jovem de nobre família espanhola.
O cúmulo de sua perversidade foi o assassinado o pai da moça.
Porém, não satisfeito com isso, teria procurado o cemitério
onde se encontrava o túmulo e uma estátua do assassinado e, zombeteiramente,
instado a sua vítima para comparecer a
um jantar em sua companhia.
Inesperadamente a estátua aceitara alegremente o convite. O
fantasma do homem assassinado rondava o cemitério. Petulantemente, Don Juan
apertara a mão da estátua de sua vítima. Porém, o fantasma prendera-o, então, fortemente
pela mão e o arrastara ao inferno.
Na literatura, há muitas versões deste mito. No entanto, a
obra que mais se destaca na literatura espanhola é a do frade Tirso de Molina,
intitulada “El Burlador de Sevilla y Convidado de Piedra”. Tirso viveu entre
1579 e 1648.
Outro escritor espanhol que tratou do tema, escrevendo um
drama, cujo título é “Don Juan Tenorio”, foi Jose Zorrilla y Moral, poeta e dramaturgo
romântico espanhol, o qual viveu entre fevereiro de 1817 e janeiro de 1893.
Na França, Molière, o célebre dramaturgo clássico, escreveu
sua versão a que deu o título simples de “Dom Juan” ou “Le Festin de Pierre”. Trata-se de uma tragicomédia em que Molière, pseudônimo
de Jean Baptiste Poquelin, apresenta o mito espanhol ao gosto da sofisticada plateia francesa.
A obra de
Molière apresenta um personagem infiel,
sedutor, libertino, blasfemo, valente e hipócrita: Don Juan é apresentado como um
aristocrata bon vivant, residente agora na Sicília, que coleciona
conquistas amorosas, seduzindo tanto moças da nobreza quanto simples criadas,
com o mesmo charme e êxito. O única intuito que o move é a conquista. Logo
que atinge o seu intento, abandona suas conquistadas e sai no encalço de nova
vítima.
Suas conquistas despertam inimizades que o obrigam a
bater-se em duelos, aos quais, também não se furta. Ponteia com cinismo seus
relacionamentos com as pessoas de seu meio e questiona tanto os homossexuais quanto
os dogmas religiosos. Incapaz de resistir a um desafio, terá então de
encarar o repto final: um jantar com a estátua do Comendador, que o levará para
o além.
Estes e tantos outros textos literários sobre a lenda fizeram
com que esse mito medieval passasse a ser o símbolo do conquistador barato, que
acaba vítima de seu próprio caráter e comportamento.
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