O que existe por trás da crise de imigrantes na Europa?
De
acordo com dados da ONU (Organização das Nações Unidas), cerca de 2,5
mil imigrantes se afogaram no mar Mediterrâneo somente neste ano vítimas
dos muitos barcos superlotados que tentaram chegar à costa da Itália e
da Grécia. O fluxo de pessoas desesperadas que parte da Síria (envolvida
em um conflito interno) e do norte da África na tentativa de alcançar a
Europa já é muito maior que o registrado no mesmo período do ano
passado.
Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch
Números
recentes mostram que milhares de pessoas estão usando uma rota perigosa
de fuga através dos Bálcãs para chegar à Alemanha e a outros países do
norte da União Europeia (UE).
Na última semana, novas tragédias voltaram a expor ao mundo a gravidade do problema. Confira algumas questões-chave para entender a crise:
Quantas pessoas estão migrando?
Mais de
300 mil imigrantes já arriscaram suas vidas tentando atravessar o
Mediterrâneo neste ano, segundo as Nações Unidas. Em todo o ano passado,
foram 219 mil pessoas.
Cerca de 200 mil pessoas desembarcaram na Grécia desde janeiro, enquanto outras 110 mil chegaram à Itália.
A maioria
dos que chegam às terras gregas optam pela viagem relativamente curta
entre a Turquia e as ilhas de Kos, Chios, Lesvos e Samos – em frágeis
botes de borracha ou em pequenos barcos de madeira.
A viagem entre a Líbia e a Itália é mais longa e arriscada.
Veja, a seguir, algumas das piores tragédias já ocorridas neste ano:
- Dois barcos com cerca de 500 imigrantes afundaram após deixar Zuwara, na Líbia, em 27 de agosto
- Corpos de ao menos 71 pessoas, que podem ser imigrantes sírios, foram descobertos em um caminhão abandonado na Áustria, também em 27 de agosto
- Naufrágio nos arredores da ilha de Lampedusa, na Itália, matou cerca de 800 pessoas em 19 de abril
- Ao menos 300 imigrantes se afogaram ao tentar atravessar as águas agitadas do Mediterrâneo em fevereiro
Sobreviventes
frequentemente relatam violência e abusos cometidos por traficantes de
pessoas. Muitos imigrantes pagam milhares de dólares aos criminosos, e
também é comum que sejam alvos de roubos.
O caos na Líbia têm deixado os traficantes de pessoas livres para explorar os imigrantes.
A Frontex,
agência que controla as fronteiras externas da União Europeia, monitora
as diferentes rotas usadas por imigrantes e como essas pessoas chegam
aos limites do continente.
Segundo o
órgão, cerca de 340 mil foram detectados nas fronteiras desde o começo
do ano. No mesmo período do ano passado, foram 123,5 mil.
De onde eles vêm?
O maior grupo de imigrantes é de sírios, que fogem da violenta guerra civil em curso no país.
Afegãos e eritreus vêm em seguida, geralmente tentando escapar da pobreza e de violações aos direitos humanos.
Os grupos
originários da Nigéria e do Kosovo também são grandes – pobres e
marginalizados integrantes do povo romà (cigano) são boa parte dos
imigrantes vindos do último país.
Na Itália, pessoas que chegam da Eritreia formam o maior grupo, seguidas por aquelas que vêm da Nigéria.
Na Grécia, porém, os sírios formam a maior população, seguidos pelos afegãos.
Para onde eles vão depois?
País da União Europeia que mais recebe pedidos de asilo, a Alemanha espera a chegada de cerca de 800 mil refugiados neste ano.
Rastreamentos
recentes mostram milhares de pessoas tentando alcançar a Alemanha e
outros países da UE por meio da Grécia e pelo oeste dos Bálcãs.
Espera-se que cerca de 3 mil pessoas atravessem a Macedônia todos os dias nos próximos meses, segundo a ONU.
Muitos
então chegam à Sérvia, que diz já ter registrado a presença de 90 mil
imigrantes neste ano. Eles seguem para a Hungria e outros países
signatários Tratado de Schengen, entre os quais é mais fácil cruzar
fronteiras sem ter de mostrar um passaporte ou outro documento.
Só em julho, 34 mil pessoas foram detectadas tentando atravessar a fronteira entre a Sérvia e a Hungria.
Diante
desse fluxo, a Hungria está construindo uma barreira de 175 km para
impedir a entrada de imigrantes. E instou seus parceiros de União
Europeia a não enviarem de volta os migrantes que chegam por meio de seu
território.
A
Convenção de Dublin, princípio central para lidar com pedidos de asilo
na União Europeia, diz que a responsabilidade de examinar uma
solicitação é do primeiro país do bloco em que a pessoa em questão
pisou.
Outros
países enfrentam problemas com o aumento da chegada de imigrantes. A
Áustria, por exemplo, espera receber 80 mil pedidos de asilo neste ano.
Enquanto
isso, milhares estão acampados no entorno de Calais, no norte da França.
Muitos deles arriscam suas vidas tentando atravessar o canal da Mancha
clandestinamente em direção ao Reino Unido.
O que os políticos estão fazendo?
A Frontex tem respondido pela maioria das operações de resgate.
Depois de
muita discussão, em abril os líderes da União Europeia concordaram em
triplicar o financiamento da operação Triton para cerca de 120 milhões
de euros (cerca de R$ 480 mil)
No
entanto, a Frontex afirmou neste mês que não recebeu a ajuda prometida
pelos países-membros da UE para socorrer a Grécia e a Hungria.
No ano
passado, a Itália pôs fim à sua missão de procura e resgate, chamada
Mare Nostrum (do latim “Nosso Mar”) após alguns países do bloco –
incluindo o Reino Unido – afirmarem não ter como mantê-la
financeiramente. Essa decisão foi duramente criticada por grupos de
direitos humanos.
Em abril,
líderes da União Europeia prometeram reforçar a patrulha marítima no
Mediterrâneo, desbaratar as redes de tráfico de pessoas e tomar e
destruir barcos antes que imigrantes embarquem neles. Qualquer tipo de
ação militar tem de respeitar a legislação internacional.
Ainda há várias questões sobre como os imigrantes irão chegar à Europa e como a UE irá lidar com o problema.
O bloco
tentou, sem sucesso, persuadir seus países-membros a aceitar um sistema
de cotas que estipulava aceitar 40 mil sírios e eritreus no decorrer dos
próximos dois anos.
No fim, concordaram em receber 32,5 mil, mas de forma voluntária.
Outros 20
mil que estão nos campos da ACNUR, agência da ONU para refugiados,
também seriam transferidos para a União Europeia, mas os detalhes ainda
não foram decididos.
Os países da UE estão fazendo uma divisão justa?
Há anos a
União Europeia tem tentado acordar uma política de asilo. Algo difícil
quando se tem 28 Estados-membros, cada um com suas forças policiais e
judiciárias.
Defender
os direitos dos imigrantes pobres está difícil em um ambiente econômico
sombrio. Muitos europeus estão desempregados e temem a concorrência com
os trabalhadores estrangeiros, e os países da União Europeia não se
entendem sobre como dividir o problema dos refugiados.
As regras
conjuntas mais detalhadas foram estabelecidas no Sistema Europeu Comum
de Asilo (CEAS, na sigla em inglês) – mas ter regras é uma coisa,
colocá-las em prática em toda a União Europeia é um outro desafio.
Há tensões
dentro da União Europeia por causa da Convenção de Dublin – a Grécia
reclama ter sido inundada com pedidos de asilo, já que muitos imigrantes
chegam primeiro lá.
A Alemanha
anunciou a suspensão da regra e decidiu analisar a maioria dos pedidos
de asilos de sírios, independentemente de como eles entraram na Europa.
A Finlândia também está entre os países que pararam de enviar imigrantes de volta para a Grécia.
O número
de pedidos na União Europeia chegou a 626 mil em 2014, ante 435 mil em
2013, segundo a Comissão Europeia – órgão responsável pelas execuções do
Parlamento Europeu e do Conselho da UE.
A Alemanha concedeu a maioria, seguida por Suécia e Itália.
Como os imigrantes obtêm asilo na União Europeia?
Eles devem
provar às autoridades que são alvo de perseguição e poderiam ser
feridos ou até mesmo mortos se devolvidos para seu país de origem.
De acordo
com as regras da União Europeia, pessoas em busca de asilo têm direito a
alimentação, a primeiros socorros e a serem abrigadas em um centro de
recepção. Também deve ter suas necessidades avaliadas individualmente.
As
autoridades podem conceder o asilo em primeira instância. Se isso não
ocorre, o solicitante pode apelar contra a decisão na Justiça, com
chances de ganhar. A pessoa em busca de asilo deve receber o direito de
trabalhar em até nove meses após sua chegada.
Mais informações em: - http://thoth3126.com.br/vulcao-cumbre-vieja-mega-tsunami-pode-atingir-o-brasil/
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Muy interesante este articulo, está sucediendo tambien en mi país. Venezuela, donde antes viviamos felices y no lo sabiamos.
ResponderExcluirEu vejo nos noticiários e lamento muito. Precisamos construir uma América Latina unida.
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