Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Diante da entrevista de Umberto Eco sobre a migração de refugiados na
Europa, cujo texto publiquei hoje mais cedo faço a seguinte reflexão:
Se me fosse permitido fazer humor a respeito de situações trágicas e
mesmo preocupantes, diria que Umberto Eco anda lendo minhas publicações.
Por ocasião do atentado terrorista contra o jornal francês Charlie Hebdo, em 7 de janeiro deste ano, publiquei um comentário, abordando a marginalização dos estrangeiros na Europa, mormente os negros e os de origem árabe. Eles suprem a carência de mão de obra, executando os trabalhos que os europeus rejeitam, mas são relegados a bairros distantes e, o pior, são considerados gente de categoria inferior, ignorante, suja e indesejável. O trem que leva ao bairro turco de Berlim não tem ar condicionado. Isso cria uma multidão de indivíduos que se percebem indesejados, que não se sentem europeus e são campo fértil para movimentos terroristas de toda natureza.
Por ocasião do atentado terrorista contra o jornal francês Charlie Hebdo, em 7 de janeiro deste ano, publiquei um comentário, abordando a marginalização dos estrangeiros na Europa, mormente os negros e os de origem árabe. Eles suprem a carência de mão de obra, executando os trabalhos que os europeus rejeitam, mas são relegados a bairros distantes e, o pior, são considerados gente de categoria inferior, ignorante, suja e indesejável. O trem que leva ao bairro turco de Berlim não tem ar condicionado. Isso cria uma multidão de indivíduos que se percebem indesejados, que não se sentem europeus e são campo fértil para movimentos terroristas de toda natureza.
Veja a palavra de Umberto Eco:
“Acontecerá algo terrível antes de se encontrar um equilíbrio.” Migração e refugiados, por Umberto Eco
"A Europa irá mudar de cor. E isto é um processo que demorará muito tempo e custará imenso sangue."
A entrevista era sobre livros,
sobretudo o dele que estava para sair, e aconteceu num tempo em que esta
crise de refugiados que nos entrou pelas notícias já existia mas sem o
impacto destes dias – transformados pela imagem do naufrágio da
humanidade simbolizado num menino morto numa praia. A entrevista dele ao
Expresso era sobre livros, mas Umberto Eco falou sobre mais – incluindo
este tema que o preocupa há muito, o da migração e dos refugiados.
Recuperamos o que ele enunciou em abril agora que estamos despertos para
uma tragédia que se estende não há dias nem semanas, mas há meses e
quase anos. É uma reflexão dura: “ A Europa irá mudar de cor. E isto é
um processo que demorará muito tempo e custará imenso sangue”. Mas
também com fé no outros homens – nos que estão e nos que vêm: “A
migração produz a cor da Europa”
7. NO SENTIDO EM QUE HITLER NÃO ERA A CRISTANDADE
“O inimigo é
sempre inventado, construído. Precisamos dele para definir a nossa
identidade. A extrema-direita italiana acredita que são os ciganos ou os
migrantes pobres, ou o Islão em geral, ainda que o Islão possa assumir
muitas formas. Ora, o Estado Islâmico não é o Islão, no sentido em que
Hitler não era a cristandade.”
8. RESPOSTA: NÃO
“A Idade
Média não existe, porque tem dez séculos. É uma construção artificial.
De qualquer forma, vemos que é uma época de transição entre dois tipos
de civilização. E provavelmente – falávamos de migração – estamos numa
era de transição, que é sempre difícil. A questão é: houve alguma era
que não fosse de transição? Resposta: não. Mas houve momentos em que
cada um vivendo no seu país não se apercebia de que havia uma transição a
acontecer no mundo.”
9. CHAMA OS BOMBEIROS
“Qual o papel
do intelectual hoje? Não dar muitas entrevistas! [risos] Falando a
sério, penso que é duplo. Primeiro, é dizer o que as outras pessoas não
dizem. Não é dizer que há desemprego em Itália. Segundo, não é resolver
os problemas imediatos, é olhar para a frente. Se um poeta está num
teatro e há um incêndio, não se põe a recitar poemas: chama os
bombeiros. Pode é escrever sobre incêndios futuros.”
10. PERDA DO PASSADO
“É
impossível pensar o futuro se não nos lembrarmos do passado. Da mesma
forma, é impossível saltar para a frente se não se der alguns passos
atrás. Um dos problemas da atual civilização – da civilização da
internet – é a perda do passado.”
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