Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Mochinho é o nome aplicado a um tipo de banco sem espaldar.
Segundo me parece, é regionalismo gaúcho, ou do sul.
A relação metafórica que se estabelece encontra no gado, símbolo
da cultura regional, o ponto de comparação. A linguagem é marcada pela
incompletude. Ao estabelecer-se o nome desse banco, buscou-se no gado mocho, ou
seja, sem aspas, o ponto metafórico para a designação.
Como o gado mocho não possui aspas, e o banco (mochinho) não
tem espaldar, o nome se justifica pela transferência de traços semânticos.
Segundo a mitologia grega, a metáfora surge de Eros,
divindade do amor, mas também do desejo, da curiosidade, da procura e da busca.
Era filho de Poros, a divindade da abundância, e de Penia, uma mendiga. Vive
entre a carência da mãe que busca completude na abundância, na sobra que é a
essência de seu pai. Assim, a metáfora, para suprir a ausência de uma palavra
que complete um significado mais pleno para determinado ser ou circunstância,
busca uma palavra de outro contexto e a enxerta em nova situação de emprego,
excedendo em abundância a carência da lacuna semântica. Ao chamar uma jovem de
flor, o que ela estritamente falando não é, mas em não encontrando um termo
suficientemente elucidativo para designá-la, busca-se a completude do termo
flor, cuja abertura semântica nesse contexto permite ao sujeito interpretante
um espaço amplo de ressignificação.
A incompletude faz parte da essência humana e a metáfora é a
forma mais rica de preenchimento desse vazio que, em dizendo outro termo, apenas
sugere a completude necessária à razão e ao espírito do leitor.
Todos nós somos eternos filhos de Eros, portanto eróticos, na eterna busca de completude de todos os sentidos possíveis.
Todos nós somos eternos filhos de Eros, portanto eróticos, na eterna busca de completude de todos os sentidos possíveis.
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