Páginas
- Início
- SOBRE O AUTOR
- IMORTAL ASBL
- BRISOLARA NO JÔ
- FAMÍLIA BÓRGIA
- PENSAMENTOS
- POESIAS
- HAGIOGRAFIAS
- FRANÇA - PARIS
- ALEMANHA - NÜRENBERG
- GRÉCIA
- ÁUSTRIA - VIENA
- ESLOVAQUIA - BRATISLAVA
- ITÁLIA - MILÃO
- ITÁLIA-VENEZA
- USA
- REPÚBLICA CHECA - PRAGA
- HISTÓRIA
- LINGUÍSTICA
- LITERATURA
- MITOLOGIA
- LINGUAGEM E GRAMÁTICA
quinta-feira, 31 de março de 2016
quarta-feira, 30 de março de 2016
O FAMOSO PALÁCIO DE ROMA CONSTRUÍDO POR NERO – A DOMUS AUREA NERONIS - NERO'S PALACE IN ROME
Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Nero assumiu o trono muito jovem, com apenas
dezesseis anos, em 13 de outubro de 54. Seu mestre Sêneca governou em seu nome
nos cinco primeiros anos de seu mandato. Gradativamente foi tomando o poder,
que disputou com a mãe que desejava dominá-lo. Somente aos 22 anos, quando a
assassinou, o imperador se tornou livre da influência dela, que tinha então apenas 43.
Nero foi um homem cruel sob cuja responsabilidade
pesam muitos crimes, além do da própria mãe. Assassinou Britânico, seu irmão
adotivo, sua primeira esposa e irmã adotiva Cláudia Otávia, sua esposa Popeia
Sabina, seu mestre e ministro o filósofo Sêneca, seu ministro o escritor
Petrônio, seu colega de estudos o jurista e poeta Lucano, somente para citar
alguns.
Além disso, condenou uma legião de cristãos,
muitos dos quais foram incendiados para iluminar a cidade à noite, como
verdadeiras tochas vivas. Outros tantos foram crucificados em praças públicas. O
cristão mais importante vitimado pelo cruel imperador foi São Pedro, o primeiro
papa católico.
Em julho de 64, mandou incendiar as residências de
madeira que existiam na encosta do monte Esquilino e iniciou a construção de seu
enorme palácio residencial que ficou conhecido como “Domus Aurea”, ou seja,
casa dourada.
DOMUS AUREA NERONIS
Na realidade, ele tentou negociar a transferência
dos moradores para outro local. Como se tratava de um ponto muito próximo ao
centro da cidade, eles não aceitaram a proposta. Ocorreu, então, o incêndio,
apresentado ao povo como acidental.
Nos quatro anos de vida que lhe restaram, o
dinâmico imperador construiu um dos mais deslumbrantes palácios que Roma
conheceu.
A suntuosa construção com imensos jardins, lago e
muitos prédios de diversas dimensões, cobria uma área de 80ha (oitenta
hectares), como oitenta quarteirões quadrados de 100m por 100m. Estendia-se
pelas encostas dos montes Palatino, Esquilino e Célio. Suetônio afirma que,
além dos prédios, “incluía campos de trigo, vinhas, prados onde pastavam carneiros,
bosques povoados de gamos e outros animais selvagens, um lago artificial onde
podiam navegar galeras.”
Contratou também o arquiteto grego Zenodorus que
construiu uma imensa estátua de bronze do próprio Nero, com a altura de trinta
e cinco metros e a colocou na entrada principal da residência. Essa estátua era
chamada de Colosso. Estava próxima do Coliseu (que em Latim é Colosseum).
Aliás, o Coliseu recebe seu nome dessa estátua e situa-se onde estava o lago do
palácio de Nero.
Mas muito mais do que as dimensões era a suntuosidade
do palácio do imperador. A obra toda era um conjunto de mais de 300 salas não
apresentado nenhum aposento para dormir. Ele continuou dormindo em seu palácio
no monte Quirinal.
NOSSAS VISITAS AO LOCAL
CRISTINA - MINHA ESPOSA |
CRISTINA - A FILHA DUDA - OSCAR
A COMADRE ANALIA - LISÂNGELA E OSCAR |
As salas eram revestidas de mármore polido. O
salão central, com uma enorme abóbada por onde entrava a luz solar, cuja cúpula,
girando por impulsão de escravos escondidos nas paredes, dava a impressão do
movimento universal. Os raios solares, com o movimento das cúpulas enormes, e
suas claraboias laterais projetavam-se pelo enorme salão octogonal, causando
impressionante efeito visual.
Embora fosse propriedade privada do imperador,
havia ruas abertas à população, que podia circular pelo entorno dos prédios, bem
como por jardins e parques.
"A principal sala de banquetes era circular e
rodava perpetuamente dia e noite, imitando o movimento dos corpos
celestes", escreveu o historiador Suetonius, autor da biografia de 12
imperadores. "Todas as salas de jantar tinham tetos adornados com marfim,
cujos painéis podiam ser recolhidos e deixar cair uma chuva de flores sobre os
seus hóspedes".
Desta área do palácio, podia apreciar-se uma visão
panorâmica do Fórum Romano. Mas o próprio imperador não usufruiu do palácio por
muito tempo. A construção terminou em 68 d. C. ano em que Nero se suicidou,
após ser afastado do trono, por uma ação do senado romano.
Hoje, somente restam algumas ruínas da Domus Aurea
Neronis, espalhadas pelo centro de Roma, próximas às ruínas do Coliseu.
domingo, 27 de março de 2016
MARIA MADALENA - PERSONAGEM BÍBLICA EXTREMAMENTE CONTROVERTIDA
Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Maria Madalena, ou Maria de Magdala é uma das personagens bíblicas
mais controvertidas. Sua imagem transita entre a santa e a prostituta. Aparece
sempre como uma das mais fiéis seguidoras de Jesus Cristo. Mas, por vezes,
chega ser considerada até mesmo amante do mestre.
De acordo com Gregório Magno, é apresentada como a "pecadora" que
aparece no Evangelho de Lucas (Lc 8:2), também a identifica como sendo a mesma
Maria de Betânia, irmã de Lázaro, o amigo ressuscitado por Jesus.
Maria era originária de Magdala, uma pequena aldeia situada
na antiga Galileia. Acreditava plenamente que Jesus era o Messias esperado
pelos judeus. Isso aparece em Lucas (Lc 8:2), e em Marcos (Mc 16:9).
Ela esteve presente nos momentos fundamentais da vida de
Jesus Cristo, especialmente na crucificação e no funeral, onde aparece ao lado
de Maria mãe, conforme se lê em Mateus (Mt 27:56), Marcos (Mc 15:40), em Lucas
(Lc 23:49) e em João (Jo 19:25).
No sábado, dia sagrado judaico, após o pôr do sol, quando
findava a sacralidade do dia consagrado, segundo o antigo testamento, ela teria
comprado perfumes com a finalidade de preparar a exéquias do mestre, conforme o
costume judaico.
Permanecera na cidade durante todo o sábado, e no dia
seguinte, de manhã muito cedo, "quando ainda estava escuro" , foi ao sepulcro. Maria estava da parte de fora, a chorar, debruçou-se
para dentro do túmulo e viu dois anjos vestidos de branco sentados no lugar onde tinha
estado o corpo de Jesus, um á cabeceira e outro aos pés. Perguntaram-lhe: "Mulher, porque choras?" E ela respondeu : "porque levaram o meu
Senhor e não sei onde O puseram". Dito isto, voltou-se para trás e viu
Jesus de pé, mas não O reconheceu.
E Jesus disse-lhe: " Mulher, porque choras? Quem procuras? Ela, pensando que fosse a o encarregado do Horto, disse-Lhe: "Senhor, se foste tu que O tiraste, dize-me onde O puseste, que eu vou buscá-lO. Disse-Lhe Jesus: "Maria!" Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: " Rabbuni!"- que quer dizer Mestre! Jesus disse-lhe; "Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: "Subo para O meu Pai que é vosso Pai, para O meu Deus que é vosso Deus": Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: "Vi o Senhor!" E contou o que Ele lhe tinha dito. (Jo 20:18; Mt 28:1-10; Mc 16: 1-11; Lc 24: 1-10; Jo 20: 1-2). Nada mais se sabe sobre ela a partir da leitura dos Evangelhos canônicos, ou sejam, os quatro que compõe a Bíblia cristã.
E Jesus disse-lhe: " Mulher, porque choras? Quem procuras? Ela, pensando que fosse a o encarregado do Horto, disse-Lhe: "Senhor, se foste tu que O tiraste, dize-me onde O puseste, que eu vou buscá-lO. Disse-Lhe Jesus: "Maria!" Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: " Rabbuni!"- que quer dizer Mestre! Jesus disse-lhe; "Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: "Subo para O meu Pai que é vosso Pai, para O meu Deus que é vosso Deus": Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: "Vi o Senhor!" E contou o que Ele lhe tinha dito. (Jo 20:18; Mt 28:1-10; Mc 16: 1-11; Lc 24: 1-10; Jo 20: 1-2). Nada mais se sabe sobre ela a partir da leitura dos Evangelhos canônicos, ou sejam, os quatro que compõe a Bíblia cristã.
Hoje, alguns escritores e estudiosos, como Margaret George,
Henry Lincoln, Michael Baigent e Richard Leigh, em livros como “O Santo Graal e
a Linguagem Sagrada”, (1982), como também o ficcionista Dan Brown em “O Código da
Vinci”, colocam Maria Madalena como fazendo parte dos apóstolos de Cristo.
Brown confunde-a evidentemente com o apóstolo João que, por ter apenas dezesseis
anos, era imberbe. Leonardo da Vinci, como homem extremamente culto, sabia
muito bem disso. Diferentemente do que afirma Brown ao confundi-lo com Maria Madalena, coloca-o, como o discípulo sempre disponível e apóstolo que ele amava, coloca-o, portanto, ao lado do mestre.
Depois, há o caso dos evangelhos considerados pela Igreja
como apócrifos, sendo mesmo um deles atribuído a Madalena. As razões da escolha
dos Evangelhos para o Novo Testamento, por influência do imperador Constantino
no século IV d. C., não são muito claras até hoje. O porquê desses quatro e não
outros não é ponto pacífico entre os estudiosos das sagradas escrituras.
Há um fato que ninguém pode negar: a popularidade de
Maria Madalena em suas diversas faces e versões. As artes representaram muito
bem isso. É uma das personagens mais trabalhadas pelos artistas através dos
tempos.
A seguir, apresento pinturas e esculturas da grande
personagem do cristianismo que julguei representativas entre as milhares que se
fizeram séculos seguidos.
VEJA UMA GALERIA DE OBRAS IMPORTANTES:
Maria Madalena - escultura de Gian Lorenzo Bernini Catedral de Siena, Itália. (1661). |
sábado, 26 de março de 2016
sábado, 19 de março de 2016
sexta-feira, 18 de março de 2016
REVISITANDO FLORBELA ESPANCA
Ambiciosa
Para aqueles fantasmas que passaram,
Vagabundos a quem jurei amar,
Nunca os meus braços lânguidos traçaram
O voo dum gesto para os alcançar ...
Se as minhas mãos em garra se cravaram
Sobre um amor em sangue a palpitar ...
__Quantas panteras bárbaras mataram
Só pelo raro gosto de matar !
Minh’ alma é como a pedra funerária
Erguida na montanha solitária
Interrogando a vibração dos céus !
O amor dum homem ? __Terra tão pisada,
Gota de chuva ao vento baloiçada ...
Um homem ? __Quando eu sonho o amor de um Deus ! ...
Para aqueles fantasmas que passaram,
Vagabundos a quem jurei amar,
Nunca os meus braços lânguidos traçaram
O voo dum gesto para os alcançar ...
Se as minhas mãos em garra se cravaram
Sobre um amor em sangue a palpitar ...
__Quantas panteras bárbaras mataram
Só pelo raro gosto de matar !
Minh’ alma é como a pedra funerária
Erguida na montanha solitária
Interrogando a vibração dos céus !
O amor dum homem ? __Terra tão pisada,
Gota de chuva ao vento baloiçada ...
Um homem ? __Quando eu sonho o amor de um Deus ! ...
quarta-feira, 16 de março de 2016
segunda-feira, 14 de março de 2016
RECORDANDO A POESIA PORTUGUESA DE FLORBELA ESPANCA
Eu ... (Florbela Espanca)
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
sábado, 12 de março de 2016
REVISITANDO BILAC
Já no título do poema a seguir, Bilac apela ao leitor erudito, trazendo uma parte do primeiro verso de A Divina Comédia de Dante Alighieri:
Nel mezzo del cammin di nostra vita
mi ritrovai per una selva oscura,
ché la diritta via era smarrita.
mi ritrovai per una selva oscura,
ché la diritta via era smarrita.
Assim, nosso poeta parnasiano apela para o grande narrador italiano, cuja amada Beatriz somente vai ser encontrada no Paraíso. Orienta, de certa forma, a interpretação do leitor para um amor interrompido pela morte.
Nel mezzo del camim...
Olavo Bilac
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
Nel mezzo del camim...
Olavo Bilac
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
sexta-feira, 11 de março de 2016
LEMBRANÇAS POÉTICAS DA MINHA JUVENTUDE
Duas almas (Alceu Wamosy)
Ó tu que vens de longe, ó tu, que vens cansada,
Entra, e, sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,
Vives sozinha sempre, e nunca foste amada...
A neve anda a branquear, lividamente, a estrada,
E a minha alcova tem a tepidez de um ninho,
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
Se banhem no esplendor nascente da alvorada.
E a minha alcova tem a tepidez de um ninho,
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
Se banhem no esplendor nascente da alvorada.
E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,
Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
Podes partir de novo, ó nômade formosa!
Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
Podes partir de novo, ó nômade formosa!
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha.
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...
quinta-feira, 10 de março de 2016
APENAS PARA RECORDAR CAMILO PESSANHA
Prof. Dr.. Oscar Luiz Brisolara
CAMINHO II (Camilo Pessanha)
Encontraste-me um dia no caminho
Em procura de quê, nem eu o sei.
Bom dia, companheiro, te saudei,
Que a jornada é maior indo sozinho
É longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei...
Na venda em que poisaste, onde poisei,
Bebemos cada um do mesmo vinho.
É no monte escabroso, solitário.
Corta os pés como a rocha dum calvário,
E queima como a areia!... Foi no entanto
Que choramos a dor de cada um...
E o vinho em que choraste era comum:
Tivemos que beber do mesmo pranto.
quarta-feira, 9 de março de 2016
UNIDADE E PLURALIDADE NO EXISTIR
Ás vezes, a quebra das normas da gramática oficial produzem um texto que permite leituras diferenciadas:. Veja a seguinte sequência agramatical:
"Nois era sete irmão. Fumu morrenu, fummu morrenu e fiquemu eu só." Nos ternos "nois" e "sete", estão marcas de pluralidade, enquanto "era" e "irmão" são marcados pela singularidade. Essa alternância ente "Nois" e "era", "sete" e "irmão" destaca de um lado a quantidade: eram muitos; de outro, a singularidade, eram um, havia unidade que se mantém na sequência seguinte. Em "fumu morrenu" não há uma separação, como acontece em foram morrendo, pois o narrador, que está vivo, destaca as perdas de parte de si a cada morte dos que se foram. Em "fumu morrenu" está contida a mágoa de, na morte de cada um, ocorrer a perda de um pouco de si, na essência dos que ficavam. Acontece então a epifânica conclusão de "fiquemu eu sò" em que neste que ficou e que narra a ocorrência ter permanecido um pouco de todos os outros que se foram. Permite-se então a parousíaca conclusão de que aqueles que se amam estamos sempre todos numa unidade epifânica universal, indissolúvel e eterna, estando vivos ou mortos numa eterna comunidade.
quarta-feira, 2 de março de 2016
OS FALSOS PROFETAS DA ECONOMIA – THE FALSE PROPHETS OF ECONOMY
Prof, Dr. Oscar Luiz Brisolara
Estamos cansados do processo manipulatório diário
da imprensa em que somos induzidos a concluir que os problemas mundiais que
enfrentamos neste momento são meras consequências de má gestão econômico-fncanceira
ou simples resultado de leis econômicas universais.
Economistas como Carlos Alberto Sardenberg e
jornalistas como William Waack, por sinal muito competentes em suas funções,
parece estarem a serviço de entidades cujas finalidades fogem ao alcance do
simples cidadão.
Com tabelas estatísticas muito bem manejadas,
querem levar-nos a concluir que tudo o que fazem é apenas demonstrar
cientificamente o que se passa como nossa economia. Trazendo apenas dados
verdadeiros, conduzem a uma ilação de verdade indiscutível.
Acontece que jamais trazem à baila fatos históricos
que comprovem ser a economia mundial manipulada e toda asas crises, como a de 1929, ou
mesmo as guerras, são resultado de manobras e disputas econômicas e políticas.
Para não nos atermos a fatos muito próximos que
podem distorcer as análises, da mesma forma como um espelho colado à face
distorce as imagens, como estudioso da história antiga e de antropologia, passo
a analisar apenas um fato de manipulação da economia ocorrido na antiga República Romana
pré-cristã.
Aconteceu no primeiro século antes de Cristo. Já viviam
os romanos há mais de quatrocentos sob o regime republicano. Acumulavam-se
conquistas por parte das classes menos favorecidas.
A mais recente delas era a reforma agrária
aprovada séculos antes pelos tribunos Sextius
e Licinius, e posta em prática
com a divisão dos latifúndios pelos Irmãos Gracos, Tiberius e Caius, que
formaram a controversa comissão agrária para a divisão dos latifúndios.
Palavras de Tiberius
em defesa das reforma agrária citadas por Plutarco: "Que os animais selvagens que viviam por
toda a Itália tinham pelo menos suas tocas, [...] (mas os cidadãos que lutam
pela pátria) falsamente são chamados de senhores e dominadores do mundo, quando
na verdade não têm uma só polegada de terra que lhes pertença". (Plutarco: Tibério Graco).
As leis agrárias dos Gracos não permitiam que o
cidadão que tivesse recebido terras do Estado as vendesse. Caso não desejasse
mais dedicar-se à agricultura, devolveria a propriedade ao governo, que o
indenizaria pelas benfeitorias aí edificadas.
Porém, essa reforma durou pouco tempo. Com o
argumento de que nada mais plenificaria o poder de posse de suas terras do que
o direito de dispor delas como bem entendesse, inclusive vendê-las, foi
aprovado um adendo à lei, permitindo ao cidadão vender as terras recebidas do
Estado.
Já nesses tempos, os agricultores financiavam suas
plantações junto a instituições de crédito ou com outros agricultores mais
abastados. Sabedores disso, os senadores da república, que também eram os maiores latifundiários de Roma, no
momento da colheita fizeram uma grande importação de produtos agrícolas,
mormente de trigo, o produto de maior representatividade na agricultura romana,
exatamente no momento da colheita. Isso aviltou os preços de tal maneira que
sequer havia compradores para safra do momento.
A grande maioria dos produtores rurais de então
entrou em situação de insolvência junto às instituições financeiras. A solução
foi vender as terras para pagar os bancos. As terras, que haviam sido
indenizadas por um valor de mercado foram recompradas por valores aviltados
pelo excesso de oferta. Esse fato mostra que as leis da economia podem ser e são
manipuladas.
Num momento como o presente, em que os
instrumentos de manipulação agem de forma muito mais sutil sobre os agentes
econômicos, devido ao poder da alta tecnologia, dificilmente se podem
identificar os reais agentes do processo. Percebem-se facilmente os efeitos.
O que está ocorrendo com a economia deste século
XXI é muito mais resultado de disputas econômicas entre poderosos blocos de
instituições internacionais, do que pura e simplesmente efeito inexorável de
leis mecanicistas do processo econômico mundial. Max Weber afirma que as
disputas entre os poderosos criam brechas pelas quais podemos observar um pouco
do que acontece nas lutas entre os diferentes grupos de interesses
internacionais.
Muito mais nos aguarda no futuro próximo em diversas áreas. Na disputa energética, estamos entre a eletricidade e o petróleo. O próprio Estado Islâmico, vendendo petróleo a menos de vinte dólares ao barril, é um instrumento para aviltar os preços internacionais dessa commodity, o que prejudica economias poderosas como a Rússia, maior exportador mundial do produto.
Não podemos olhar para os fatos com o olhar ingênuo do "Cândido" de Voltaire e acreditar que "tudo é para o nosso bem"
Assinar:
Postagens (Atom)