Agricultores portugueses aderem aos protestos na Europa
Produtores rurais portugueses bloquearam com centenas de tratores as principais vias que cortam o país de Norte à Sul nesta sexta-feira (02/02). Os atos estão acontecendo em Coimbra, Alcochete e Vila Franca de Xira, próximas à costa portuguesa, mas ainda não chegaram à capital Lisboa. As reivindicações por melhores remuneração e manutenção de subsídios são as mesmas feitas em outros países da Europa.
Agricultores portugueses aderem aos protestos na Europa
Fonte: Globo Rural
As paralisações das rodovias portuguesas começaram ontem, após a escalada de atos pela Bélgica e França, e deram uma arrefecida à noite, depois de anúncios acelerados do governo de Portugal pró-agricultura. O protesto foi organizado pelo Movimento Civil de Agricultores.
Nessa mesma época, em 2023, milhares de produtores se mobilizaram por meio da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) devido a uma decisão que regionalizava a política agrícola, desenvolvimento rural e pesca, e aprovação de projetos, cujo investimento fosse de fundos nacionais e europeus.
A medida não agradou os portugueses, porque o setor considerou uma forma de deixar a agricultura em segundo plano.
Um ano depois, a situação se agrava, com um corte de 35% nos subsídios aos agricultores, após o governo português ter decidido inscrever uma área de 10 mil hectares de conversão da agricultura convencional para biológica, mais “verde” quando no ano anterior o número chegava em 460 mil hectares. Todos aqueles que entrassem no programa de adaptação seriam beneficiados com subsídios, porém o corte de área representou uma quebra de repasse de 25% a 35% aos agricultores, que voltaram a se rebelar este ano.
Para conter as manifestações, o governo anunciou ontem que começará a pagar os subsídios atrasados. A agricultura portuguesa é variada, com vinho e azeite sendo os principais produtos finais da atividade agrícola espalhada pelo país, em especial no Sul, onde há pequenas áreas com frutas e hortaliças.
Em 2022, o setor primário português, formado pelas atividades agropecuárias, silvicultura e pesca, representou 1,9% do PIB do país, segundo pesquisa realizada pelo Novobanco, instituição financeira portuguesa.
Já há Crise no abastecimento
Os protestos que se espalham pela Europa evidenciam uma preocupação de moradores das regiões afetadas com o abastecimento de supermercado e armazéns. A situação de desabastecimento começa a se desenhar em Luxemburgo, um pequeno país entre Alemanha, Bélgica e França, onde alguns supermercados já têm gôndolas vazias.
Foi o que afirmou Roberta Zuge, integrante do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) em nota, nesta sexta-feira. Fotos tiradas por Roberta em mercados do pequeno país de cerca de 600 mil habitantes, onde ela reside, mostram a falta de produtos frescos, como hortaliças e frutas.
De acordo com a nota da entidade, a perspectiva é que deva piorar. “Não há previsão para que este movimento pare. Nas redes sociais os produtores estão inflamados, exigindo mudanças“, diz.
Mais atos ocorrem na França
Com o aceno do governo francês em prol dos agricultores, muitos bloqueios estão sendo desfeitos desde a noite da quinta-feira (01/02). No entanto, a Confederação Campesina anunciou hoje que irá continuar as paralisações em depósitos de alimentos na próxima semana.
Na página oficial da entidade no X (ex-Twitter), representantes replicam fotos de prateleiras de supermercados vazias em Saint-Étienne-de-Montluc, ponto logístico importante da região costeira do país.
As principais entidades à frente das manifestações, Federação Nacional de Sindicatos de Agricultores (FNSEA, na sigla em francês) e Jovens Agricultores recuaram, após os anúncios de 150 milhões de euros ao setor e de fiscalização rigorosa sobre a origem dos produtos na França feita pelo governo francês.
Nenhum comentário:
Postar um comentário