A Crônica de Akakor – O Livro da Formiga (5)
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A CRÔNICA DE AKAKOR – O LIVRO DA FORMIGA (5)
Livro: “A CRÔNICA de AKAKOR” (Die Chronik von Akakor – 1978), por Karl Brugger, prefácio de Erich Von Daniken, tradução de Bertha Mendes.
Fonte: https://www.bibliotecapleyades.net/arqueologia/akakor
Capítulos anteriores:
- A Crônica de Akakor – Introdução
- A Crônica de Akakor – O livro do Jaguar (1)
- A Crônica de Akakor – O livro da Águia (2)
- A Crônica de Akakor – O livro da Águia (3)
- A Crônica de Akakor – O Livro da Formiga (4)
A DESINTEGRAÇÃO DO IMPÉRIO
Os Ugha Mongulala tornaram-se uma pequena nação. Mas somos um povo antigo, o mais velho do mundo. Durante milhares de anos vivemos no Grande Rio e nas montanhas dos Andes. Nunca fomos mais além, nem na guerra nem na paz, e nunca nos aventuramos a ir ao país dos Bárbaros Brancos. Mas os Bárbaros Brancos entraram no nosso país, tomando posse dele. Perseguiram-nos, cometeram atos hediondos e ensinaram-nos muitas coisas horríveis. Antes de atravessarem o oceano, a paz e a unidade reinava entre as Tribos Escolhidas. Mas agora há guerra constante. Os colonos brancos avançaram até à nascente do Grande Rio e roubaram a nossa terra. É o melhor e o último pedaço de terra que temos. Aqui nascemos e aqui crescemos. Os meus antepassados aqui viveram e morreram; nós também desejamos ficar e morrer aqui. O país é nosso.
Se os Bárbaros Brancos tentarem rouba-lo lutaremos, tal como fizeram os nossos antepassados e está escrito na crônica: Os Bárbaros Brancos reuniram-se. Tomaram as suas armas e os animais em que podiam montar. Os seus guerreiros eram numerosos quando subiram o Grande Rio. Mas os Servos Escolhidos sabiam da sua vinda. Não tinham dormido. Haviam observado o inimigo enquanto se estavam preparando para a batalha. Então os Bárbaros Brancos partiram. Planejaram um ataque à noite, quando os Servos Escolhidos estivessem adorando os seus deuses. Mas não atingiram a sua finalidade. O cansaço e o sono venceu-os no caminho e os guerreiros das Tribos Escolhidas vieram cortar-lhes as barbas e as sobrancelhas. Tiraram-lhes os enfeites de prata dos braços e atiraram-nos para o Grande Rio. Fizeram isto como retribuição e para os humilhar. Deste modo mostraram a sua força.
No início do décimo terceiro milênio (século XVIII), os conquistadores brancos continuaram a sua progressão. Depois dos soldados vieram os garimpeiros, que procuravam nos rios as pedras que brilham e o metal dourado. Caçadores com armas e com armadilhas juntavam peles de jaguares e de antas. Os padres dos Bárbaros Brancos erguiam templos sob o sinal-da-cruz. Cento e cinqüenta anos após a chegada dos primeiros navios à costa leste, o império dos Ugha Mongulala era só constituído pelos territórios da parte superior do Grande Rio, as regiões do rio Vermelho, a parte norte da Bolívia e as encostas orientais dos Andes. As comunicações com Akahim tinham desaparecido. A fronteira fortificada de oeste estava em ruínas. Os únicos sobreviventes das primitivamente poderosas Tribos Aliadas eram os componentes da Tribo dos Matadores das Antas, da Tribo dos Corações Negros, da Tribo dos Maus Espíritos e da Tribo dos Comedores de Refugo. A Tribo dos Demônios do Terror tinha fugido para a profunda vastidão das lianas.
Os Vagabundos sobreviventes viviam na região de Akahim. Os Bárbaros Brancos avançaram inexoravelmente, destruindo o que quer que fosse que se lhes opusesse ou que lhes desagradasse. Tal como a formiga dilacera a carne dos ossos do jaguar ferido, assim destruíram o império das Tribos Escolhidas. Impotentes, os Ugha Mongulala esperavam o ataque dos inimigos. Num desespero sem forças, experimentaram o declínio do seu outrora tão poderoso império. As mulheres ainda usavam as roupas dos seus maridos; caçadores ainda seguiam o rastro do javali e guardavam-no para a estação das chuvas; os guerreiros mantinham-se vigilantes nas poderosas muralhas de Akakor sob a proteção das altas montanhas e dos profundos vales. Mas todas as vidas e ações do Povo Escolhido foram sombreadas por uma profunda tristeza. Os seus rostos eram pálidos, brancos e fatigados como as flores que se abrem nas profundidades da vastidão da liana.
Onde estavam os Deuses, que haviam prometido voltar quando irmãos do mesmo sangue e do mesmo pai estivessem em perigo? Que foi feito da justiça das eternas leis, que, de acordo com o legado dos Deuses, também deviam governar os Bárbaros Brancos? O povo não viu saída. Nem sequer os sacerdotes tiveram resposta. Este foi o começo do declínio. Este foi o inglório fim do império. Assim começou a vitória dos Bárbaros Brancos. Eram como os maus espíritos, e também fortes e poderosos. Cometiam crimes mesmo à luz do dia. E os Servos Escolhidos uniram-se. Pegaram em armas. Queriam enfrentar os Bárbaros Brancos e combater. Queriam acabar com eles nos quatro cantos do Império. Sem receio das poderosas armas, quiseram tirar vingança dos seus crimes. Porque os Servos Escolhidos nunca tinham estado tão cegos pelo poder ou pela riqueza como os Bárbaros Brancos.
A GUERRA NO GRANDE RIO
As tribos selvagens da parte baixa do Grande Rio são indolentes e tranqüilas como a água antes de chegar ao mar. Quando Lhasa expandiu o Império até à embocadura do rio, vieram ao seu encontro trazendo-lhe presentes. Saudaram os seus guerreiros com penhores de amizade. Da melhor vontade se aliaram à então mais poderosa nação do mundo. Só desejavam a sua terra, onde pudessem viver em paz e tranqüilidade. Só depois da chegada dos Bárbaros Brancos começaram as tribos selvagens a alterar a sua maneira de viver. Muito embora tivessem antes suportado os Ugha Mongulala, agora serviam aos Bárbaros Brancos, que lhes tinham prometido riqueza e poder.
Mas os Bárbaros Brancos não sabem nada quanto ao valor das promessas. O seu coração é frio, e a sua maneira de pensar muito estranha e complicada. Não lutam uns contra os outros pela honra de um homem ou para provar a sua força; fazem guerra só por causa das coisas que possam roubar. As tribos selvagens da parte baixa do Grande Rio também começaram a experimentar isto. As atrocidades que os Bárbaros Brancos cometeram eram tão horríveis que até este povo tranqüilo pegou em armas. Uniram-se e declararam guerra aos seus opressores. Os batedores trouxeram notícias ao Alto Conselho de Akakor no que dizia respeito a esta revolta, que dentro em pouco degenerou numa luta civil entre os Bárbaros Brancos.
Os relatos dos combates eram horríveis. Os Bárbaros Brancos perseguiram os rebeldes sem a mínima piedade. A coberto da escuridão, atacavam cidades e aldeias. Matavam o povo comum com armas que cuspiam fogo. Os chefes foram pendurados pelos calcanhares nas árvores e os seus corações foram cortados. Dentro em pouco a Grande Floresta ressoava com os gritos dos moribundos, Os sobreviventes arrastavam-se pelo país como se fossem sombras e pediam justiça aos Deuses, tal como está escrito na crônica: Que espécie de povo é este que nem sequer respeita os seus próprios deuses, que mata porque se regozija com o sangue de estrangeiros? São miseráveis. São quebradores de ossos. Bateram nos seus próprios irmãos até ficarem em sangue, sugaram-nos até ficarem secos e espalharam os seus ossos pelos campos. É o que eles são: quebradores de ossos, esmigalhadores de crânios, um povo miserável.
A guerra sem trégua e perdão dos Bárbaros Brancos durou três anos. Três vezes o Sol passou de leste para oeste antes que a guerra acabasse. Então a terra no Grande Rio parecia como se tivesse sido toda limpa. Parecia uma vasta extensão de oceano, onde até os grandes navios dos Bárbaros Brancos estão perdidos. As tribos selvagens foram exterminadas. Apenas um terço da população havia sobrevivido. Mas a força dos Bárbaros Brancos também estava exausta. Durante as décadas seguintes, os Ugha Mongulala tiveram muita necessidade de espaço para respirar. Podiam retirar-se e tornar a arranjar a defesa das restantes regiões. O meu povo tomou outra vez coragem. Sacrificou incenso e mel das abelhas e venerou a memória dos mortos e os antigos deuses.
As Tribos Escolhidas reuniram-se. Juntaram-se em frente do espelho dourado para dar graças pela luz, e chorar os mortos. Acenderam resina, queimaram ervas mágicas e incenso. E pela primeira vez na História, os Servos Escolhidos cantaram a canção do Sol Negro, com dó e tristeza: Maldição sobre nós, O brilho do sol é negro. A sua luz cobre a Terra de tristeza. Os seus raios predizem a morte. Maldição sobre nós. Os guerreiros não regressaram. Caíram na batalha do Grande Rio, Os arqueiros e os batedores, os fundeiros e os lanceiros. Maldição sobre nós, O brilho do Sol é Negro. A escuridão cobre a Terra.
O AVANÇO DOS SERINGUEIROS
A paz nas fronteiras orientais do Império prevaleceu um curto período. Mal se tinham passado cinqüenta anos depois das batalhas travadas na parte baixa do Grande Rio, os Bárbaros Brancos recuperaram-se das suas perdas. Prepararam-se para um novo ataque na Grande Floresta. De Manaus como chamam à sua maior cidade, avançaram numa grande frente para zona superior do Grande Rio, o rio Vermelho e o rio Negro. E de novo eram movidos pela sua insaciável ambição. Os Bárbaros Brancos haviam descoberto o segredo da borracha. O meu povo conheceu o segredo da árvore da borracha há milhares de anos. Os nossos sacerdotes usavam a sua seiva para fazer remédios e venenos. Também a usaram para as cores da pintura de guerra e para a construção e vedação de casas. Mas o meu povo respeita as leis da natureza. Junta só pequenas quantidades de borracha, tal como os Bárbaros Brancos chamam à seiva das árvores.
Evitam tudo que possa prejudicar a vida das florestas. Os Bárbaros Brancos, impiedosamente, devastaram a natureza. Enviaram para a floresta de cipós centenas de milhares de homens, levados pela promessa de uma riqueza rápida estimulada pelas armas dos chefes. Dentro de pouco tempo, o primitivamente fértil país transformou-se num desolado deserto. Este renovado avanço dos Bárbaros Brancos tornou-se mesmo mais perigoso para Akakor do que as suas campanhas cem anos antes. Nesta época contentavam-se com um rápido saque. Agora mantinham-se nas florestas. Instalavam-se e cultivavam o solo. As tribos selvagens tinham de fugir. Os que ficaram eram mortos pelos seringueiros ou ficavam presos como animais em grandes acampamentos. Generalizou-se um grande desânimo.
Porque os Bárbaros Brancos não conheceram a luz de Deus, a face da Terra escureceu. O segundo avanço dos Bárbaros Brancos surpreendeu os Ugha Mongulala, que viviam no planalto do Mato Grosso e na fronteira da Bolívia. Estes eram os mais antigos territórios tribais do meu provo. Aqui tinham vivido os nossos antepassados desde a chegada dos Deuses, há quinze mil anos. Os guerreiros foram obrigados a recuar perante o avanço dos seringueiros e dos colonos. Mesmo a maior força dos Ugha Mongulala não teria sido capaz de deter os Bárbaros Brancos. Vinham em enorme número. Os seus chefes tinham armas fortes e superiores. De modo que o Alto Conselho resolveu estabelecer uma nova fronteira do Império na Grande Catarata, no sopé dos Andes. Aqui, os Ugha Mongulala aceitaram a batalha.
Dali defenderam Akakor, tendo a vantagem da dificuldade do terreno, e resolveram morrer em nome do legado dos Primitivos Mestres. No decorrer das batalhas, os chefes desenvolveram novas táticas. Às primeiras horas da manhã, quando os Bárbaros Brancos ainda estavam a dormir, os nossos guerreiros entravam furtivamente nos seus acampamentos. Dominavam os guardas e levaram as choupanas, que eram construídas sobre postes, até o rio.
Os brancos bárbaros que dormiam afogavam-se ou eram devorados por peixes. Quando os guardiões voltaram para si mesmos, encontraram apenas um grande espaço vazio. Se eles contassem o misterioso evento na aldeia mais próxima, ninguém acreditaria neles. Os colhedores de borracha pensavam que haviam enlouquecido. Os bárbaros brancos pareciam homens, falavam como homens, mas eram piores que animais selvagens.
Quanto mais freqüentemente esses eventos ocorreram, maior a suspeita e a confusão. Eles começaram a lutar uns contra os outros. Com medo de novos ataques, eles se retiraram das florestas. O esgotamento de nossos recursos também acelerou a retirada dos brancos bárbaros. Nem mesmo as florestas imensuráveis eram grandes o suficiente para abastecer a sua ganância, e desconsiderando as leis da Natureza, causou a diminuição do número de árvores. A busca por seiva valiosa tornou-se cada vez mais difícil. A maioria dos coletores de borracha retornou às costas orientais. Apenas algumas aldeias no curso superior do rio Vermelho foram habitadas.
Os Bárbaros Brancos ocuparam a terra. Proliferado nas margens do Grande Rio. Eles tiveram filhos e filhas. Eles cultivaram os campos. Eles construíram aldeias de calcário e argamassa. Eles realizaram grandes feitos. Mas não tem nem alma nem razão. Eles não conheciam o legado dos Deuses.
O ATAQUE À CAPITAL DOS BÁRBAROS BRANCOS
Desde que fui enviado para observar os Bárbaros Brancos em seu próprio território e conhecê-los, compreendi que eles também têm conhecimento e sabedoria. Muitas das coisas que eles criaram poderiam ser igualmente dignas dos Ugha Mongulala. Mas o meu povo julga os homens pelo seu coração; e nos corações dos Bárbaros Brancos, só havia traição e escuridão. Eles são falsos para seus inimigos e também para com os seus irmãos. Suas armas mais importantes são a traição e a astúcia. Mas aprendemos com as ações deles. Com a nossa coragem e sabedoria, podemos derrotá-los. Isso foi mostrado por Sinkaia, um digno descendente de Lhasa, o Filho Escolhido dos Deuses.
Trezentas e oitenta e quatro gerações se passaram desde a sua misteriosa marcha. A crônica registrou o ano 12.401 (1920) quando Sinkaia foi aclamado príncipe dos Ugha Mongulala. Muito em breve, Sinkaia provaria ser um homem capaz. Ele guiou a retirada dos Servos Escolhidos para a nova fronteira fortificada localizada na Grande Catarata. Foi também ele quem reorganizou a defesa do império e quem liderou uma campanha dentro do território dos Bárbaros Brancos. Até agora, esta campanha permaneceu um símbolo do valor dos Ugha Mongulala. Esta é a história do assalto à capital dos brancos bárbaros. Aqui vamos descrever como isso aconteceu. Pensando em todos os crimes, e toda a tristeza, e toda a dor que eles causaram às Tribos Escolhidas, Sinkaia decidiu declarar guerra. E foi assim que ele falou com os guerreiros mais corajosos:
“Esta é a ordem que eu vos dou. Vão em frente; avancem pelo território de nossos inimigos. Vocês vão vingar os nossos irmãos mortos. Vocês vão vingar todo o sangue que jorrou desde a chegada dos Bárbaros Brancos. Peguem as melhores armas, os arcos mais leves, as flechas mais afiadas e abram seus peitos. Incendeiem suas casas, matem os seus homens; mas perdoem as suas mulheres e crianças. Porque mesmo nesta guerra honraremos o legado dos Padres Antigos. Vá primeiro ao Grande Templo do Sol e diga adeus aos Deuses, porque dificilmente vocês poderão voltar vivos. Mas se apressem. O mensageiro com a flecha dourada já está a caminho. Ele ultrapassa você em um dia e uma noite. Leva a guerra ao seio dos bárbaros brancos”.
Eu não sei como a Crônica dos Bárbaros Brancos descreve a campanha de Sinkaia. Eu também não sei o nome dado aos guerreiros que entraram na capital à luz do dia. Eu só sei o que está escrito na Crônica de Akakor. Segundo a crónica do meu povo, o Conselho Supremo dos Bárbaros Brancos havia feito prisioneiros quinze dos homens mais respeitados dos Incas. Sinkaia se sentia responsável por seu destino. Ele enviou um mensageiro para a cidade chamada Lima e exigiu sua libertação imediata. Quando os líderes dos Bárbaros Brancos rejeitaram seu pedido, ele enviou o mensageiro com a Flecha Dourada como um sinal da guerra. Em seguida, oitenta guerreiros escolhidos partiram para o território do inimigo.
De acordo com nossa crônica, os guerreiros passaram por uma passagem subterrânea que remonta aos tempos de Lhasa, o Filho Escolhido dos Deuses. Começa no Grande Templo do Sol em Akakor e termina no coração da capital dos Bárbaros Brancos. Suas paredes são iluminadas. Pedras negras, que chamamos de “pedras da hora”, são afundadas nas paredes em intervalos regulares para marcar as distâncias. A entrada e a saída são protegidas por símbolos de nossos Deuses, por armadilhas e por flechas envenenadas.
Nem os incas sabem o curso total do túnel. Após a chegada dos Bárbaros Brancos, eles construíram sua própria passagem subterrânea, que ia de Cuzco, via Catamarca, até o pátio interno da catedral de Lima. Uma laje de pedra esconde a passagem do mundo exterior. É tão inteligentemente escondido entre as fundações que não pode ser distinguido das outras lajes. Somente quem conhece o segredo pode abri-lo.
Os oitenta guerreiros escolhidos atravessaram a passagem de Lhasa. Por três luas eles deslizaram como sombras através da terra de seus inimigos. Eles chegaram à capital dos brancos bárbaros. Quando o sol saiu, eles quebraram a passagem subterrânea e tentaram libertar os incas cativos. Na batalha que se seguiu, morreram 120 bárbaros brancos. Mas a vantagem do inimigo era grande demais. Nenhum dos guerreiros de Sinkaia retornou a Akakor. Eles deram suas vidas como servos fiéis dos deuses para o povo escolhido.
A SABEDORIA DOS UGHA MONGULALA – 1921 – 1932
A Primeira Guerra Mundial foi uma consequência da política das potências imperialistas e da intensificação das tensões nacionalistas DOS BÁRBAROS BRANCOS EUROPEUS. Terminou com a derrota absoluta da Alemanha Imperial. O período pós-guerra, no entanto, renovou as diferenças políticas e preparou a Europa para a Segunda Guerra Mundial. Enquanto isso, os Estados Unidos subiram ao posto de potência mundial. Os últimos núcleos da população nativa dos bravos povos peles vermelhas foram relegados às reservas indígenas. Nos países da América Latina, grandes diferenças políticas e sociais se desenvolveram.
O Peru, berço dos Incas, era agora governado por 300 famílias. Oitenta por cento da população brasileira dependia de maneira absoluta dos proprietários de grandes fazendas de café e das plantações de cana de açúcar. Na Amazônia, o avanço da civilização branca foi temporariamente suspenso no final do ciclo da borracha. Os índios das florestas virgens retiraram-se cada vez mais para o interior das regiões florestais, salvando-se assim da extinção total. Em 1926, o marechal Rondon criou o Serviço de Proteção aos Índios do estado brasileiro, mas a corrupção endêmica e o crime como conduta normal do bárbaro branco europeu fizeram dele um instrumento para a classe da elite branca.
A NOVA ORDEM DO IMPÉRIO
Houve um tempo em que uma vez, a voz do meu povo era uma voz poderosa. Agora é fraca e não pode mais mudar os corações negros dos Bárbaros Brancos. Porque estes são frios e cruéis mesmo com os seus próprios irmãos. Eles têm casas grandes o bastante para abrigar todas as famílias de uma aldeia, e ainda assim afastam os caminhantes deles. Eles seguram grandes cachos de bananas nas mãos, mas não dão um único fruto para os famintos que os rodeiam. É assim que os Bárbaros Brancos se comportam de forma egoísta e permanentemente. Esta é a razão pela qual fugimos para as regiões inacessíveis das montanhas, embora nossos guerreiros quisessem a guerra, como está escrito na crônica:
“Nós não temos mais um exército poderoso.” Assim falavam os senhores da guerra antes do conselho supremo. “Nós também não temos aliados ou forças para proteger o império. Nossos guerreiros recuam diante das forças superiores do inimigo. Eles são empurrados pelas montanhas e pelos vales. Mas ainda podemos nos unir; De todas as maneiras podemos atacá-los com nossos arcos e com nossas flechas. Podemos atacar suas aldeias, onde eles construíram suas casas e ancoraram seus navios. “Assim falavam os senhores da guerra perante o conselho supremo, e aqueles que ouviam ficavam comovidos com a coragem deles.
O ataque planejado às aldeias Bárbaras Brancas no Grande Rio nunca aconteceu. O conselho supremo decidiu contra uma nova guerra, que teria sido uma luta fútil. Os guerreiros dos Ugha Mongulala estavam indefesos contra as armas do inimigo. Assim, o conselho supremo concentrou-se na reorganização do território que permaneceu em suas mãos. Para protegê-lo contra ataques de surpresa, o conselho ordenou o estabelecimento de postos de observação nos quatro cantos do que restava do império, na Grande Catarata, localizada na fronteira entre o Brasil e a Bolívia, na região do nascimento do Grande Rio, nas montanhas que cercam Machu Picchu. e nas encostas norte do Monte Akai {monte Roraima?}.
Qualquer estranho que ousasse avançar além desses pontos seria inexoravelmente morto pelos guerreiros dos Ugha Mongulala. Ao mesmo tempo, o Conselho Supremo renovou a amizade com o que restou das Tribos Aliadas, que permaneceram leais. Os únicos que permaneceram e aqueles que poderiam ser confiáveis naquela época eram a Tribo dos Corações Negros, a Tribo da Grande Voz na Grande Catarata, a Tribo do Terror Demoníaco na parte superior do Rio Vermelho, e algumas tribos menores nas florestas do leste. Apenas essas tribos retiveram o legado dos antigos mestres. Seus líderes foram iniciados. Eles sabiam tudo sobre o povo escolhido. Mas eles não quebraram o voto de silêncio. Seus corações estavam cheios de veneração. Eles inclinaram a cabeça quando se lembraram dos deuses.
O conselho supremo também restaurou a segurança interna do império. Com a sua retirada voluntária, os Ugha Mongulala perderam mais de três quartos do seu território e foram forçados a adaptar a vida da comunidade às novas condições. As mulheres começaram a trabalhar nos campos e receberam responsabilidades de administrar e supervisionar as provisões. As funções dos homens consistiam na construção de fortificações e na defesa das fronteiras. Eles continuavam caçando animais, pescando e mantinham comunicações com as últimas tribos aliadas.
Anos se passaram sem nenhum evento decisivo. Os Bárbaros Brancos continuaram a estender seus novos domínios. Os Ugha Mongulala viviam em retiro de acordo com o legado dos Deuses. A única coisa que restou do antigo estilo de vida foram os guerreiros que ainda permaneciam estacionados nos rios, como está escrito na crônica:
Armados com arcos e flechas, os guerreiros das Tribos Escolhidas partem. Subiram as altas montanhas e desceram até o Grande Rio. Eles passaram por bandos de animais e pássaros, facas prontas e lanças afiadas de bambu. E eles também foram para a Grande Cachoeira, onde eles chegaram para vigiar. Os guerreiros estavam posicionados nas quatro direções, na Direção Azul, na Direção Negra, na Direção Vermelha e na Direção Amarela.
Lá eles se postavam para matar os Bárbaros Brancos que ousaram avançar em direção a Akakor .
O ALTO CONHECIMENTO DOS SACERDOTES
Os Deuses esperam. Embora os sacerdotes tenham calculado que seu retorno está próximo, seus barcos voadores dourados ainda não apareceram em nossos céus. Meu povo esteve sozinho na luta contra os Bárbaros Brancos, que lenta e inexoravelmente integraram a Grande Floresta em seu império. Mas os Ugha Mongulala ainda não foram derrotados completamente. Os seus homens e mulheres ainda continuam a viver de acordo com as leis de Lhasa, protegidos pelo conhecimento e sabedoria de nossos antigos mestres. Então, o que se segue é compreensível, devo falar mais uma vez sobre a antiga Era de Ouro, quando os deuses governaram um vasto império na Terra. Por milhares de anos, os sacerdotes mantiveram e preservaram o legado dos Deuses. Nada foi perdido, nem o conhecimento dos antigos Pais, nem os documentos secretos que estão armazenados no Grande Templo do Sol. Estes são compostos de gravuras, mapas e desenhos misteriosos feitos pelos Deuses e que falam sobre a pré-história enigmática e obscura da Terra.
Um dos mapas mostra que a nossa Lua não é a primeira e que não é a única na história da Terra. A Lua que conhecemos começou a se aproximar da Terra e a girar milhões de anos atrás. Naquela época, o mundo tinha outro aspecto. No {hoje} oeste, onde os mapas dos brancos bárbaros registram apenas água, havia uma grande ilha {Lemúria?}. Além disso, na parte norte do oceano havia uma massa terrestre gigantesca {Atlântida?}. De acordo com nossos pais, ambos continentes foram submersos sob uma imensa onda de uma grande inundação durante a primeira Grande Catástrofe, a da guerra entre as duas raças divinas pelo controle da Terra. E acrescentam que essa guerra trouxe desolação à Terra e também aos mundos de Marte e Vênus, que é como os Bárbaros Brancos os chamam.
Com base nos documentos deixados pelos deuses, nossos sacerdotes conheceram muitas das coisas que permanecem desconhecidas dos Bárbaros Brancos. Eles conhecem as menores e maiores coisas, e o equilíbrio entre a matéria e a energia da qual tudo é composto. Eles estudaram o curso das estrelas e das relações na natureza. Eles exploraram as forças espirituais do homem, como governá-las e como aplicá-las.
Nossos sacerdotes aprenderam a fazer objetos voar pelo espaço e a abrir o corpo do doente sem tocá-lo . Eles sabem como transmitir pensamentos sem usar palavras. Isso permite que eles se comuniquem com outras pessoas através das maiores distâncias, não em detalhes, mas podem ser transmitidas se seus corações estiverem felizes ou tristes. Mas, para essa comunicação, o conhecimento do legado dos deuses e um poder absoluto sobre as forças mentais são precisos.
Meu povo não teria nada a temer de um confronto mental com os Bárbaros Brancos. É verdade que nossos inimigos constroem ferramentas poderosas e fazem armas poderosas; que perfuram a terra, sob as montanhas e através das rochas; que sobem no céu na barriga de um pássaro gigante e isso, como águias, elas voam da nuvem para nuvem; que seus navios são grandes e poderosos e que eles cruzam o oceano de forma invencível. Mas suas armas não podem nos assustar. Eles ainda não construíram nada para salvá-los da inevitável morte ou prolongar suas vidas. Eles ainda não fizeram nada que seja superior às ações dos Deuses em seu tempo. E nem todas as suas artes, nem toda a sua magia, os tornaram mais felizes. Mas a vida dos Ugha Mongulala é simples e é dirigida pelo legado dos deuses. Quando os Bárbaros Brancos brincam de ser deuses, olhamos para eles com muita pena.
Fiéis aos desejos de nossos antigos mestres, os sacerdotes reuniram todo o conhecimento e todas as experiências e os mantiveram nas residências subterrâneas. Os objetos e documentos que testemunham os 12.000 anos da história do meu povo são mantidos em uma sala esculpida na rocha. Aqui estão também os misteriosos desenhos de nossos antigos Pais. Eles estão gravados em verde e azul em um material desconhecido para nós. Nem a água nem o fogo podem destruí-lo.
Desde a época de Lhasa, ainda mantemos seu traje de ouro, suas armas poderosas e o cetro do governante, feito de uma pedra avermelhada. Desde o tempo dos godos, nós preservamos as cabeças de dragão de seus navios, seus escudos alados, suas armaduras e suas espadas de ferro. A primeira crônica escrita dos Bárbaros Brancos, a chamada Bíblia, também é mantida aqui. Mais da metade das residências subterrâneas são ocupadas por ornamentos e jóias dos templos de nossas cidades abandonadas. As ferramentas e escritos dos soldados alemães que chegaram até nós no ano 12.422 (1941) ocupam um lugar especial.
Eles nos deram suas roupas, suas armas e o sinal de sua nação: uma cruz preta sobre um tecido branco. Se parece que nossas rodas de fogo, que as crianças rolam na montanha no momento do solstício. Nosso próprio símbolo remonta aos tempos dos Padres Antigos: um sol vermelho brilhante que se eleva acima de um mar azul profundo. O testemunho mais importante da aliança entre os soldados alemães e os Ugha Mongulala é o acordo assinado entre as duas nações. Está escrito na linguagem dos antigos pais e dos bárbaros brancos e foi assinado pelo príncipe e pelos líderes dos soldados alemães.
Além dos documentos do passado, objetos da vida cotidiana, como vasos de barro, jóias e instrumentos musicais, também ficam alojados nas residências subterrâneas. Existem diferentes tipos de flautas, feitas de ossos de onça ou argila cozida. As maracas de madeira e os tambores são feitos de troncos vazios de árvores e cobertos com peles de anta. As bengalas dos tambores têm cabeças cobertas de borracha. Durante as cerimônias de luto no Grande Templo do Sol, usamos grandes chifres ocos que produzem um som profundo e triste. Essa música acompanha o eu essencial do morto em sua transição para a segunda vida.
O maior tesouro do meu povo, a Crônica de Akakor, localiza-se em uma passagem coberta de ouro e que une o Grande Templo do Sol com as residencias subterrâneas. A primeira parte, que se estende desde o tempo da partida dos Deuses até o fim da era do sangue, está escrita em peles de animais. Desde a época de Lhasa, os sacerdotes usam pergaminho. A entrada para o quarto em que a crônica é mantido é defendida por guerreiros escolhidos, que são responsáveis para o testemunho da história de meu povo, e manter a crônica, pode dar conta aos deuses quando eles retornam.
UM LÍDER DOS BRANCOS BÁRBAROS EM AKAKOR
Meu povo sabe como preservar o segredo de Akakor. Durante os 12.000 anos de história das Tribos Escolhidas, muito poucos estrangeiros entraram em nossa capital. Durante o reinado de Lhasa, o Filho Escolhido dos Deuses, os embaixadores de Samon {o hebreu Salomão?} visitaram nosso império. Três milênios depois, os Incas discutiram guerra e paz conosco. No décimo segundo milênio, os godos alcançaram as costas orientais do nosso império, estabeleceu contato com nossos guerreiros e se juntou ao nosso povo. Então vieram os Bárbaros Brancos. Para impedir a descoberta de Akakor, os Ugha Mongulala abandonaram a maior parte do território de seu outrora poderoso império.
Os poucos inimigos que atingiram a cidade de Akakor foram enviados para sempre como escravos para as minas de ouro e prata. Um grupo de brancos, que buscavam borracha, era o único cujo povo foi executado por ordem do conselho supremo. Eles entraram em Akakor no ano 12.408 (1927). Seu líder se chamava Jacó, um homem que havia prestado homenagem ao sinal da cruz. Já que nossos sacerdotes queriam saber que tipo de deus estava escondido atrás deste sinal, eles convocaram uma assembléia de toda a cidade. Na frente dos olhos dos Servos Escolhidos, uma discussão tensa foi mantida, como está escrito na crônica, com boas palavras, com linguagem clara:
E Jacó parou diante do conselho supremo. Ele levantou a voz para começar sua defesa. Mas uma sensação estranha veio sobre ele. Ele olhou para aqueles que estavam diante dele e aqueles que ele mandou matar: homens como ele, com pele branca e rostos honestos. E Jacó começou a suar. O sangue corria para sua cabeça. Sua boca estava seca. A poderosa arma caiu de suas mãos. Em seu desespero louco, ele orou ao seu deus. Jacó começou a falar sobre as leis de seu povo. “É melhor matar os selvagens do que deixá-los viver, porque eles são como os animais da floresta. Essas são minhas ordens. É assim que devo agir”.
Então falou Magus, o sumo sacerdote das Tribos Escolhidas:
“Você falou sobre o meu povo como um homem que pensa que é um deus que pode decidir sobre a vida e a morte. Mas você também não sabe que a vida real se estende além da morte? Eu, você, todos nós, tivemos uma existência antes desta vida. E nós também viveremos depois da nossa morte. Sentimentos transitórios são estranhos para nós. Felicidade e tristeza, calor e frio, não significam nada para nós. Somos livres desses sentimentos transitórios e realmente livres. E somente aquele que reconheceu essa verdade, o verdadeiro significado da vida e da morte, pode entrar na segunda vida. Porque o eu essencial que habita o nosso corpo não está sujeito ao tempo ou ao espaço. Ninguém pode destruí-lo já que é indestrutível e não conhece nascimento nem morte. Nenhuma arma pode ferir você, nenhum fogo para te queimar, nenhuma água para te afogar, nenhum calor para secar você. Mas para ti tudo acaba com a morte”.
E Magus respondeu:
“Dois caminhos levam a esse objetivo: atos e conhecimentos. O conhecimento pode ser alcançado através de apenas atos. Sem sabedoria, o objetivo não pode ser alcançado. O maior dever do meu povo é o serviço à SUA PRÓPRIA comunidade. Seus piores inimigos são A ganância e A raiva”.
Agora Jacob estava com raiva. Suas palavras estavam cheias de raiva e ódio. Ele ameaçou com o coração congelado:
“Mesmo se você me matar, você não vai viver. Porque meu povo é como a formiga. Infatigável em sua criatividade, não conhece nenhuma resistência”.
E um murmúrio se espalhou entre os presentes. A amargura encheu o coração das pessoas. E o sumo sacerdote se levantou. Ele disse a última verdade completa:
“Uma pessoa que não está apegada a nada, que não acredita ser o instrumento dos Deuses, não é humana; É infame. Está perdido, como o animal ferido na floresta. Você, Bárbaro Branco, você não tem fé. Você nega a vontade dos deuses. Você nem mesmo respeita o seu próprio deus. Você nem mesmo segue suas próprias leis. Você deve, portanto, morrer e todos os seus amigos com você”.
Esta anotação conclui a discussão entre Jacó e o Sumo Sacerdote Magus. Os escavadores de borracha foram executados. Akakor dobrou os postos de guarda sobre os rios. Os Ugha Mongulala aguardavam o retorno dos deuses. Este período, quando os soldados alemães chegaram, o que é explicado na quarta parte da crônica, sujeitou meu povo aos testes mais difíceis. As últimas tribos aliadas renunciaram a sua aliança. Os Servos Escolhidos tiveram que fugir para o interior das residências subterrâneas.
Tudo o que restou foi o legado dos deuses. Isso não pode ser tirado de nós pelos Bárbaros Brancos, porque se reflete em todas as árvores, em todas as flores, em todos os tipos de grama, nos animais, nos peixes, nos rios, no mar, no céu e nas nuvens. Os deuses estendem suas mãos para todos os homens, e não acreditam que alguns sejam diferentes dos outros {ou que exista algo como “um povo ELEITO”}, ou que um deles possa dizer:
“Eu vivo no sol, você pertence à sombra”.
Por seu legado, tudo deve estar exposto à Luz do sol, embora agora tenhamos sido forçados a nos esconder na sombra das montanhas. Tudo é repetição. Nada acontece que não possa começar de novo. Tudo aconteceu antes: vitória e derrota, poder e fraqueza. Desde tempos imemoriais, a natureza se repetiu. Apenas o legado dos Deuses permanece para sempre, eternamente.
Continua ….
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