Oscar, em Roma, à beira do rio Tibre |
Observação: A maioria dos dados que apresento aqui, tem origem em um trabalho de meu primo de Montevidéu Andrés Brizolara Texeira, cujo título é "Historia de Pietro Brizolara y sus descendientes".
Pietro Brizolara é o patriarca da família Brizolara no Sul do Brasil. Dele se originou a maioria das pessoas de sobrenome Brizzolara, Brizolara, Brisolara, do sul do país. Nasceu em 1780, na província de Gênova, na região da Ligúria, norte da Itália.
Seu registro de batismo, conforme costume da época, foi feito na paróquia de São Vicente e Anastácio Mártires de Caregli, no município de Borzonasca, na Província de Gênova, Região da Ligúria. A igreja que aparece abaixo foi onde Pietro Brizolara foi batizado. Situa-se em Caregli, no município de Borzonasca.
Chiesa dei Ss. Vincenzo e Anastasio |
Em 1780 a Itália ainda não existia. O Reino da Itália somente foi instaurado depois de uma longa revolução liderada por Camillo Benso, conde de Cavour, Giuseppe Garibaldi e Giuseppe Mazzini. Somente em 1861 iniciou-se o Reino da Itália, com o poder confiado pelos revolucionários ao Rei Vittorio Emanuele II.
Portanto, na data de nascimento de Pietro Brizolara, ele era cidadão da Sereníssima República de Gênova, existente desde o século XV. Era, por essa razão, genovês, ainda não italiano.
Próxima a Caregli há uma localidade chamada Brizzolara. Em italiano “Frazione di Brizzolara”. Frazione equivale ao nome geográfico brasileiro de distrito. Portanto, é o distrito de Brizzolara.
Com o aumento da população a partir do século XIX, houve a necessidade de identificar os indivíduos. Cada país tem um sistema de identificação, que se iniciou aleatoriamente. Originaram-se os nomes de família, em português os sobrenomes.
Um dos critérios para essa identificação era a profissão exercida pelo cidadão. Assim, Cappellaro era o fabricante de chapéus. No plural, a família inteira passava a ser conhecida como I Cappellari, ou seja, os fabricantes de chapéus. Da mesma forma, pela profissão, Molinaro era o moleiro, dono ou trabalhador no moinho. O plural será Molinari. Assim também os nomes poderiam provir do lugar onde morava o cidadão: Dal Ponte, o da ponte, Dal Molin, do moinho. Mas também os nomes de família ou sobrenomes dos que residiam ou provinham de um determinado local. Desse processo, originaram-se nomes Milano (de Milão) ou Milanese (milanês), Puglia, da cidade de Puglia.
Desse modo, conforme parece claro, os que moravam no distrito de Brizzolara, passaram a ser conhecidos pelo sobrenome de Brizzolara. Portanto, são sobrenomes de origem toponímica. Topônimo significa nome de lugar.
Pietro teria migrado para o Brasil entre os anos de 1809 e 1814, isso porque somente em 1808 D. João VI, rei de Portugal que transferira a sede do Reino de Portugal para o Rio de Janeiro, autorizou a migração. Somente a partir de 1808 passou a viger o decreto do imperador que permitia a compra de terras no Brasil por estrangeiros. Não pode ter migrado depois de 1814, pois ao se cassar, em 1816, já falava bem o idioma português e já se estabelecera com negócios no local. Segundo uma tradição oral, teria vindo em companhia de um irmão que teria se transferido para os Estados Unidos. Há possibilidade de esse irmão ter-se transferido para a Bahia, onde, em Serrinha, há um grupo de descendentes da família Brizolara.
Em 1816, Pietro casa-se na paróquia de São Pedro, na Vila de São Pedro do Rio Grande, com Ana Francisca da Silveira, filha de um imigrante açoriano José Francisco da Silveira, que era agropecuarista com terras em Povo Novo. Pietro tinha 36 anos e Ana Francisca, 18.
Ana Francisca havia sido batizada em 23 de novembro de 1798 na mesma igreja em que se casou. Pietro trouxe de sua pátria uma considerável soma de dinheiro, pois se estabeleceu em Pelotas com moinhos. Foi excelente administrador e progrediu em sua profissão. Com a deflagração da Revolução Farroupilha, forneceu farinha aos revolucionários, tendo sido amigo pessoal de Giuseppe Garibaldi, seu conterrâneo que era corsário de Bento Gonçalves.[1]
Pietro Brizolara faleceu em Pelotas, em 1846, com 66 anos de idade, deixando a viúva Ana Francisca com 49 anos e com seis filhos entre 26 e 6 anos. Por ocasião de sua morte, algumas de suas filhas já estariam casadas.
1. A filha mais velha do casal, nascida em 25 de junho de 1820, chamava-se Maria Brizolara e tinha já 26 anos por ocasião da morte do pai. Tem-se poucas informações a respeito dela.
2. A segunda filha chamou-se Francisca Brizolara e nasceu em Pelotas, em 1822. Ela casou-se mais tarde com Manoel da Rosa Machado Filho, passando a chamar-se Francisca Brizolara Machado. O casal teve nove filhos homens. Dois deles, Silvino e Francisco, migraram para o Uruguai. Os demais permaneceram no Brasil, distribuindo-se entre as cidades de Bagé, Piratini e Cacimbinhas, hoje Pinheiro Machado.
3. O primeiro filho homem de Pietro e Ana Francisca, terceiro do casal foi José Pedro Brizolara que contraiu matrimônio com Luíza Amélia da Silveira. Com ela, teve seis filhos, três homens e três mulheres, que se estabeleceram nos arredores de Pelotas. Pietro, acredita-se que pela razão de terem-lhe nascido primeiramente duas filhas, teria dado seu nome, Pedro, a todos os três filhos do sexo masculino.
4. O quarto filho do casal foi Pedro Brizolara (conhecido como Pedro puro) que se casou com Delfina Rosa da Rosa. O casal teve sete filhos: Elmira da Rosa Brizolara, José da Rosa Brizolara e Brandina da Rosa Brizolara radicaram-se em Bagé; Pedro da Rosa Brizolara, Maria Delfina da Rosa Brizolara, Octávio da Rosa Brizolara e Ovídio da Rosa Brizolara estabeleceram-se no Uruguai entre Taquarembó, Rivera e Cerro Largo.
5. Madalena Teodora é uma filha sobre a qual pouco se sabe. Casou-se com João da Rosa, irmão de Manuel da Rosa Filho (esposo de Francisca Brizolara da Rosa). Tiveram quatro filhos: dois homens e duas mulheres que se radicaram em Piratini. Os filhos são: Maria da Glória Brizolara da Rosa, João Cândido Brizolara da Rosa, Madalena Brizolara da Rosa e Pedro Brizolara da Rosa.
6. Joaquim Pedro, outro filho polêmico. Casou-se com Josepha da Rosa, irmã de Delfina da Rosa, esposa de Pedro Brizolara. Assim, conclui-se que Pietro Brizolara colocou o nome de Pedro em todos os seus filhos homens.
Joaquim Pedro e Josepha tiveram três filhos: Delfina da Rosa Brizolara, Honorina da Rosa Brizolara e Celso da Rosa Brizolara.
Pedro Brizolara e Joaquim Pedro Brizolara casaram-se com duas irmãs, que, por sua vez, eram sobrinhas de sua irmã Francisca Brizolara.
Em 1867, Pedro Brizolara e seu cunhado Manoel da Rosa Machado (esposo de sua irmã Francisca) compraram dois mil hectares de terra em Jaguari, na localidade que se conhece como Cinco Salsos (salgueiros), Taquarembó, de sua prima Teresa Cunha que as havia herdado de seu pai.[2]
É evidente que tanto Pedro Brizolara como seu cunhado compraram esses campos como uma boa oportunidade de investimento. Tinham propriedades no Rio Grande do Sul e não mostraram interesse em explorá-las. Cada um mandou dois de seus filhos para tomar conta das estâncias: Pedro Brizolara mandou seus filhos Pedro e Ovídio, e Manuel da Rosa Machado enviou seus filhos Silvino e Francisco para representá-los no negócio. Talvez Pedro Brizolara pai, o comprador, não tivesse originalmente em seus planos mudar-se para Cinco Salsos, e Manuel esteve em Taquarembó, mas suspeito que somente por negócios ou problemas judiciais. Acredito que sua esposa, Francisca Brizolara Machado, nunca tenha ido ao Uruguai.
Ou seja, que Pedro Brizolara comprou a estância em 1867 (aos 46 anos) e somente se transferiu para Taquarembó em 1880 (aos 59 anos) com 4 filhos (2 permaneceram no Brasil: José e Elmira, possivelmente já casada) e Brandina nasceu no ano seguinte em Taquarembó (ela retornou depois ao Brasil). Retomemos os fatos: Pedro Brizolara casou-se com a sobrinha de sua irmã, Delfina Rosa da Rosa, em 1859. Nesse momento, Pedro tinha 27 anos e sua esposa Delfina, 19. Por sua vez, Francisca Brizolara tinha 36 anos e seu esposo Manuel da Rosa, 45.
Dos filhos de Manuel da Rosa e Francisca Brizolara, como dissemos, dois foram para Taquarembó: 1) Silvino, que casou-se com sua prima Francisca Maria de Faria, e 2) Francisco casou-se com Elmira Veleda.
Por sua vez, Pedro Brizolara e Delfina da Rosa (excetuando os que ficaram ou retornaram ao Brasil) temos o seguinte:
1) Pedro, que se casou com Juana del Carmen Alvez González;
2) Maria Delfina, que se casou com seu primo José Maria de Faria;
3) Octávio, que se casou com Livinda Domínguez de Farias, e
4) Ovídio, que se casou com Juana Francisca Alvez González (irmã da esposa de Pedro).
A migração italiana em massa para o Brasil somente aconteceu quarenta anos após a vinda de Pietro Brizolara para o Rio Grande do Sul. De sua descendência são quase todos os Brizolaras do Brasil, do Uruguai e da Argentina.
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[1] “Durante a Guerra dos Farrapos, os rebeldes mandavam moer grãos em Pelotas, nos moinhos de Pietro Brisolara.” http://www.paginadogaucho.com.br/deba/nog.htm (Año 1836, Pietro tenía 56 años.)
[2] Teresa da Cunha, esposa de Felisberto José Gonçalves Braga (1817- ¿?), casado en segundas nupcias con Teresa da Cunha. El padre de Teresa da Cunha era primo hermano de Ana Francisca da Silveira.
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