quinta-feira, 7 de setembro de 2017

MITOLOGIA GREGA - MEDUSA, MITO DE EXTREMA CONTEMPORANEIDADE

Prof. Dr.Oscar Luiz Brisolara
Ao final há dois pequenos vídeos sobre os mitos.
O mito de Medusa é extremamente moderno, embora reflita a tradição de milênios. Aliás, os mitos possuem essa maleabilidade de se adaptarem ao sabor dos tempos. A jovem sacerdotisa Medusa provocara a inveja da deusa Atena, a quem servia, pelo simples fato de ser bela e apreciada por inúmeros jovens, que a consideravam mais formosa do que a mesma deusa. Estuprada pelo deus do mar Posseidon, ela é acusada por Atena de, pela própria beleza, exposição e insinuações sensuais, ter provocado o instinto bestial da divindade. Por isso foi punida e transformada em um monstro, enquanto ao poderoso deus sequer lhe foi imputada qualquer ação criminosa.
Na Mitologia Grega aparecem figuras simbólicas que representam certos tipos humanos ou estados de espírito. Medusa é uma delas. É representada como um monstro ctônico, ou seja, originado nas profundezas da terra. Ctônico, do grego χθόνιος (khthónios) "relativo à terra", "terreno", que designa ou refere-se aos deuses ou espíritos do mundo subterrâneo, por oposição às divindades olímpicas. Por vezes, são também denominados "telúricos", termo originado do latim (tellus, telluris), que significa terra. 
Portanto, a versão mais conhecida de Medusa apresenta-a com um olhar petrificante, além de ter serpentes nos cabelos, e vestir um cinto de serpentes entrelaçadas, porém, essa não é a Medusa original.
Essa Medusa primitiva era uma linda jovem. É descrita, segundo a tradição clássica grega, com um corpo feminino, um belo rosto de mulher, além de possuir asas de ouro e presas de bronze. Medusa fazia parte de uma trilogia de entidades míticas conhecidas como Górgonas, jovens e belas. Eram elas: Medusa (Μέδουσα), chamada de a impetuosa; Esteno (Σθεννώ), que significa a opressora; e Euríale (Εὐρυάλη), ou seja, aquela que corre pelo mundo. Enquanto suas duas irmãs eram imortais, Medusa era mortal. Há versões que afirmam ter ela perdido a divindade por punição dos deuses.
As Górgonas eram filhas de Fórcis (em grego: Φόρκυς, Transliteração Phórkys) uma divindade marinha da mitologia grega. Filho de Ponto, o Mar, e de Gaia, a Terra, Fórcis casou-se com sua irmã Ceto, conforme os costumes dos primórdios, quando não havia mulheres para casar, a não serem as próprias irmãs. O nome Górgona provém do grego (γοργός, "terrível, feroz, selvagem. Daí evoluiu para o nome próprio Γοργών, a partir da forma feminina Γοργώ – lê-se.: Gorgón, Gorgó, e no plural: Γοργόνες, cuja leitura é Gorgónes).
Segundo o mito, a jovem Medusa era dotada de extrema beleza e arrebatava os corações de todos os jovens. Porém, ela recusara a todos os pretendentes, dedicando-se como sacerdotisa do templo da deusa Atena, função reservada a jovens virgens. 
Medusa era tão bela que muitos jovens visitavam o templo de Atena com o único intuito de contemplar a formosura da jovem sacerdotisa. Os cabelos dourados dela eram considerados os mais belos de toda Grécia. Certa vez, um cidadão afirmara que os cabelos da moça eram mesmo mais lindos que os da própria deusa. Essas legiões de admiradores e suas manifestações de encanto diante de Medusa provocam o ciúme da própria deusa.
Apesar de todo o ciúme, Atena não havia tomado nenhuma medida contra a jovem que dirigia o culto em seu templo. Porém, em certa oportunidade, quando a jovem passeava junto ao mar, Posseidon, a divindade suprema de todos os mares, vendo-a, tomou-se de paixão por ela. No entanto, fiel às suas funções sacerdotais, ela negou-se ao deus como o fizera a todos os pretendentes humanos.
Posseidon passou, então a segui-la. Tão cego de paixão se encontrava que a tomou à força dentro do próprio templo, e diante do altar da deusa, estuprando-a publicamente.
Atena tinha uma antiga rixa com Posseidon. Essa era uma das razões da profanação do templo. Não tendo como punir uma divindade tão poderosa, voltou toda sua ira contra a jovem sacerdotisa. Fora ela, sim, com suas insinuações que provocara o deus, sendo assim a responsável pela própria desgraça.
Furiosa, resolveu castigar as três irmãs, tornando-as extremamente horrorosas, com uma pele escamosa e nojenta. Porém, Medusa foi quem sofreu o castigo mais severo, uma vez que também foi amaldiçoada com as serpentes em sua cabeça e se tornou uma mortal.
Visando a um castigo ainda mais severo, Atena conferiu um tal poder ao olhar de Medusa, fazendo todos os que simplesmente voltassem seu olhar para ela se transformassem em estátuas de pedra. 
A maldição da deusa obrigou as desgraçadas irmãs a se refugiarem em uma caverna, nas proximidades de Hespérides, uma região do extremo ocidente da Grécia, distante de toda a civilização.
Narra ainda o mito que nas proximidades da caverna era possível encontrar enorme quantidade de estátuas de pedra de homens e animais que, mesmo descuidadamente, haviam cruzado o olhar com o da desafortunada e terrível Medusa. Desse modo, as três infelizes irmãs Górgonas passaram a ser temidas e evitadas, e sua fama de geradoras de desgraça espalhou-se rapidamente por toda a Grécia.
Medusa transformara-se no ideal de conquista para todos os jovens guerreiros da época, cada um deles desejando o troféu de ostentar a cabeça amaldiçoada da antiga sacerdotisa. No entanto, todos eles jaziam petrificados e inertes pelos arredores da sinistra caverna.
Perseu havia recebido a missão de acabar com a terrível e amaldiçoada Medusa. O jovem herói, filho de Zeus e da princesa Dânae, era meio-irmão de Héracles, filho de Zeus e de Alcmena. 
Perseu tornara-se um homem de grande estatura, forte, ambicioso, corajoso e aventureiro. Segundo algumas versões, Polidecto, rei de Sérifo, onde Perseu vivia com sua mãe Dânae, temendo que a ambição do jovem levasse-o a usurpar-lhe o trono, propôs um torneio no qual o vencedor seria quem trouxesse a cabeça da Medusa. Acreditava que, através desse ardil, livrar-se-ia para sempre do incômodo concorrente. O instinto aventureiro de Perseu não o deixou recusar o desafio. 
Outra versão do mito afirma que todos os convidados em uma homenagem ao rei deveriam dar-lhe um presente. Como Perseu fosse pobre, ter-se-ia oferecido para presentear o soberano com a cabeça da Medusa.
O final da narrativa apresenta Perseu, guiado pelo reflexo espelhado do próprio escudo, que refletia os raios poderosos do olhar de Medusa, sem, no entanto, encarar diretamente os olhos dela, decepou-lhe a cabeça, que ofereceu ao rei. Segundo outras versões, teria oferecido à própria deusa Atena. 
Continua a narrativa mítica afirmando que, morta Medusa, um cavalo alado, Pégaso, e um gigante, Crisaor, teriam surgido das suas entranhas. Seriam frutos do próprio estupro que ela sofrera do deus Poseidon. Em outras versões, esses seres ter-se-iam formado a partir do sangue derramado da infeliz sacerdotisa. 
Perseu dedicava a vida para salvar a própria mãe Dânae. Ao retornar de sua vitória sobre Medusa, surpreendera o rei Polidecto seguido de uma multidão, perseguindo sua mãe Dânae, a fim de assassiná-la. Apoiado por um pequeno grupo de amigos, enfrentara a multidão. Estando prestes a serem trucidados pela grande massa popular, lembrou-se Perseu de que trazia ao cinto a cabeça da desditosa Medusa. Gritou aos amigos para que cerrassem os olhos, o que ele também o fez. Voltou, então, os olhos da monstruosa Górgona na direção dos inimigos, petrificando-os todos.


MEDUSA E POSEIDON

PERSEU E MEDUSA

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