Este trabalho tem múltiplos objetivos. Primeiramente, o de informar aqueles que estão alheios a essa realidade, que se trata de um fato muito comum em toda a parte, muito mais do que se imagina, mas que as pessoas, por variados motivos, procuram ocultar do público. Visa também a compartilhar com a comunidade a preocupação de um grupo de pessoas que têm conhecimento dessa realidade e estão imbuídas do intuito de auxiliar suicidas em potencial, bem como de se colocar à disposição daqueles que convivem com a situação, ora envolvidos com sujeitos em situação de risco, ora lidando com a tragédia da perda após o desenlace fatal.
Não é raro acontecer que pessoas que fazem parte da nossa comunidade, muitas vezes muito próximas de nós, até mesmo de nosso próprio núcleo familiar, sejam atingidas por esse mal do qual ninguém está isento, mas que, movidas pela vergonha, mantêm o assunto no anonimato. Supõem tratar-se de fraqueza, de debilidade de caráter, o que na verdade é uma doença.
Trata-se de indivíduos que estão sofrendo de depressão, transtornos de personalidade, dependência química, esquizofrenia ou qualquer outro desequilíbrio mental ou psicológico. Pessoas que sofrem uma dor constante, uma dor que dói na alma, que pode chegar a níveis insuportáveis. Enquanto, no caso de dor física, pode-se identificar o ponto onde está doendo, um braço, uma perna, o fígado ou outro órgão qualquer, essa não, essa não se vê de onde vem, não se entende, não se identificam as raízes, mas dói tão ou mais pungentemente do que a própria dor física, cujo ponto é identificável.
Nós, como Maçons, temos o objetivo de “tornar mais feliz a humanidade” como afirmam nossos landmarques e, para isso, é mister que nos preocupemos de maneira especial com o nosso próximo. Para ajudá-lo, é necessário estar informado de suas necessidades, angústias, amarguras e dores. Torna-se necessário que fiquemos mais atentos, então. As doenças citadas a cima, muitas vezes ocultas, podem conduzir ao extremo de tornarem-se causas de um possível suicídio.
A “fita amarela” é símbolo da campanha “Setembro Amarelo”, que surgiu em resposta aos sinceros apelos de encontro/reunião de familiares e amigos, após a morte por suicídio de Mike Emme, um menino de 17 anos, em 1994, nos EUA. Maike foi um adolescente alegre, que sofria de um mal escondido e não teve coragem para pedir ajuda. Acabou por tirar-se a vida em um momento de desespero.
A partir de então, parentes e amigos fizeram um panfleto na cor amarela que dizia: “Este panfleto carrega a mensagem de que existem pessoas que se importam e querem ajudar. Se você está precisando e não sabe como pedir ajuda, entregue esse panfleto para um terapeuta, médico, professor, amigo ou parente e diga: “Eu preciso de ajuda.” Os bilhetes foram espalhados na comunidade e em apenas três semanas tiveram notícias de que alguém tinha pedido ajuda por causa do panfleto. Desde então, a fita amarela é reconhecida como sinal de prevenção ao suicídio.
Maike tirou a própria vida assim como o fazem outras tantas pessoas: uma a cada 40 segundos no mundo. Se divulgarmos a informação de que 90% dos suicídios podem ser prevenidos com atenção e diálogo aberto, as chances de salvação para muitas pessoas aumentam.
Poderíamos falar sobre os índices de mortalidade por suicídio, comentar sobre como esse mal se apresenta e cresce no país e no mundo, mas, para ser objetivo, o que cabe neste momento e neste espaço são alguns fatores considerados de risco e que merecem atenção e destaque:
- Transtornos mentais e de humor; (depressão, bipolaridade, esquizofrenia, síndrome do pânico, etc.).
• Transtornos mentais: cerca de 90% das mortes voluntárias são associadas a doenças mentais, principalmente, depressão, transtornos de personalidade, dependência química e esquizofrenia. Mas é importante entender que apenas uma minoria de pessoas que sofrem desses transtornos tenta o suicídio.
• Condições clínicas incapacitantes: esse é um dos motivos que fazem com que pessoas da faixa etária acima dos 65 anos seja a mais afetada pela morte voluntária.
- Abuso de álcool e drogas;
- Acúmulo de vícios;
- Crises (familiares, de relacionamento, financeira, profissional).
• Tentativas anteriores: se alguém já atentou contra a própria vida, suas chances de morrer por suicídio aumentam consideravelmente.
Alguns sinais de que uma pessoa pode estar cogitando em suicidar-se:
- Manifestação através de frases do seguinte teor:
"Eu preferia estar morto.”;
“Eu sou um perdedor e um peso para os outros.”;
“Os outros vão ser mais felizes sem mim.”;
"Queria poder viajar e nunca mais voltar.".
- Abandono de um hobby sem substituição por outro;
- Desleixo repentino com a saúde, higiene pessoal e aparência;
- Isolamento;
- Mudança abrupta de comportamento (o extrovertido se tornar introvertido e vice-versa inesperadamente);
- Alterações constantes de humor (euforia x tristeza).
Identificados os sintomas, a pergunta que surge é: "Como ajudar?". Muitos se preocupam em não saber o que dizer, mas especialistas asseguram que o essencial, nestes casos, é estar disposto a ouvir, com atenção e sem julgamentos, permitindo que a pessoa fale sobre tudo o que está sentindo e perturbando, mesmo que ao ouvirmos o fato nos pareça banal ou irrelevante.
Manter-se próximo e atento tem o efeito de mostrar para a pessoa que pensa em suicídio que alguém se importa com ela e isso pode ter um efeito transformador.
Uma forma de prevenção eficiente consiste em oferecer a quem busca socorro a possibilidade conversar de forma anônima, sigilosa e sem críticas. Há órgãos que se ocupam disso, como se vai ver mais adiante.
É importante ressaltar também que, a despeito do benefício que pode ter uma conversa para quem pensa em suicídio, isto não substituiu o tratamento psicológico e psiquiátrico, necessários em muitos casos. De todo modo, todos nós, mesmo que não sejamos profissionais, podemos ajudar a prevenir o suicídio e a preservar a saúde emocional uns dos outros, com o simples ato de ouvir, cuidar e interessar-se pela questão.
Nós mesmos não podemos nos excluir de situações desse tipo. Se atingidos por esse tipo de mal, devemos procurar ajuda de alguma maneira, com amigos, familiares, quando precisarmos falar sobre algo que nos incomoda.
Há também alertas que se confundem com sintomas de depressão: mudanças bruscas de humor, recolhimento, tristeza, ansiedade, uso de substâncias tóxicas, agitação (insônia) e desesperança.
Um terceiro grupo merece cuidado ainda maior porque demonstra que a pessoa pode ter avançado na ideação do suicídio, ou seja, cruzou a fronteira da contemplação. Seguem alguns sintomas de quem já fez planos, ou já se decidiu pela própria morte:
• Despedidas: a pessoa procura aqueles que são importantes para se despedir. É comum buscar amigos de infância e que foram relevantes em algum momento de suas vidas.
• Organização financeira: coloca sua contabilidade em dia, paga dívidas e contas, normalmente para evitar que a família tenha problemas.
• Desapego: desfaz-se de suas posses, inclusive de objetos de valor afetivo. Consiste numa forma de fazer um testamento em vida.
• Nostalgia e falta de planos: só fala do passado, relembra momentos felizes.
• Melhora aparente: É comum ouvir depoimentos posteriores ao suicídio do tipo: "Mas ela estava bem melhor.", em particular, nos casos ligados à depressão. O que ocorre é que, de fato, quando a decisão já está tomada, o conflito se dilui e a pessoa parece estar bem.
No Brasil. o mês de setembro foi escolhido para incentivar essa campanha de prevenção ao suicídio, pois é nesse mês em que ocorre o dia internacional de prevenção ao suicídio, ou seja, 10 de setembro. A fita amarela foi introduzida como símbolo da campanha em 1997, e atualmente está presente em mais de 47 países.
A sugestão dada pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) era que o tema central da campanha de 2015 fosse: “Avançar para o Terreno e Salvar Vidas”. O que foi proposto para a campanha de 2015, é que essa ação não deveria limitar-se à rede de saúde, mas necessitaria ir além dela, como um movimento que devesse conscientizar a sociedade como um todo para contribuir com a diminuição das taxas de suicídio, o que viria a tornar-se um símbolo de vida e esperança.
Falar de Suicídio pode salvar vidas.
O percentual de suicídios entre os jovens vem num ritmo de crescimento constante e alto: A taxa de suicídios subiu quase 10% entre jovens no intervalo de doze anos, ou seja, no interstício entre 2002 e 2014.
Dados do Mapa da Violência de 2017 obtidos com exclusividade pela BBC Brasil mostram que 2.928 casos ocorreram somente em 2014.
Um dos focos das comissões que tratam do assunto é a sensibilização da sociedade em relação à gravidade do tema. De fato, o suicídio é um tema tabu, cercado por estigmas de origem histórico-cultural, porém a sensibilização e educação da comunidade certamente contribuem para a prevenção e salvação vidas.
O Programa de Prevenção de Suicídio fita amarela foi criado, como símbolo de vida e esperança, com objetivo de conscientizar a comunidade como um todo do grave problema de saúde pública em que consiste o suicídio.
É necessário identificar, tratar e prevenir toda a comunidade. Porém, devem-se focar especialmente as famílias que passaram por esse trauma ou que estão buscando ajuda para familiares que se encontrem sofrendo de depressão ou que estejam sob o efeito de algum transtorno mental.
Sua participação como compartilhador, divulgador e incentivador dessas campanhas e movimentos de informação certamente pode mudar a vida de muitas pessoas. Pode mesmo salvar vidas e dar sentido e esperança para a existência de muitos indivíduos.
Setembro é mundialmente o Mês de Prevenção do Suicídio. Constitui-se em período em que se privilegiam campanhas e se incentivam programas de estudo e divulgação de dados sobre essa temática tão relevante em todo o mundo.
No entanto, alguns dados estatísticos contribuíram para que o suicídio fosse posto em segundo plano entre as prioridades governamentais. Acontece que, em 2014, por exemplo, foram registrados no Brasil 30 mil homicídios, enquanto que o número de suicídios foi apenas 10% desse total. Ocorreram, nesse mesmo ano, três mil suicídios.
Os desavisados diriam que foram apenas três mil. Assim, por causa dessa diferença de números, as políticas públicas para tratar do suicídio se esvaziam, como se o fato de tirar a própria vida fosse algo menor quando comparado a um assassinato.
Neste mês, os órgãos de imprensa chamaram atenção para a necessidade de se divulgar mais a relação entre depressão e suicídio. Mostraram a importância da criação e implementação de políticas públicas urgentes para alterar essa realidade que mata 800 mil pessoas por ano no mundo, sendo uma a cada 40 minutos no Brasil, em uma média de 32 mortes por dia, o que faz do país o 8º do mundo em números absolutos de suicídio.
É revelador perceber que cada um de nós pode contribuir para evitar que mais uma pessoa morra nos próximos 40 segundos. Não se calar diante dessa realidade é a primeira das medidas. “Falar é a melhor solução”. E nunca é demais lembrar: Em cada dez suicídios, nove podem ser evitados, segundo os especialistas.
De todo modo, todos nós, mesmo que não sejamos profissionais, podemos ajudar a prevenir o suicídio e a preservar a saúde emocional uns dos outros, com o simples ato de ouvir, dar atenção, em resumo: amar.
O ser humano é portador de poderosas energias interiores sobre as quais ele não possui domínio consciente. Porém, ao nos aproximarmos do outro com o intuito positivo de ajudá-lo, somente esse gesto já provoca efeitos positivos sobre o espírito dele. Muitas vezes é mais importante um gesto de aceitação, de afeto, de disponibilidade e acolhida para um desesperado do que a competência profissional. Isso sem desmerecer de forma alguma a extrema relevância dos profissionais da área a quem devemos a salvação de uma legião de desequilibrados.
Por outro lado, é fundamental também não esquecer de cuidarmos de nós mesmos, procurando alguma espécie de ajuda, quando nos sentirmos atingidos por qualquer desses problemas abordados acima. Ninguém está livre de desequilíbrios mentais e psicológicos, cujas consequências podem as extremas.
É fundamental, a busca de amigos, familiares ou o CVV (CENTRO DE VALORIZALÇÃO DA VIDA), quando precisarmos falar sobre algo que nos incomoda, nos inquieta, nos perturba ou nos desestabiliza emocionalmente e psicologicamente. Importante é ter em mãos o telefone do CVV, em que há pessoas disponíveis vinte e quatro horas por dia para atender e dialogar com quem se sente em situação de desespero psicológico e não tem ou não sente coragem de buscar auxílio entre os conhecidos. Trata-se do número da central do CVV em Porto Alegre: (51) 3231-6111. Há muitos outros telefones em muitas outras cidades também disponíveis a quem precisar de ajuda nesse sentido.
Setembro é um mês de alerta, o mês vai terminar, mas o problema continua. Por isso, nossa atenção e atividade para preservar a vida deve ser constante.
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