terça-feira, 13 de setembro de 2016

HISTÓRIA DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS - CONTINUAÇÃO

os-templarios-michel-lamy  

Os Templários – História – (11)


Posted by Thoth3126 on 24/08/2016



OS TEMPLÁRIOS, ESSES GRANDES GUERREIROS DE MANTOS BRANCOS COM CRUZES VERMELHAS

Os seus costumes, os seus ritos, os seus segredos:

Digam o que disserem determinados historiadores encastelados em sua erudição acadêmica, a criação da Ordem dos Cavaleiros Templários continua envolta em inúmeros mistérios; e o mesmo acontece com a realidade profunda da sua missão, não a que se tornou pública, mas a missão oculta. Inúmeros locais ocupados e ou de propriedade dos cavaleiros Templários apresentam particularidades estranhas.

Atribuíram-se aos monges-soldados crenças heréticas, cultos curiosos e às suas construções, principalmente a Catedral de Chartres, significados e até poderes fantásticos. A seu respeito, fala-se de gigantescos tesouros escondidos (sendo o maior deles o CONHECIMENTO), de segredos ciosamente preservados e de muitas outras coisas.



Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch

OS TEMPLÁRIOS, ESSES GRANDES SENHORES DE MANTOS BRANCOS – OS SEUS COSTUMES, OS SEUS RITOS, OS SEUS SEGREDOS.

Primeira Parte em:

A ESPIRITUALIDADE INSCRITA NA PEDRA

Diversidade da arquitetura templária

Vimos que influências podem ter sofrido os cavaleiros Templários, procuramos os segredos que poderiam ter-lhes sido transmitidos. Mas, na verdade, não podemos determinar qualquer filiação certa. No entanto, tudo indica que existiu mesmo uma doutrina interna na Ordem. Seria espantoso que os seus «convívios» não tivessem tido qualquer impacto sobre eles. Ademais, há um elemento que reaparece, lancinante, desde a sua primeira implantação no local do Templo de Jerusalém: a descoberta de algo extremamente importante (mantido em segredo).

Templo de Salomão em Jerusalém, local que sofreu escavações pelos nove cavaleiros iniciais que fundaram a Ordem, durante os dez primeiros anos da ordem. Algo muito importante foi encontrado pelos templários no local, de extrema importância e mantido em segredo até os dias de hoje…

Um segredo que, de uma forma ou de outra, aparecia como um meio de entrar em comunicação com um outro nível de consciência, mundo celeste ou mundo infernal ou, o que seria mais verosímil, os dois. E se assim era, poderíamos encontrar vestígios na mensagem que nos deixaram inscrita em pedra. Sabemos que a implantação das comendas templárias por toda a Europa corresponde, por um lado, ao acaso: as dádivas que recebiam e que lhes permitiam, portanto, construir as suas casas ou capelas, ou então os edifícios que lhes eram oferecidos já completamente construídos. Mas, por outro, tratava-se de escolha.

Escolhas econômicas racionais que correspondem a compras destinadas a reorganizar, reconstituir as suas propriedades para facilitar a exploração. Escolhasligadas à proteção das estradas mantendo o poder sobre as passagens estratégicas. Escolhas ligadas também a uma atividade mais oculta: locais (de PODER) sagrados onde se praticavam cultos desde a noite dos tempos, locais «carregados» no plano telúrico e poderíamos dizer (mas seria necessário efetuarmos uma pesquisa minuciosa para verificar que não se trata de coincidências) carregados na medida em que os Templários parecem ter gostado dos locais com alta radioatividade, nomeadamente as proximidades das jazidas de urânio e fontes termais.

Para identificarmos os locais onde o Templo se implantou, é melhor consultarmos os cartulários e outros arquivos, mas servirmo-nos também da toponímia. Já o dissemos, os locais chamados Commanderie, Bayle, Temple, Épine, etc., são geralmente indicativos de uma antiga implantação templária. No entanto, temos de nos manter de pé atrás: assim, em determinadas regiões, como as Cevenas, Temple pode pura e simplesmente designar um antigo local de culto protestante. Entre os topônimos interessantes, teremos de referir derivados como Tiplié, Temple, Temploir, Templereau, Tempé e até La Chevalerie, La Cavalerie, La Chevalière, La Croix-Rouge, La Croix-Blanche.

Notemos também que muitos dos edifícios templários estão instalados literalmente em cima de velhos locais de culto céltico ou pré-céltico. Se a escolha do local é importante, seria espantoso que a arquitetura não manifestasse, de uma forma ou de outra, a doutrina esotérica que podia animar a Ordem desde o seu interior. Vejamos, primeiro, as comendas. Quando se situam em cidades, na maior parte das vezes, trata-se de simples casas, por vezes fortificadas. No campo, revelam-se mais elaboradas. De qualquer modo, a prioridade na sua construção reside, antes de mais, na funcionalidade. Armazéns, silos, cavalariças, estábulos, granjas e, é claro, oficinas, alojamentos e capela, constituem o essencial.

Geralmente, a capela fica situada no lado sul e o refeitório a norte. Na maior parte das vezes, por razões de segurança, o conjunto é construído de forma a poder articular-se em redor de uma casa-forte, por vezes munida de uma torre, formando os edifícios uma muralha em redor de um pátio interior bastante vasto. Mas, na verdade, tudo isso depende um pouco da região e da sua forma de arquitetura dominante. Os Templários são, antes de tudo, realistas e a sua organização foi muito pragmática. Por vezes, em função da sua análise das diferentes formas de insegurança locais, as suas propriedades são transformadas em verdadeiras praças fortes.

É o caso, nomeadamente, do Languedoque, onde a cruzada contra os Albigenses foi um fator de desestabilização de toda a região. Por vezes, transformaram até as suas próprias igrejas em fortalezas, ou cidades inteiras de que se apoderaram e envolveram com uma cintura de muralhas. Quanto a este ponto, podemos citar, entre outros, o caso de Champagne-sur-Aude, situada a cerca de quarenta quilômetros a sul de Carcassonne. Os Templários instalaram-se lá no início do século XII. Champagne situa-se numa curva do rio Aude, que lhe serve de proteção natural. A Comenda estava organizada em redor da igreja. A oeste, a cozinha pegava com o refeitório dos cavaleiros; a norte, os quartos dos criados e jardins; um pombal a nordeste; as cavalariças, a selaria, a forja e um celeiro a leste; os alojamentos dos sargentos, dos escudeiros e dos operários a sudeste; por fim, a sul, os alojamentos do comendador, dos cavaleiros e do Bailio, bem como o cemitério.

A catedral de Chartres, como outras catedrais templárias, foi construída em cima de um antigo local de adoração do FEMININO SAGRADO pelos povos antigos do local …

Tudo estava fortemente fortificado, com muralhas ameadas sobrepujadas por um caminho de ronda e um fosso circular alimentado pelas águas do Aude. Uma poterna e uma porta protegidas eram apenas acessíveis por barco; uma outra porta era servida por uma «ponte levadiça» que se retirava quando se queria e era guardada por um porteiro. Vemos, nesta organização, na distribuição destes edifícios, o exemplo da racionalidade e prudência dos Templários. Refiramos também duas constantes nas comendas templárias, pelo menos sempre que tal era possível: o poço e os subterrâneos. Eram os garantes da segurança. O poço proporcionava a água potável que permitia resistir, em caso de cerco, e os subterrâneos facilitavam, na devida altura, a evacuação, nomeadamente de tudo o que era precioso e não devia cair em mãos estranhas.

Permitiam também entrar e sair discretamente da comenda, nomeadamente por ocasião de cerimônias especiais. Não era raro um dos acessos aos subterrâneos poder ser feito pelo poço. Este tinha também uma outra função, mais simbólica: a criação de um vínculo com as águas subterrâneas e as suas propriedades telúricas próprias. Os Templários eram, é certo, extremamente pragmáticos, mas as suas construções sacrificavam também a outras necessidades mais sutis. Era, é claro, o aspecto funcional que levava a melhor quando da construção das suas fortalezas. Glosou-se muito sobre a arquitetura militar dos Templários, muitas vezes sem razão. Um dos que mais se apaixonaram por esse tema foi Thomas-Edward Lawrence, mais conhecido pelo nome de Lawrence da Arábia.

Quando ele estudava em Oxford, dedicou a sua tese de história aos «Castelos dos Cruzados» e passou as suas férias, entre 1906 e 1909, a percorrer a Síria (e a França) à procura de vestígios de fortalezas medievais. Para ele, os Arquitetos militares ocidentais foram os mestres daqueles que edificaram os castelos orientais, e não o inverso. Aliás, isto pôde ser provado mais tarde. O futuro coronel Lawrence dedicou-se especialmente a estudar um local de França, relacionado com a sua tese: Provins. Na Terra Santa, atribui-se amiúde aos Templários a construção de todos os castelos que ocuparam, incluindo o krak dos cavaleiros que não lhes deve grande coisa. É verdade que aqueles que não construíram eles mesmos, foram muitas vezes grandemente remodelados. Apenas construíram realmente o Chastel-Blanc, em Safita, Tortosa e Château-Pélerin, em Athlit (chamado inicialmente «Château du Fils de Dieu»), bem como um palácio fortificado em São João de Acre.

Château-Pélerin foi a primeira e a mais bela de todas as suas obras militares. Resistiu a todos os ataques e só foi evacuado à última hora, depois da perda de Acre. Construído em 1218 sobre o promontório de Athlit, a sul de Haifa, constitui a prova de que, em sede de arquitetura funcional, os Templários foram menos doutrinários do que pragmáticos. No Ocidente, muitas das suas cidades e igrejas fortificadas desapareceram, mas podemos, mesmo assim, visitar ainda algumas como La Couvertoirade, em Larzac, ou Richerenches, em Vaucluse, e, no que se refere a igrejas, Cruas, em Ardèche, Rudelle, em Lot, Laressingle, em Gers.

O Castelo de Pèlerin, no original Château Pèlerin em francês e cuja tradução em português corresponde a Castelo do Peregrino, situado a sul de Haifa e do seu porto, junto do mar Mediterrâneo, no Reino de Jerusalém, hoje em Israel, foi a maior fortaleza mantida pela Ordem do Templo e seus cavaleiros templários, construída em 1218, ajudados por Valter II de Avesnes, para dar apoio aos peregrinos cruzados, podendo ser visto como sua sede no Oriente deste então. Esta fortaleza nunca foi tomada e será também o último reduto cristão em terra do Reino Latino de Jerusalém, abandonada em 14 de Agosto de 1291, após a capitulação de São João de Acre em 28 de Maio do mesmo ano.

As capelas templárias

Detenhamo-nos um pouco na arquitetura das igrejas e capelas templárias, onde o aspecto puramente funcional cede o passo ao sagrado, ao simbólico e aos sinais da doutrina escondida. Corre um montão de idéias falsas a respeito delas. A crer em alguns, uma igreja templária é um edifício circular à imagem do Santo Sepulcro ou possui obrigatoriamente um campanário octogonal. Estes erros foram, de um modo geral, retomados por Viollet-le-Duc, que escreveu: “A Ordem dos Templários, especialmente afetada à defesa e à conservação dos lugares santos, construía, em cada comenda, uma capela que devia ser a representação da rotunda de Jerusalém.” Isto levou a que lhes fossem atribuídas, como em Montmorillon, capelas em forma de rotundas, mesmo quando estas nada tinham que ver com eles.

Embora tenham construído efetivamente rotundas, como em Metz ou Laon, as suas capelas seguiram, na maior parte dos casos, o estilo local. A abóbada esférica era de bom tom na Provence, enquanto a cabeceira plana era preferida na Gasconha, no Périgord e em Saintonge. Muito frequentemente, eram de uma grande sobriedade, desprovidas ou quase desprovidas de decoração, sobretudo quando se tratava de capelas que apenas serviam para os irmãos da Ordem e não para os fiéis exteriores. No entanto, quando se destinavam ao público, nem sempre se regateava na decoração. Por vezes, manifestavam um simbolismo especial, eram livros de pedra que revelavam, aos que eram capazes (os iniciados) de os compreender, mistérios doutrinais.

É o que acontece em Montsaunès, em Haute-Garonne, onde a igreja fortificada construída pelos Templários em 1.156 contém uma estranha iconografia. Os capitéis da porta norte contam a vida de Cristo. Num, vemos a Virgem deitada ao lado do berço e, no outro, Cristo, com metade do corpo mergulhado numa tina com aspecto de cálice. Abençoa, enquanto, de cada lado, uma mulher ajoelhada o serve. Segundo os especialistas, tratar-se-ia de uma representação da cura miraculosa da parteira cega que viera lavar o menino, quando do nascimento. Ora, esta cena só existe nos evangelhos apócrifos, o que faria supor que os Templários os conheciam e teriam estudado textos considerados heréticos pela igreja romana.

O interior da igreja de Montsaunès está recheado de sinais astrológicos e alquímicos incluindo um «pêndulo de Salomão» segurado por duas personagens. Nos capitéis da porta ocidental estão representadas cenas enquadradas por pequenas colunas espiraladas coroadas por uma espécie de pequena torre ou de minarete de estilo árabe. Em Montsaunès, podemos também ver Cristo ao colo de sua mãe. A criança está vestida à maneira oriental e segura na mão um livro fechado que representa a doutrina (SECRETA) escondida. Na porta sul, um motivo curioso encontra-se colocado no alinhamento do Sol no solstício do Inverno. Os raios do astro diurno penetram na igreja por um buraco e embatem num buraco numa laje que se encontra a cerca de três metros, no interior. Frescos pintados mostram um veado colocado sobre um tabuleiro de xadrez branco e vermelho e um cordeiro sobre uma grade.

Montsaunès foi fundada pelos Cavaleiros Templários em 1156. A diversidade de seus produtos, muitos direitos feudais de que tinham propriedade por um tempo, os templários representavam a primeira potência econômica na região. A ordem foi dissolvida por Filipe IV, em 1307

Esta igreja abrigava uma virgem negra que foi retirada. Estamos muito longe do despojamento cisterciense. Convém também referir o castelo de Tomar. Infelizmente, foram efetuados melhoramentos depois da extinção da Ordem, mas os que se dedicaram às diferentes obras eram verdadeiramente «descendentes» dos Templários, dado que se tratava da Ordem dos Cavaleiros de Cristo. A fortaleza de Tomar foi edificada por ordem de Gualdim Pais, Grão-Mestre da Ordem em Portugal. Fato curioso, depois da sua morte, em 1195, ele não foi enterrado na rotunda de Tomar, mas numa igreja da cidade baixa: Santa Maria do Olival. A entrada e a saída são marcadas por poços, infelizmente aterrados em grande parte, hoje em dia.

Uma outra igreja, com torre octogonal, tem o nome de São João Batista. Na fachada, um baixo-relevo, que uma esfinge nos convida a observar atentamente, representa um grande cão que designa a constelação cuja estrela principal é Sirius, ou Sothys, para os orientais. Vemos também um leão que lembra a constelação e a sua estrela principal, Régulos. No centro, um «Graal» deverá ser relacionado com a constelação «a Taça». Estas figuras determinam um ângulo de 34 graus. Ora, a constelação de Leão forma com a Taça e a estrela Sirius da constelação do Cão Maior (Canis Major) um ângulo de 34 graus, à meia-noite verdadeira, a 20 de Janeiro. Trata-se do dia em que se festeja São Sebastião, aquele miliciano romano que foi trespassado com setas antes de ser… decapitado. Mais uma cabeça cortada. Ora, São Sebastião era um dos santos preferidos dos cavaleiros Templários. E esse é apenas um dos segredos menores de Tomar. Mauricé Guinguand traz à luz mais algumas particularidades. Refiramos, antes de deixarmos de falar de Tomar, que o túmulo de Gualdim Pais está vazio. 

Os Templários e o culto das cabeças cortadas

Uma das grandes chaves do segredo dos Templários encontra-se, sem dúvida, na consagração das suas igrejas. Já referimos que, cegos pelos seus preconceitos referentes tanto ao pretenso Joanismo dos Templários como ao amor de São Bernardo de Clairvaux pela Virgem( na verdade pelo FEMININO SAGRADO), inúmeros autores quase ligaram sistematicamente a Ordem às consagrações a Nossa Senhora e a São João. Não podemos censurá-los porque Maria assinala inúmeros locais templários, nomeadamente na Bretanha. Os Locmaria reservam, aos investigadores, muitas surpresas agradáveis sob a forma de cruzes templárias ou de capelas que pertenceram aos monges-soldados. Quanto a São João, era amiúde o batista que designava, mais do que o evangelista. São João Batista, o pastor cuja cabeça foi cortada. Faz-nos pensar que era habitual representarem-se cabeças esculpidas na decoração das capelas e dos refeitórios dos Templários, cabeças sem os seus corpos, como na igreja de Charrière, perto de Saint-Moreil (Creuse), que era dedicada ao Batista.


Entre as numerosas capelas a que dava nome, citemos também a de Compssur-Artuby, no Var, onde um fresco representa a Arca da Aliança protegida por querubins com… pés fendidos. Mas deixemos de lado João Batista-Janus, decididamente ligado ao baphomet e à sua cabeça cortada. Não nos detenhamos também em São Pedro, de quem já falamos. Pedro, demasiado (ignorante da doutrina secreta de Cristo transmitida a João, o evangelista) ignorado pelos comentadores quando se trata dos cavaleiros Templários, Pedro que parece muito terra a terra mas que detém as chaves dos dois reinos e a rede dos pescadores. São Pedro, porteiro dos subterrâneos da Ordem do Templo.

Mas é por outros santos que vamos interessar-nos, por aqueles que aparecem com muita frequência nas consagrações dos Templários e pelos quais ninguém se interessa. E, no entanto… São Bartolomeu, cujo nome foi dado, nomeadamente, à comenda de Puy-enVelay, morreu esfolado vivo, após o que foi decapitado. Santo Adriano: no departamento de Morbihan, perto de Baud, cuja igreja é dedicada a São Bartolomeu, encontra-se a capela de Sain-Adrien, um dos mais belos ornamentos do vale do Balvet. Esta capela templária é um dos testemunhos da introdução do culto de Santo Adriano na Bretanha, pelos Templários. No interior da igreja, os frescos mostram, nomeadamente, São João Batista que, em vez de estar vestido com uma pele de ovelha, enverga uma pele de boi.

João Batista, o culto do bezerro, o baphomet dos Templários. Rezava-se a Santo Adriano pela cura das doenças gástricas, a capela possuía calhau rolado redondo com o qual os peregrinos esfregavam o abdômen. Esse culto estava associado à água e duas fontes vêm brotar na própria capela. No exterior, uma outra fonte é sobrepujada por uma cruz onde pode ver-se uma grinalda de… cabeças cortadas. De referir, contudo, que essa capela foi remodelada no século XVI e, portanto, não temos a certeza quanto à inspiração templária da decoração. Mas podemos assinalar que os apóstolos representados no interior estão vestidos com uniformes de Templários e de cavaleiros de São João de Jerusalém. Adriano sofreu o martírio no reinado de Maximiniano. Foi açoitado a tal ponto que as suas entranhas lhe saíam do corpo. Cortaram-lhe os pés e as pernas e, em seguida, uma mão. A mulher que o amava conservou essa mão. A sua cabeça não foi cortada, mas não restava muita coisa ligada a ela.

São Maurício: uma comenda ostenta o seu nome, em Verdon. Dependia do estabelecimento de Combs-sur-Artuby. Foi esse santo que o rei René escolheu para patrono da Ordem do Crescente, mas isso é outra história mais ligada à herança do Templo do que à própria Ordem. Podemos citar a comenda de Saint-Maurice-de-Vothon, perto de Angoulême, a de Saint-Maurice-sur-Vingeanne, perto de Dijon, a capela de Saint Maurice de Metz, a de Saint-Maurice-du-Moustoir, perto de Quimper, etc. Maurício era o chefe da legião tebana. Nesse exército havia inúmeros cristãos e quiseram obrigá-los a sacrificar aos ídolos, quando da campanha realizada na Gália. Recusaram. O imperador ordenou que escolhessem um entre cada dez deles e mandou lhes… cortar a cabeça. São Maurício encontrava-se nesse lote. As suas relíquias e as dos seus amigos, transportadas num saco, permitiram a um padre amainar uma tempestade.

Santa Catarina: encontramos, em Saône-et-Loire, uma comenda do Templo de Santa Catarina. Bem conservada, conservou as suas esculturas, nomeadamente as meias lâmpadas ornamentadas com… cabeças humanas. Em Valançay, no Indre, existia também uma capela templária com esse nome. Seria necessário lembrar a misteriosa capela de Santa Catarina de Gisors e mais algumas. Nomeadamente a capela templária subterrânea de Royston, cerca de trinta quilômetros a sul de Cambridge. Essa cave está recheada de esculturas e inscrições bastante enigmáticas. Algumas aproximam-se muito das deixadas pelos Templários em Chinon e Domme. Podemos admirar, entre outros, São Lourenço, muito amado pelos Templários, Nossa Senhora, São João e Santa Catarina, mas também o Santo Graal. Segundo a lenda, o imperador Maxêncio apaixonara-se por Catarina, mas ela recusou entregar-se a ele e, ainda por cima, convertia todas as pessoas em seu redor, incluindo a própria mulher de Maxêncio. Este mandou torturá-la. A imperatriz indignou-se. Então, o imperador mandou cortar a cabeça às duas.

São Jorge: tem a sua capela em Ancenis, no Loire, perto da quinta de La Templerie. Está presente nos frescos encontrados quando da restauração da comenda de Coulommiers. Citemos também a capela de São Jorge, em Vuillecin, em Doubs. Figura também num selo templário onde o vemos trespassar o dragão com a sua lança, tendo, a seu lado, uma estrela. Foi supliciado, suspendido de um cavalete e rasgado com unhas de ferro, queimado com tochas. As suas chagas foram esfregadas com sal, as entranhas saíram-lhe do corpo. Um milagre curou-o.

Mas, depois de muitos episódios e suplícios, São Jorge acabou com… a cabeça cortada. Todos estes santos aparecem com frequência nas dedicações de igrejas e capelas templárias. Há outras que devemos referir e que têm outras características. Mas, quanto a estes, será apenas um acaso o fato de todos terem tido a cabeça cortada? Não deveremos pensar que esta constante tem uma relação qualquer com o baphomet? São João Batista tem, decididamente, muito mais que ver com este enigma do que o pequeno demônio de Saint-Merri.


Outros patronos para o Templo

Existem algumas personagens que não sofreram o suplício da decapitação mas cujo nome é amiúde associado a estabelecimentos templários. É o caso de São Lourenço. Nas grutas de Jonas, no Puy-de-Dôme, os Templários que se refugiaram depois da ordem de detenção pelo rei Filipe, o Belo, organizaram um local como capela e dedicaram-no a Lourenço. Claro que se trata apenas de um exemplo entre outros. Primo de São Vicente, também estimado pelos Templários (pelo menos esta ligação familiar é afirmada apesar de uma incompatibilidade cronológica), sofreu martírio atado a uma grelha de ferro sob a qual haviam sido colocados carvões ardentes. Como se tal não bastasse, o seu corpo foi perfurado com um garfo. São Gil: nascera em Atenas, de linhagem real. Foi, desde a infância, instruído nas belas letras. A sua piedade era tal que tinha o dom de fazer milagres, expulsar demônios, acalmar as ondas quando das tempestades. Gil dirigiu-se para o deserto, onde viveu ao lado de um eremita chamado Veredemo.

Depois, tendo-o deixado, descobriu uma gruta com uma fonte. Instalou-se lá e recebia, a horas certas, a visita de uma corça que o alimentava com o seu leite. Um caçador que perseguia a corça, desferiu-lhe uma seta, mas foi Gil que foi atingido. O incidente em breve foi conhecido. O rei, prevenido, adquiriu o hábito de ir ver Gil e fundou um mosteiro que lhe foi confiado. Gil continuou a fazer milagres. Tudo isso se passava por volta do ano 700. Gil Aegidius faz-nos pensar em aigos, a cabra, tal como a égide era a pele da cabra Amalteia que alimentava Zeus com o seu leite.

O local privilegiado dedicado a Gil encontra-se no Gard, às portas da Camargue. Em Saint-Gilles encontravam-se duas importantes comendas, uma templária e outra hospitalária. O segundo local é a gruta onde se pensa que viveu, perto de Collias, no Gard. Uma pequena capela foi construída à entrada e dedicada a São Vicente. Perto de uma outra gruta, muito próxima, há outra capela dedicada a São Pedro. O culto dedicado a São Gil está geralmente ligado à árvore, à floresta, local iniciático entre todos, passagem obrigatória para o peregrino do Renascimento que é Polífilo. Saint-Gilles era uma das etapas essenciais no caminho para Santiago de Compostela. A peregrinação a Saint-Gilles foi inclusive muito importante por si mesma, até ao período da cruzada contra os Albigenses, e encontravam-se inúmeros estabelecimentos dos Templários nas estradas que para aí conduziam.

Depois do ferimento com a flecha, Gil, tal como o rei Méhaigné da demanda do Graal, teria ficado coxo e patrono dos coxos. Tal como São Roque está, portanto, ligado ao andar oblíquo daqueles que desceram aos infernos e regressaram. São Gil desempenhou um papel à parte entre os patronos do Templo. Está ligado, no tempo, à sobrevivência do pensamento dos Templários, veiculada por sociedades secretas como a Agla, no Renascimento, e, mais tarde, a Sociedade Angélica. Para Grasset d’Orcet, devemos ligar São Gil a uma personagem mítica que servia de reconhecimento no seio dessas sociedades: John Gilpin, e ver nele um herói cujo percurso coincide com o do astro. Lembra-nos, aliás, que São Gil ou Saint Gély servia de senha aos antigos Rosa-Cruz.

Detemo-nos mais um pouco nuns patronos muito especiais da Ordem do Templo: os santos gêmeos Gervais e Protais. Eram irmãos gêmeos, filhos de São Vital e da bem-aventurada Valéria. Deram todos os seus bens aos pobres e, em seguida, viveram junto de dois outros santos gêmeos: Celso e Nazário. Gervais e Protais foram presos. Quiseram obrigá-los a oferecerem sacrifícios aos deuses. Tendo-se recusado, foram martirizados. Em Paris, a igreja de Saint-Gervais-Saint-Protais, um dos mais belos edifícios alquímicos da capital, encontra-se no local de uma capela templária donde partia um subterrâneo. Saint-Gervais-Saint-Protais e o olmo do local tornaram-se um dos pontos de encontro dos mesteirais. Quanto à decoração, esta igreja deve ser analisada em relação com Saint-Gervais-Saint-Protais de Gisors, também ela estreitamente ligada à história dos Templários. Por certo era o fato de serem gêmeos que dava importância a estes dois santos aos olhos dos Templários.

Igreja Saint-Gervais-Saint-Protais de Paris

Os Templários, promotores da arte gótica

Os Templários talvez não tenham deixado a sua mensagem inscrita na pedra unicamente nas suas igrejas. Com efeito, parecem ter desempenhado um papel determinante na construção das catedrais. É difícil dizer se os Templários estiveram pouco ou muito na origem das encomendas, mas é certo que participaram na sua realização por intermédio das corporações de mesteirais que lhes estavam ligadas. No tempo, o «gótico» apareceu com os Templários e os «filhos de Salomão», antepassados dos companheiros do dever de liberdade, que viviam na órbita dos Templários. Tudo isto se realizou em ligação com a Ordem de Cister. A Ordem dos cavaleiros do Templo foi, sem dúvida, o grande financeiro destas construções, tanto fornecendo os operários, a quem a Ordem pagava, como contribuindo, ao que parece, com importantes acréscimos.

Para compreender o esforço financeiro gigantesco que isso deve ter representado, é necessário saber que, na mesma época, ou quase, foram lançadas todas as grandes obras: Noyon, em 1140, Senlis e Laon, em 1153, Paris, em 1163, Poitiers, em 1166, Lisieux e Sens, em 1170, Soissons, em 1175, Bourges, em 1190, Chartres, em 1194, Rouen, em 1200, Reims, em 1211, Auxerre, em 1215, Le Mans, em 1217, Coutances, em 1218, Amiens, em 1220, Toulouse, em 1229, Sées, em 1230, Estrasburgo, em 1240, Beauvais, em 1247, Clermont-Ferrand, em 1248, Metz, em 1260, Troyes, 1262, Narbonne, em 1272, Rodez, em 1277, etc. Ou seja, vinte e cinco catedrais cujas obras se iniciaram num período de apenas 137 anos. Temos dificuldade em imaginar o custo colossal de uma tal operação.

Os Templários não estiveram ausentes deste extraordinário trabalho. Aliás, foi na sequência da sua intervenção que Luís IX concedeu às confrarias de operários privilégios que Filipe, o Belo, irá suprimir ao mesmo tempo que fará desaparecer a Ordem do Templo. Antes dos Templários, as únicas grandes igrejas existentes eram abaciais. Faltavam os meios para construir edifícios caros. Quando uma cidade enriquecia, mandava construir uma ou duas igrejas suplementares, mas geralmente de dimensões limitadas. De um momento para o outro, houve dinheiro (prata explorada no México pelos Templários…) suficiente para lançar uma gigantesca política de grandes obras. Ora, ao mesmo tempo, a nobreza devia prover às despesas das cruzadas. Partir para o Oriente com homens de armas, reunir uma verdadeira hoste que era necessário equipar, alimentar, custava muito caro. Estava fora de questão financiar, ainda por cima, a construção de igrejas gigantescas no mesmo período.

E apesar de as cidades se desenvolverem, de o artesanato e o comércio prosperarem, nomeadamente graças à segurança das estradas, isso só em parte pode explicar as origens do financiamento das obras das catedrais. Pretendeu-se responder a esta interrogação falando do ímpeto de um povo que participava espontaneamente em corveias. Isso é ridículo e só pode ter sido muito marginal, porque a construção de uma catedral exigia o emprego de uma mão-de-obra altamente qualificada, que dominasse perfeitamente problemas técnicos bastante complexos, e de artistas de grande valor e CONHECIMENTO, que não eram abundantes. Para garantir a proteção e tesouraria desses estaleiros só existia a Ordem dos cavaleiros Templários, que era bastante poderosa, em termos financeiros.

Não devemos ver nela o único mecenas para todas as catedrais desta época. Sem dúvida que os financiamentos foram múltiplos mas não podem ter prescindido dos Templários que, nomeadamente, mantiveram a expensas suas confrarias de operários. Neste caso, não podemos pôr de parte a hipótese de os Templários terem recebido a sua missão de São Bernardo de Clairvaux e que esta missão estivesse relacionada com os segredos trazidos do Oriente. Em primeiro lugar, parece que a «ressonância» do som nas catedrais se beneficiou da experiência dos cistercienses, em matéria de propagação dos sons. Também é inegável que a maior parte das capelas templárias apresenta o despojamento, a simplicidade pregada por São Bernardo. Este último criticava, efetivamente, as igrejas demasiado ornamentadas:

“Para falar francamente, tudo isso apenas provém da avareza que não é mais do que idolatria, e o que propomos não é retirar disso uma vantagem espiritual, mas fazer chegar as dádivas até nós, por esse meio. […] Há uma forma de distribuir o dinheiro que o multiplica; gasta-se para o fazer voltar e espalha-se para o aumentar. Com efeito, ao vermos essas vaidades suntuosas e admiráveis, já não nos sentimos levados a oferecer coisas semelhantes à oração: eis como atraímos as riquezas por meio das riquezas e como apanhamos o dinheiro com o dinheiro; porque não sei por que encantamento secreto os homens se sentem sempre impelidos a dar a quem tem demais. Quando os olhos se abrem de admiração para contemplar as relíquias dos santos incrustadas no ouro, as bolsas abrem-se, por sua vez, para deixar jorrar o ouro.

Expomos a estátua de um santo ou de uma santa e acreditamos tanto mais na santa quanto mais carregada de cores estiver. Então, juntam-se multidões para a beijar e, ao mesmo tempo, pedem-nos que deixemos uma oferenda; todos esses respeitos se dirigem mais à beleza do objeto do que à santidade. “[…] Oh vaidade das vaidades, mas vaidade mais insensata do que vã! As paredes das igrejas brilham com as riquezas e os pobres estão na miséria; as suas pedras estão cobertas de dourados e os seus filhos privados de roupas: utiliza-se o bem dos pobres para embelezamentos que encantam o olhar dos ricos. Os amadores encontram na igreja com que satisfazer a sua curiosidade e os pobres nãoencontram lá nada para sustentar a sua miséria.”

As principais catedrais góticas construídas pelos Templários e a correlação com as principais estrelas da constelação de Virgem

Não podemos dizer melhor nem fazer uma análise econômica melhor do que a de São Bernardo sobre a forma como o dinheiro atrai dinheiro. Se nós ficássemos por estas observações, a construção das catedrais poderia parecer incompatível com a doutrina de São Bernardo. Mas este sabia determinar bem as coisas e admitia a necessidade da ornamentação para atrair os fiéis. Aqueles que censurava eram, antes de mais, os abades porque os seus monges não deveriam ter qualquer necessidade disso para manterem a sua fé. Aliás, escrevia a Guillaume, abade de Saint-Thierry: Mas, dizei-me, vós que praticais a pobreza de espírito, que faz tanto ouro num santuário? Um abade, na igreja do seu mosteiro, não pode permitir-se imitar um bispo.

Este último, dada a natureza do seu cargo, reina sobre um rebanho onde nem todos têm a compreensão das coisas espirituais, e é justo que utilize meios tão materiais para provocar a piedade do povo carnal. Está tudo dito: a simplicidade nos mosteiros, as esculturas para atrair o povo. E esta análise passou aos fatos com os Templários. Aqueles que conhecem bem a região de Morbihan sabem que as suas capelas, muito simples, despojadas, alternam com as suas igrejas ornamentadas, como em Merlevenez. No que se refere às catedrais góticas, não se ficou pela decoração: escolheu-se o grandioso.

Pensamos em Nossa Senhora de Paris, construída em 5955 m2 e capaz de acolher 9000 fiéis em pé, dos quais 1500 nas tribunas. E a catedral de Reims, que ocupa 6650 m2, e a catedral de Amiens, 7700 m2, etc. E as igrejas tornaram-se cada vez mais altas, para melhor se lançarem em direção a Deus e permitirem que a luz penetrasse. Ao mesmo tempo que se «abriam» as paredes, foi necessário aligeirar a construção, reduzir os materiais utilizados. A igreja românica incitava a rezar, ao recolhimento humilde, ajoelhado, com os olhos pregados no chão, dobrado sobre si mesmo para aí encontrar Deus, no mais profundo do coração. A igreja gótica ofereceu ao homem uma dimensão divina.

O fiel começou a admirar, a adorar, a erguer a cabeça para a luz. Já não era no mais profundo de si que procurava Deus, mas na beleza da criação, nessa luz que, por vezes, gerava mais alegria que recolhimento. Simbolicamente, em caso de incidente, a chave da abóbada românica cairia em direção ao solo, a de uma igreja gótica seria ejetada para o céu. Inúmeras catedrais góticas foram dedicadas a Nossa Senhora. As outras foram dedicadas a Santo Estêvão (cujo padroado também era apreciado pelos Templários), como em Bourges, Sens, Limoges, Caen, Châlons-sur-Saône, Rouen e Metz. A Virgem recebeu, portanto, o padroado de Amiens, Bayeux, Beauvais, Chartres, Évreux, Laon, Noyon, Paris, Reims, Senlis, Sées, Soissons e, por fim, Notre-Dame de l’Épine. Como poderemos não ligar isto com este ato de fé dos Templários: “Nossa Senhora esteve no início da nossa religião e nela, em honra dela, se Deus quiser, estará o fim da nossa religião.” E o postulante, quando da sua recepção, pedia para ser recebido «perante Deus e perante Nossa Senhora», enquanto Cristo nunca era citado.

E quando os Templários foram presos, quando da extinção da Ordem, queriam recolher-se, inventaram a «Oração dos Templários na prisão» que dizia: «Que Maria, a Estrela do mar, nos conduza ao porto da salvação» ou então «Santa Maria, mãe de Deus, mãe muito piedosa, cheia de glória, santa mãe de Deus, mãe sempre virgem e preciosa, oh Maria, salvação dos enfermos, consoladora daqueles que esperam em vós, triunfadora do mal e refúgio dos pecadores arrependidos, aconselhai-nos, defendei-nos.» Nossa Senhora, cujo culto não está difundido antes da época do nascimento da Ordem, parece sempre presente no pensamento dos Templários. Refiramos, de passagem, que as oito catedrais de Nossa Senhora do Norte de França estão implantadas de modo a desenharem no solo a constelação da Virgem, mas invertida, como se a terra fosse o espelho do céu.

Nesse esquema, um dos santuários não é uma catedral, no verdadeiro sentido do termo: trata-se de Notre-Dame de L’Épine, cujo nome parece ser uma assinatura templária. Sem ela, a constelação da Virgem não estaria representada integralmente e não há dúvida que apenas foi construída com essa finalidade, dado que foi edificada em pleno campo, a leste de Châlons-sur-Marne. Quanto a Estêvão, Jacques de Voragine diz-nos que o seu nome significa coroa, em grego. As catedrais de Santo Estêvão podem, por esse fato, ser consideradas como referências simbólicas à coroação da Virgem ( a energia da Deusa).

Os filhos de Salomão

Referimos as organizações dos mesteirais que trabalhavam na dependência do Templo e participavam na construção das catedrais de outras igrejas iniciáticas. Em Paris, habitavam geralmente no «asilo do Templo», perto de Saint-Gervais Saint-Protais, e tinham o hábito de se reunir sob o olmo, que se encontra no local. Transformados, depois, nos «companheiros do dever de liberdade» haviam adotado, na época, o nome de «filhos de Salomão». Filiados na Ordem do Templo, beneficiavam-se dos mesmos privilégios que ela. Isso permitia aos Templários atraírem facilmente os operários e selecionarem os melhores. Amiúde, gravavam à sua passagem as três letras I. S. V., que significavam Ici Salomon Veille (Aqui Vela Salomão).

Segundo as lendas que faziam parte do seu ensino, Salomão escolhera trinta mil homens, divididos em três grupos iguais, para construir o Templo em Jerusalém. Cada companhia trabalhava um mês e, depois, voltava, durante dois meses, ao seu país: o Líbano. Ademais, Salomão contratara setenta mil serventes de pedreiro para o transporte das pedras que oitenta mil homens extraíam das montanhas. Toda essa gente era enquadrada por três mil e trezentos contramestres que dependiam todos do arquiteto Hiram. Salomão exigiu que as fundações e as paredes do Templo fossem feitas com pedras ciclópicas de grande valor. Os pedreiros talharam-nas enquanto os homens de Giblos preparavam as madeiras e as pedras para construir a Casa do Senhor. Mas era difícil obrigar a trabalhar tantos homens. Alguns pensavam mais nos seus salários do que no trabalho a efetuar. Hiram quis pô-los em boa ordem.

Basilique Notre-Dame de l’Epine

A fim de impedir os abusos, foi dada uma senha àqueles que trabalhavam, para poderem receber o seu salário. Aqueles cujo trabalho tinha mais qualidade do que o dos outros eram interrogados por Hiram e, em seguida, conduzidos a um subterrâneo do Templo onde lhes eram transmitidos novos conhecimentos, no decurso de uma cerimônia de iniciação, e recebiam uma nova senha. Três aprendizes, Holem (ou Hopem), Sterkin (ou Skelem) e Hoterfut, furiosos por Hiram lhes ter negado a iniciação, quiseram que lhes contasse, pela força, a senha. Um dia, armaram uma cilada a Hiram à saída do Templo. Holem esperou-o à porta do sul, armado com um maço, Sterkin, na porta ocidental, com uma régua, e Hortefut, a oriente, com uma alavanca. Hiram saiu pelo oeste. Recusou-se a ceder e Sterkin bateu-lhe no ombro com a régua. Fugiu e encontrou Holem na porta do sul. Atingido pela segunda vez e cambaleante, correu para o oriente onde foi morto por Hoterfut. Os assassinos escavaram três fossos. No primeiro, colocaram o corpo de Hiram; o segundo recebeu as suas vestimentas e o terceiro a sua bengala: um junco marinho que trazia sempre consigo.

Nove companheiros procuraram Hiram. Foram atraídos por um vapor que os levou até ao local onde crescera um ramo de acácia. Aí, encontraram o cadáver de Hiram. Salomão mandou alterar a senha e pediu aos companheiros que cortassem a barba e os cabelos, que envergassem aventais brancos, em sinal de luto, e luvas brancas para evidenciar que estavam inocentes do assassínio. Construiu-se um túmulo de bronze para Hiram, com uma inscrição sobre um triângulo de ouro: A. L G. D. P. G. A. D. L U. (À La Gloire Du Plus Grand Architecte De L’Univers) (À glória do maior arquiteto do universo). Nele foi colocada uma medalha com o nome de Jeová. Num terceiro triângulo gravaram S. U. G. e, nas orlas do túmulo, inscreveram: Noria, Sterkin, Hiram e Mac Benac. O local do túmulo foi chamado Champ des Cros ou campo das lágrimas.

Os assassinos foram procurados. Holem foi entregue por Pérignan e cortaram-lhe a cabeça. Sterkin e Hoterfut tinham encontrado asilo junto do rei dos Gepts. Quinze companheiros perseguiram-nos. Esconderam-se na estrada de Bendicar mas foram encontrados, presos e trazidos de volta a Jerusalém, cobertos de cadeias. Foram atados a dois cepos pelos pés e pelo pescoço, com as mãos atadas atrás das costas, os seus corpos foram abertos e, com uma crueldade total, deixaram-nos assim ao sol, à mercê das picadelas dos insetos. Nessa noite, Salomão mandou que lhes cortassem a cabeça. As cabeças foram expostas e o resto foi dado de pasto às feras.

Mais cabeças cortadas. O fato de, quando da consagração dos templos antigos, se sacrificarem cabeças cortadas num ritual, dá no que pensar. Assim, Tarquínio, o Soberbo, sétimo rei de Roma, mandou edificar um templo à glória de Júpiter. Quando se realizavam as fundações, foi encontrada uma cabeça humana cortada e ainda a sangrar. A construção prosseguiu e foi-lhe dado o nome de Capitólio, de caput, cabeça. E não é sobre Cefas, o crânio, nome de Pedro, que está construída a Igreja? «Pedro, tu és pedra, e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja.» Todavia, ossegredos de construção detidos pelos «Filhos de Salomão» provêm também de uma história bem estranha, a de uma raça maldita protegida pelos Templários.

Mais informações sobre os Templários:

Permitida a reprodução desde que mantida a formatação original e mencione as fontes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário