sexta-feira, 26 de junho de 2020

VELHO FRADE. . .

Victor... infância... suas montanhas... Uma curiosidade inquietante... o outro lado do cume mais alto...
E foi-se de suas encostas verdeadas... dos cortantes frios de inverno e dos abrasadores sóis estivais...
O seminário... as infindáveis preces... estudos... filosofias... e trabalho... trabalho... apaixonado trabalho...
Por fim... o corpo... pesava... não dava mais...
No tosco eremitério do fim dos anos... tudo eram memórias, reminiscências... nostalgias apenas nutriam seus dias de então...
Numa tarde calma, no morrer do sol, começou por despir-se... primeiro, títulos, homenagens, honrarias de todo tipo... sem dor, sem mágoas, sem orgulho, sem prazer, nem ódio... foi destruindo-os metodicamente um a um...
A seguir, os diplomas... eram nada... deu cabo deles, calmamente, que já o fizera no mais íntimo, de há muito...
Quando o último fumo, revolvendo-se entre um resto de página e um princípio de cinza esvaneceu-se no manto vespertino somando-se às trevas, restara nada mais...
Quando seu corpo levemente distendeu-se e depositou-se ao solo, ninguém deu-se disso... invadia os ares um olor sublime de ignota fonte...

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