com meus pais |
Um dia me chamaste à vida, Senhor, e eu saí alegre do ventre de minha mãe. Ela era linda e inteligente. Puseste-me no paraíso terrestre onde me criei entre pessoas, animais e plantas. Fui muito feliz. Brincava com objetos muito simples que a natureza me dava.
Depois, convocaste-me para a tua messe e eu fui. Por dias, semanas, meses e anos mudei de cidade em cidade, de campo em campo e fui feliz seguindo tuas pegadas. Do altar às classes de livros; dos campos, bosques e pomares às bibliotecas e templos, fui contando anos e saberes. Fui filósofo e frade, como me ordenaste.
Novamente me convocaste para abandonar o altar e me colocaste numa sala de universidade. Fizeste-me docente, mestre e doutor. Sempre seguindo uma luz que me vinha do alto, amei e compartilhei a vida com milhares de alunos que me amaram também.
Deste-me uma esposa e filhos amados com os quais fui imensamente feliz. Depois, deste-me outra esposa e outros filhos e netos que adotei com o amor que infundiste no meu peito, juntando-os aos primeiros filhos e netos. E continuei neste caminho que a felicidade plantou de alegrias sem conta.
Nos intermédios, deste-me um campo que cultivei com amor e que me ensinou muito da praticidade da vida. Deste-me sempre um teto para abrigar os meus e meios de me locomover.
Mandaste-me escrever. Escrevi e muitos amaram o que eu disse. E continuarei escrevendo enquanto não me chamares para outra missão para a qual me julgares digno. Eis-me aqui, diante do teu trono. Ordena, que eu vou para onde me mandares.
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