terça-feira, 15 de setembro de 2020

CONFLITO ENTRE ÍNDIA E CHINA NOS HIMALAIAS 'NÃO PODE SER DESCARTADO', DIZ ANALISTA

Posted by Thoth3126 on 15/09/2020

Índia e China envolveram-se em uma temporada de confrontos militares com baixas, provocações e desentendimentos na região contestada de Ladakh, nos Himalaias. Quais as possibilidades de conflito militar e quais grupos têm interesse na deterioração das relações entre as duas potências nucleares? – A real possibilidade de eclosão de um conflito militar entre duas potências nucleares, as mais populosas do planeta, veio assombrar um ano já bastante conturbado pela pandemia do coronavírus e pela crise climática.
Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch
Conflito entre Índia e China em fronteira no Himalaia ‘não pode ser descartado’, diz especialista.
Fonte: Sputnik

No dia 15 de junho deste ano, num confronto entre soldados de China e Índia na montanhosa zona contestada de Ladakh deixou pelo menos 20 soldados indianos mortos e deu início a uma temporada de provocações, escaramuças, notícias falsas e confrontos entre os dois países.
A possibilidade de eclosão de um conflito militar entre duas potências nucleares veio assombrar um ano já bastante conturbado pela pandemia e pela crise climática.


Soldados paramilitares indianos montam guarda enquanto um comboio do Exército indiano se desloca na rodovia Srinagar-Ladakh em Gagangeer, nordeste de Srinagar, Índia, 18 de junho de 2020

“As tensões na fronteira terem se agravado durante a pandemia é mera coincidência”, disse à Sputnik Brasil Aleksei Kupriyanov, pesquisador sênior do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais Primakov da Academia de Ciências da Rússia (IMEMO-RAN, na sigla em russo).

“Mas a quarentena, a carência de novos acontecimentos e uma atmosfera geral de alarme contribuíram para areação extremamente sensível da sociedade indiana“aos acontecimentos na fronteira, explicou Kupriyanov.

A origem do conflito

Segundo Kupriyanov, “Ladakh foi por muito tempo um reino independente no Himalaia”, até que, “em 1842, foi anexado pelo reino de Jammu e Caxemira”. A partir de 1858, o subcontinente indiano foi em boa parte dominado pelo “Império Britânico”, e “a região de Jammu e Caxemira foi anexada como um reino semiautônomo pelo Império Britânico”, relatou.
Os problemas começaram “durante o processo de demarcação da fronteira entre a Índia britânica e a China”.
Na ocasião, “o Reino Unido decidiu delimitar a fronteira” de forma a “retirar da China o território de Aksai Chin, que faz parte de Ladakh e tinha sido anexado a Jammu e Caxemira”.
“Enfraquecida após a Revolução de Xinhai de 1911, […] a China não reconheceu oficialmente esta fronteira, mas teve que aderir a ela de fato”, conta Kupriyanov.


Após a independência da Índia do jugo britânico, em 1949, “Pequim e Nova Deli não chegaram a um acordo sobre os territórios contestados, como Aksai Chin”.


“A Índia não estava preparada para modificar a fronteira delimitada pelos britânicos, enquanto os chineses a consideravam injusta.”

Em 1962, os países travaram uma guerra fronteiriça, durante a qual a China anexou a região de Aksai Chin. 

“A Índia não reconhece a anexação de Aksai Chin pela China e, atualmente, entre a região chinesa de Aksai Chin e a região indiana de Ladakh não há fronteira delimitada, mas somente uma linha de controle”, ressaltou Kupriyanov.

“Mas mesmo o trajeto exato dessa linha de controle é um assunto contencioso entre Pequim e Nova Deli. Por isso, não é raro que ocorram confrontos nas áreas disputadas”, explicou o pesquisador sênior.

Nervos à flor da pele

O conflito no dia 15 de junho gerou uma enorme quantidade de notícias falsas na Índia, desde falsos funerais em homenagem a soldados mortos até imagens falsas de combate entre soldados. Para Kupriyanov, tais notícias falsas são produzidas por grupos que têm interesse na deterioração das relações entre Pequim e Nova Deli.
“Normalmente, internautas do Paquistão espalham ativamente notícias falsas sobre os confrontos indochineses”, notou o pesquisador.


“Na própria Índia, há muitas pessoas que são radicalmente antichinesas: a derrota na guerra de 1962 ainda é percebida de forma dolorosa”, acentuou.
Nesta segunda-feira (14), o ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Shah Mahmood Qureshi, declarou em entrevista exclusiva à Sputnik que “espera que o bom senso prevaleça” na contenda fronteiriça entre Índia e China.
Quando perguntado sobre qual lado o Paquistão apoiaria em caso de conflito militar, Qureshi disse rezar para que um conflito não aconteça.
“Mas é sabido que temos uma relação muito importante e muito estratégica com a China”, notou o ministro.
Para Kupriyanov, apesar da possibilidade de conflito militar entre China e Índia ser “bastante baixa”, ela “não pode ser descartada”:
“Nem Nova Deli nem Pequim estão interessadas em um conflito em grande escala, muito menos em uma guerra nuclear, mas, infelizmente, a possibilidade de um conflito de fronteira local não pode ser descartada”, acredita.Em ambos os lados, militares e comandantes com atitudes militaristas estão mobilizados. Suas ações, por vezes duras, podem provocar agravamento da situação, mesmo sem uma ordem do centro”, ponderou.

Mediação do conflito
A Rússia emergiu como uma possível mediadora do conflito entre Índia e China, uma vez que mantém laços com os dois países em blocos internacionais como o BRICS e a Organização de Cooperação de Xangai.
“Para a Rússia, toda essa situação é extremamente desagradável, uma vez que Índia e China são suas parceiras estratégicas”, disse Kupriyanov.
No entanto, Índia e China “rejeitam categoricamente qualquer interferência externa, de modo que o máximo que a Rússia pode fazer é fornecer uma plataforma para consultas”, disse o pesquisador sênior.


Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov (centro), recebe seus homólogos indiano, Subrahmanyam Jaishankar, e chinês, Wang Yi, em Moscou, 10 de setembro de 2020
E foi exatamente isso o que aconteceu: nesta quinta-feira (10), durante reunião da Organização de Cooperação de Xangai celebrada em Moscou, os ministros das relações exteriores de China e Índia chegaram a um acordo de diminuição das tensões na região contestada.

A declaração conjunta reconhece que a situação não é do interesse de nenhum dos lados e reativa mecanismos de diálogos estabelecidos entre os países, como o Mecanismo para Consultas e Coordenação para Assuntos da Fronteira entre China e Índia (WMCC, na sigla em inglês).
Considerado um primeiro passo rumo à diminuição das tensões entre as potências, o acordo demonstra que, mesmo em tempos de pandemia e fake news, a diplomacia ainda é capaz de atuar em prol de caminhos para a paz.
Entre os dias 9 e 10 setembro, Moscou sediou reunião dos ministros das Relações Exteriores da Organização de Cooperação de Xangai, grupo que compreende Cazaquistão, China, Índia, Paquistão, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão e Uzbequistão.


“E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá FOMES, PESTES e TERREMOTOS, em vários lugares. Mas todas estas coisas são [APENAS] o princípio de dores. – Mateus 24:6-8

“E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da BESTA; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis[666]“. – Apocalipse 13:16-18

Mais informações, leitura adicional:

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