quinta-feira, 19 de maio de 2016

SOBREIRO, ÁRVORE CUJA CASCA PRODUZ ROLHAS

Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara

Em Portugal existem muitos sobrais, isto é, florestas de sobreiros. Do nome dessa planta surgiram os sobrenomes Sobreiro e Sobral. Porém, o mais importante nessa planta não é sua contribuição à linguagem e sim sua participação na economia portuguesa.
O sobreiro é uma planta muito útil, pois de sua casca se produzem rolhas, cuja finalidade principal e tampar garrafas. O nome científico dessa planta é Quercus Suber. Quercus é um nome latino que significa carvalho. Portanto, o sobreiro é uma espécie de carvalho.
É uma das plantas mais abundantes em Portugal. É protegida pelo estado. Sua grande especificidade está no fato de não ser necessário abate a árvore para produzir as rolhas. Em outros países, como no Brasil, há plantas que produzem rolhas, como as corticeiras, de nome científico Erythrina crista-galli. Porém, a rolha é confeccionada a partir da madeira dessa planta. Assim, para confeccionar as rolhas, é preciso abater a planta.
Porém, o sobreiro produz rolha a partir da casca, que é muito espessa e que, depois de alguns anos de uma extração, se refaz e permite sucessivas novas extrações.

Sobral - floresta de sobreiros
Segundo a Wikipédia: "A finalidade da cortiça é o fabrico de isolantes térmicos, tecido de cortiça (vestuário, acessórios como malas, bolsas, carteiras e sapatos), materiais de isolamento sonoro de aplicação variada e ainda indústria aeronáutica, automobilística e até aeroespacial, mas sobretudo é utilizada na produção de rolhas para engarrafamento de vinhos e outros líquidos. 
Portugal é o maior produtor mundial de cortiça, sendo a cortiça portuguesa responsável por 50% da produção mundial. O setor que emprega diretamente 12 mil pessoas, e contribui com 3% do PIB cerca de 5.5 mil milhões de euros(7.6 Bilion US$).
Os Montados são sistemas agro-silvo-pastoris e um dos exemplos de sistemas tradicionais sustentáveis de uso no solo da Europa. Representam uma área de aproximadamente 1,2 Mha, a maior parte na região do Alentejo, no sul de Portugal. O valor econômico dos montados deve-se, essencialmente, à produção de cortiça, estando a sua importância cultural relacionada com o papel que têm na conservação da biodiversidade e valores históricos como o registo de sistemas sociais e agrícolas tradicionais. Desde o século XIV, que Portugal já exportava cortiça para o Reino Unido e Flandres. A gestão tradicional dos Montados permite combinar dois objetivos importantes a produção agro-pastoril e conservação do ecossistema.
Além da cortiça, o sobreiro dá o fruto que é a bolota, também conhecida por lande ou ainda (mais corretamente) glande, que serve para alimentar as varas do porco preto alentejano, também conhecido por porco de montanheira, do qual se faz o além de enchidos o presunto ibérico e o presunto pata negra."

EXPERIÊNCIA SECULAR
Processo de extração da cortiça a partir do sobreiro. "O despegar das pranchas soa seco, lembra o suave ranger de uma porta, o som de uma rolha a passar pelo gargalo. No ar fica um odor muito característico, levemente adocicado, enquanto os homens partem para outra árvore, um processo que se repete vezes sem conta. Pelo rigor, pela sazonalidade e pela experiência que exige, este é o trabalho agrícola mais bem pago do mundo."

secagem da cortiça
"A cortiça sai do montado em camiões com destino ao estaleiro onde, durante um mínimo de seis meses, irá estabilizar e desenvolver um teor de umidade uniforme. Cada remessa é etiquetada e registada para que seja possível remontar à origem de um lote individual na floresta – a rastreabilidade é muito importante para garantir a qualidade e constitui um fator chave na manutenção da integridade da cadeia de custódia, que é fundamental para obter a certificação pelo Forest Stewardship Council® (FSC)."
"As pranchas são empilhadas sobre estruturas de aço inoxidável em grandes áreas cimentadas, construídas num plano ligeiramente inclinado. Este procedimento evita que a cortiça permaneça em contacto com o solo e apresenta resultados muito significativos na redução da contaminação microbiana. As pilhas são feitas de forma a maximizar o escoamento da água e a circulação do ar. A cortiça acabada de chegar destaca-se no cenário do estaleiro. Tem uma cor mais viva, ao lado do tom acinzentado da que está em estágio há mais tempo."
/'Após o período de repouso, as pranchas são separadas. Mãos treinadas selecionam a cortiça de grande qualidade passível de ser transformada em rolhas. A cortiça grossa, com altura que permita extrair uma rolha inteira de uma única peça, destina-se às rolhas naturais. A delgada será transformada em discos, aplicados nas rolhas técnicas." (Disponível em http://www.amorimcork.com/natural-cork/raw-material-and-production-process/).

Nenhum comentário:

Postar um comentário