Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Essa obra é de fundamental importância pela
influência que teve nas artes, mormente na pintura, na escultura e na música. A
narrativa pastoril intitulada “Os Amores Pastoris de Dáfnis e Cloé” (In ancient
greek Ποιμενικά τὰ κατὰ
Δάφνιν καὶ Χλόην) é
obra do escritor grego Longo, cujo nome em grego antigo é Λόγγος, sendo
traduzido para o latim como Longus,
de quem pouco se conhece. Sabe-se apenas que viveu entre o século II e III d.
C. e era excelente narrador.
Acredita-se que esse autor tenha nascido na Ilha
de Lesbos, terra natal da poetisa Safo, por volta de 150 d. C., tendo-se
dedicado à sofística. Teria falecido pelo ano 230 d. C.
Sua obra foi traduzida para diversos idiomas. Segundo
a introdução da obra feita pelo próprio autor, o que o inspirou a escrever foi
a imagem de uma ninfa, que teria encontrado em uma gruta.
A narrativa aborda a história do jovem Dáfnis,
abandonado pelos pais ao nascer, e encontrado pelo criador de cabras Lámon.
Porém, junto ao menino haviam encontrado ricas joias e moedas para custearem
sua criação.
Afirma-se que, achando-se o menino chorando de
fome no interior de uma gruta, uma das cabras de Lámon dele se teria aproximado
e amamentado para mitigar-lhe a fome.
O pastor e sua mulher recolheram o menino com
imensa alegria, não por causa das joias e do dinheiro, mas em razão de não
terem filhos naturais.
Cloé, por seu lado, é dois anos mais jovem do que
o menino. Do mesmo modo que ele, também fora abandonada na infância junto de
muitas riquezas, numa gruta de ninfas.
Assim, ambos, embora ricos, são criados como
pastores entre pastores, profissão milenar na Grécia antiga. Os pastores, além
de se dedicarem ao pastoreio, empregam seu tempo produzindo alimentos oriundos
do leite, especialmente queijos, e produzindo artesanatos de lã, de maneira
especial tecidos.
Nessas lides e nos folguedos infantis próprios das
crianças das montanhas cresceram inocentes e simples Dáfnis e Cloé. Ambos foram
educados para cumprirem a vontade dos deuses e assim viviam até que o Eros
provocou-lhes mútua atração.
Viam-se todos os dias e mantinham longos diálogos
abençoados pelos deuses. Mas, como não viviam no paraíso, em certa ocasião,
Cloé foi raptada por uns piratas perversos que a conduziam para vender em
alguma cidade das diversas ilhas da costa grega. Porém, ela é recuperada por um
grupo de ninfas.
Eros incumbiu Philétas, um velho da região, para
que instruísse os jovens nas artes do amor. Em seguida, Dáfnis conhece Licényon,
uma mulher vinda da cidade, com quem é iniciado na sexualidade.
A convivência entre eles faz com que, naturalmente
desenvolva-se neles uma paixão. Descobre a sexualidade pelos impulsos naturais
e, sob a proteção dos deuses, tornam-se amantes puros e naturais.
A partir dessa narrativa, Jacques Lacan, o grande
psicanalista francês vai concluir que a sexualidade é um fenômeno cultural e
não um impulso simples da natureza.
Essa narrativa é muito importante nas artes. A
partir dela, muitos quadros representam o amor juvenil. Também importantes
escultores desenvolveram suas obras esculpindo esse amor puro e apaixonado.
Também na música, Maurice Ravel compõe um balé intitulado Daphne et Cloé, em
que representa o amor natural entre jovens apaixonados.
EXEMPLOS DE OBRAS DE ARTE A PARTIR DA NARRATIVA DE DÁPHNIS E CLOÉ:
Virginio Arias, 1880 - Dáfnis e Cloé |
Mariano Benlliure - Daphnis e Cloé
Alexis Bordes, Daphnis et Chloe |
PCabanel - DaphnisChloe |
Elizabeth Jane Gardner Bouguereau - Daphnis and Chloe |
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