sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

A REVELAÇÃO TEMPLÁRIA - 13b - FILHO DA DEUSA

 

Posted by  on 11/12/2020

 A Revelação Templária – 13b – Filho da Deusadeusas-filhos-feminino-sagrado

Os egípcios invocavam a sua rainha ÍSIS como «senhora dos deuses… tu, senhora de vestes  vermelhas… dona e senhora do túmulo …». Tradicionalmente, Madalena tem sido  descrita como tendo envergado um vestido vermelho, o que tem sido considerado uma  referência À Revelação Templária – 13b – Filho da Deusa se devia a ela ter sido uma prostituta. E foi Madalena que presidiu às cerimônias no  túmulo de Jesus. Interpretemos isto, e muito do que se perdeu e foi deliberadamente obscurecido e distorcido  ajusta-se, finalmente, no seu lugar, incluindo a própria natureza do que se pode designar  por verdadeiro cristianismo.

Edição e imagens:  Thoth3126@protonmail.ch

Capítulo 13b – FILHO DA DEUSA  – Livro  The Templar Revelation – Secret Guardians  of the True Identity of Christ”, de  Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

Apesar das primeiras impressões, o princípio feminino da divindade não está ausente dos Evangelhos –  pelo menos, na sua forma original. As famosas palavras iniciais do Quarto (João) Evangelho são:  «No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.» Apesar de o  conceito de Verbo (Logos) derivar das ideias do filósofo judaico neoplatônico Filo de  Alexandria, contemporâneo de Jesus, nesta versão – a de João – ele parece ser explicitamente Feminino.

Logos é um substantivo masculino, mas, paradoxalmente, o conceito que ele representa parece ser feminino. E evidente que alguma confusão ocorreu  quando o Evangelho foi extraído da sua coletânea de textos – e, mais tarde, viemos a  compreender o significado das verdadeiras origens deste trecho. A frase «e o Verbo estava com Deus» é um erro fundamental de tradução, que muda  completamente o verdadeiro sentido, mas, ao fazê-lo, elimina convenientemente algumas  implicações embaraçosas. Porque as palavras originais gregas são pros ton theon que,  literalmente, significam «dirigindo-se para Deus», e têm implícito o significado de um  homem procurando a união com uma mulher. Como escreve George Witterschein:

[…] podemos mesmo usar a palavra erótico para descrever um desejo de unicidade para  vencer a separação… A chave de tudo isto… era a atração entre homem e mulher, que  iguala… a atração entre o Verbo e Deus.

Por outras palavras, o Verbo é feminino. E, curiosamente, a tradução exata das primeiras  linhas do Evangelho de João é:

No princípio era o Verbo, e o verbo procurava Deus, e Deus era o que o Verbo era. Ele estava com Deus, no princípio.

Por conseguinte, o Verbo era uma força completamente distinta de Deus. É significativo  que o Verbo e o Espírito Santo sejam geralmente entendidos como idênticos, embora a  designação original do último seja ambiguamente feminina. Era Sophia.

Os conceitos evocados nestas linhas são claramente não judaicos Mas também não são  originais dos primeiros anos da «nova» religião do cristianismo emergente. O antropólogo  americano e professor de História Religiosa Karl Luckert, que fez um importante estudo da  religião egípcia e da sua influência nos conceitos teológicos e filosóficos futuros, não tem  dúvidas sobre a sua verdadeira origem quando escreve:

[…] em toda a literatura religiosa, desde o chamado período helenístico, não há melhor  epítome da antiga teologia ortodoxa egípcia que o  prólogo do Evangelho de João.

revelação-templaria-clive-prince-livroDesmond Stewart, em The Foreigner, argumenta que Jesus foi educado, se não mesmo  nascido, no Egito. Contudo, ele podia ter sido judeu, porque, nessa época, havia grandes e  florescentes comunidades judaicas no Egito. Stewart aponta muitas coisas em Jesus, desde a falta de sotaque galileu à ênfase e implícito ambiente das suas parábolas, que sugerem  uma educação egípcia. E, evidentemente, o Novo Testamento relata que Maria, José e o menino Jesus fugiram para o Egito para escapar à ira de Herodes. Excluindo o incidente em que Jesus interroga os doutores do Templo de Jerusalém, com a idade de 12 anos, não  há nenhuma referência à sua juventude.

No entanto, este episódio é claramente uma  invenção, porque apresenta Maria e José a expressarem a sua ignorância da divindade de Jesus – imediatamente a seguir à história do seu nascimento miraculoso, que eles teriam  conhecido melhor do que ninguém! Assim, nos Evangelhos canônicos, não há nada autêntico sobre Jesus, desde a sua infância até à maturidade. Onde estivera? Por que razão  há este silêncio sobre a sua infância e juventude? Se esteve fora do país e envolvido com outras culturas, os autores podem ter sentido que não lhes competia – ou, mais provavelmente,  ultrapassava o seu talento – inventar toda uma série de incidentes para preencher a lacuna.

Outras fontes confirmam esta ideia. O livro sagrado judaico, o Talmude, não refere Jesus  como sendo natural da Galileia ou como oriundo de Nazaré, mas declara dogmaticamente  que ele veio do Egito. Além disso, e talvez mais significativo, o Talmude afirma, de forma inequívoca, que o motivo da prisão de Jesus foi uma acusação de feitiçaria e que ele era um iniciado da magia egípcia. Este conceito foi também o principal impulso do livro de Morton Smith, Jesus The Magician (1978), em que Smith sugere que milagres como a  transformação da água em vinho e caminhar sobre as águas eram tão característicos do  repertório habitual dos mágicos egípcios como o truque indiano da corda é dos faquires.

Smith apresenta muitos exemplos de semelhanças entre os milagres de Jesus e os feitiços e encantamentos mágicos que se encontram nos textos dos  papiros contemporâneos, assim como estabelece um paralelo com a vida e obras do famoso  mágico Apolônio de Tiana (um contemporâneo, mais jovem que Jesus) e com Simão, o  Mago. A estes dois homens eram atribuídas capacidades quase idênticas às de Jesus.

Os cristãos podiam alegar que foi apenas uma má interpretação das massas crédulas que  deu origem à imagem de Jesus como um ocultista: os seus milagres foram, na verdade, um dom do Espírito Santo. Contudo, esta é uma interpretação tão subjetiva como a anterior e  tem, de fato, poucos argumentos em seu favor. Morton Smith chama a atenção para um  grande paradoxo do cristianismo:

[…] temos de ter em consideração uma tradição que não só tentava ilibar Jesus da acusação  de magia mas que também o venerava como um grande mágico.

Havia muitos mágicos-feiticeiros-itinerantes, de maior ou menor celebridade, no mundo  greco-romano da época de Jesus, e a cura e o exorcismo eram um número habitual do seu repertório, como acontece, hoje, com os homens santos indianos e os sacerdotes vodus, entre outros. (Que as alegadas curas fossem genuínas é uma questão a debater, mas o espanto das multidões é bastante real e o relato oral contribui muito para criar a reputação  de Taumaturgo.)

Smith sugere que a designação «Filho de Deus» – que sempre confundiu os teólogos e os estudiosos do Novo Testamento, porque não tem qualquer precedente judaico e não era um  conceito associado ao Messias – teve a sua origem na tradição greco-romano-egípcia. O mágico de sucesso adquiria as suas capacidades devido ao seu consentimento em se transformar no canal de expressão de um Deus, como sucede com os xamãs tribais. Assim, sugere Smith, Jesus tornou-se o Filho de Deus em consequência de uma possessão mágica  pela divindade.

O milagre da «transformação da água em vinho» das bodas de Canaã revelou-se  suspeitosamente semelhante a um relato de uma cerimonia dionisíaca, realizada em Sídon,  até mesmo nas palavras usadas. E, no mundo helenístico, Dionísio era explicitamente associado a Osíris. Smith cita também dois textos mágicos egípcios que são  semelhantes à eucaristia, a comunhão ritual do pão e do vinho, que é considerada tão  sagrada pelos cristãos como tendo sido incentivada unicamente por Jesus. Smith escreve – e  os itálicos são seus:

Estes são os textos conhecidos mais semelhantes ao texto da eucaristia. Neles, como neste último, um deus-mágico entrega o seu próprio corpo e sangue àquele que  os recebe e que, ao absorvê-los, ficará unido com ele, em amor.

Mesmo as palavras proferidas por Jesus são semelhantes às destes textos mágicos. Há outras indicações – de fato, nos próprios Evangelhos – de que Jesus, na época, era  geralmente considerado um mágico. No Evangelho de João, as palavras dirigidas a Pilatos,  quando Jesus lhe é entregue, são que ele era «um malfeitor». Na lei romana, esta era a  designação de feiticeiro. O aspecto mais significativo da investigação de Morton Smith, neste contexto, é o fato de que, embora baseadas inteiramente numa comparação entre os Evangelhos e os papiros  mágicos, as suas conclusões correspondem exatamente ao modo como Jesus é descrito no Talmude judaico e nos primitivos textos rabínicos. Estes nunca descrevem Jesus como o  judeu que criou uma forma herética de judaísmo, como muitos cristãos modernos o consideram. Em vez disso, estes textos judaicos consideram-no um judeu que se converteu  inteiramente a uma nova religião ou como alguém que nunca foi judeu. De fato, eles denunciam-no especificamente como praticante da magia egípcia. O próprio Talmude  afirma especificamente que Jesus passou a primeira parte da sua vida adulta no Egito,  onde aprendeu artes mágicas.

Numa narrativa da literatura rabínica, Jesus é comparado a uma figura anterior, Ben Stado.  Este era um judeu que tentara introduzir o culto de diferentes divindades pagãs em paralelo com o de Jeová e que, especificamente, trouxera práticas mágicas do Egito. A narrativa frisa que, do mesmo modo, Jesus dera a conhecer aos judeus práticas mágicas do Egito.  Outros textos rabínicos são igualmente explícitos neste ponto: Jesus «praticava magia e  enganou e desencaminhou Israel». É evidente que os judeus, contemporâneos de Jesus, o consideravam um adepto da magia egípcia. O seu crime, aos olhos dos judeus, era ter tentado introduzir ideias pagãs e deuses  pagãos em terras judaicas.

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O Talmude e outras compilações de textos rabínicos podem ser investigados apenas até ao  século III d.C., dando origem a acusações de difamação deliberada por parte dos inimigos  de Jesus, os judeus. Contudo, estas acusações do que é essencialmente feitiçaria podiam  não ter surgido por pura malícia, como, à primeira vista, podia parecer. A acusação de  feitiçaria é uma acusação curiosa para ter sido inventada – e há evidências de que estas  ideias sobre Jesus já eram conhecidas.

O mártir Justino, escrevendo c. 160 d.C., relata uma discussão com um judeu, Trifo, que  considera Jesus um «mágico galileu». O filósofo platônico Celso, escrevendo c.174 d.C.,  afirma que, embora Jesus crescesse na Galileia, fora, durante algum tempo, trabalhador  assalariado no Egito, onde aprendeu as técnicas da magia.

Como vimos, os evangelistas não viram nada de indigno ou chocante em registar que os  magos prestaram homenagem a Jesus com os seus presentes de ouro, incenso e mirra.  Enfaticamente, eles não eram apenas magos ou reis, mas membros de uma irmandade  específica e secreta oriunda da Pérsia. E, embora alguns comentadores possam tentar  explicar este fato como o reconhecimento simbólico de superioridade do filho de Deus  recém-nascido, por parte dos feiticeiros, não há nenhuma sugestão de tal interpretação nos  Evangelhos, onde a visita dos magos se destina claramente a provocar espanto e admiração.

Morton Smith observa que – embora a história tenha tendência a minimizá-lo -, os  primeiros cristãos, especialmente os do Egito, praticavam magia. Alguns dos mais antigos artefatos cristãos são amuletos mágicos, ostentando imagens de Jesus e inscrições  mágicas. A implicação é evidente: a primeira geração dos adeptos de Jesus consideravam – no um mágico, ou porque sabiam que ele o era ou simplesmente porque ele se ajustava  perfeitamente ao papel.

Há, no entanto, um rumor muito mais sinistro, que era corrente durante a vida de Jesus,  sobre o seu envolvimento com a feitiçaria, um rumor que apenas reforça o dos textos  rabínicos, mas que, se fosse verdade, ajudaria a resolver um persistente problema bíblico.  Esta bizarra e chocante acusação, que discutiremos depois, pode demonstrar deter a chave de grande parte do mistério que rodeia a relação de Jesus com Batista e a possível razão da  importância de João para os grupos secretos ao longo dos séculos.

Como vimos, há paralelos extraordinariamente evidentes entre a vida de Jesus e a história  de Osíris. Mas, talvez ainda mais significativo, muitas das suas palavras autênticas parecem  ter saído inalteradas da tradição da religião egípcia. Por exemplo, Jesus disse (João 12:24):  «Se um grão de trigo, caindo na terra, não morrer, ficará só: mas se morrer: dá muito  fruto.» Esta imagem e conceito provêm inegavelmente do culto de Osíris. E as palavras  de Jesus «Na casa de meu Pai há muitas moradas» (João 14:2), que têm intrigado gerações  de cristãos, são explicitamente osirianas e provêm diretamente do Livro dos Mortos egípcio.

Mais propriamente chamado de Livro de Sair para a Luz, o Livro dos Mortos egípcio, esta obra era composta por uma série de  palavras mágicas com as quais as almas podiam vencer os terrores da vida ulterior e que eram lidas aos moribundos por um  sacerdote ou uma sacerdotisa. O conhecimento que Jesus tinha de Livro de Sair para a Luz sugere familiaridade não só com os textos religiosos do culto de ÍSIS/Osíris mas com a sua  magia – como vimos, religião e magia eram idênticas para os egípcios. 

Osíris foi morto numa sexta-feira e o seu corpo desmembrado foi dispersado; três dias  depois, ressuscitou – graças à intervenção mágica de ÍSIS, que chorara a sua morte pelo país inteiro.  Nas representações anuais dos mistérios osirianos do Egito, a grande-sacerdotisa, que  representava o papel de ÍSIS, lamentava-se: «Homens perversos mataram o meu amado, e  não sei onde está o seu corpo»; quando, finalmente, volta a reunir o seu corpo desmembrado, ela diz: «Eis que te encontrei jazendo ali… Oh, Osíris, faz viver, ressuscita o  infeliz que jaz ali! Eu sou ÍSIS.» O sacerdote que representava o papel de Osíris levantava- se e mostrava-se aos seus adeptos, que manifestavam a sua dúvida e espanto por esta ressurreição milagrosa.

Comparemos a primeira frase com as palavras de Maria Madalena dirigidas ao «hortelão»  (que vem a ser Jesus): «Levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.» (Naquela  (judaica) cultura, «meu Senhor» era uma expressão usada pela esposa relativamente ao marido.)  Talvez também fosse celebrado no túmulo de Jesus um ritual em que Maria Madalena  proferisse as palavras da deusa egípcia antes de tratar os seus ferimentos. Nos mistérios do  deus-que-morre, é a deusa, acompanhada pelas suas servas, que vai ao Mundo dos Mortos  para trazer o deus ressuscitado e que esse tenebroso Hades era geralmente representado  como um túmulo.

Como, na nossa opinião, Jesus e Madalena estavam a viver a história da morte e  ressurreição de Osíris, a opção pela crucificação faz perfeito sentido – porque a cruz já era  um antigo símbolo osiriano.

Foi Maria Madalena e as suas companheiras que assistiram ao enterro de Jesus, não apenas  porque, como tem sido sugerido, essa tarefa incumbia às mulheres, naquela época, mas porque eles estavam a desempenhar conscientemente os seus papéis na história de Osíris.  Jesus desempenhava o papel de um deus-que-morre e que era ressuscitado graças à  intervenção – mágica ou não – da sua «deusa», a sua companheira sexual e espiritual. Maria Madalena. Foi ela quem lhe conferiu o messianismo, ungindo-o ritualmente com o perfume  de nardo, e, se estiver correta a ideia de que ela era rica, talvez a sua influência tornasse  possível o rito iniciatório e mágico da crucificação.

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Jesus seria um Iniciado no ocultismo do antigo Egito.

Com a sua forte confiança nas imagens osirianas e no suposto ambiente egípcio. Jesus pode  ter-se submetido voluntariamente aos horrores da crucificação, mas por razões algo irônicas, considerando o conceito que dele  fazem os cristãos. Para eles, Jesus é Deus encarnado, mas talvez ele acreditasse que, através  de uma morte e renascimento simbólicos, podia tornar-se um deus. A crucificação podia ter  sido deliberadamente imaginada e organizada – com o auxílio de determinados subornos –  para que Jesus, como Lázaro, pudesse renascer, à maneira das escolas de mistérios  osirianas, sob a forma do próprio Osíris. Isto é tanto mais provável se Jesus, de fato, se  considerasse de descendência real – a descendência de David – porque um faraó morto  transformava-se automaticamente «num Osíris», e tornava-se rei dos céus e devastador do  Reino dos Mortos, devido à intervenção mágica de ÍSIS. Jesus esperava emergir do túmulo  impregnado de poder divino? Talvez esta ideia explique um dos mais persistentes mistérios  da cristandade – se Jesus morreu, ou não, na cruz.

Muitas pessoas acreditam que Jesus não morreu. Certos Evangelhos gnósticos, o Alcorão e  alguns dos primeiros cristãos heréticos – e, talvez, o Priorado de Sião – adotaram a ideia de  que um substituto (possivelmente Simão de Cireneia) tomou o seu lugar, enquanto outros  pensam que ele sofreu a crucificação mas foi descido da cruz vivo e que a sua  «ressurreição» se referia apenas a ser curado dos ferimentos. Certamente que Leonardo  acreditava que ele vivia quando foi descido da cruz: o sangue ainda corre na imagem do homem representado no seu forjado «Santo» Sudário de Turim, e o sangue não circula num  cadáver. (Mesmo que a nossa tese esteja errada, e que Leonardo não forjasse o sudário,  quem o forjou também devia ter acreditado que Jesus não morrera na cruz – e se, contra  todas as evidências, for realmente o Sudário de Jesus, então ele prova claramente que Jesus  estava vivo no túmulo.)

É evidente que podia ser por acidente que Jesus tenha sido retirado ainda vivo e que a  versão oficial da sua morte e crucificação esteja mais próxima da verdade do que nós  estamos. Mas há demasiadas objeções lógicas. Os soldados romanos invasores eram  pessoas práticas, e os seus funcionários eram torturadores e carrascos experientes. Contudo,  somos informados de que eles concluíram apressadamente as execuções daquela sexta-feira  – quebrando as pernas dos ladrões crucificados, por exemplo, para que estivessem  enterrados antes que o sábado começasse. Devemos acreditar seriamente que, exatamente  os romanos, se preocupassem a esse ponto com o costume judaico, ou, embora se  preocupassem, eles se esqueceriam de que o crepúsculo de sexta-feira assinalava o fim da  tortura da crucificação, mesmo que ela tivesse começado apenas algumas horas antes?

A crucificação era a pior das mortes imagináveis, porque a vítima demorava dias a morrer. Era esse o objetivo. Então, nesse caso, por que foi alguém  crucificado numa sexta-feira, quando teria de ser descido da cruz, vivo ou morto, ao pôr do Sol desse mesmo dia?

É certo que houve um julgamento e houve uma crucificação. Mas parece que Jesus e o seu  círculo interno – que incluía a «família de Betânia» – engendraram deliberadamente os acontecimentos para realizar algum plano particular. The Passover Plot de Hugh Schonfield  explica elegante e convincentemente como isso aconteceu, mas não explica por que razão,  se Jesus pretendia apresentar-se como o Messias, escolheria ser crucificado, porque uma morte tão humilhante nunca teria sido o destino do tão esperado herói judaico.

Contudo, a encenação ultrapassa fazer prender e crucificar Jesus. Há anomalias nos  Evangelhos que despertam graves suspeitas. O espaço de tempo concedido à crucificação  de Jesus foi, como vimos, notavelmente curto e, enquanto aos ladrões teve de ser dado o coup de grace, pelos soldados romanos, para que morressem antes do sábado, Jesus  prestou-lhes o favor de morrer antes do pôr do Sol. Muitas pessoas têm sugerido que  alguma droga – um poderoso narcótico – tenha sido administrada a Jesus na esponja, quando  pendia da cruz, o que lhe deu a aparência de morto. Neste caso, devemos presumir que os  conspiradores tinham subornado os guardas para fingirem não ver. Estas pistas sugerem  que a conspiração estava relacionada com a montagem de uma representação muito cínica: a crucificação era a maneira mais pública de anunciar uma morte, e, depois de a ter  anunciado, qualquer aparente regresso à vida seria considerado milagroso.

A própria natureza deste plano revela por que tinham de ser os romanos, não os judeus, a  prender e condenar Jesus. Se os judeus o tivessem declarado culpado, ele teria sido  apedrejado, e teria sido impossível simular uma morte por apedrejamento. Mas o que esperavam conseguir os conspiradores com este complicado – e arriscado –  subterfúgio? Afinal, como vimos, um criminoso crucificado nunca podia ser reconhecido  como o Messias: os judeus não esperavam que o Messias fosse crucificado nem que  ressuscitasse dos mortos. Esta interpretação das suas expectativas simplesmente não existia.

O plano, por conseguinte, não correspondia aos moldes da tradição judaica. Contudo,  adaptava-se a um conceito não judaico, o do deus-que-morre-e-ressuscita, que estava no  âmago dos cultos das grandes escolas de mistérios. Os judeus recusavam este conceito: para  eles, existia apenas um Deus e era inconcebível que ele fizesse parte de um culto de  derramamento de sangue, porque consideravam, impuro e repulsivo tudo o que se  relacionasse com sangue e a sepultura. Contudo, os países do Oriente Médio e do Mediterrâneo estavam repletos do  culto destas divindades.

Nunca é de mais frisar que a história da morte e da ressurreição de Jesus não era, de modo  algum, única. No contexto da proliferação dos cultos do deus-que-morre daquela época,  Jesus pretendia, obviamente, ser associado a um deles. Mas com qual? E que esperava ele  ganhar com este doloroso e perigoso plano?

crucificação-de-cristoComo já vimos, o grito de Jesus, na cruz, pode ser interpretado como sendo «Helios!  Helios!» («Oh, Sol, oh Sol!»). A morte de Osíris, tradicionalmente, é representada como  um sol negro – por outras palavras, o abandono da luz, que tem, pelo menos, igual direito  ao grito de Jesus: «Oh, Sol! Oh, sol! Por que me abandonaste?”  É evidente que parece que Jesus estava, de algum modo, a viver a história de Osíris naquela  longínqua sexta-feira.

Há muitas perguntas sobre a Ressurreição a que não se pode responder, partindo do  princípio de que a ideia cristã da morte verdadeira e de ressurreição literal de Jesus está errada. Por exemplo, em que estado se encontrava quando foi descido da cruz – estava em  coma, no túmulo, ou apenas ferido mas consciente? O que lhe aconteceu depois? Partiu da  Palestina, como alguns sugeriram, e viajou para lugares distantes, como a ÍNDIA? O que  aconteceu à sua relação com Madalena, que parece ter embarcado para a Gália sem ele?  Seja qual for a verdade da questão, o Jesus dos Evangelhos desaparece da história após a  sua alegada ressurreição.

Essencialmente, os Evangelhos divergem após a descoberta do túmulo vazio. Os relatos do  Novo Testamento sobre as aparições de Jesus ressuscitado e a sua alegada ascensão ao céu  são uma irremediável confusão – inconsistentes, mesmo como mitos. É evidente que os não-cristãos aproveitam esta confusão de histórias como prova da sua invenção, e nós estaríamos de acordo. Contudo, apesar desta confusão, como observa Hugh Schonfield,  pode discernir-se, claramente, uma fonte: o encontro de Jesus ressuscitado com dois  discípulos, na estrada para Emaus, foi extraído da obra de Lúcio Apuleio, O Asno de Ouro.

Embora o conceito de uma futura ressurreição física faça parte da fé judaica, o que  aconteceu, quando Jesus alegadamente ressuscitou, não se adapta ao pensamento judaico. A  ideia tradicional é que os justos ressuscitarão todos juntos, no fim dos tempos: Jesus, aparentemente, desafiou este plano, ressuscitando, enquanto os seus seguidores ainda jazem  nos seus túmulos. Depois, ascendeu ao céu, sem deixar vestígios físicos, embora  prometesse que o seu ser espiritual ficava acessível aos seus seguidores – na verdade, esta continuada presença espiritual foi um dos motivos principais por que a nova religião cristã  se mostrou tão atrativa para o mundo romano, e, em grande parte, por que ela ainda tem  tanto poder sobre milhões de corações e de mentes.

Como observa Karl Luckert, os modernos comentadores, apesar de reconhecerem que este  conceito da continuada presença espiritual de Jesus não é judaico, não apresentam  quaisquer ideias sobre o seu contexto e antecedentes. Então, de onde veio esta ideia? A análise erudita de Luckert mostra, de forma conclusiva, que o conceito duplo da ressurreição única de Jesus e da sua continuada presença espiritual remontam, sem sombra  de dúvida, à teologia egípcia. Como ele explica, a teologia egípcia:

[…] tornou possível acreditar que o filho de Deus ressuscitou… e, assim, regressou para  junto do pai. Explicava também por que, durante algum tempo, antes de ter ascendido  definitivamente ao céu, se verificaram algumas aparições de Cristo… Também em  harmonia com a lógica egípcia estava o conceito de que, embora Cristo Jesus já tivesse  voltado para junto do pai, ele permaneceria, não obstante, eternamente presente entre os  seus seguidores.

Mais uma vez, vemos que conceitos, que são centrais para a religião cristã – que têm sido  acalentados como prova da singularidade e divindade de Jesus -, não resultaram,  completamente formados, da sua vida e das suas doutrinas. Nem nasceram do tipo de  judaísmo herético, que é tão frequentemente evocado para explicar a sua gênese. O conceito de ressurreição individual e da vida eterna do espírito depois da morte veio do  Egito: ali, ele era aceito como um fato. E a noção da presença continuada e reconfortante  do espírito, depois da morte, foi extraída diretamente das crenças que rodeavam a morte  dos faraós, os quais, segundo se supunha, guiavam o povo a partir do mundo invisível.

Vimos que os acontecimentos cruciais da vida de Jesus parecem estar em harmonia com a  história de Osíris e que o papel da sua companheira, Maria Madalena, condizia com o de  ÍSIS. Mas há ainda outro ponto a considerar neste contexto. Enquanto o arquétipo de Osíris corresponde claramente ao desempenho consciente do papel  por Jesus – «morrer» a uma sexta-feira, a sua morte ser chorada por «ÍSIS» e ressuscitar três  dias depois -, era a deusa que, através da magia, tornava a ressurreição possível. Nunca é demais frisar que o seu papel não era um papel secundário.

ÍSIS era considerada a Deusa Criadora: como narram as Escrituras egípcias: «No princípio era ÍSIS,  a Mais Antiga das Antigas.» Ela era a deusa «da qual todas as coisas nasceram» e, segundo  uma invocação tradicional: «[…] tu és a criadora de todas as coisas boas.» E, mais do que  isso, ÍSIS – não Osíris – era a salvadora original, sendo descrita por Aristides, um iniciado  nos seus mistérios, como «uma Luz e outras coisas inexprimíveis, conducentes à salvação», enquanto Lúcio Apuleio a invocava assim:« Tu, Santa e eterna Salvadora da raça humana…  tu dás a luz ao Sol

… Tu calcas a morte a teus pés.» Os eruditos admitem que os primeiros cristãos introduziram no seu movimento certos  aspectos do culto de ÍSIS, tal como o conceito de que uma crença na deusa conferia a vida  eterna. Também se apoderaram de muitos dos seus templos. Um desses santuários era o de  Sais, uma antiga capital do Egito, que foi transformado numa igreja da Virgem Maria no  século III. Mil anos antes, como templo da grande deusa ÍSIS, ele ostentara a inscrição «Eu  sou tudo o que era, o que é, e o que ainda virá» – a qual, muito mais tarde, foi introduzida  no Livro da Revelação (1:8), como palavras de Jeová.

A influência do culto de ÍSIS encontra-se patente até nos Evangelhos canônicos. Por  exemplo, uma das mais famosas máximas de Jesus é:«Vinde a mim, todos os que estais  sobrecarregados, e eu vos aliviarei.» Devido à sua proposta de conforto e de amor, no meio  da luta da vida, esta máxima é afixada em cartazes, no exterior de muitas igrejas, e  precedida da frase «Jesus disse». De fato, esta mesma frase – palavra por palavra – foi  integralmente extraída das máximas de ÍSIS. Ainda hoje pode ser vista inscrita acima da  porta de um templo de Dendera, que lhe era dedicado. De qualquer modo, o socorro  proposto na frase é, certamente, o de uma mãe.

Se, como pensamos, Jesus e Maria Madalena eram iniciados do culto de ÍSIS e dos mistérios  de Osíris, então, o «cristianismo» devia ter sido muito diferente da religião patriarcal e de  temor a Deus em que ele depressa se transformou. E os seus antecedentes, essencialmente  pagãos, lançam, finalmente, alguma luz sobre alguns dos mais persistentes enigmas do  Novo Testamento.

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O dilema básico foi sempre tentar conciliar a existência de um Jesus histórico com os  elementos óbvios das escolas de mistérios egípcias, que se encontram nas histórias sobre  Jesus. Em consequência direta deste problema, os comentadores seguiram um de dois  caminhos: ou, como Ahmed Osman, concluíram que Jesus não existiu ou, como A. N.  Wilson, afirmam que as referências de escolas de mistérios nunca fizeram parte da história  original, mas foram introduzidas mais tarde.

No entanto, estes dois elementos, aparentemente inconciliáveis, podem, como já demonstramos, fazer sentido, se considerados em conjunto. A hipótese de que Jesus era de religião judaica é que tem impedido que uma  solução clara e simples seja reconhecida. Se, por outro lado, a sua religião era estranha à  tradição judaica, então tudo se explica. Não se pretende afirmar que os discípulos de Jesus não eram judeus nem que a sua  campanha não fosse deliberadamente dirigida aos judeus. Mas, como vimos, é evidente que  havia um «grupo-mestre-títere» por detrás do movimento, do qual fazia parte, certamente, a  «Família de Betânia».

O movimento de Jesus compreendia um círculo interno e outro externo, as versões esotérica  e exotérica do culto. Ironicamente, a maioria dos discípulos e as fontes das quais os  Evangelhos foram extraídos faziam parte do último, o grupo que, deliberadamente, Jesus  mantinha na ignorância da sua verdadeira mensagem e agenda. Por radical e bizarro que  possa parecer a princípio, é esta exatamente a situação retratada nos Evangelhos de forma  repetida – em que discípulos, como Pedro, se confessam totalmente perplexos com as  doutrinas e as intenções de Jesus. Mais crucialmente, o círculo exterior dos discípulos não  tinha a certeza das ambições de Jesus, nem mesmo do seu verdadeiro papel.

Os eruditos têm-se confessado perplexos com esta questão básica: por que razão o  cristianismo – entre todos os cultos do Messias daquela época e lugar – teria sido o único a  sobreviver e a florescer. Como vimos, a razão por que o movimento de Jesus foi quase o  único destes grupos a ganhar terreno e a subsistir, para além da Judeia, era o facto de ele já  ser reconhecível como um culto de mistério. O segredo da sua atração residia no facto de  ser totalmente um híbrido, uma mistura de certos aspectos do judaísmo e de elementos  pagãos das escolas de mistérios. O cristianismo era único porque era tranquilizadoramente  familiar a muitos judeus, e também aos pagãos, sendo, ao mesmo tempo, excitantemente  diferente.

O cristianismo, como uma nova religião, nasceu da dinâmica que se gerou quando os  convertidos de várias etnias e religiões tentavam fazer a sua própria interpretação dos  elementos individuais – e, por vezes, contraditórios – deste híbrido. Os seus seguidores eram constantemente confrontados com a luta para adaptar o arquétipo  do deus-que-morre-e-ressuscita ao molde clássico do Messias, e vice-versa; e foi esta  mistura impossível que se tornou o Cristo da Igreja.

É evidente que muitos podiam contestar os antecedentes egípcios do cristianismo, citando o  tom, geralmente, judaico dos Evangelhos. Logicamente, podiam apontar que este tom é a prova de que dispomos relativamente à natureza da primitiva religião e que implica,  certamente, que ela tinha raízes judaicas. No entanto, os Evangelhos do Novo Testamento não incluem a única prova disponível, embora sejam tudo o que a Igreja gostaria que conhecêssemos. Como vimos, o vasto conjunto de obras conhecidas  coletivamente como Evangelhos gnósticos foi ocultado aos cristãos durante muitos séculos  – e o quadro dos primeiros tempos do cristianismo, evocado por eles, não é, certamente, o  de uma seita cismática judaica.

O que os Evangelhos gnósticos descrevem é uma escola de  mistérios egípcia. Alguns eruditos, como Jean Doresse – no seu estudo dos documentos de  Nag Hammadi -, reconhecem a influência difusa da teologia egípcia nos textos gnósticos.  Repetidamente, nestes Evangelhos, tanto tempo ignorados, encontramos óbvios conceitos  egípcios, que são mais notáveis em Pistis Sophia, cuja cosmologia está em harmonia com a  do Livro dos Mortos egípcio. Os Evangelhos gnósticos usam até a mesma terminologia; por  exemplo, usam a palavra egípcia Amente, que significa «Inferno».

Durante séculos, os cristãos acreditaram que os Evangelhos do Novo Testamento estavam  «certos» – histórica e espiritualmente – enquanto os livros gnósticos estavam «errados».  Supunha-se que Mateus, Marcos, Lucas e João tivessem sido divinamente inspirados,  enquanto os outros (se, de fato, os conhecessem) eram considerados como um absurdo.  Mas, como esperamos demonstrar, há fortes razões para considerar que as obras gnósticas  são, pelo menos, igualmente dignas da nossa atenção.

Os Evangelhos gnósticos foram rejeitados pelos padres da Igreja por razões de autodefesa,  porque estes textos apresentavam uma imagem muito diferente do cristianismo; uma  imagem que não seria do seu interesse apoiar. Estes livros excluídos não só têm tendência a  acentuar a importância de Maria Madalena (e das outras discípulas) mas apresentam  também uma religião que tinha as suas raízes – ao contrário da dos livros do Novo  Testamento – na teologia egípcia da adoração do sagrado feminino.

O cristianismo não se destinava a ser um patriarcado nem  um desenvolvimento, embora herético, do judaísmo. É inegável que os Evangelhos do  Novo Testamento foram escritos pelos discípulos judeus de Jesus, mas, ironicamente, eles  parecem ser os que têm menor compreensão do que ele representava, os que tentaram  explicá-lo no seu próprio contexto cultural e religioso. Por outro lado, parece que os  Evangelhos gnósticos apresentam um quadro mais autêntico das origens da sua religião – e  mesmo dos antecedentes e crenças do próprio Jesus.

Mas a questão permanece: o que esperavam ganhar Jesus e o seu círculo interno com a  divulgação do que era, essencialmente, uma mensagem pagã na pátria do judaísmo?

A religião original dos hebreus era, como a de todas as outras culturas antigas, politeísta –  venerando deuses e deusas. Só mais tarde emerge Jeová como a divindade proeminente, e  os sacerdotes reescrevem efetivamente a sua história para eliminar – não muito  compreensivelmente – o antigo culto das deusas. (E, em consequência, o estatuto das  mulheres enfraqueceu acentuadamente, tal como aconteceu no primitivo cristianismo, pela  mesma razão.)

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O antropólogo Raphael Patai, de naturalidade húngara e estudioso da Bíblia, na sua  importante obra The Hebrew Goddess, demonstrou, de forma conclusiva, que os judeus  veneraram outrora uma divindade feminina. Entre os muitos exemplos do culto hebraico da  deusa, ele cita o exemplo do Templo de Salomão: apesar da tradição, ele não foi construído  apenas em honra de Jeová, mas para celebrar também a deusa Asherah. Patai escreve:

[…] o culto de Asherah, como consorte de Jeová… era um elemento integral da vida  religiosa do antigo Israel, anteriormente às introduzidas pelo rei Josiah, em 621 a.C. O Templo de Salomão foi construído segundo o modelo dos templos fenícios, os quais, por  sua vez, tiveram como modelo os do antigo Egito. Vários eruditos acreditam que as  imagens gravadas na Arca da Aliança representavam Jeová e uma divindade feminina. Os  querubins, representados na arca, eram também imagens da deusa – as gravuras dos dois  querubins encontrados no palácio do rei Ahab, na Samaria, são idênticos às representações  clássicas de ÍSIS.

Judeus heréticos, veneradores da deusa, continuaram a florescer em várias áreas,  especialmente no Egito. Mesmo no judaísmo oficial, a deusa sobreviveu «escondida»,  sob duas formas principais. Uma é a personificação de Israel como uma mulher; a outra, a  figura da Sabedoria – Chokmah, em hebraico, ou Sophia, em grego. Embora geralmente  explicada como uma alegoria da sabedoria divina de Deus, é evidente que Chokmah tem  outro significado: a sabedoria é retratada como mulher e como tendo coexistido com Jeová  desde o princípio.

Esta figura é, atualmente, reconhecida como tendo a sua origem nas deusas das culturas  circundantes. Em particular, Burton L. Mack descobriu a influência das deusas egípcias  Maat e ÍSIS.

No tempo de Jesus, o judaísmo não perdera completamente as suas origens pagãs: em todo  o caso, alguns judeus converteram-se a religiões estrangeiras durante o período do domínio  grego e romano – por exemplo, a Revolta dos Macabeus, no meado do século II a.C.,  estava relacionada com a cisão provocada por judeus apóstatas que veneravam, entre  outros, o deus Dionísio.

O elemento pagão do culto da deusa, no judaísmo herético, podia explicar muito sobre  Jesus, os seus verdadeiros motivos e a sua missão. Sem esta consideração, há uma aparente  contradição: enquanto, se for considerado isoladamente, virtualmente tudo o que Jesus  disse ou fez pode ter a sua origem numa escola de mistérios – provavelmente, a de ÍSIS e/ou  Osíris – também há evidências de que ele desempenhou conscientemente o papel de Messias judaico e de que a maioria das pessoas que o seguiam o consideravam como seu  rei. Até alguns eruditos, muito respeitados, rejeitaram todo o material messiânico sempre  que ele não correspondia às suas hipóteses: se o seu procedimento estiver correto, então  Jesus era certamente um iniciado de uma escola de mistérios.

Mas, para nós, a rejeição  deste material é insatisfatória, porque ela significaria que vários episódios dos Evangelhos –  como a entrada de Jesus em Jerusalém, montando um jumento – são puras invenções.  Embora haja alguns episódios demonstravelmente fictícios nos Evangelhos (principalmente  os relacionados com a infância de Jesus), há provas convincentes de que estas partes são autênticas. Como vimos no Capítulo XI, os acontecimentos que conduzem à entrada  triunfal de Jesus em Jerusalém parecem ter sido planejados de antemão, por exemplo, no suprimento do jumento que Jesus devia montar, em cumprimento das profecias  messiânicas. A prova destes preparativos encontra-se nos próprios relatos dos Evangelhos, contudo, os autores não compreendem o seu significado. Se os evangelistas tivessem  inventado este episódio, certamente não teriam inventado esta evidência.

Assim, quais eram os verdadeiros objetivos e motivos de Jesus? Ele podia estar a  aproveitar a mania messiânica, corrente na época, para reintroduzir o culto da deusa –  afinal, mesmo que ele fosse, como foi reivindicado em seu nome, da descendência real de  David, isso não seria um obstáculo, porque o próprio rei David fora um venerador do culto  da deusa, assim como o fora o rei Salomão. Talvez Jesus fosse um sacerdote adorador de ÍSIS que tentava apresentar uma versão aceitável da religião de ÍSIS/Osíris aos judeus ou usar  o desejo de um Messias para favorecer planos mais secretos, a longo prazo, e que  envolviam iniciações esotéricas, talvez culminando na crucificação. E, como Jesus, o  Nazoreano, ele fazia parte de uma «família» primitiva de seitas heréticas que, segundo se  supõe, transmitiram a forma original de religião. Podemos apenas especular sobre a  natureza das crenças nazoreanas, mas, no que dizia respeito a Jesus, elas harmonizavam-se  perfeitamente com as suas convicções de escolas de mistérios. Seja qual for a verdade da  questão, Jesus não era tanto o filho de Deus como um dedicado filho da deusa.

A ideia de que Jesus tentava reintroduzir o culto da deusa, junto do povo de Israel, é uma boa solução, e é exatamente a ideia atribuída a Jesus no Levitikon, o texto-chave do movimento joanino. Nele, Jesus é um iniciado adorador de Osíris que  compreende que a religião original de Moisés e das tribos de Israel era a do Egito e que os judeus tinham esquecido que existia também uma deusa. É evidente que nada disto  constitui prova definitiva, mas há – como veremos no próximo capítulo – forte apoio a esta  hipótese, vindo de quadrantes muito surpreendentes.

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Por espantoso que possa parecer, as semelhanças entre o cristianismo primitivo e o culto de ÍSIS e Osíris foram, de fato, reconhecidas pela Igreja primitiva. Na verdade, as duas  religiões eram concorrentes declaradas aos corações e mentes das mesmas pessoas;  excetuando a insistência dos cristãos em que o seu fundador era um homem verdadeiro, as  duas religiões eram virtualmente idênticas.

O culto de ÍSIS, que existia no tempo de Jesus, não era exatamente o mesmo que florescera  no Egito antes da ascensão do império helenístico – os seus atributos tinham mudado, à  medida que ele absorvia os das outras deusas. No século IV a.C. durante o domínio grego  do Egito, emergiu um novo culto de ÍSIS e Serápis (a forma grega de Osíris), que era  essencialmente uma mistura de diferentes escolas de mistérios. Este culto atingiu Roma  antes do ano 200 a.C., tendo já grande expansão no império. O principal centro de culto, no  entanto, mantinha-se no Egito, no Serapeu de Alexandria, embora existisse outro centro  em Delos.

As classes populares de Roma amavam o culto de ÍSIS e abraçaram-no sinceramente. Estes  movimentos de massas foram sempre encarados com suspeita pelas autoridades, que viam  neles o potencial para a subversão em grande escala; portanto, os adoradores de ÍSIS em  Roma foram vítimas de frequentes perseguições. Por fim, o Senado decretou a destruição  dos templos de Roma dedicados a ÍSIS e a Serápis – mas, apesar de conhecerem as consequências, não se encontrou nenhum trabalhador para executar a tarefa. O culto foi  oficialmente abolido por Júlio César.

Contudo, em 43 a.C., o triunvirato, inesperadamente, ordenou a construção de um novo  templo de ÍSIS-Serápis. Esta ordem pode ter sido consequência direta da famosa ligação  amorosa entre Marco António e Cleópatra – ela fazia-se representar como ÍSIS e o seu  amante como Osíris ou Dionísio. O próprio Marco António preferia ser conhecido como o  novo Dionísio. Durante o seu reinado, Cleópatra assegurou-se de que o culto de ÍSIS fosse a  religião nacional do Egito.

A mais severa perseguição dos adoradores de ÍSIS de Roma aconteceu durante o reinado do  imperador Tibério, em 19 d.C., quando os sacerdotes foram crucificados e 4.000 adoradores de ÍSIS foram expulsos. Esta  perseguição coincidiu com a dos judeus de Roma. A razão desta dupla reação excessiva  não é clara. Josefo regista a história, atribuindo-a a um escândalo em que um dos sacerdotes  adoradores de ÍSIS ajudaram um nobre romano a seduzir a esposa de outro homem no seu  templo, mas, considerando o padrão habitual da moral da alta sociedade romana, este  acontecimento dificilmente teria causado algum espanto. Parece que Josefo tentava fazer a  distinção entre a perseguição dos adoradores de ÍSIS e a dos judeus, mas a verdadeira razão  parece ser o fato de os primeiros terem estado envolvidos num tumulto civil. Nessa época, uma coisa extraordinária acontecia à religião de ÍSIS. Como escreve R.  Merkelbach, em Man, Myth and Magic:

É evidente que a «igreja» de ÍSIS tinha uma missão durante o período imperial… Não há, por  conseguinte, qualquer dúvida de que estava a ser feita propaganda.

No primeiro século d.C., a sorte favoreceu o culto, e ele ganhou algum apoio junto das  classes mais elevadas e mesmo dos imperadores. Calígula – que dificilmente é um bom  exemplo – promoveu a construção de templos e instituiu festivais adoradores de ÍSIS.  Cláudio e Nero sentiram-se atraídos pelos cultos das escolas de mistérios, em geral, e  interessaram-se pelo de ÍSIS. Vários dos últimos imperadores de Roma foram seus devotos.

O culto de ÍSIS continuou publicamente, até ao fim do século IV, mas o seu maior rival foi o  cristianismo. Em 391 d.C., os cristãos destruíram o Serapeu de Alexandria e tomaram  medidas para suprimir o culto, onde quer que fosse praticado. O último festival de  adoradores de ÍSIS oficial da antiguidade foi celebrado em Roma, em 394. Por que era tão popular o culto de ÍSIS – que tinha ele a oferecer aos seus seguidores?

Como vimos, ele estava relacionado com a salvação e a redenção pessoais e conferia aos  seus devotos as bênçãos de uma vida eterna depois da morte. Como escreve Sharon Kelly,  em The Cult of Ísis among Women in the Graeco-Roman World (1975).

ÍSIS, eventualmente, transformou-se numa deusa salvadora, no sentido essencial da palavra.  A redenção individual podia obter-se através da participação nos seus mistérios. A crença  na possibilidade de conseguir a imortalidade era a mais persistente das suas doutrinas.

Também Merkelbach comenta o culto de Ísis:

Era popular porque apelava ao desejo de salvação individual (como o cristianismo). E  ideias filosóficas platônicas associaram-se a ele [como aconteceu com o cristianismo].

Os pecados eram confessados e perdoados através da imersão em água…

  1. G. F. Brandon sublinha que os dois conceitos – imersão para simbolizar a purificação  espiritual e a consequente regeneração – estavam reunidos nos rituais das escolas de  mistérios de Osíris do Egito e que:

Este processo duplicado de obtenção de uma imortalidade abençoada não volta a encontrar- se até à emergência do cristianismo.

Na verdade, há estreitos paralelos entre a descrição do batismo, tal como é feita por Paulo,  e a das escolas de mistérios osirianos. Como no cristianismo, a salvação pessoal do crente estava ligada ao seu arrependimento.  De fato, no mundo romano posterior, apenas estas duas religiões partilhavam esta ênfase  no arrependimento.

Há outra semelhança surpreendente – e única – entre as práticas do culto de ÍSIS e as da  futura cristandade católica. Era o conceito de confissão: o devoto confessava os seus erros  ao sacerdote, que, em nome do crente, implorava o perdão de ÍSIS.

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Outro costume que a Igreja primitiva partilhava com os adoradores de ÍSIS – apesar da má  interpretação moderna – é o papel ativo desempenhado pelas mulheres, embora algumas  estimativas sugiram que, em ambos os casos, o número de sacerdotes excedia o de  sacerdotisas. Mesmo assim, em termos de participação e de estatuto espiritual, os sexos  eram considerados iguais.

O culto de ÍSIS, de modo geral, enfatiza o aspecto maternal da deusa, celebrando os seus  atributos de mãe e de esposa, embora não ignorasse os outros aspectos da natureza  feminina. Consequentemente, como vimos, a trindade familiar de ÍSIS, Osíris e Hórus (a trindade egípcia)  exercia uma forte influência sobre a vida do crente: homens, mulheres e crianças, todos se  sentiam compreendidos pelos seus deuses. Os leigos, em geral, desempenhavam um papel  ativo na religião – ao contrário do controle total exercido pelos sacerdotes de Roma – e  existiam muitas associações «leigas», ligadas ao templo.

Sexualmente, os adoradores de ÍSIS eram encorajados a serem monógamos e a preservar a  santidade da família. E, embora vários autores romanos os condenassem pelo seu  comportamento imoral, os mesmos autores também se queixavam dos períodos regulares de  abstinência sexual exigida pelas suas amantes devotas do culto de ÍSIS.

No apogeu da religião egípcia, a maior celebração a ÍSIS tinha lugar a 25 de Dezembro,  quando se comemorava o nascimento de Hórus, filho de ÍSIS – e, doze dias depois, a 6 de  Janeiro, o de Aion, o outro filho de ÍSIS. Estas duas datas foram adotadas pelos cristãos – a  Igreja Ortodoxa celebra o Natal a 6 de Janeiro. No Egito, os cristãos do século IV  celebravam a epifania de Jesus nessa data, adotando também elementos do festival de  Aion, incluindo os ritos batismais, usando água do Nilo. No livro Man, Myth and Magic, S. G.  F. Brandon observa a «influência evidente do festival de ÍSIS nos costumes populares  associados à Epifania».

No entanto, muitos dos cultos de mistérios do tempo de Jesus implicavam práticas  semelhantes. Por exemplo, era comum declararem que os seus iniciados tinham  «renascido», e como escreve Marvin W. Meyer em The Ancient Mysteries:

Normalmente, os mystai [iniciados] partilhavam o pão e o vinho das celebrações rituais, e,  por vezes, podem ter-se identificado com o divino ao participarem numa refeição  sacramental, análoga à eucaristia cristã. Dizia-se, por exemplo, que as desregradas bacantes  de Dionísio comiam a carne crua de um animal nas suas omophagia, ou festas da carne… as  descrições das festas da carne crua sugerem que os participantes acreditavam que estavam a  consumir o próprio Deus… Nos mistérios de Mitra, os iniciados participavam numa  cerimônia que era tão evocativa da «ceia do Senhor» cristã que provou ser um embaraço  para o mártir Justino, apologista cristão. Segundo Justino, os mystai mitríacos comiam e bebiam água (talvez uma taça de água misturada com vinho) numa refeição iniciatória – em diabólica imitação, apressa-se a acrescentar, da eucaristia cristã.

Contudo, por muito semelhantes à Igreja primitiva e às doutrinas de Jesus que os outros  cultos de mistérios possam parecer, é o de Osíris que tem maior direito a ser a sua  inspiração mais direta. S. G. F. Brandon descreve Osíris como «um protótipo de Cristo».

A história da Igreja primitiva, no Egito, é muito sugestiva no que diz respeito às  semelhanças entre o cristianismo e as escolas de mistérios de ÍSIS/Osíris. Os historiadores  reconhecem que há um grande mistério sobre as origens e evolução do cristianismo do  Egito: de tudo o que têm a certeza sobre a questão é que ele foi uma ramificação, muito precoce, do movimento. Na verdade, para uma metrópole tão grande e influente, Alexandria foi virtualmente ignorada pelos autores do Novo Testamento, sendo  mencionada apenas uma vez. (Mas essa referência, como veremos, é de particular  significado para a nossa investigação.) Verifica-se também uma completa ausência de registros escritos sobre a Igreja, até ao século III d.C.: os eruditos atribuem este fato à completa destruição dos arquivos pela facção cristã  dominante.

É evidente que havia alguma coisa que inspirava aversão no ramo egípcio  do movimento. Talvez uma indicação sobre a sua natureza esteja implícita no fato de que,  quando o Serapeu foi destruído, em 391 d.C., muitos crentes se transferiram para a Igreja  cristã copta (egípcia). A Igreja copta permanece uma entidade distinta, independente da Igreja de Roma ou da  Igreja ortodoxa oriental. Curiosamente, as suas doutrinas são uma mistura óbvia de crenças tradicionais egípcias e cristãs – e ambas foram assimiladas com extraordinária facilidade.  Depois de 391, a Igreja copta adotou a ankh – a cruz fendida egípcia – como seu símbolo,  e ainda o mantém.

Mircea Eliade afirma, sem rodeios: «Os coptas consideram-se os verdadeiros descendentes dos antigos egípcios.» Foi na mesma época e no mesmo lugar que tiveram origem tantas peças essenciais do nosso  problema. A Alexandria dessa época era um cadinho da síntese de muitos conhecimentos e  de muitas ideias, da qual surgiu o hermetismo, o gnosticismo dos textos de Nag Hammadi e  a alquimia, na sua forma «moderna». Todos eles eram, na essência, expressões da mesma  ênfase no poder transcendental do Feminino e da magia da associação das deusas ao seu  deus.

A triste realidade é que, apesar de todas as ligações entre o cristianismo e a religião de ÍSIS/Osíris terem sido bem conhecidas dos eruditos há, pelo menos, sessenta anos, poucos  cristãos têm conhecimento delas. Evidentemente, eles podem não se importar que Jesus  fosse um de uma longa série de salvadores, de deuses-que-morrem-e-ressuscitam, porque,  para eles, a fé é mais importante que o fato histórico. Por outro lado, muitos cristãos modernos sentiram-se distintamente enganados pela Igreja, porque fizeram estas  descobertas por si mesmos. O cristianismo não era a religião fundada pelo filho único de Deus que morreu por todos os  nossos pecados: era o culto de ÍSIS e de Osíris com uma nova embalagem. No entanto, ele  tornou-se rapidamente um culto da personalidade centrado em Jesus.

Mas, se ele foi essencialmente um missionário egípcio, era apenas um altruísta que  trabalhava a favor dos seus deuses? Era suficiente para Jesus conquistar os corações e as  almas das massas? Há qualquer coisa que está ausente deste quadro, alguma coisa central  para a nossa compreensão do homem e da sua missão. É evidente que Jesus também tinha  em vista um objetivo temporal: existia uma agenda política, que corria paralela às suas  ambições de prosélito adorador (da deusa, do feminino sagrado) de ÍSIS e adorador de Osíris. Não era por acaso que ele era  um líder proeminente e que levava a sua mensagem a muitas partes da Palestina, chegando ao maior  número possível de pessoas. Naquela época e lugar, a política e a religião eram  inseparáveis. Ser um grande líder religioso era ser também um poder político a ter em  consideração.

Contudo, todas as campanhas com tão grandes interesses enfrentam, inevitavelmente,  contestações à sua liderança; levantam-se vozes dissidentes. Neste caso, a voz era a que  viera antes, a voz que se ouvia a clamar no deserto. E é para essa voz – para João Batista –  que nos voltamos agora.

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Na Primeira Parte, identificamos dois fios principais – centrados em Maria Madalena e em  João Batista – que corriam, como correntes subterrâneas, através de todas as heresias que  investigamos. E, evidentemente, estes dois fios escondiam alguma informação importante e  perigosa, alguma coisa que ameaçaria a Igreja de Roma, caso ela fosse tornada pública. É certo que,  no caso de Maria Madalena, a nossa investigação provou que isso era verdade. A própria Madalena é agora apresentada como uma solução essencial dos segredos de Jesus há tanto  tempo ocultos.

Através dela, finalmente compreendemos que ele era um sacerdote da  religião egípcia, um adepto da magia, que ela iniciou através do rito do sexo sagrado. É isto  que o culto herético de Madalena realmente significava e o que está efetivamente  codificado para as gerações de heréticos. Ela não representava apenas a tradição pagã à  qual ela e Jesus pertenciam; no que diz respeito aos movimentos secretos heréticos, Maria  Madalena era a deusa ÍSIS.

Mas os heréticos mantinham outro fio em segredo, e este estava personificado e codificado  em João Batista. E, tal como no caso de Madalena, ele era uma pessoa real que conhecia e  interagia com Jesus. Então, que revelações tem ele a fazer?

Continua …


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