sábado, 21 de novembro de 2015

TEMPLO DE APOLO EM DELFOS - MITOLOGIA GREGA - ATUALIZADO


Musei Capitolini
Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
A cidade de Delfos situa-se num planalto em forma de semicírculo, junto ao monte Parnaso, de onde se pode observar o vale de Pleistos, Está a uma distância de 178 km a oeste de Atenas. Sua importância deve-se ao fato de constituir-se em riquíssimo sítio arqueológico, com ruínas de templos, teatro e campo de jogos.
Nesse local, bem ao alto, há um grande campo onde se realizavam os jogos Píticos, que faziam parte dos jogos pan-helênicos realizados na antiga Grécia. Constituíam-se, os pan-helênicos, de quatro disputas esportivas: Jogos Olímpicos, Jogos Píticos, Jogos Nemeus e Jogos Ístmicos, cada um deles realizado de quatro em quatro anos, de tal forma que houvesse jogos todos os anos na Grécia. Nesse planalto há muitos platôs com ruínas.
O templo de Apolo, o mais importante ponto religioso da Grécia antiga, situa-se num platô elevado, próximo ao Monte Parnaso, em grego ΄Ορος Παρνασσός. Esse monte tem a altitude de 2.450 m, é constituído de pedra calcária no lado norte do Golfo de Corinto. Veja-se abaixo o monte parnaso, com as ruínas do templo de Apolo:
Monte Phaedriades - duas rochas gêmeas aos pés de que se
encontram as ruínas do templo de Apolo
Várias fontes brotam das diversas faldas do monte Parnaso. Na falda meridional da montanha está a famosa Fonte de Castália, circundada de um bosque de loureiros. Segundo a mitologia, esse bosque era habitado por divindades menores inspiradoras dos artistas conhecidas como musas, e divindades das fontes chamadas náiades. Apolo reunia-se com essas divindades tocando lira enquanto elas cantavam. Segundo uma tradição, Apolo teria matado a serpente Píton nesse local, mito que originou o nome Pitonisa das sacerdotisas do seu templo.
O monte Parnaso, que era considerado a morada do deus Apolo e das nove musas inspiradoras das artes e da sabedoria, situa-se mais distante, atrás do Phaedriades a uns doze quilômetros de distância. Esse monte hoje é uma pista de competições de esqui.
Monte Parnaso



Fonte de Castália
O mais famoso sítio arqueológico da região são as ruínas do templo de Apolo, que era consultado em Delfos através de suas famosas sacerdotisas. As Pitonisas eram mulheres que exerciam a função de receber os visitantes e teriam poderes proféticos. Previam o futuro e foram alvo de consultas famosas, como a de Tirésias, sacerdote da corte de Laio, pai de Édipo, narrada na obra de Sófocles. Posteriormente, o próprio Édipo em pessoa teria consultado esse oráculo para saber de seu destino. Parte-se de uma crença de que para todo homem pesa um destino inexorável, do qual ninguém pode fugir. Édipo, em tentando fugir ao próprio destino, foi ao encontro dele.
Á beira do caminho de subida para o templo de Apolo e os demais, encontra-se a poética Fonte de Castália, dqe que já se falou acima. Aliás, No local, na realidade, há duas fontes: a de Castália que é a da purificação, em que o peregrino que se aproximava para consultar a Sibila (Pitonisa) deveria purificar-se. A outra era a fonte do esquecimento, conhecida como fonte de Cassótide. Situava-se no subsolo do próprio templo. Segundo uma antiga tradição, emitia vapores alucinógenos que provocavam na sacerdotisa, a Pitonisa, o entusiasmos, em grego antigo (ἐνθουσιασμός), literalmente, tomada pelo deus ou pela divindade. Segundo o escritor romano Plutarco, que no período da dominação romana foi sacerdote de Apolo em Delfos, esse efeito da água da fonte e dos gases emanados pelo subsolo onde ficava a sacerdotisa era real. Plutarco afirma que a Fonte de Castália, na antiguidade, situava-se em local diferente da atual. Terremotos, muito frequentes no local, teriam mudado o local da fonte.
Existe uma hipótese que nessa região haja uma falha geológica que nesses tempos primitivos pudesse permitir a fuga desses gases que podiam provocar reais alucinações. Análise do solo constataram a existência aí de etileno, cujos eflúvios poderiam causar alucinações, sonhos e visões aos quais se atribuía o dom de prever o futuro.
De acordo com uma tradição antiga, o dom divinatório concedido às sacerdotisas locais tem sua origem em um pastor que levando suas cabras pelas montanhas e elas, ao passarem por uma caverna loca,l iniciaram uma dança. Depois desse fato, esse pastor saiu pelos arredores pronunciando frases estranhas, que, com o tempo, passaram a ser interpretadas como previsões de futuros acontecimentos.
Onfalo de Delfos
Segundo ainda a mitologia grega, Zeus, desejando marcar o centro da terra, teria soltado duas águias em voos opostos para se encontrarem exatamente no ponto central do mundo. Esse ponto teria sido Delfos. A cidade passou a ser considerada omphalós (Ὀμφαλός), termo grego que significa umbigo. No templo de Apolo de Délfico, segundo Pausânias, havia um pequeno monumento em forma de umbigo. Aliás, esse pequeno monumento ainda se encontra nos arredores do templo.
Sibila teria sido uma famosa Pitonisa. Seu nome, devido a seu prestígio, tornou-se sinônimo de Pitonisa e as próprias sacerdotisas de Apolo de outros templos passaram a chamar-se de Sibilas. Veja essa famosa Sibila pintada por Michelangelo Buonarroti, em afresco da Capela Sistina, no Vaticano. Há uma outra tradição segundo a qual o nome provém de sibilo, o som produzido pelas serpentes. Como Píton era uma serpente, o nome Sibila teria uma relação onomatopaica com σφυρίζω, verbo grego que significa sibilar.

Sibila - Michelangelo Buonarroti
O oráculo de Delfos recebia cidadãos de todas as partes da Grécia e mesmo de outras regiões, como da Itália e da Sicília, buscando perscrutar o futuro. Generais faziam consultas antes de batalhas, reis e príncipes buscavam o destino de suas coroas. Tornou-se mesmo o centro religioso de todo o mundo helênico. Construiu-se mesmo o porto de Itea para facilitar o acesso por mar aos que procuravam a sabedoria de Apolo.
Maquete do Templo de Apolo em Delfos
Primeiramente desejo destacar que esta maquete representa diversas obras de arquitetura que nem todas existiram juntas. Algumas foram destruídas por terremotos e, então, vieram as construções de outras desde o século VIII a. C., até o período da conquista romana, em que o templo esteve sob a administração de Roma.
No complexo que fazia parte do templo havia um conjunto de construções destinadas à habitação das sacerdotisas e serviçais do templo. Além disso, havia capelas para guardar os donativos dos devotos que, seguidamente eram muito valiosos. Com o passar dos anos, acumulara-se um verdadeiro tesouro. Porém, como o templo se situava em uma fenda tectônica, foi destruído por um terremoto em 373 a. C., mas foi reconstruído logo em seguida, agora no estilo dórico 6x15, que é o da maqueta retratada. O oráculo de Delfos atingiu novo apogeu no período imperial romano, visitado pela maioria dos imperadores, do Otaviano, ao Nero e Adriano, e por inúmeros outros, como Alexandre Magno, em 326 A.C.. O oráculo durou até A.D. 395, sendo arrasado pelo imperador cristão fanático Teodósio I e seu bando de seguidores alucinados. Começava a idade das trevas, impostas pelo obscurantismo religioso, pelos próximos treze séculos.

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