Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
ILUSTRO MEU TRABALHO COM ESTA TELA, EMBORA SAIBAMOS QUE TIRADENTES NÃO USAVA BARBA. FORAM OS ARTÍFICES DE MANIPULAÇÕES QUE O LIGAM A JESUS CRISTO QUE COLOCARAM NELE ESSE ADORNO NA FACE. A composição histórica Tiradentes Esquartejado, obra do pintor brasileiro Pedro Américo, também é conhecida por Tiradentes Supliciado.
Para entender a vida, o papel e a pessoa de Tiradentes, é preciso entender um pouco o que foi a Inconfidência Mineira. O movimento que se deu em 1789, o mesmo da Revolução Francesa.
Oficialmente, reinava em Portugal, D. Maria I, que era demente. Governavam, em seu nome, corruptos e interesseiros políticos e empresários, que exploravam pesadamente as colônias, de modo especial o Brasil, que vivia a decadência do ciclo do ouro e dos diamantes. Cobrava-se da colônia a exorbitante, para o momento, quantia de 1.500 kg de ouro anuais.
Empresários corruptos exploravam miseráveis escravos, que trabalhavam em condições subumanas naquelas escavações sem tecnologia para atender a ganância dos proprietários que desejavam cada vez mais ouro de homens esgotados que chegavam a cavar durante até 18 horas diárias, em minas que secavam, mais por falta de métodos do que de ouro.
Por outro lado, na colônia, a uma multidão de pobres desvalidos faltava tudo. O império era um predador insaciável. Nessa situação, surgiram os inconfidentes. Um grupo de homens mais esclarecidos como Cláudio Manuel da Costa (advogado e procurador do estado), Tomás Antônio Gonzaga (advogado e desembargador), Alvarenga Peixoto (coronel e proprietário de minas), alguns militares de patentes superiores, alguns clérigos atentos aos problemas sociais. Junto deles, um jovem idealista, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que havia lido a constituição dos Estados Unidos, e alguns textos filosóficos.
Tiradentes, de origem humilde, sempre fora preterido nas promoções em sua carreira militar, pois sempre as funções mais bem remuneradas eram conferidas a filhos de famílias abastadas e de prestígio junto aos representantes da corte.
Joaquim Silvério dos Reis, um reles delator, mineiro falido, sob a promessa de ajuda da corte para seus negócios, denunciou os inconfidentes. A investigação demorou-se por um longo tempo.
Os investigadores e administradores da colônia precisavam prestar contas à coroa, mostrar que haviam sido duros, tomado medidas exemplares em benefício do reino. Diversos inconfidentes foram presos e alguns condenados à morte, porém, depois de muitas delongas, somente três anos depois do início das investigações, em 1792, apenas Tiradentes foi executado. A pena dos demais foi comutada em exílio ou prisão. Somente ele, o mais pobre, o mais fraco, o menos ilustre, o menos letrado serviu de exemplo aos demais cidadãos. Não que isso o desmereça, mas o exemplo dele serve para nos apontar que os caminhos da justiça nem sempre são os mais provectos, os mais imparciais, os mais honestos, os mais sensatos, os mais legítimos, os menos isentos.
A vida e o exemplo do pobre alferes conduzem-nos a uma reflexão sobre o presente momento de nossa história. Poderosas forças econômicas e políticas travam um grotesco embate marcado pelo roubo, pelo crime, pela mentira, pela desfaçatez e pelo descaramento deslavado. Tudo isso gera descrença, mais ainda, pobreza, descaminhos, entraves a todo o crescimento legítimo e comunitário. Uma corja assaltou a pátria como nos tempos do miserável alferes.
Que o Senhor dirija nossas mentes e nossos corações. Estejamos atentos aos sinais dos tempos e ao apelo d’Aquele que é sempre o mesmo. “Que o Cristo Ressuscitado ajude o Brasil nesta passagem que teremos que empreender e que os vendilhões da Pátria recebam a justiça que merecem”. Somente o alto pode iluminar nossas mentes, nossos corações e nossos caminhos.
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