Minha mãe herdou de seus pais europeus a devoção a diversos santos. Numa certa ingenuidade religiosa, que a acompanhou até a sepultura, ela jamais ousaria sequer duvidar da Santa Madre Igreja e de seus sacerdotes. Provavelmente, ela tenha sido mais santa do que muitos desses santos.
Até hoje, não sei da origem de sua devoção a São Luiz Gonzaga. Dessa devoção, vem meu primeiro nome. Em toda a minha infância, sempre fui o Luizinho. Sequer sabia que eu tinha outro nome, que, na realidade, era o primeiro.
Vim a saber disso no meu primeiro dia de aula. A professora chamou a todos. A mim não.
- A senhora não me chamou, professora, disse eu timidamente.
- Como é teu nome?
- Eu sou o Luizinho.
- Luizinho não é nome, disse ela, sob o riso abafado da tímida meninada da escola rural.
- Ah! Tu és o Oscar Luiz.
Nesse dia fui apresentado ao meu primeiro nome. Mas foi a única oportunidade em que Oscar entrou em minha vida. Por muito tempo voltei ao diminutivo, ao Luizinho.
Desde a mais tenra infância, fui iniciado nos rituais religiosos. Obedeci às ordens do Senhor, que me eram transmitidas pela boca materna.
Depois de uma parte da infância e toda a juventude ,vivi em um internato, onde também me foram ressaltados os valores religiosos. Aí, no internato, eu fui quase sempre o Oscar, vez por outra, fui o Oscar Luiz. Por vezes, fui o Brisolara. E senti longamente a saudade e o carinho do Luizinho.
Nos longos anos do internato, vim a conhecer o meu homônimo dos jardins do paraíso.
Diferentemente de minha condição de infância, Luiz Gonzaga, assim ele se chamava, nascera no berço da família abastada dos marqueses de Gonzaga, poderoso
clã da região da Lombardia italiana, do século XVI.
Luiz, em seu registro de nascimento, era Aluysius de Gonzaga, mas chamado no íntimo da família pela forma italiana Luigi, como me chama uma de minhas irmãs estudiosa da língua italiana.
O pai dele, Ferrante Gonzaga, recebera o título nobre de Marques de Castiglione. A mãe, Marta Tana do Santana, era filha de um barão da família Della Rovere, e foi dama de companhia da rainha Isabel, esposa de Felipe II da Espanha.
Como Luigi fosse o primogênito, o pai o instruía nas artes da guerra. A mãe, por seu lado, fez com que fosse introduzido no conheciento de idiomas e artes. Assim, sem deixar de atender a vontade paterna, Luigi teve uma excelente formação humanística.
Muito jovem ainda, foi acometido de uma doença renal, que abreviaria sua existência. Nesse momento da juventude de Luigi, a família se transferiu para a Espanha, a serviço Imperatriz Romana Maria de Áustria. Depois de conhecer o cardeal Carlos Borromeu, decidiu seguir a vida religiosa com a concordância materna. O pai, porém, proibiu-o de concretizar tal decisão.
O marquês, não conseguindo persuadir o filho a mudar de ideal, após a maioridade, exigiu que abdicasse à herança paterna, o que ele fez sem exitação. Para obter certa vantagem naquilo que desejava para o filho, o pai buscou-lhe a função de bispo. O pai apelou ao Papa Sisto V, que recebeu o jovem postulante, tentando convencê-lo a aceitar um cargo na hierarquia da Igreja Católica. Os esforços papais foram vãos. O jovem filiou-se à Ordem Jesuítica, cujos sacerdotes fazem voto de pobreza absoluta. Todos os bens, nessa instituição, pertencem à Ordem.
Surgiu, na Europa, a esse tempo, uma forte peste. O jovem religioso dedicou-se a tratar dos infectados. Seu estado de saúde, que já se agravara, piorava com o tratamento dos infectados. Luigi, dedicando-se aos doentes mais graves, foi acometido de peste, falece uns dias antes de completar 23 anos. A Igreja Católica conferiu-lhe o encargo de proteger os jovens cristãos e os estudantes.
A história do cristianismo romano conferiu a outros homônimos do Luiz de a aura da santidade. O mais importante deles foi São Luís IX, rei da França (1214-1270) que reinou entre 1226 até a morte em 1270.
Houve também São Luís de Versiglia (1873-1930), que foi missionário salesiano e atuou em missões na China.
Ôba! Que blog lindo que eu descobri!Abração amigo querido!
ResponderExcluirObrigado pelo prestígio da visita. A demora da resposta é grande pelas muitas tarefas que assumo. Aposentado, arrumo de tudo. Não saio de casa, mas passo ocupado com coisas que adoro. Eu acho, que, por imperícia exclui teu outro comentário do meu artigo sobre a manipulação ... Desculpa.
ResponderExcluirBom fim de semana.