O casarão em ruínas que se encontra na esquina da Quinze de Novembro com a Conde de Porto Alegre, na parte alta de Pelotas mais próxima ao Canal São Gonçalo, desperta a imaginação, mesmo aos historiadores. Como um castelo em estilo medieval poderia encontrar-se nesta cidade, que teve seu maior desenvolvimento somente no século XIX?
A resposta leva à excentricidade de um militar e fazendeiro gaúcho com pendores sociais e artísticos. O terreno pertenceu ao major de exército Antônio Duarte da Costa Vidal, que lutou na Guerra de Canudos (1896-1897), no nordeste baiano, e uma vez reformado fixou residência em Pelotas e fez construir o sobradão segundo um modelo europeu (castelo da Baixa Idade Média, séculos XI-XV).
Segundo escreve Mario Osório Magalhães em novembro de 2007, o major Vidal já era proprietário de grandes terras na fronteira oeste do Estado, comprou o dito terreno em 1931 e mandou construí-lo em 1936 - o que ocorreu em etapas, pois ele viajava muito. Edificou outro parecido na cidade do Itaqui (RS), hoje também abandonado.
Desconheço os documentos legais, mas me parece que a construção deve ter ocorrido pelo menos uma década antes, pensando na idade do major: na hipótese de ele ter saído do exército aos 35 anos de idade, recém teria levantado o castelinho aos 70?
Não se trata, como se vê, de um verdadeiro castelo, mas de uma forma de sonhar com outras épocas e com personagens poderosos; talvez, um modo de chamar a atenção e de dar-se uma alta importância social. Em janeiro de 1931, estava liquidado o Banco Pelotense, cujo edifício era, desde 1916, o do atual Banrisul, na Marechal Floriano com Andrade Neves.
A propriedade abandonada se encontra hoje num pântano jurídico, fruto de problemas legais, desentendimentos familiares e da incapacidade financeira para restaurar e manter em funcionamento uma obra tão grandiosa e sem o valor histórico que se supõe; apesar do aspecto, a casa não é mais antiga que o Grande Hotel (que acaba de fazer 80 anos).
Há interesse de historiadores, de imobiliárias e de cidadãos que valorizam o patrimônio, mas em Pelotas ainda as dificuldades superam as boas intenções.
Na foto maior, visão lateral pela rua Conde de Porto Alegre. Nas fotos menores, o aspecto da torre pela rua Quinze, onde ficava a entrada principal.
Fonte:http://pelotascultural.blogspot.com.br/2009/02/o-castelo-do-major.html
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