quarta-feira, 3 de julho de 2019

AS DIGITAIS DOS DEUSES (32) - FALANDO PARA O FUTURO


As Digitais dos deuses (32) – Falando para o Futuro 
Posted by Thoth3126 on 02/07/2019

É compreensível que uma imensa faixa de mitos originários de todo o mundo antigo descrevam catástrofes geológicas em nítidos detalhes. A humanidade sobreviveu ao horror da última Era Glacial e a fonte mais plausível de nossas duradouras tradições de dilúvio e congelamento, vulcanismo maciço e terremotos devastadores está nas sublevações tumultuosas desencadeadas durante o grande degelo entre os anos 15.000 a 8.000 a.C. A retirada final dos lençóis de gelo e a consequente elevação de 90m e 120m dos níveis do mar em todo o globo ocorreram apenas alguns milhares de anos antes do início do período histórico. Por isso mesmo, não é de surpreender que todas as primeiras civilizações tenham conservado vívidas memórias dos imensos cataclismos que apavoraram seus ancestrais.
Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch
Livro “AS DIGITAIS dos DEUSES”, uma resposta para o mistério das origens e do fim da civilização
Por Graham Hancock, livro “AS DIGITAIS DOS DEUSES”, Tradução de Ruy Jungmann, editora Record 2001.

CAPÍTULO 32 – Falando para o Futuro 

Muito mais difícil de explicar é a maneira peculiar, mas característica, como os mitos do cataclismo parecem revelar a marca inteligente de uma mão orientadora. Na verdade, o grau de convergência entre essas antigas histórias é, com frequência, tão notável que desperta a suspeita de que todas elas devem ter sido “escritas” pelo mesmo “autor”,

Poderia esse autor ter alguma coisa a ver com a maravilhosa divindade, ou super-homem, mencionado em tantos mitos que estudamos acima, que apareceu imediatamente após ter sido o mundo despedaçado por uma horripilante catástrofe geológica, trazendo o consolo e as dádivas da civilização a seres humanos sobreviventes chocados e desmoralizados? Branco e barbudo, Osíris é a manifestação egípcia dessa figura universal e talvez não tenha sido um acaso que um dos primeiros atos pelos quais é lembrado no mito tenha sido a abolição do canibalismo entre os primitivos habitantes do vale do Nilo.

Conta-se que Viracocha, na América do Sul, iniciou sua missão civilizadora imediatamente após uma grande inundação; Quetzalcoatl, o descobridor do milho, trouxe o benefício das colheitas, da matemática, da astronomia e de uma cultura refinada ao México, depois de o Quarto Sol ter sido apagado por um dilúvio devastador. Poderiam esses estranhos mitos conter um registro de encontros entre tribos paleolíticas dispersas, que sobreviveram à última Era Glacial, e uma civilização avançada, ainda desconhecida que florescia na mesma época? E poderiam os mitos ter sido tentativas de comunicação?

Uma Mensagem na Garrafa do Tempo

“Entre todas as outras invenções estupendas”, observou certa vez Galileu, que mente sublime deve ter possuído aquele que concebeu como comunicar seus pensamentos mais secretos a qualquer outra pessoa, embora muito distantes no tempo ou lugar, falando com aqueles que estão nas Índias, falando com aqueles que ainda não nasceram, nem nascerão pelos próximos mil ou dez mil anos? E sem maior dificuldade do que os vários arranjos de duas dezenas de pequenos sinais no papel? Que esta seja a marca característica de todas as invenções admiráveis do homem. Se a “mensagem sobre a precessão dos equinócios ” identificada por estudiosos como Santillana, Von Dechend e Jane Sellers foi, na verdade, uma tentativa deliberada de comunicação por parte de alguma civilização perdida da antiguidade, por que não foi simplesmente escrita e deixada para que a encontrássemos? Não teria sido mais fácil do que codificá-la em mitos? Talvez.


Não obstante, suponhamos que qualquer mensagem que tivesse sido escrita fosse destruída ou corroída pelo tempo após muitos milhares de anos. Ou suponhamos que a língua em que foi escrita tivesse sido mais tarde inteiramente esquecida (tal como a escrita enigmática do vale do rio Indo, que tem sido estudada atentamente há mais de um século mas que até agora resistiu a todas as tentativas de decodificá-la). Deve ser óbvio que, nessas circunstâncias, um legado escrito para o futuro não teria absolutamente valor, porque ninguém poderia compreendê-lo.

O que procuraríamos, por conseguinte, seria uma linguagem universal, o tipo de linguagem que seria compreensível em qualquer sociedade tecnologicamente avançada, em qualquer época, mesmo a mil ou dez mil anos no futuro. Essas linguagens são poucas e com poucas ligações entre si, muito embora a matemática seja uma delas – e a cidade de Teotihuacán talvez seja o cartão de visita de uma civilização perdida, escrita na linguagem eterna da matemática. Dados geodésicos, relacionados com o posicionamento exato de pontos geográficos físicos e com a forma e tamanho da terra permaneceriam também válidos e reconhecíveis durante dezenas de milhares de anos e poderiam ser expressados da forma a mais conveniente por intermédio da cartografia (ou na construção de monumentos geodésicos gigantescos, como a Grande Pirâmide do Egito, conforme veremos).

Outra “constante” em nosso sistema solar é a linguagem do tempo: os intervalos grandes, mas regulares de tempo, calibrados pelo arrastamento lentíssimo do movimento de precessão. Agora, ou dentro de dez mil anos no futuro, uma mensagem (matemática) que forneça números como 72, 2.160, 4.320 ou 25.920 deve ser imediatamente inteligível para qualquer civilização que tenha desenvolvido até mesmo um modesto talento para a matemática e a capacidade de detectar e medir o bamboleio reverso quase invisível que o sol parece fazer ao longo da eclíptica, contra o fundo das estrelas fixas (um grau em 71,6 anos, 30 graus em 2.148 anos, e assim por diante).

A impressão de que existe uma correlação é reforçada por algo mais. Não tão firme nem tão definida como o número de sílabas no Rigveda. Não obstante, parece relevante. Através de poderosos laços estilísticos e simbolismo comum, mitos a respeito de cataclismos globais e precessão de equinócios frequentemente se entremisturam. Uma interligação detalhada existe entre essas duas categorias de tradição, e ambas, além disso, mostram o que parecem ser as marcas reconhecíveis de uma concepção consciente. De modo muito natural, portanto, somos estimulados a descobrir se não poderá haver uma ligação importante entre a precessão dos equinócios e catástrofes globais.

O Moinho da Dor

Embora vários diferentes mecanismos de natureza astronômica e geológica pareçam estar envolvidos, e embora nem todos sejam inteiramente compreendidos, o fato é que o ciclo de precessão correlaciona-se real e fortemente com o desencadeamento e o fim das eras glaciais. Vários fatores desencadeantes têm de coincidir, o que é o motivo por que nem todas as mudanças de uma era astronômica para outra estão implicadas. Não obstante, é um fato aceito hoje que a precessão produz realmente um impacto sobre a glaciação e o degelo, existentes pelo planeta, a intervalos muito separados.

O conhecimento de que isso de fato acontece só foi provado por nossa própria ciência em fins da década de 1970. Ainda assim, a prova dos mitos sugere que o mesmo nível de conhecimento pode ter sido atingido por uma civilização ainda não identificada, nas profundezas da última Era Glacial. A clara sugestão que ela queria que compreendêssemos é que os terríveis cataclismos do dilúvio, do fogo e do gelo descritos pelos mitos eram, de alguma maneira, provocados pelos majestosos movimentos das coordenadas celestes através do grande ciclo do zodíaco. Nas palavras de Santillana e Von Dechend, “Não era ideia estranha aos antigos que os moinhos dos deuses moíam devagar e que o resultado era geralmente dor”.

Sabe-se agora que três fatores principais, que já encontramos antes, estão profundamente implicados no início e no recuo das eras glaciais (juntamente, claro, com os cataclismos de natureza diferente que se seguem a congelamentos e a degelos súbitos). Esses fatores estão ligados a variações na geometria orbital da terra. São eles:
A obliquidade da eclíptica (isto é, o ângulo de inclinação do eixo de rotação do planeta, que é também o ângulo entre o equador celeste e a eclíptica). Este, conforme vimos, varia em imensos períodos de tempo entre 22,1 graus (o ponto mais próximo em que o eixo chega da vertical) e 24,5 graus (o ponto mais distante em que cai em relação à vertical);
A excentricidade da órbita (isto é, se a trajetória elíptica da terra em volta do sol é mais ou menos alongada em qualquer dado período);
A precessão axial, que faz com que os quatro pontos cardeais na órbita da terra (os dois equinócios e os solstícios de inverno e verão) se arrastem muito, muito lentamente para trás, em torno da trajetória orbital.

Neste particular, estamos pondo o bedelho na seara de uma disciplina científica especializada – na maior parte fora dos objetivos deste livro. Leitores interessados em informação detalhada devem consultar o trabalho multidisciplinar do Projeto CLIMAP, da US National Science Foundation, e um ensaio de grande importância de autoria dos professores J.D. Hays e John Imbrie, intitulado “Variations in me Earth’s Orbit: Pacemaker of the Ice Ages“. Resumidamente, o que Hays, Imbrie e outros provaram é que o início das eras glaciais pode ser previsto quando ocorrem as seguintes desastrosas e hostis conjunções de ciclos celestes:
Excentricidade máxima, que leva a terra para milhões de quilômetros mais longe do sol no “afélio” (a extremidade de sua órbita) do que o normal;
Obliquidade mínima, o que significa que o eixo da terra e consequentemente os polos Norte e Sul aproxima-se muito mais da vertical do que o comum; e
A precessão dos equinócios, que, à medida que continuam os grandes ciclos, faz finalmente com que o inverno ocorra em um hemisfério quando a terra está no “periélio” (o ponto mais próximo do sol). Isso, por seu lado, significa que o verão ocorre no afélio e é, assim, relativamente frio, de modo que o gelo depositado no inverno não consegue derreter durante o verão seguinte e ocorre uma implacável acumulação de condições glaciais.


Potencializada pela geometria mutável da órbita, a “insolação global” – os volumes e intensidade diferentes de luz solar recebida em várias latitudes em qualquer dada época – pode ser um fator desencadeante importante das eras glaciais. Seria possível que os antigos criadores de mitos estivessem tentando nos avisar do grande perigo quando, com tanto cuidado, ligaram a dor do cataclismo global ao lento trabalho de trituração do moinho do céu?

A essa questão voltaremos em tempo oportuno. Entrementes, talvez seja suficiente observar que, ao identificar os efeitos significativos da geometria orbital sobre o clima e o bem-estar do planeta, e ao combinar essa informação com medições precisas da taxa do movimento de precessão, cientistas desconhecidos de uma civilização (ainda) não identificada parecem ter encontrado uma maneira de nos despertar a atenção, de lançar uma ponte entre os abismos das eras e a comunicar-se diretamente conosco. Se ou não vamos escutar o que eles têm para nos dizer cabe inteiramente, claro, a nós mesmos.

Mais informações, leitura adicional:

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