sábado, 9 de novembro de 2013

OS VELHOS MISTÉRIOS DA FLORESTA AMAZÔNICA

  
   No Mato Grosso, segui os caçadores de javali e caititu pela floresta do norte... eu estava com um grupo de alunos do antigo PROJETO RONDON... lá pelos anos setenta... nos dias de folga, quis saber da grande floresta... foram algumas horas de barco rio Jauru acima... depois a mata... tamanha era a altura das árvores que parecíamos anões... a noite caíra e somente os lampiões de carbureto presos às nossas testas iluminavam os trilhos feitos pelos animais selvagens... não havia perigo? perguntei... sempre existe, disse-me um dos caçadores... exagerando, contavam-se histórias de onças... sucuris enormes, engolindo cães... e, às vezes, homens... já estava lá... não tinha jeito... e me fui... temos que ficar do lado contrário ao do vento... homem fede muito... o javali sente... e aí... nada de caça ... os mosquitos, surgindo de toda parte... o calor insuportável... ruídos estranhos... algo que batia na água como se alguém se jogasse no rio... vozes de animais estranhos... estalos de galhos quebrando no invisível... o horrível foi nos revesar no carregamento dos bichos... dois javalis enormes... tiraram a buchada para aliviar o peso... um pau comprido... os dois javalis amarrados pelas patas e mãos... castigavam nossos ombros... tínhamos de nos revezar... era por ordem... um cansava... outro entrava de sob o peso... sempre dois sustentando a presa e caminhando rápido para que o sol não nos apanhasse na floresta... a carne estragaria... tropeços em buracos... as formigas subindo perna acima... as picadas ardidas... não tem nada... tá tudo bem... vai em frente... não empurra que eu caio... ao amanhecer chegamos ao rio... meu ombro esfolado doía como se tivesse levado uma surra ou tortura... valeu a pena?...
 

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